Texto de Mira Alwan
Publicado Originalmente em 28 de julho de 2021, disponível em https://www.dndbeyond.com/posts/1046-surviving-the-feywild-a-cautionary-tale-about#appeal
Traduzido por Paulo “Faren” Henrique, do Toca do Coruja RPG
Revisado por Bruno Felipe, do Inimigos do D20 e Francisco Rosa @franciscoinfante4

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Embora possamos apenas imaginar as maravilhas que The Wild Beyond the Witchlight trará à tona, o que se segue é uma amostra do que aprendi sobre as fadas e seus costumes. Eu fiz essas descobertas por meio de extensas entrevistas e relatórios sobre um curioso pequenino chamado Haroldo Caldoquente.

Dois aspectos ficaram claros em minha pesquisa: primeiro, é melhor ser muito bem educado; segundo, os hábitos feéricos são bem complexos. Sem mais delongas, aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a pensar como um feérico e sobreviver em Faéria*

* O D&D Beyond não se responsabiliza por qualquer morte, desmembramento ou perda de memória que você possa sofrer enquanto estiver em Faéria. Restrições podem ser aplicadas.

Gerencie seus Recursos

Haroldo, o ladino pequenino, recém-chegado a Faéria, estava vagando quando encontrou um sarau de sátiros. Animados por terem ali um novo convidado, eles prontamente insistiram que o pequenino participasse da folia que estavam armando e se juntasse a eles. Haroldo recusou de forma tímida, informando-lhes de que estava sem tempo para tais festejos. Descontentes com sua recusa, os sátiros começaram a reclamar aos berros.

Querendo evitar qualquer hostilidade, Haroldo disse que, embora não fosse um bom cantor, era um excelente dançarino. Extremamente felizes, os sátiros o fizeram dançar consigo noite após noite, e Haroldo perdeu-se em hedonismo.

Embora falar de si mesmo pode ajudá-lo a evitar virar o jantar naquela noite, as criaturas feéricas não resistem a um bom entretenimento, não tendo qualquer coisa que as impeça de te sequestrar para conseguir uma boa diversão. Os cativos favoritos incluem músicos, poetas e dramaturgos, entre outros. Essencialmente, não seja desinteressante, mas também não seja demasiado interessante.

Isso, é claro, só se aplica às fadas Seelie da Corte de Verão. Ao encontrar as fadas Unseelie da Corte do Ocaso, é mais provável que elas o matem imediatamente. A ideia de diversão que elas têm tende a ser mais maligna por natureza. De qualquer forma, os habitantes do Plano das Fadas estão mais interessados no que você tem a oferecer a eles naquele momento do que se os seus pés ficarão doloridos de tanto dançar.

Não Aceite Regalos dos Nativos

Haroldo achou atípico que, quando invadiu a residência de uma pixie, ela prontamente se ofereceu para embrulhar alguns dos itens que ele havia surrupiado. Também achou curioso quando lhe pediram que ficasse para o chá, e lhe ofereceram biscoitinhos e até um pouco de comida para a viagem. Ele nunca suspeitou que, ao aceitar tais deliciosos regalos, a pixie havia tirado algo muito mais significativo dele: a liberdade.

Favores nunca são apenas favores no Plano das Fadas, e não existe almoço grátis por lá. Tal qual Perséfone e a romã, comer comida deste reino, especialmente quando oferecida, pode amarrá-lo a ele com tanta firmeza quanto qualquer corda de cânhamo.

Pixies podem se opor à violência, mas isso não significa que não gostem de um bom ardil. Para os feéricos, a linha entre o que é apropriado e quando as coisas estão indo longe demais é mais confusa do que o interior de uma bolsa das tropelias. Embora você não queira ser cruel ou indelicado, aceitar presentes pode ser uma espada de dois gumes. Pode-se esperar que você devolva algo em permuta – geralmente mais do que está disposto a oferecer.

Não se Deixe Enganar por um Pouco de Gentileza

Uma bela noite, Haroldo se deparou com uma assembleia de eladrins embebedando-se. Eles o convidaram a participar. Como estava se sentido particularmente sedento, Haroldo ficou regozijado com a seleção de vinhos que lhe foi oferecida para degustar. O pequenino tinha certeza de que havia finalmente encontrado as fadas boas desta vez. Mal sabia ele, coitado.

Muitos seres feéricos são amorais ou simplesmente têm uma ideia diferente a respeito do que significa bem e mal, comparada com aquelas de nós temos aqui no  Plano Material. Você simplesmente não pode julgar o caráter moral de uma criatura feérica pelo quão caridosa ela possa ser ou não em um determinado momento. Para muitas fadas, o objetivo principal é a diversão. A maneira como isso é feito pode variar, mas os fins justificam os meios. Para aqueles do Plano Material que se aventuram em Faéria,  tudo é novo e interessante. Se você não tomar cuidado, pode facilmente cair em uma emboscada de regras arbitrárias e se tornar um joguete nas mãos das fadas.

Não Revele seu Nome

“Você tem um espírito tão luminoso!”, um dos eladrin, meio bêbado, exclamou.

“Você poderia nos dar seu nome, jovem senhor?“, outro perguntou.

“Haroldo Henrique Caldoquente!”, ele proclamou com orgulho.

“Oh! Esse nome deve servir muito bem, de fato”, responderam eles timidamente. A essa altura, Haroldo estava um pouco embriagado demais para avaliar essa estranha resposta.

A palavra-chave aqui é “dar”. Não saia por aí dando seu nome para cada Theren, Erdan e Sariel à toa. Se você der seu nome às fadas, ele pertencerá a elas.

Para jogadores que têm Mestres traiçoeiros e que extraem o máximo do reino dos contos de fadas, nomes verdadeiros podem ter poder. Qualquer ser feérico com um mínimo de poder sobre você pode facilmente amaldiçoar-te ao infortúnio. Se o seu Mestre decidir seguir por esse caminho e você tiver um nome do meio, guarde-o para si. Essas informações confidenciais podem atuar como outra camada de proteção contra criaturas feéricas que tentam exercer controle sobre sua pessoa. Apelidos ou pseudônimos podem ser seus melhores amigos em Faéria, exatamente pelo mesmo motivo.

Leia as Entrelinhas

Emocionado por conta do doce vinho elvhen, Haroldo expressou aos seus companheiros eladrin que se sentia como se estivesse sendo perseguido pela sombra escura do infortúnio. Quando eles perguntaram o que ele esta disposto a permutar para banir essa sombra, Haroldo exclamou: “Qualquer coisa!” antes de desmaiar devido à embriaguez. Na manhã seguinte, ele acordou sozinho, sem nem mesmo sua sombra para lhe fazer companhia.

Cuidado com o que você deseja. Enquanto um diabo pode precisar de uma assinatura formal para fechar um acordo sobre um contrato infernal, para as fadas, um acordo verbal pode ser tão vinculativo quanto. Fazer acordos com as fadas é um atoleiro cheio de complicações. Não deixe que elas o enganem, fazendo-o dispor de seu primogênito ou de alguma outra garantia absurda por causa de alguma brecha insignificante.

Traga à tona seu advogado de regras interior e conteste qualquer palavra que o faça se arrepender. Não deixe nada para livre interpretação. E aconteça o que acontecer, não faça promessas que não você tem a intenção de cumprir.

Tente Manter a Calma

Farto dos caprichos das fadas e aterrorizado pela perda de sua sombra, Haroldo correu para a escuridão da floresta para se acalmar e dormir um pouco. Mas uma criatura que se escondia entre as árvores encontrou Haroldo e decidiu brincar com ele. Os sonhos do pequenino foram preenchidos com sons estridentes e imagens de coisas horríveis enquanto a criatura invadia sua mente.

Despertado pelo pânico, Haroldo descobriu o monstro que o atormentava telepaticamente naquela floresta enluarada. Ele fugiu ainda mais para as profundezas da floresta, escapando do medo paralisante e das garras da criatura.

Para todos os efeitos, ter a cuca fresca pode ser indispensável. Basicamente, tente não surtar. Faéria é um reino de emoções intensas e qualquer melodrama de sua parte fará com que o reino reaja da mesma maneira. Chore debaixo de uma árvore, e a árvore pode perder as folhas.

Além disso, muitas criaturas são atraídas por sentimentos intensos – sejam eles positivos ou negativos – e podem até ser criadas por eles. Killmoulis são criados espontaneamente em Faéria sempre que alguém realiza um ato de caridade; os meenlock brotam do medo; e o diabrete berrador surge em momentos de pânico. Embora essas criaturas se alimentem dessas emoções, elas também podem influenciá-las sutilmente, como os ácaros, que existem para perpetuar a frustração que as criou.

Até mesmo encontrar killmoulis aparentemente inofensivos pode se tornar uma maldição. Se você irritar um deles, ele guardará rancor até o derradeiro fim.

As Aparências Enganam

Desesperadamente perdido na floresta, Haroldo avistou o que pensava ser sua salvação – uma cabana. Com fome e cansado, ele polidamente bateu à porta para implorar por descanso. Quando uma senhora idosa de aparência amável abriu a casa para ele, ela foi realmente afável. Infelizmente, ele falhou em notar a fome nos olhos da velhinha.

Haroldo acabou de cair em um dos truques mais antigos do mundo. Embora possa parecer uma senhora gentil, ela era, na verdade, uma megera.

Muitas megeras, especialmente as megeras verdes, gostam de usar magia de ilusão para disfarçar-se de modo a atrair vítimas para uma falsa sensação de segurança. As megeras verdes em particular adoram empregar a manipulação, distorcendo as palavras e enganando os outros para que cumpram seus caprichos.

Não Perca a Noção do Tempo

Finalmente livre de Faéria, Haroldo estava determinado a retornar à sua antiga toca e se aquecer no conforto da familiaridade. Mas ao chegar ao seu destino, descobriu haver muitas novas edificações em seu antigo vilarejo e nenhum dos amigos com quem costumava se divertir por ali estavam.

Não demorou a encontrar seus aposentos agora ocupados por um estranho que lhe contou a história de um ladino pequenino que desapareceu em Faéria há muitos anos, e só então percebeu quanto tempo havia perdido.

O tempo passa de forma diferente em Faéria. Nos extremos do espectro temporal, os dias podem se tornar minutos ou anos. A única maneira conhecida para atenuar esse efeito é a magia desejo. A menos que você seja do tipo que brinca com o seu tempo, é bom considerar concluir imediatamente qualquer negócio que tenha pendente em Faéria. Caso contrário, você pode se atrasar para sua partida de Cabrabol.

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Mira Alwan é uma ávida narradora, jogadora prolífica e uma entusiasta da história de D&D. Amante de jogos de RPG de todos os tipos, ela adquiriu um d20 pela primeira vez em 2015. Em seu tempo livre, ela cria homebrews e lentamente avança nos videogames, completando todas as missões secundárias.

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