As Guerras da Coroa

Por Daniel Bartolomei Vieira


O conhecimento do nosso mundo deve ser nutrido como uma flor rara, pois é o bem mais precioso que temos. Portanto, guardai as palavras escritas e ouvi as palavras ditas – e tomai nota destas antes que desapareçam. Assim, aprendereis a arte da leitura, da escrita e distinguireis a verdade da mentira, e isto vos levá-lo-ás à maior arte de todas: o entendimento.

― Alaundo do Forte da Vela

Nos artigos anteriores nós vimos que Lolth teve sua atenção voltada para Faerûn pela primeira vez, e que a Alta Magia élfica e a ambição de se criar uma terra em Toril apenas para elfos levou à destruição de parte do continente e à morte de incontáveis vidas élficas. Tal evento ficou conhecido como a Separação e colocou elfos contra elfos, além ter consequências ainda imprevistas no espaço-tempo.

Na esteira da destruição causada pela criação da ilha de Encontro Eterno, os reinos élficos sobre a superfície que conseguiram sobreviver à tragédia começaram a fomentar guerra entre si, acusando-se mutuamente pela devastação, alimentados principalmente pelos elfos obscuros. A destruição de sua capital, Atornash, os deixou frios, cruéis e arrogantes.

Desejosos de vingança, planejando governar Faerûn sozinhos e manipulados por Lolth, os Ilythiiri passaram a espionar e criar intrigas que levaram aos outros reinos élficos. Os primeiros conflitos, que ficaram conhecidos como a Guerra das Três Folhas, começaram quando os reinos élficos de Syòrpiir, Thearnytaar e Eiellur foram enganados pelos elfos obscuros, que os impediram de se unir e ainda os separaram de vez.

Depois disso, os reinos de Aryvandaar e Miyeritar entraram em conflito quando o primeiro, comandado secretamente pelo solar caído Malkizid, cresceu em poder e tentou absorver o segundo, que resistiu. Ambos ascenderam em magia e conhecimento por causa dessa disputa, até que finalmente Aryvandaar tentou tomar o outro à força e, assim, iniciou-se a Primeira Guerra da Coroa.

A Segunda Guerra da Coroa começou quando Ilythiir, o reino dos elfos obscuros, lançou um ataque surpresa contra Orisharr, um reino aliado a Aryvandaar. Os elfos obscuros também devastaram o enfraquecido reino de Syòrpiir, incendiando-o até não sobrar nada. É neste momento que os outros elfos despertaram para a traição dos Ilythiiri e tentaram contra-atacar. Lolth, no entanto, invocou o balor chamado Wendonai para auxiliar seus filhos. Wendonai os corrompeu ainda mais e, desde então, ser cruel não era mais uma escolha para eles, mas um estilo de vida, parte de sua natureza. Mediante à adoração cega dos elfos obscuros, Lolth aumentou ainda mais o seu poder 

A Terceira Guerra da Coroa começou quando Aryvandaar finalmente conquistou Miyeritar e tornau-se o Império Vyshaantar. Este novo império invadiu então o reino de Shantel Othreier. No dia da batalha derradeira, uma horda de orcs se abateu sobre os dois exércitos, no que ficou conhecido como a Batalha do Teatro dos Deuses. Mais de setenta mil elfos morreram, mas o exército de Vyshaantar foi vitorioso, derrotando os orcs, conquistando e invadindo Shantel Othreier.

O que restou do reino de Miyeritar foi assolado por uma tempestade mágica que durou meses, deixando toda a terra devastada em um desastre épico, originando o local que viria a ser os Charcos Elevados. Os Altos Magos élficos de Vyshaantar foram considerados culpados pelo que ficou conhecido como o Desastre Sombrio, embora jamais tenha sido encontrada qualquer prova de que eles de fato tenham causado tamanha destruição mágica.

A Quarta Guerra da Coroa iniciou-se quando os elfos obscuros passaram a adorar abertamente as divindades obscuras de Ghaunadaur e Lolth. Pela primeira vez, os Ilythiiri entraram em conflito com os Vyshaanti. No meio do caminho estava o reino de Shantel Othreier que, enfraquecido pelos últimos conflitos, foi totalmente destruído pelos elfos obscuros. Os elfos solares optaram por uma trégua e se uniram para derrotar os Ilythiiri, que passaram a chamar os elfos obscuros de dhaerow, a palavra élfica para “traidor”. Assim, eles ficaram conhecidos como drow (pronuncia-se dráu). Com a benção dos Seldarine, o panteão élfico, os drow foram expulsos para a Umbreterna, o reino subterrâneo sob Faerûn, para sempre, amaldiçoados a não conseguir viver sobre a superfície sem que o sol os machucasse, e tal evento ficou conhecido como o Declínio dos Drow, encerrando a Quarta Guerra da Coroa.

Os Seldarine convocaram todas as nações élficas para a Corte Élfica, com o intuito de estabelecer a paz, mas os Vyshaanti continuaram a absorver outros pequenos reinos élficos, e seus habitantes ainda procuravam eliminar quaisquer ameaças ao seu poder. Eles passaram a comandar outros reinos e se preparavam para atravessar o mar e colonizar Encontro Eterno.

Logo o restante da Corte Élfica se rebelou contra Vyshaantar e iniciou-se a Quinta Guerra da Coroa. Malkizid abandonou os Vyshaanti e recuou para os Nove Infernos. Vyshaantar foi totalmente destruída e completamente abandonada. Isto encerrou a quinta e última Guerra da Coroa, pondo um fim nos eventos conhecidos como as Guerras da Coroa, que levou os elfos solares e lunares ao declínio, que durou até os dias de hoje.

No próximo artigo, veremos como o declínio dos elfos após as Guerras da Coroa levou à ascensão de outras civilizações, mas principalmente da humana e seu predomínio até hoje. Até lá!


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