Biografias dos Reinos – Jarlaxle Baenre, Parte 1

Por Rafael Santos
Arte Destacada por Alexi Briclot


Muito bem, Aventureiros dos Reinos, deixem que eu me apresente! Sou Hendel Andarilho das Estrelas, bardo viajante de muitas terras, contador de histórias, abençoado pelo conhecimento de Oghma e pela beleza de Corellon. Servo do conhecimento esquecido, existo apenas para espalhar esse saber entre os povos. Nesta singela coluna, deitarei minha pena para contar tudo o que eu sei das mais admiráveis (ou não) personalidade dos Reinos Esquecidos, desde a mais remota informação, até os últimos rumores de que tenho notícia.

Jarlaxle Baenre, Parte 1

Poucos são capazes de resistir aos encantos do cortês Jarlaxle Baenre. O drow é uma inspiração para seus comandados do infame grupo conhecido como Bregan D’aerthe (mercenários sem afiliação a nenhuma casa drow), que são poderosos o bastante para desfrutar a prosperidade e a indulgência das matronas e detêm uma posição única na Umbreterna. Por si só, o drow é arrogante e impetuoso, possui talentos que o permitem escapar impune ao zombar e ignorar as tradições drow. Jarlaxle assume uma aparência afável, sorrindo e brincando mais que qualquer drow normalmente faria. Ele se veste com roupas bufantes, chegando ao ponto de vestir um tapa-olho desnecessário, que ele troca de um olho para o outro quando sente vontade.

Ele é um drow perigoso e estranho. Às vezes acho que ele é louco e se veste de forma chamativa e com cores tão berrantes que fazem meus olhos doerem, mas, sinceramente, Jarlaxle é o que talvez eu teria me tornado se tivesse tido o mesmo tipo de educação que ele.

— Drizzit Do’Urden, sobre Jarlaxle

Jarlaxle, um sobrevivente acima de tudo, parece estar no lado certo de qualquer acordo, mesmo quando se trata da igreja de Lolth. Ele sucumbe aos prazeres da vida sempre que possível. O calor da batalha não diminui sua maneira jovial, mas Jarlaxle é mortal e cruel com seus inimigos. Ele faz o que for necessário para garantir a continuação de sua existência.

Eu sou Jarlaxle, e estou em todos os lugares.

— Jarlaxle, sobre si mesmo

A Vida de Jarlaxle


Jarlaxle nasceu de Yvonnel Baenre, a matrona da Casa Baenre, a primeira casa de Menzoberranzan. Devido ao status de sua ordem de nascimento, Jarlaxle seria sacrificado para Lolth. No entanto, a lâmina sacrificial da matrona Baenre não conseguiu perfurar o bebê. Seu segundo filho mais velho, Doquaio Baenre, recebeu ordens para ajudar, mas quando ele agarrou a criança, toda a energia cinética da tentativa de sacrifício foi refletida para ele através do poder psiônico da mãe matrona da Casa Oblodra. Doquaio foi morto em seu lugar.

O fracasso do sacrifício foi mantido em segredo, mas a Matrona Baenre temeu Jarlaxle desde então e acreditava que seu destino estava ligado ao dela. Jarlaxle foi visto como favorecido pela Rainha Aranha. De fato, Lolth o favoreceu como um agente do caos e lhe concedeu a lembrança de seu quase sacrifício. No entanto, ele a rejeitou e ela retirou seu favor, embora as matronas de Menzoberranzan nunca soubessem desse fato. Kimmuriel Oblodra era um dos três drows vivos que conheciam a verdade da história; o evento e envolvimento da Matrona Oblodra foram aparentemente transmitidos através dos anos entre os membros da Casa Oblodra.

Jarlaxle participou da Magthere, a academia dos guerreiros. Ele foi reconhecido por seu domínio de estratégia e tática e sua força estava nos aspectos não físicos da luta, embora ele também fosse um espadachim habilidoso. No entanto, ele preferia uma adaga furtiva em combate corpo a corpo. Em algum momento, Jarlaxle tornou-se amigo íntimo de Zaknafein Do’Urden, mais tarde pai de Drizzt Do’Urden. Em um dado momento, ele finalmente traiu Zaknafein em circunstâncias não reveladas e ainda se sentiu culpado por isso muitos anos depois.

O Bregan D’aerthe


Posteriormente, Jarlaxle deixou sua casa e abandonou seu nome (mas não suas conexões) para trás e fundou o Bregan D’aerthe, um grupo de mercenários e ladrões que se tornou muito poderoso. Pode-se dizer que o grupo forjou seu próprio império do submundo em Menzoberranzan. O Bregan D’aerthe esteve presente, por exemplo, entre as tropas dos Baenre durante a queda da Casa Do’Urden. Em 1357 CV, Jarlaxle trabalhou com Artemis Entreri durante as primeiras fases da tentativa dos Baenre de conquistar o Salão de Mitral. Entreri ofereceu seus serviços em troca de uma luta justa contra Drizzt Do’Urden e acabou unindo-se ao Bregan D’aerthe e foi levado à Menzoberranzan, mas lá se sentiu preso e fugiu da Umbreterna (com a ajuda implícita de Jarlaxle) junto a Drizzt e Catti-brie. No entanto, Jarlaxle continuou a ajudar a casa Baenre durante a conquista do Salão de Mitral até o fracasso da conquista.

Em 1364 CV, Jarlaxle organizou o embate entre Entreri e Drizzt Do’Urden. Durante o combate, ele adquiriu o artefato conhecido como Crenshinibon (ou a Estilha de Cristal). Neste momento, Jarlaxle se aproximou de Entreri com a esperança de estender seu império à superfície, começando com Calimporto. Em 1366 CV, eles criaram uma facção da guilda Basadoni e colocaram Entreri como seu paxá.

Jarlaxle ficou cada vez mais sob a influência de Crenshinibon, até que seus dois tenentes, Kimmuriel e Rai-guy, premeditaram um plano para derrubá-lo. Ele só foi resgatado de suas próprias loucuras por Entreri, que alegou precisar de Jarlaxle vivo para protegê-lo dos dois tenentes drow. Jarlaxle fez um acordo com Kimmuriel para a co-liderança de Bregan D’aerthe enquanto viajava pela superfície.

Não esqueço daqueles que me ajudaram. Posso até demorar para pagar minhas dividas, mas nunca deixo de pagá-las.

— Jarlaxle, sobre si mesmo

Depois de deixar Calimporto, Jarlaxle e Entreri acabaram por trabalhar nas Terras da Pedra-de-Sangue (na divisa dos reinos de Damara e Vaasa) em 1368 CV. A dupla começou a trabalhar para Ilnezhara e Tazmikella, as irmãs dragão de cobre em Heliogábalo, que queriam que eles investigassem a aparição de constructos de Zhengyi em Vaasa. Eles se juntaram a um grupo de aventureiros, lutaram contra a dracolich Urshula e invadiram uma réplica da fortaleza do Castelo Audaz. Jarlaxle desapareceu durante a luta, atraindo a desconfiança de Entreri, mas reapareceu e reivindicou o castelo para o “Rei Artemis I”. Em Damara, Jarlaxle obteve a flauta de Idália e a deu a Entreri, em uma aparente tentativa de ajudá-lo a resolver seus problemas emocionais. Em vez disso, a flauta trouxe todos os tipos de memórias, levando Artemis de volta a Calimshan para procurar (e matar) seu pai. Ele se recusou a viajar com Jarlaxle depois desse ponto. No entanto, Athrogate (um anão guerreiro de Pedra-de-Sangue que viajava com a dupla na época) ficou ao seu lado.

Durante suas viagens com Artemis, Jarlaxle manteve contato regular com seu tenente, Kimmuriel, em cujas mãos capazes ele deixou o Bregan D’aerthe. Embora na época ele não desempenhasse um papel ativo na liderança de seus mercenários, ainda utilizava os recursos do grupo quando isto atendia às suas necessidades. A opção de retomar o controle dos mercenários quando bem entendesse estava aberta para Jarlaxle, porém ele estava feliz com o bom trabalho que Kimmuriel estava desempenhando no grupo.

Em algum momento depois que eles se separaram, Jarlaxle foi forçado, contra sua vontade, a trair Artemis em Portal de Baldur em favor dos netherienses que estavam tentando recuperar a espada Garra de Caronte. Se tivesse se recusado a ajudar os netherienses, isto teria resultado em uma guerra entre o Império de Netheril e Menzoberranzan e, possivelmente, na própria execução do drow espadachim. Jarlaxle prendeu Entreri em um de seus bolsos extradimensionais, originalmente planejando resgatar seu amigo humano imediatamente depois de entregá-lo. No entanto, Kimmuriel Oblodra e a Casa Baenre tinham trabalhado para diminuir as defesas mágicas de Jarlaxle para que Kimmuriel pudesse entrar em sua mente e mudar suas memórias sobre a traição. Ele passou a acreditar que Entreri o havia traído. Quando Jarlaxle descobriu a verdade, Entreri estava além do seu alcance, e a matrona Quenthel Baenre proibiu Jarlaxle de envolver-se ainda mais no assunto. Jarlaxle e Athrogate participaram de inúmeras aventuras nas décadas seguintes, mas Jarlaxle sempre lamentou o que acontecera com seu velho amigo humano.

Confesso que até gosto daquele elfo, embora tenha me traído algumas vezes. Porém, quem nunca traiu uma amizade nessa vida, não é? Eu posso pagar na mesma moeda qualquer dia desses.

— Artemis Entreri, sobre Jarlaxle Baenre

Entre os anos de 1376 a 1377 CV, Jarlaxle e o Bregan D’aerthe manipularam eventos em Luskan que resultaram na destruição da Torre das Hostes Arcanas, na morte do capitão e rei pirata Deudermont, tornando assim Luskan um porto livre para atividades ilegais e um antro de bandidos, traficantes e assassinos. Em 1384 CV, os sonhos de Jarlaxle foram invadidos por Yharaskrik, o illithid morto anos antes que se juntou a Hephaestus, o dragão vermelho que Jarlaxle ajudou a matar, e os reis lich capturados dentro de Crenshinibon, criando o Rei Fantasma. Ele e Athrogate juntaram-se a Drizzt Do’Urden, Bruenor Martelo de Batalha e Thibbledorf Pwent em uma aventura no complexo de Espirito Elevado, nas Montanhas Flocos de Neve, onde esperavam que Cadderly Bonaduce pudesse ajudá-los a afastar a vinda do Rei Fantasma. Eles conseguiram essa tarefa, embora não da maneira que esperavam.

Os Anos Após a Praga Mágica


Por volta de 1452 CV, Jarlaxle e Athrogate se juntaram a Dahlia Sin’felle em uma expedição a Gauntlgrym, onde foram levados a libertar o primordial Maegera, que destruiu a cidade de Nevenunca. Em 1462 CV, Jarlaxle, Athrogate e Dahlia juntaram-se novamente e recrutaram Drizzt Do’Urden e Bruenor Martelo de Batalha em uma tentativa de corrigir este erro. Eles foram bem-sucedidos, mas no processo Bruenor foi morto e Jarlaxle e Athrogate foram pegos pelo fogo. Drizzt presumiu que Jarlaxle e Athrogate estavam mortos, mas na verdade Jarlaxle não havia morrido em Gauntlgrym. Algum tempo depois, ele descobriu que Drizzt, Dahlia e seus companheiros haviam sido capturados pelo lorde netheriense Draygo Quick e estavam sendo mantidos em sua fortaleza. Com a ajuda do Bregan D’Aerthe e de seu irmão Gromph Baenre, ele invadiu o castelo para libertar Drizzt e companhia. Artemis Entreri também estava viajando com Drizzt na época e Jarlaxle assegurou que sua forma petrificada fosse revertida para carne, embora fosse claro que Artemis não havia perdoado Jarlaxle por sua traição no passado. Drizzt desapareceu no Vale do Vento Gélido pouco tempo depois, e Jarlaxle, apesar de muitas tentativas, não conseguiu localizá-lo.

Jarlaxle é um drow escorregadio e um tanto quanto presunçoso. Às vezes eu não entendo quais são suas intenções e nem os motivos de suas ações, mas sei que ele já salvou minha vida algumas vezes. Devo mais de uma para ele.

— Drizzt Do’Urden, sobre Jarlaxle Baenre

Quando o pequenino Régis reencarnado passou por Luskan em 1483 CV, ele ficou em Jax Caolho, uma pousada e taberna na margem norte, batizada em homenagem e de propriedade de Jarlaxle, que na época estava focando negócios com o Bregan D’aerthe na cidade. Jarlaxle teve uma conversa com Régis e, embora o drow não tenha reconhecido o pequenino, suspeitou o suficiente para mandar um agente do Bregan D’aerthe vigiá-lo no Vale do Vento Gélido. Esse agente, Braelin Janquay descobriu a verdadeira identidade de Régis, salvando ela e a Catti-brie de alguns bandidos de Ship Rethnor e presumivelmente passando a informação sobre a verdadeira identidade de Régis para Jarlaxle.

Em 1484 CV, Jarlaxle foi convocado de volta a Menzoberranzan pela Primeira Matrona, Quenthel Baenre, afim de servir como Capitão da Guarda para a Casa restaurada dos Do’Urden (e mantê-lo longe de Drizzt Do’Urden). No entanto, ele subornou Gromph Baenre arranjando lições de psionismo de Kimmuriel Oblodra para si em troca da permissão de deixar a cidade. Jarlaxle soube mais tarde sobre o retorno de Drizzt e dos renascidos Companheiros do Salão e viajou para Damara para recrutar as irmãs dragão Tazmikella e Ilnezhara, assim como Afafrenfere e Ambargris, para ajudá-lo nas Fronteiras Prateadas contra os planos da Matrona Quenthel Baenre.

Algum tempo após a Guerra das Fronteiras Prateadas, Jarlaxle passou a expandir o poder e influência de sua organização, e forjou uma aliança com os gnomos de Lantan para equipar seus homens com as famigeradas armas de fogo, aumentando ainda mais o poder do Bregan D’aerthe. Ele também ganhou um submarino dos gnomos, chamado “Marpenoth Escarlate” na qual viria a ser muito útil para a organização em um futuro próximo.

Um tempo depois de 1490 CV, Jarlaxle e o Bregan D’aerthe chegaram a Águas Profundas após os boatos de que uma grande quantidade de dragões dourados (a moeda de Águas Profundas) estava escondida abaixo da cidade. Jarlaxle, que estava disfarçado como um comerciante iluskano chamado Zardok Zord, colocou todos os seus esforços para tentar encontrar o tesouro, não por ganancia, mas por pura diversão (o que é mais interessante e emocionante do que uma caça ao tesouro, não é mesmo?). Jarlaxle viu a ocasião como um desafio a altura e aproveitou para causar um pouco de caos na Cidade dos Esplendores.

Nos meus próximos escritos, continuarei um pouco mais sobre as características de Jarlaxle. Até lá.


Continua na Parte 2


Agora temos material de D&D em português. Não perca a chance e adquira seus livros do jogo de RPG mais popular do mundo!

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: