Os Mitos de Criação

Por Daniel Bartolomei Vieira


O conhecimento do nosso mundo deve ser nutrido como uma flor rara, pois é o bem mais precioso que temos. Portanto, guardai as palavras escritas e ouvi as palavras ditas – e tomai nota destas antes que desapareçam. Assim, aprendereis a arte da leitura, da escrita e distinguireis a verdade da mentira, e isto vos levá-lo-ás à maior arte de todas: o entendimento.

― Alaundo do Forte da Vela

Toril é um planeta antigo. Os sábios e estudiosos estimam que tenha entre 30 e 40 mil anos de idade. Mas mais antigo que o planeta é o Mar Astral, o espaço sideral (o Reinoespaço), as estrelas e até mesmo outros planetas. Assim como mais antigos são as divindades, os primordiais e outras entidades criadas ao longo do desenvolvimento do universo. Ainda assim, Abeir-Toril é importante e tem papel essencial para o desenvolvimento do universo, como poderá ser visto em artigos futuros.

Segundo estes mesmo sábios e estudiosos, o começo de tudo se dá com o deus supremo, aquele que está acima de todos os outros deuses: aquele conhecido como Lorde Ao. A ele se deve a criação de todas as coisas, inclusive outros deuses.

Quando Ao criou o universo, este era um nada, sem tempo ou espaço. Tudo era cinzento e havia apenas uma névoa infinita. Ao decidiu então dar algo que lançasse luz e sombras no meio desse nada interminável, e foi então que criou as divindades gêmeas da luz e da escuridão. A luz ele chamou Selûne e a escuridão ele chamou Shar, e elas eram exatamente opostas.

Desde o início passaram a competir, e embora Selûne se considerasse boa e Shar má, eram as únicas divindades que existiam, portanto precisavam trabalhar em conjunto. Sob orientação de Ao, elas criaram o espaço sideral e os planetas que, até o momento, ainda não orbitavam quaisquer sóis.

Quando criavam Abeir-Toril, elas acabaram criando sem querer uma nova divindade. Esta deusa, que foi chamada Chauntea, era o próprio espírito de Abeir-Toril, a mãe-terra. Empolgada com sua existência, Chauntea só queria semear a superfície de Abeir-Toril com vida, pois a única “vida” que o planeta tinha era ser iluminado ora pela radiância de Selûne e ora pela escuridão de Shar. Não havia sequer calor ou frio.

Chauntea implorou para que houvesse um pouco de calor, alegando que com isso conseguiria nutrir a vida, e povoar a superfície de Abeir-Toril com as mais variadas criaturas. Esse pedido só aumentou a disputa entre Selûne e Shar, e da briga entre elas foram criadas as divindades da guerra, da fome, da doença, do assassinato e da morte. No entanto, desse conflito criou-se o calor que Chauntea tanto precisava, mas a diferença de opinião entre as duas divindades gêmeas sobre o que deveria ser criado ou não se espalhou pelo mundo e tudo têm sido parte de Toril desde então.

Mas a disputa entre elas não parou por aí. Selûne, para desafiar a irmã, vagou até o Plano Elemental do Fogo, criado por Lorde Ao enquanto criava o Mar Astral (onde estão inseridos os outros planos de existência) para outros propósitos, e com os poderes de lá, incendiou os maiores planetas do Mar Astral e, assim, criou os sóis, as estrelas. Enciumada, Shar atacou os sóis e tentou abafar-lhes as chamas com escuridão, mas Selûne liberou toda a essência mágica contida em sua forma física e a atirou contra a irmã.

A essência mágica e divina de Selûne atravessou o corpo de Shar, e o corpo físico desta também liberou sua parcela de energia mágica, e a junção de tais energias deu origem à Mystryl, conhecida doravante como a deusa da magia. Embora Mystryl fosse composta tanto de energia de luz quanto de escuridão, ela simpatizava mais com Selûne e se aliou a ela. Juntas, elas passaram a superar Shar na criação das coisas e, derrotada, a irmã sombria fugiu para o vácuo jurando se vingar das duas.

A criação de Mystryl gerou também a Trama da Magia, uma rede mística de energias a partir da qual qualquer criatura que não seja uma divindade pode manipular a magia. A manipulação das energias místicas da Trama podem ser feitas através da música, do estudo, do pacto com entidades, da hereditariedade com criaturas mágicas e canalizando energia divina ou da natureza.

Abeir-Toril, agora aquecida por causa do sol, logo passou a testemunhar o aparecimento da vida em abundância. Essencialmente a vida no planeta ainda era aquática, pois ele era completamente coberto por água, e por isso conhecido como Planeta Azul. Mas, o florescer da vida foi desafiado pelos primordiais, seres que não são deuses, mas entidades representativas de diversos planos de existência. Saídos desses planos, eles vieram até o Plano Material e começaram a interferir nas coisas, alterando partes dos mundos ao seu gosto e bel prazer. Assim, eles criaram “espelhos” do mundo material, como Faéria, a Agrestia das Fadas e o Sombral, o Pendor das Sombras, também conhecido como Plano das Sombras.

Tal interferência irritou vários deuses e uma guerra irrompeu entre as divindades e os primordiais, pois os dois lados queriam sua parte e relevância sobre o Plano Material. Em Abeir-Toril, tal conflito gerou novas divindades, tenham sido elas criadas pela própria guerra ou invocados por outras divindades de outras dimensões ou do multiverso.

Seja como for, tamanho foi o poder da guerra que ela quase ameaçou a existência do planeta e do próprio Plano Material, e ficou conhecida como Guerras do Alvorecer. É especificamente sobre esta guerra que falaremos no próximo artigo. Até lá!


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