A Separação

Por Daniel Bartolomei Vieira


O conhecimento do nosso mundo deve ser nutrido como uma flor rara, pois é o bem mais precioso que temos. Portanto, guardai as palavras escritas e ouvi as palavras ditas – e tomai nota destas antes que desapareçam. Assim, aprendereis a arte da leitura, da escrita e distinguireis a verdade da mentira, e isto vos levá-lo-ás à maior arte de todas: o entendimento.

― Alaundo do Forte da Vela

No artigo anterior, vimos como a divindade élfica Araushnee tramou para chegar ao poder e acabou sendo exilada no Abismo, tornando-se Lolth, a Rainha das Aranhas. Vimos também como a chegada dos elfos em Toril acabou chamando a atenção dela para Faerûn, o que iria desencadear uma série de conflitos e uma grande tragédia.

Este artigo e o próximo se concentraram especialmente nos elfos e no quanto a chegada deles em Toril foi determinante para o futuro de Faerûn como a conhecemos hoje, tanto geográfica quanto socialmente.

Como já foi dito antes, os elfos não são nativos de Toril, sendo oriundos de Faéria. Os primeiros elfos a migrarem para o Plano Material foram os elfos áureos, fugindo da destruição de sua ilha-nação, Tintageer, liderados por seu jovem príncipe Durothil. Ao chegarem em Toril, nomearam aquela porção de terra Faerûn, que em élfico significa “a terra”. Nesta nova terra, eles passaram a se chamar elfos solares.

No começo, eles ficaram satisfeitos de permanecerem espalhados como tribos, junto de outros poucos representantes dos elfos, como os elfos prateados, que passaram a se chamar elfos lunares e os elfos verdes, agora elfos silvestres. Um desses outros pequenos grupos de elfos, os Ilythiiri, também conhecidos como elfos obscuros, conseguiram negociar com os dragões uma porção de terra ao sul do continente. A capital do reino dos elfos obscuros era chamada Atornash, e ficava na superfície.

Os outros elfos, no entanto, por causa da presença dos dragões e da constante ameaça de seus sobrevoos, desenvolveram um poderoso efeito para proteger suas cidades e criaram os mythal. Um desses mythal, que chamaram de Fúria Dracônica, teve seu efeito atrelado à passagem de um cometa pelos céus de Toril, chamado Estrela Matarrégia. Este cometa era enorme e pode ser visto por toda Faerûn durante sua passagem, e sua mera visão, junto com a magia élfica, enlouqueceu os dragões durante um período de dez dias.

Em sua fúria incontrolável e destrutiva, os dragões voltaram-se contra si e suas crias, o que passou a dar vantagem aos elfos no enfrentamento dessas criaturas, pois o número delas foi extremamente reduzido. Assim, os novos inimigos dos elfos passaram a ser os gigantes e as ocasionais hordas de orcs vindas das montanhas. Logo a civilização élfica passou a prosperar, assim como seus reinos.

O demasiado poder da Alta Magia élfica que se desenvolveu a partir da criação dos mythals, levou os elfos a aspirar criar um novo e glorioso continente só seu, como era sua terra natal Tintageer, em Faéria. A magia que eles precisavam era semelhante a que Ao utilizou ao separar Abeir de Toril, e embora fossem poderosos, os altos magos élficos não eram divindades. Ainda que fossem, era algo muito além do possível, ao menos com sucesso.

Ainda assim eles colocaram o evento em prática, porém em certo ponto a magia foi exorbitantemente poderosa e tudo fugiu ao controle. Uma destruição incomensurável se abateu sobre Toril, desfigurando sua superfície, destruindo paisagens e matando milhares. Os primeiros a morrer foram os elfos magos envolvidos na conjuração da magia, em seguida várias vidas élficas e diversas cidades do belo povo. Entre as cidades élficas destruídas estava Atornash, a cidade dos elfos obscuros.

Apesar de toda a destruição e perda, ironicamente a tão pretendida terra paradisíaca foi criada e chamada Encontro Eterno. Foi a única coisa que manteve a sanidade dos elfos, pois os deuses élficos sentiram-se orgulhosos da criação e a abençoaram. Isso removeu a extrema perda do coração da maioria dos elfos, bem como afastou as divindades malignas de os corromperem. Os elfos obscuros, entretanto, já com uma personalidade mais rebelde e totalmente devastados pela perda, tornaram-se um alvo fácil para a Rainha das Aranhas. Lolth aproveitou a oportunidade para ganhar seus corações e mentes, e eles passaram a adorá-la incondicionalmente.

Contudo, as consequências desse evento foram muito além da destruição da paisagem e de milhares de vidas élficas. Este acontecimento ficou conhecido como a Separação, e devido ao poderio mágico empregado, suas consequências são tão grandiosas que ecoaram no tempo, estando ligadas à Queda da Lágrima, quando Ao separou Abeir e Toril e a outro acontecimento futuro, que foi chamado de a Segunda Separação.

No próximo artigo falaremos sobre como a corrupção imposta por Lolth aos elfos obscuros, a ambição élfica de criar uma terra só sua em Toril e a consequente destruição de boa parte do continente de Faerûn e a ceifa de milhares de vidas élficas levaram os elfos que sobreviveram a uma grandiosa batalha que durou milhares de anos: as Guerras da Coroa. Até lá!


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2 Resultados

  1. junior disse:

    Bem que vocês poderiam narrar esses artigos em vídeos do Youtube.

    • Daniel Bart disse:

      Salve Junior!

      Olha, bem observado! Nós já cogitamos isso e vamos nos planejar aqui para fazer isso da melhor forma! Enquanto isso, continue nos acompanhando!

      Abraços

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