Os Dias do Trovão

Por Daniel Bartolomei Vieira


O conhecimento do nosso mundo deve ser nutrido como uma flor rara, pois é o bem mais precioso que temos. Portanto, guardai as palavras escritas e ouvi as palavras ditas – e tomai nota destas antes que desapareçam. Assim, aprendereis a arte da leitura, da escrita e distinguireis a verdade da mentira, e isto vos levá-lo-ás à maior arte de todas: o entendimento.

― Alaundo do Forte da Vela

No último artigo concluímos o desfecho das Guerras do Alvorecer, com Ubtao traindo seus antigos aliados primordiais, entregando-os e ajudando as divindades os prenderem. Como prêmio, Ubtao recebeu em Abeir-Toril, o planeta que era o centro da guerra, um pedaço de chão para chamar de seu. Era uma ilha, e ela a chamou de Chult.

Mas antes dele ganhar este pedaço de terra, ocorreram os Dias do Trovão, que começaram quando o Sol foi recriado após Dendar tê-lo engolido e o todo o gelo sobre Abeir-Toril começou a derreter, deixando para trás enormes pedaços de terra, um supercontinente bem diferente do que existe hoje, chamado Merrouboros. Nas proximidades desse supercontinente ficava a ilha que foi dada a Ubtao, que posteriormente se tornou uma península.

Logo a vida ressurgiu na superfície, agora ainda mais diversificada. Das diversas formas de vida, terrestres, aquáticas e áreas, cinco se destacaram, evoluindo ou vindo de outros planos. Eram as chamadas Raças Criadoras. Estas cinco raças foram dominantes durante todo o período dos Dias do Trovão. Eram elas: os sarrukh, os batrachi, os aearee, os feéricos e os humanos. Os humanos, no entanto, eram os menos evoluídos e ainda eram mais parecidos com seus ancestrais símios nessa época.

Os sarrukh foram os primeiros a evoluir e a se desenvolver e foram responsáveis pela criação dos yuan-ti, das nagas e de diversos reptantes, o povo-lagarto. Depois vieram os batrachi, que eram anfíbios e conquistaram a terra, sendo responsáveis pela criação dos batraquianos, dúplices, kuo-toa e sahuagin. Os voadores aearee criaram os aarakocra, kenku e outros seres voadores semelhantes a aves. Os feéricos, vindos de Faéria, criaram as sprites, pixies, sátiros e korreds. Essa quatro raças, superiores intelectualmente, eram independentes e algumas formaram impérios.

O Império Sarrukh, foi o primeiro a se estabelecer, pois era a espécie mais abundante. Eles criaram a primeira civilização da qual se tem registro e eles eram tão numerosos e poderosos que começaram a se espalhar pelo supercontinente. Foi então que começaram a fazer experimentos genéticos e mágicos para criar novas espécies (por isso o termo “raça criadora”). Eles começaram a escravizar outras espécies que julgavam inferiores (incluindo humanos) até o ponto que passaram a ser uma minoria dentro de seu próprio império. Obviamente isso foi sua ruína, pois começaram a surgir conflitos e rebeliões entre os escravos, que se uniram para derrubar os sarrukh. Uma minoria sarrukh conseguiu escapar para outros planos ou entrou em estado de hibernação.

O Império Batrachi também cresceu e se expandiu a ponto de entrar em conflito com os titãs, que viviam no norte do supercontinente em um local chamado Ostória, que no idioma dos gigantes significa “Trono do Pai”. Os titãs eram uma raça muito maior que os gigantes, criados pelo deus dos gigantes, Annam, o Pai-de-Todos. O conflito começou quando o líder dos batrachi foi morto pelo lorde titã chamado Omo, e as raças entraram em um conflito que durou séculos sem que ninguém cedesse. Foi quando os batrachi tentaram levar vantagem na batalha libertando alguns primordiais de sua prisão, na esperança que eles lutassem contra os titãs. Contudo, os primordiais estavam furiosos com seu aprisionamento e o que eles queriam mesmo era destruir tudo. Assim, uma primordial chamada Goro lançou contra Abeir-Toril um meteoro de gelo enorme, quase do tamanho de uma pequena lua.

O impacto do meteoro causou uma imensa destruição. Uma tempestade de fogo destruiu tudo por centenas de quilômetros e terremotos assolaram o supercontinente. Os fragmentos que acompanhavam o enorme meteoro causaram destruição por todos os lados, seguidos de incêndios gigantescos. O local do impacto criou o que hoje é o Mar das Estrelas Cadentes, e seu nome é um reflexo do evento que ficou conhecido como a Queda da Lágrima.

Um fato a se observar é que após a queda do meteoro, começaram a aparecer pela superfície de Abeir-Toril várias criaturas reptilianas capazes de voar: os dragões. Isso aconteceu porque o meteoro de gelo continha vários ovos de dragão, oriundos de algum outro lugar do Reinoespaço. Ou seja, dragões não são criaturas torilianas, mas alienígenas.

No rescaldo da Queda da Lágrima, o Império Batrachi havia sido completamente destruído, mas um novo conflito entre primordiais e deuses estava para irromper novamente. Dessa vez, porém, Ao decidiu intervir. Para resolver o problema definitivamente, ele dividiu o planeta em dois, mas não fisicamente, porém mágica e metafisicamente, criando dois planetas gêmeos, Abeir e Toril. Abeir ele deu aos primordiais e Toril aos deuses. Os planetas deveriam sempre estar em equilíbrio, e para isso Ao criou as Tábulas do Destino, com os nomes e portfólios de cada divindade e qual o papel e obrigação delas no multiverso. Isso encerrou os conflitos, porque agora ambas as partes tinham seu próprio papel e planeta para cuidar.

A partir de agora focaremos mais na história de Toril, pois é onde fica o continente de Faerûn e lugar em que ocorre toda a história de Forgotten Realms, os Reinos Esquecidos. Toda essa história precisou ser contada porque é fundamental para entender diversas coisas que serão importantes no futuro.

Essa mudança toda transformou o continente naquilo que é mais parecido com o que se conhece hoje: o grande continente de Faerûn, Zakhara (onde se passam as histórias de Al-Qadin, com gênios, desertos e aventuras árabes) e Kara-Tur (onde se passam as Oriental Adventures, com ninjas, samurais e aventuras do extremo oriente).

Nos próximos artigos falaremos sobre os dragões, que acabaram de chegar, e seu conflito com os gigantes, que sobreviveram à queda do meteoro, bem como a chegada dos elfos, vindos de Faéria. Até lá!


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1 Resultado

  1. Rildo disse:

    Eu gostaria de recordar como era essa parte da lore sem essa coisa de dividir o planeta em dois, que é coisa da 4ª edição! Eu gostaria de lembrar como era isso até a 3ª edição!

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