Nevenunca, Parte II

por Daniel Bartolomei Vieira
Arte Destacada, “Neverwinter”, por Jedd Chevrier, “Nevwerwinter Coat of Arms” por Mike Schley


A terra treme sob o peso de titãs invisíveis, lutando pelo seu controle. Ainda assim, seu campo de batalha é tão fino quanto uma folha de pergaminho. Poderes muito maiores dormem abaixo da superfície, e quando despertarem, a terra será refeita, e seu povo não temerá mais nada.

— Um presságio da súcubo Rohini, a Profeta

Estruturação da Cidade

Castelo Never, no Enclave do Protetor; arte de Chris Dien

Antes da erupção do Monte Ignágora, Nevenunca era uma cidade pitoresca e agitada, com vistas e edifícios que seriam notáveis em outras cidades, mas que aqui exibiam características bem comuns para a Joia do Norte.

Nevenunca normalmente era descrita como sendo “aproximadamente do formato de um um olho”, com as águas do Rio Nevenunca cruzando um eixo de leste a oeste. Em uma das extremidades da cidade ficavam os portos e do outro lado as Terras Altas, e mais além começava as Matas de Nevenunca. Quatro portões estavam espalhados ao longo de suas muralhas, dois nos cantos noroeste e nordeste, e dois nos cantos sudoeste e sudeste.

Entre suas paisagens mais marcantes estavam as três pontes, espetacular e intrincadamente entalhadas em pedra: o Delfim, a Serpe Alada e o Dragão Adormecido, considerados os maiores símbolos da cidade por seus habitantes. Entre as pontes, as águas do Rio Nevenunca cascateavam sobre pequena scorredeiras conforme se diriam para o movimentado porto da cidade. As lâmpadas multicoloridas que iluminavam suas ruas, as precisas clepsidras – os relógios d’água – e suas extraordinárias joias, além de seus magníficos jardins (a alcunha “A Cidade das Mãos Hábeis” se refere justamente aos dedicados jardineiros de Nevenunca) garantiam que os amenos invernos fossem coloridos e os verões fossem ricos e repletos de frutas da estação.

A cidade respirava beleza e exibia a engenhosidade dos projetos de seus prédios, muitos dos quais eram famosos por si só, como a Casa do Conhecimento, o templo de Oghma, o mais alto e cheio de janelas edifício religioso de Nevenunca; o Salão da Justiça, o templo de Tyr e o gabinete público dos governantes da cidade; e o Castelo Never, o palácio dos governantes de Nevenunca. Além desses, as reputações de suas exclusivas tavernas como a Máscara de Pedralua, a Pousada da Serpente Brilhante e a Torre Caída, chegavam bem longe dos muros da cidade e além, acrescentando mais destaque à cidade.

Depois da devastação causada pelo vulcão, a cidade foi quase que totalmente destruída. Das três pontes, apenas a Serpe Alada permaneceu utilizável. A maior parte do quadrante sudeste da cidade desabou para dentro de um fosso aberto, de tamanho gigantesco, que ficou conhecido como Precipício, e que continuamente vomitava pavorosas criaturas afetadas pela Praga Mágica. A maioria dos velhos edifícios e casas que o cercavam tornou-se guarnições bélicas para manter os monstros afastados

Embora Nevenunca tenha permanecido em ruínas por quase duas décadas, foi graças aos esforços do Lorde Brasanunca que a cidade começou a ser reparada à sua antiga glória nos últimos anos da década de 1.480 CV, Estalagens como a Taverna Tronco Flutuante e a Leviatã Encalhado tornaram-se bastante populares por toda a Costa da Espada.

O Precipício foi magicamente selado ao longo do ano 1.484 CV, embora a muito custo aos cofres da cidade, de modo que alguns trechos de sua muralha externa ainda estão em ruínas e vários bairros possuem vizinhanças inteiramente abandonadas e tomadas por monstros e bandidos ainda no início de 1.491 CV.

Locais


Até 1.372 CV, Nevenunca era dividida nos seguintes bairros:

  • O Centro da Cidade era a porção central de Nevenunca, onde ficavam os gabinetes governamentais e os principai templos;
  • O Distrito da Península, que compreendia o quadrante sudoeste da cidade;
  • O Distrito das Docas, o porto principal;
  • O Distrito Lagonegro, localizado no quadrante noroeste;
  • O Ninho do Mendigo, localizado no quadrante sudeste;
  • O Quarteirão Arcanista, também localizado no quadrante sudeste.

Após a guerra com Luskan, algumas partes da cidade foram reconstruídas, e o arranjo da cidade mudou um pouco:

  • O Quarteirão Comercial, localizado no meio da cidade e construído sobre o que restou do Centro da Cidade e do Distrito da Península;
  • Os Distritos Lagonegro e das Docas sobreviveram à guerra com Luskan quase intactos.

Com a erupção do Monte Ignágora em 1.451 CV, a cidade foi praticamente destruída. Quando Dagult Brasanunca iniciou seu projeto de reconstrução para a cidade, a disposição dos bairros mudou drasticamente.

Nevenunca em 1.491 CV; cartografia de Jared Blando

O Enclave do Protetor

Localizado onde ficava o Centro da Cidade, o Distrito da Península e o Quarteirão Comercial. Este bairro foi nomeado em homenagem a Dagult Brasanunca, o Lorde Protetor de Nevenunca.

A maioria dos edifícios originais dos antigos bairros permaneceram praticamente intocados após a destruição da cidade. Por causa disso, o Enclave do Protetor é a única parte de Nevenunca que ainda mantém a arquitetura de seus antigos dias.

Como era antigamente, aqui fica o mercado da cidade, o local onde ocorre a maior parte do comércio de Nevenunca. Mercadores de Águas Profundas e de outras cidades da Costa da Espada são obrigados a pagar altas taxas para que possa comercializar seus bens aqui.

Além do próprio Lorde Brasanunca e seus subalternos, o Enclave do Protetor é habitado pelos sobreviventes do cataclismo, bem como por imigrantes que passaram a viver na cidade logo após sua restauração. De modo geral, a maioria dessas pessoas são incondicionais apoiadores do governo de Brasanunca.

Neste bairro localizam-se o Castelo Never, o Salão da Justiça, a Casa do Conhecimento, a taverna Máscara de Pedralua, a Case de Comércio Tarmalune e parte da muralha que separava o bairro do Precipício.

Praça de Nevenunca; arte conceitual do jogo Neverwinter Nights 2

O Distrito Lagonegro

Agora o Distrito Lagonegro, que recebeu este nome por causa do lago homônimo, fica na parte noroeste da cidade.

Originalmente no norte da cidade, este bairro permaneceu praticamente intacto durante os vários desastres que se abateram sobre Nevenunca, principalmente graças aos edifícios reforçados por materiais de qualidade, arquitetura superior e protegidos por magia. Obviamente era um bairro nobre.

Após os desastres, estes edifícios acabaram sendo utilizados como alojamentos para abrigar muitos dos sobreviventes da cidade, protegendo-os dos flagelos que se seguiram (ou seja, fome, doenças e monstros). Nesse processo alguns edifícios acabaram sendo destruídos, vandalizados ou abandonados, e por isso o bairro se parece um tanto diferente do que já foi.

A maioria dos sobreviventes que se refugiaram aqui era de defensores e membros da linhagem Alagondar, e resistiram, muitas vezes com violência, ao governo do Lorde Brasanunca. Os mais violentos deles, os chamados Filhos de Alagondar, reivindicaram o bairro inteiro para si, desafiando os soldados e mercenários de Brasanunca. Aproveitando-se da situação, o Ashmadai (um culto de adoração a Asmodeus) ganhou espaço nos bairro, infiltrando-se entre os refugiados defensores da linhagem Alagondar e até mesmo entre as tropas de Brasanunca posicionadas aqui.

Neste bairro ficam o Lagonegro, o Castelo Never, a Academia Brilhaestrela, a Casa das Mil Faces e tavernas como a Tronco Flutuante e a Leviatã Encalhado.

O Distrito das Docas

O Distrito das Docas fica no extremo oeste da cidade, localizado entre o Enclave do Protetor e o Distrito Lagonegro. Este sempre foi o bairro mais insalubre e perigoso da cidade, escuro, úmido e cheio de bandidos, contrabandistas e corsários. Aqui o contrabando sempre prevaleceu ao comércio. Ainda assim, a riqueza de Nevenunca sempre fez deste um dos principais portos da Costa da Espada.

Após a Praga Mágica, quando enormes pedaços de pedra caíram do céu com a criação de ilhas e ilhotas voadoras, as docas e armazéns do bairro ficaram abandonadas. Depois, quando da erupção do Monte Ignágora, os tremores de terra derrubaram várias das pontes que davam acesso ao distrito e a movimentação das águas transformaram várias das ruas em um lamaçal fedorento.

O bairro só foi reparado com os trabalhadores trazidos pelo Lorde Brasanunca, no ano de 1.467 CV. Porém, boa parte do distrito, a parte mais afetada, ainda esteve em ruínas até o ano de 1.479 CV. Não muito diferentemente do que era antes, o porto ainda é o local de muitos criminosos, bem como de uma sórdida tribo de sahuagin que vive no fundo das águas abaixo das docas.

As docas de Nevenunca; arte conceitual do jogo Neverwinter Nights 2

O Cemitério Mortenunca

O principal cemitério de Nevenunca, que agora ocupa boa parte boa parte da cidade e é cercado por um muro de pedra, tornou-se um bairro por si só. O cemitério recebeu este nome por causa de uma benção comum dada aos mortos quando enterrados aqui, pois acreditava-se que enquanto a cidade permanecesse em um terno verão, os falecidos jamais retornariam como desmortos.

Quando Nevenunca foi assolada pela Praga Mágica e posteriormente arruinada pela erupção do Monte Ignágora, o cemitério foi praticamente destruído e ficou abandonado. Contudo, logo após isso, forças thayanas lideradas pela Maga Vermelha Valindra Mantossombra ocuparam o cemitério e começaram a fazer uso de magias necromânticas para erguer mortos-vivos para serem usados como seus lacaios, e o desastre só não foi maior devido os esforços dos guias do destino, sacerdotes de Kelemvor.

Anos depois o cemitério foi novamente infestado por mortos-vivos erguidos por um Mago Vermelho, desta vez um homem chamado Tolivast, que pretendia amaldiçoar a Coroa de Nevenunca. Ele acabou sendo morto por aventureiros e os mortos-vivos foram mais uma vez destruídos.

No cemitério existe uma encruzilhada de sombras que leva à Semprenoite, a versão da cidade no Sombral. Em Mortenunca também é onde ficam as criptas dos membros da Guilda das Clepsidras.

O Distrito do Rio

O Distrito do Rio, localizado no nordeste da cidade, também é conhecido como Distrito das Torres. O bairro recebe este nome por causa do Rio Nevenunca, que entra na cidade por ali.

Quando o Monte Ignágora entrou em erupção, este bairro foi amplamente destruído, e permaneceu sem reparos até cerca de 1.479 CV. Nesse meio tempo, o bairro foi ocupado por muitas pessoas pobres. Para piorar a situação, o distrito foi invadido por orcs Muitas-Flechas, que dificultaram o inícios dos reparos, sendo um dos bairros da cidade que recomeçaram tarde a reconstrução.

As construções aqui são robustas, e embora não sejam chiques como as do Distrito Lagonegro, a maioria delas é grande o suficiente para abrigar famílias grandes, com até oito membros, além dos servos. O Distrito do Rio agora possui muitas torres de diferentes formas e estilos, que servem a diferentes propósitos.

Neste distrito localizam-se a Torre Manto, uma antiga torre de magos, que durante a Praga Mágica foi teleportada para o Reino Distante, retornando depois de algum tempo, posteriormente ocupada por orcs e, agora, em reforma; a Torre Caída, uma taverna que foi construída com as pedras de uma torre de mago que desabou, e que agora é um posto dos soldados de Nevenunca no bairro; e a Estilha de Lua, uma torre flutuante que era um pedaço de torre de um edifício em Sembia enviado para o Sombral pelos netherienses, e depois enviado a Nevenunca como parte de seus planos de dominação, mas que acabou sendo invadido por aventureiros e transformado em um templo dedicado a Selûne.

O Precipício

O Precipício e o Castelo Never ao fundo; arte de Emrah Elmasli

A abertura na fenda que deu origem ao Precipício como consequência do cataclismo iniciado pela erupção do Monte Ignágora engoliu os o Ninho do Mendigo e o Quarteirão Arcanista.

Em 1.485 CV, o Precipício foi magicamente selado e o que restou foi uma cicatriz no solo. Esta foi uma das coisas que mais custou aos cofres da cidade (e ao bolso do Lorde Brasanunca), e embora tenha havido todo este sacrifício, os muros que separavam o rasgo no solo do restante da cidade ainda estão em ruínas, e boa parte do bairro continua abandonado e desabitado.

Organizações

Com a reconstrução da cidade, muitas organizações passaram a operar em Nevenunca a partir de 1.479 CV, na esteira da promessa de prosperidade, com as mais variadas das intenções. Ainda hoje muitas continuam em atividade e ainda disputam pelo controle da cidade, seja comercialmente, seja religiosamente, seja no submundo. Entre elas, as mais importantes são:

A Convenção. Este grupo é composto por magos que passaram atuar também fora de Nevenunca mais recentemente.

O Manto Multi-Estrelado. Esta é a ordem de magos que apoiava o governo de Lorde Alagondar em 1.370 CV, antes dos acontecimentos da Praga Mágica. Eles foram enviados para o Reinos Distante junto com sua torre, a Torre Manto, e retornaram posteriormente.

Os Mantocinzentos. São uma milícia que protegeu Nevenunca durante o governo do Lorde Nasher Alagondar. Agora eles protegem os cidadãos, de forma independente do governo de Lorde Brasanunca.

Os Harpistas. Uma célula dos Harpista opera secretamente em Nevenunca desde 1.370 CV.

Nova Nevenunca. Este movimento iniciou com o apoio do Lorde Brasanunca e suas intenções de reconstruir a cidade, em 1.461 CV.

A Guarda de Nevenunca. Este é o exército de Nevenunca no final do século 15.

A Vigília Nevescudo. Esta é a força policial da cidade no final do século 15.

A Soberania Aboletica. Esta organização age por trás dos bastidores de Nevenunca, manipulando muitas pessoas da cidade, todas controladas mentalmente por este grupo de aboletes. Ele puxam as cordinhas de suas marionetes desde a erupção do Monte Ignágora.

O Ashmadai. É um culto dedicado à adoração de Asmodeus, o deus da indulgência. Eles ganharam destaque na cidade nos últimos anos.

Os Magos Vermelhos. Esta célula dos magos thayanos, liderados pela maga Valindra Mantossombrio vem atuando em Nevenunca nos últimos anos, e sua intenção é levar adiante os planos do zulkir lich Szass Tam.

Os Ratos Mortos. Originários de Luskan, esta gangue de ladrões de rua compostos por muitos homens-rato vem atuando em Nevenunca e aumentando cada vez mais sua área de influência.

Os Filhos de Alagondar. Este movimento insurgente começou para criar oposição ao governo de Brasanunca, mas foi praticamente debandado em 1.491 CV. Alguns membros mais secretos permaneceram e procuram se reorganizar.

Bregan D’aerthe. Esta companhia mercenária e mercantil, composta de drow e liderada pelo famigerado Jarlaxle Baenre, atua nos bastidores da cidade, assim como o faz em Águas Profundas.

A Ordem da Manopla. Esta facção composta essencialmente de clérigos e paladinos com a intenção de combater o mal passou a atuar com maior presença na cidade a partir de 1.491 CV.


Para mais outras sobre Nevenunca, vejam a Parte 1 desta série.


Referências


GREENWOOD, E.; REYNOLDS, S. K.; WILLIAMS, S.; HEINSOO, R. Cenário de Campanha dos Reinos Esquecidos 3ª edição. Devir, 2002.

JAMES, B. R.; GREENWOOD, E. The Grand History of the Realms. Wizards of the Coast, 2007.

MEARLS, M.; REYNOLDS, S. K.; SERNETT, M. et al. Sword Coast Adventurer’s Guide. Wizards of the Coast, 2015.

SERNETT, M.; DE BIE, E. S.; MARMELL, A. Neverwinter Campaign Setting. Wizards of the Coast, 2011.


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