Heróis do Dia das Bruxas – Feiticeiro da Magia das Sombras

por James Haeck (disponível em https://www.dndbeyond.com/posts/347-heroes-of-hallows-eve-shadow-magic-sorcerer)
traduzido por Daniel Bartolomei Vieira
Arte Destacada, “Half-Elf Sorcerer”, por Chris Dickson, disponível em https://www.artstation.com/artwork/10EKK

Imagem da Wizards of the Coast

As sombras noturnas não precisam ser um poder restrito aos feiticeiros malignos e aos espectros sinistros. Assim como a tradição arcana de Necromancia ou o monástico Caminho das Sombras antes dele, a origem mística da Magia das Sombras permite aos feiticeiros uma maneira de comungar com a escuridão e usar o poder dela para seus próprios propósitos – seja para o bem ou para o mal. Seguir o caminho de um feiticeiro das sombras é uma excelente escolha de caráter para os personagens que percorrem a estreita linha entre o bem e o mal, ou para os personagens cujas intenções são boas, mas que são suscetíveis à tentação dos poderes sombrios.

Emulando os Feiticeiros das Sombras da Ficção


Feiticeiros das sombras são bem adaptados para cumprir um par de arquétipos diferentes de personagens, muitos dos quais combinam bem com um jogo de Dia das Bruxas de D&D. Muito embora a fonte de energia deles os definam como góticos, talvez até mesmo de caráter mórbido, os feiticeiros das sombras podem, de fato, ser de todos os alinhamentos. É fácil ser sombrio e recluso com um feiticeiro das sombras, mas encontrar uma maneira de interpretar um personagem idealista e até mesmo heroico usando este arquétipo pode ser incrivelmente gratificante. A Ravena dos Jovens Titãs apresenta uma abordagem heroica para o feiticeiro das sombras; mesmo que o comportamento dela seja sombrio e ela use magia negra adquirida a partir de seu passado misterioso, Ravena é uma heroína de verdade, e ela usa os poderes sombrios para o bem. A dicotomia entre os tutores dela nos caminhos da magia – os monges de Azarath – e a fonte primordial de seu poder – o demônio Trigon – tornam o drama da personagem ainda mais convincente.

Imagem da Wizards of the Coast

O feiticeiro das sombras pode até mesmo trabalhar em uma campanha mais alegre, semelhante à familiaridade mundana com a morbidez apresentada por personagens como Gomez ou Morticia Addams – embora possuindo grande poder mágico. Interpretar um personagem que adora coisas sombrias e góticas da mesma forma que pessoas “normais” gostam das coisas brilhantes e ensolaradas é sempre bom para dar risada, e interpretar um feiticeiro das sombras é uma ótima maneira de conectar a escolha divertida de seu personagem a um conjunto legitimamente poderoso de funcionalidades de classe.

Como um feiticeiro das sombras heroico em um grupo de aventureiros, você pode mostrar aos outros personagens que o mal não é uma faceta inata de alguém. Mesmo que você tenha nascido com uma centelha de sombra dentro de si, este poder não o define: o que realmente importa é o que você escolhe fazer com esse poder. Se você escolher fazer o bem, isto o diferencia dos vilões como Strahd ou Manshoon, mesmo que sua mágica possa assemelhar-se à deles. Eles, e outros monstros como eles, abraçaram o mal voluntariamente. A presença de seu personagem em uma campanha poderia aprofundar a complexidade moral da história, permitindo que você realmente explore o drama de um jogo de D&D, se essa for a sua preferência.

A Fonte do Seu Poder


A fonte da magia de um feiticeiro é um mistério convincente que pode criar a estrutura para uma dúzia de conceitos de personagens diferentes. Como um feiticeiro das sombras, seu poder mágico “vem do próprio Pendor das Sombras”. De acordo com o Xanathar’s Guide to Everything, “Você pode rastrear sua linhagem até uma entidade daquele lugar, ou talvez você tenha sido exposto à energia decadente dele e foi transformado por isso”. O Pendor das Sombras é uma grande fonte para a sua magia; sua fonte de energia pode ser o próprio plano, ou pode ser oriundo de qualquer número de seres poderosos que habitam nele.

Se você quiser entrelaçar a história do seu personagem com o enredo de sua campanha, você deve falar com o seu Mestre sobre isso! Faça a si mesmo algumas perguntas primeiro, e talvez até mesmo esteja disposto a responder a estas perguntas com o seu Mestre. A fonte de seu poder é uma pessoa ou o próprio plano? O seu personagem sabe quem ou qual é a fonte do poder dele? Você sabe o que a fonte do poder do seu personagem é, ou você quer deixar para o Mestre decidir, de modo que possa ser um mistério que você deve desvendar durante a campanha? Você quer que a fonte de seu poder seja um vilão (como Trigon nos Jovens Titãs) ou uma fonte mais impassível e cósmica como a Rainha Corvo?

Se você não quer sobrecarregar seu personagem, você também pode manter estas perguntas em mente durante o jogo, e improvisar uma história enquanto joga.

Jogando com um Feiticeiro das Sombras


Imagem da Wizards of the Coast

Vamos dar uma olhada melhor nas magias que você usa em virtude de ser um feiticeiro de Magia das Sombras. Você tem acesso à mesma lista de magias que todos os outros feiticeiros, mas também tem uma coleção de recursos de classe que o diferenciam dos demais.

A primeira coisa que você deve considerar é um hábito. Esta não é uma característica de classe mecanicamente embutida, mas escolher uma das peculiaridades góticas apresentados no Xanathar’s Guide to Everything poderia ajudar a tornar seu personagem apenas um pouco mais estranho e mais sobrenatural.

No 1º nível, você ganha Olhos da Escuridão, que lhe concede 36 metros de visão no escuro. Isto faz de você um bom explorador, mas igualmente o torna um personagem mais furtivo, já que você pode se esgueirar através da obscuridade sem que uma fonte luminosa possa lhe entregar. No 3º nível, você aprende automaticamente a magia escuridão, e seus Olhos da Escuridão permitem que você veja através da escuridão mágica que você cria. Outras fontes de escuridão mágica ainda são impenetráveis a você.

Também no 1º nível, sua característica Força da Tumba permite que você faça uma salvaguarda de Carisma para evitar ser reduzido a 1 ponto de vida. É uma versão ligeiramente menos confiável do traço racial de meio-orc Vigor Implacável. Esta característica de classe é interessante, pois é mais útil quando você começa a se envolver no grosso do combate. Às vezes pode ser útil quando permanecer na retaguarda, mas sinergiza bem com magias como lâmina sombria, que o encoraja a se aproximar do inimigo e se arriscar a sofrer algum dano.

Sua característica de 6º nível, Cão do Mau Presságio, lhe concede um companheiro animal armado, porém temporário. Este é inspirado por outros cães das sombras da literatura e mitologia, como as muitas encarnações do cão negro do folclore britânico. Em vez de ser uma adição permanente ao seu grupo como o companheiro animal de um Senhor das Feras, seu Cão do Mau Presságio permite que você designe uma criatura que deseje matar e cria, então, um cão das sombras que a persegue e a ataca até que o tempo dele se esgote, ou que o alvo morra, ou que o cão seja destruído. Ele também pode impor desvantagem nas salvaguardas do alvo feitas para resistir às suas magias, portanto é uma excelente ferramenta para se usar contra monstros fortes únicos.

Imagem da Wizards of the Coast

Uma vez que custa 3 pontos de feitiçaria para se criar o cão, ele não pode ser usado em todas as circunstâncias. É, provavelmente, mais poderoso gastar seus pontos de feitiçaria em Magia Duplicada quando enfrentando grupos de criaturas, mas aproveite sempre este recurso. Ele fará com que monstros chefes e outros encontros únicos tremam de medo.

Caminhar nas Sombras, sua característica de 14º nível, é uma habilidade de magia de sombras clássica. Ele permite que você se teletransporte de um local cheio de sombras para outro com uma ação bônus, enquanto estes estiverem no alcance de 36 metros um do outro. É muito semelhante à característica Passo das Sombras do monge do Caminho das Sombras, mas seu alcance impressionante de 36 metros realmente é um diferencial. Eu posso até imaginar alguma bonita interação mentor/estudante entre um monge das sombras e um feiticeiro das sombras, em que um ensina ao outro um movimento, cada um colocando seu próprio toque em cada ensinamento.

Sua característica de 18º nível, Forma Umbral, transforma você em um avatar de sombra pura. Isso é muito anime, da melhor maneira possível. Ou como um filme de super-herói moderno, na verdade. Seis pontos de feitiçaria não são nem mesmo um preço terrivelmente alto a se pagar no 18º nível para ter um minuto inteiro de resistência a todo tipo de dano, além de movimento incorpóreo. Esta é outra característica que incentiva um estilo de luta mais cara-a-cara, concedendo-lhe habilidades defensivas adicionais. É uma maneira bem diferente de jogar de feiticeiro do que simplesmente ficar na fileira do fundo e distribuir ataques mágicos à distância, e que poderia ser uma excelente maneira de agitar as coisas se você estiver ficando entediado de jogar com conjuradores sempre da mesma maneira, o tempo todo.

Jogando com um Feiticeiro das Sombras do Seu Jeito


Como você interpretará um feiticeiro de Magia das Sombras neste Dia das Bruxas? Há muita pressão do desenvolvimento da classe para interpretar o feiticeiro das sombras como um coveiro sombrio, mas essa não é a única maneira de se jogar com ele. Na transmissão do Enconter Roleplay’s Sands of Zehir, eu joguei com um personagem chamado Qual, o Rosa Negra. Ele era um feiticeiro das sombras incansavelmente alegre e otimista, e a tensão entre o comportamento ensolarado que ele tinha e a magia negra que ele usava, fez dele um personagem muito divertido de se interpretar.

Os feiticeiros das sombras também me fazem pensar em Aserannon, a clériga meio-orc do Deus dos Mortos em minha própria série de D&D, Worlds Apart. O comportamento sisudo e devoto que ela tinha escondia um coração astuto e carinhoso, e seu feiticeiro das sombras pode ser assim também. Com tal subclasse temática à sua disposição, você pode se dar ao luxo de realmente ir longe com o seu conceito de personagem. Não tenha medo de ousar neste Dia das Bruxas!


James Haeck é o principal autor para os artigos do D&D Beyond, o co-autor de Waterdeep: Dragon Heist e do Cenário de Campanha de Tal’Dorei da Critical Role, o Mestre de Worlds Apart e um escritor terceirizado para a Wizards of the Coast, da D&D Adventurers League e da Kobold Press. Ele vive em Seattle, Washington, com sua parceira Hannah e suas companheiras panteras, Mei e Marzipan. Você normalmente pode encontrá-lo perdendo tempo no Twitter em @jamesjhaeck.

 

Primeira aventura de John Prichard traduzida.

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