Forjando os Reinos – O Código Bibliotecário

por Ed Greenwood
traduzido por Daniel Bartolomei Vieira
disponível em: http://dnd.wizards.com/articles/features/library-code
Imagem de Destaque, “Ranger Attacks”, por Jesper Ejsing


O problema de administrar um negócio de vilania organizada, em larga escala, é a necessidade de se ter um registro contábil de tudo. Essa prática é necessária para evitar ser enganado por associados suspeitos, mas também fornece evidências contra todos os vilões caso tudo venha a cair em mãos erradas. Por isso é necessário ser o mais secreto e precavido possível. Esta é uma lição que certamente a nobreza de Cormyr, Sembia e Águas ProfundasWaterdeep. está prestes a descobrir, com seu devido custo.

A menos, é claro, que percebam o que está acontecendo a tempo.

Há um antigo ditado Faeruniano que diz “Não cruze com um bibliotecário, pois eles detêm as chaves para todo o conhecimento”. Isso vale em dobro para os escribas encarregados de contar moedas e manter registros. Eles podem ser seus subalternos coagidos e sua salvação diária, mas se eles se voltarem contra vocês ou apenas se cometerem um deslize, eles também podem muito rapidamente se tornar uma brecha mortal em sua armadura.

Um acontecimento desses está para acontecer em breve nos Reinos. Escribas mansos e gentis trabalhando por trás das casas nobres de Cormyr e Águas ProfundasWaterdeep e dos auto-intitulados nobres de Sembia acabaram de descobrir que possuem ética. Eles estão furiosos com as atividades nas quais seus mestres estão envolvidos: escravismo.

Cada um destes nobres possuem um lugar de destaque em sociedades que os proíbe legalmente e socialmente de manter escravos e negociar no mercado escravagista. A população em geral adoraria descobrir que alguns nobres caíram no hábito secreto de usar contratados ou agentes pessoais de confiança para sequestrar comerciantes rivais ou plebeus que os desagradaram, e vender tais sequestrados para serem escravos somente para remover seus desaventos ou empecilhos.

Especificamente, Namaldrick Anteos e Alanzelo Gralhund, ambos da nobre Águaprofundense, entraram silenciosamente nesse estilo de vida, sem nem mesmo informar queridos entes, embora em ambos os casos, irmãos, irmãs, tias e tios já começaram a suspeitar que algo está acontecendo. Da mesma forma vem procedendo a família nobre Cormyreana dos Hlombur, desesperados que estão para pagar suas dívidas. Eles se uniram a uma cabala secreta composta pelas famílias Sembianas Amaerd, Malantaver, Reliykard (pronuncia-se “Rél-AI-card”), Sarlamshard e Torvreth, que entraram nos assuntos escravistas (usando os portos de Saeloon e Selgaunt) apenas como mais uma maneira de fazer mais moedas, de um jeito relativamente rápido e fácil.

Todos estes nobres trocam escravos entre si, com os escusos mercantes Talburt Suskar e Yanderlo Immurrusk de Portão OcidentalWestgate, e com os escravistas Indyls “Rubro” Handroth e Nornra “Vela-Alta” Taulsaerma. Tanto Indyls e Nornra eram piratas do Mar das Estrelas CadentesSea of Fallen Stars que agora se voltaram para o envio legítimo de mercadorias através de sua frota de barcos, algo meramente para encobrir seus atos de escravismo e contrabando.

Em cada um desses casos, escribas trabalhando para a nobreza sabem exatamente o que está acontecendo detalhadamente, pois são eles que fazem diariamente todos os registros e contabilidade. E agora eles estão planejando contra-atacar.

Eles não têm interesse em destruir as famílias que os empregam (e acabar perdendo suas posições e estilos de vida no processo). Eles querem apenas expor as atividades ilícitas relacionadas ao escravismo realizadas por estes nobres, em particular, preferivelmente de maneira que isso não possa ser rastreado de volta para eles, na esperança de que estes indivíduos provem um pouco da justiça, só para variar um um pouco.

Eles são espertos o suficientes para saber que um desastre para si mesmos pode ser evitado somente se as coisas forem feitas do jeito certo, portanto eles são meticulosos e cuidadosos ao discutir e coordenar as coisas entre si sem nem mesmo se reunirem em pessoa.

Eles fazem isso por meio de algo que eles chamam de “lanchinho” (para afastar quaisquer suspeitas por parte de alguém que os ouvir falando), mas é algo que eu mesmo chamo mais precisamente de “o Código Bibliotecário”.

Funciona da seguinte forma: os escribas envolvidos nessa conspiração para expor os escravistas, e caravanas mercantes pagas pelos escribas para agir como seus intermediários, mas que são mantidas no escuro (dito que mercadores não são burros e descobriram mais ou menos o que está acontecendo, porém estão tomando cuidado para não se envolver mais do que isso), estão entrando em certas bibliotecas cívicas (abertas ao público) ou de guildas em Águas ProfundasWaterdeep, Suzail, Marsember, Saerloon e Selgaunt, e consultado livros específicos. Lá, eles procuram por certas palavras sublinhadas ou marcadas (pelo preenchimento da volta de alguma letra da palavra, por exemplo), as quais eles juntam com outras palavras sublinhadas ou marcadas da mesma maneira para, dessa forma, montar uma sentença ou linha fragmentada de comunicação. Estes livros envolvidos são tomos que os escribas e mercadores podem consultar sem levantar suspeitas por constarem no rol de documentos que normalmente consultam nos negócios diários legítimos.

Esta é uma maneira lenta e meticulosa de se comunicar, mas os conspiradores envolvidos preferem assim do que serem pegos.

Penas para registrar, alguns dos escribas envolvidos são Renver Selshaws (que trabalha para a Casa Anteos de Águas ProfundasWaterdeep e é o tetraneto de Gandelhard Selshaws, o último agente escravo mantido pela Casa Anteos desde o final do século 1.200 CV, quando a família lidou pela última vez abertamente com escravos), Alandreth Hendsaer (empregado pela Casa Gralhund de Águas ProfundasWaterdeep), Sartren Imdur (da Casa Hlombur de Cormyr) e Brenthur Bahaldyn (da Casa de Amerd, de Sembia).

Seus comerciantes intermediários incluem Dalandra Tannamar de Suzail, uma jovem enérgica, uma comerciante ambiciosa e modelo (antiga dançarina) que negocia perfumes, têxteis e roupas e acessórios da última moda; Galathgurt Hasker de Arabel, que comercializa gemas brutas, pedras extraídas e ornamentos domésticos feitos de pedra entalhada; e Korlyn Klansczil de Portão OcidentalWestgate, um proprietário de frotas de caravana que faz viagens regulares entre Portão OcidentalWestgate e Águas ProfundasWaterdeep. Todos esses intermediários estão usando uma “história de fachada” (embora eles ainda não tiveram a necessidade de chamá-la assim) que consiste em começar a investir na compra e revenda de livros, e na necessidade de saber qual o conteúdo, valor e reputação de escritores e tomos em particular.

As bibliotecas que sabe-se estarem envolvidas são: em Saerloon, a Dethil; em Selgaunt, a Omnium e a Casa de Hethcaunt; em Suzail, a Librium de Harbrittur; em Águas ProfundasWaterdeep, a Haelar e a Câmara de ThurdranThrurdran’s Chamber; e em Portão OcidentalWestgate, a Lakdar.

A Biblioteca Dethil ocupa um andar inteiro acima de um restaurante (O Espeto DouradoThe Golden Spit), separando o ruído do restaurante abaixo do estardalhaço do salão de festas (A Corça de VeludoThe Velvet Hind) acima. As salas sombrias, escuras e com paredes de madeira da biblioteca são silenciosas e obsessivamente organizadas, mobiliadas com várias mesas grandes onde os frequentadores podem espalhar seus livros, fazer anotações e o que mais contentar suas necessidades. Cópias duram uma dezena; não há nenhum serviço imediato disponível.

A caríssima Biblioteca Omnium é uma fortaleza decorada com gárgulas de pedra, “exclusiva para membros” que pagam uma taxa anual. A biblioteca é dedicada principalmente aos mapas (e à cartografia do  Mar das Estrelas CadentesSea of Fallen Stars), aos relatos do comércio e às histórias locais (familiar e regional). “Escribas da casa” oferecem serviços de cópia rápidos, porém caros.

A Casa de Hethcaunt é uma desorganizada e dispersa série de salas de leitura estocadas com qualquer coisa que Hethcaunt encontrar, acessadas por uma pequena taxa de visitação. Muitos dos livros desaparecem ou têm páginas constantemente arrancadas, portanto a Casa é utilizada pelos conspiradores somente último recurso (em ocasiões quando a Omnium está fechada por ter sido “contratada pelo dia” por este ou aquele grupo que solicita reuniões mais privadas). Os escribas sempre ocupados da Hethcaunt preferem copiar apenas passagens curtas, mas alterarão o texto (acrescentando ou excluindo ou alterando palavras) para pagamentos feitos “por fora”, muito úteis para muitos usuários que querem maiores explicações, e também para tornar os conspiradores, tornando suas mensagens mais claras.

A biblioteca Librium de Harbrittur está sempre cheia, iluminada e barulhenta, é um local para o tipo de cidadão disposto a pagar 2 peças de prata de taxa de entrada para um logar que lhe garante pouca privacidade, mas que em contrapartida é improvável que tenha a atenção tomada para si. A biblioteca é grande e bastante frequentada, com muitos livros em péssimas condições e com vários rabiscos e anotações feitas pelos diversos patronos do local, algo que algumas vezes causa confusão para os conspiradores.

A Haelar é uma biblioteca de guilda, fundada pela (e antigamente exclusiva para) a Guilda dos Apotecários & MédicosGuild of Apothecaries & Physicians, mas agora aberta a qualquer um que contribua com uma taxa paralela para com a guilda. Esta biblioteca de guilda fica onde anteriormente havia um depósito no lado leste da Rua da CaravanaCaravan Street, logo ao norte da Rua do CocheCoach Street, no Distrito SulSouth Ward, e está infestada de pombas e ratos. A guilda removeu de lá um punhado de textos valiosos que continham fórmulas e procedimentos médicos até um biblioteca particular na sede da guilda antes de abrir a Haelar ao público. “Haelar” era o mestre da guilda que aprovou e patrocinou a biblioteca original.

A Câmara de ThrurdranThrurdran’s Chamber (no lado oeste da Rua SílexFlint Street, logo ao norte da Rua Delzorin, no Distrito MarítimoSea Ward) é um local ornamentado, sofisticado, silencioso e imponente cheio de atendentes usando luvas brancas, de cubículos de leitura privados e uma enorme coleção de livros valiosos. Ela começou como uma biblioteca de guilda para a Guilda dos Escrivãos, Escribas & EscrituráriosScriveners, Scribes & Clerks, e é gratuita para membros e aprendizes de membros, e tem custo de 76 peças de ouro ao ano para qualquer outro. Os escribas baseados em Águas ProfundasWaterdeep envolvidos na conspiração são membros, e a Thrurdran é onde eles preferem fazer seus “lanchinhos”, porém quando certos mercadores (que não podem custear as taxas da biblioteca) estão na cidade, a Haelar é onde os escribas devem ir para receber ou enviar mensagens que irão através de tais comerciantes.

A biblioteca Lakdar é uma sobreloja com os aslas repletas de livros, um empreendimento particular iniciado e mantido por Ulthos Lakdar, um homem idoso que agora é apenas o bibliotecário. Suas enormes dívidas foram compradas por diversas pequenas guildas locais como seu ato inicial de fundação, e então elas ganharam salas de reunião estocadas com tomos temáticos que poderiam lhes render lucro (há uma taxa de 4 peças de prata de entrada, por pessoa) da visitação do público em geral, sempre que eles próprios não estivessem usando tais salas para uma reunião. A coleção de livros é grande e eclética (“estranha” seria a descrição usada por vários de seus visitantes).

Um fator de complicação surgiu recentemente para a conspiração dos escribas. Um jovem escriba ansiosamente atento e tímido, chamado Daervor Malduth, foi enviado até a Librarium em Suzail para encontrar a cópia de um certo tomo de conhecimento a respeito dos ricos indivíduos já falecidos de Cormyr para seu mestre, o mago Irvelt Enduskoun (um ambicioso e empobrecido mago que espera encontrar a localização de tumbas dos ricos que ele possa saquear para ganhar algum dinheiro rapidamente). Daervor notou que o escriba Sarten Imdur retornava frequentemente para a Librarium e consultava sempre os mesmos livros repetidamente, e começou a ponderar o por quê disso. Como de se esperar, ele relatou o fato ao seu mestre, que por sua vez lhe pediu para “dar uma boa olhada nesses que ficam perambulando”, sempre atento para secretamente identificar com quem eles falam, e tentar encontrar o que, especificamente, eles estão procurando em tais tomos. Malduth não chegou a uma conclusão até agora, mas ele encontrou as palavras sublinhadas e começou a anotá-las, e ele ou Enduskoun podem descobrir algo a qualquer momento.

O que é desconhecido para Malduth, é que ele foi notado por dois sequestradores e assassinos sinistros que fazem vários trabalhos procurando e lidando com escravos: dois homens rudes, ágeis, astutos e observadores (ambos originários de Portão OcidentalWestgate, onde viviam de ladroagem): Caladaeros Malkuth e Beloraun Tanalansur. Eles estão espiando Malduth no momento, mas já o conectaram a Enduskoun por um lado, e a Imdur por outro, e estão começando a suspeitar (embora no momento eles estejam achando que ele é um dos parceiros escravistas para quem estão trabalhando que está se preparando para barganhar ou até mesmo matar outros parceiros, usando o mago para isso). Eles não querem alertar ou ferir Malduth ou Imdur até que descubram mais.

Uma trama e tanto, com certeza, e certamente se tornará mais emaranhada se, digamos, quaisquer aventureiros se meterem nela, ou os Magos de GuerraWar Wizards de Cormyr ou outros agentes de vários governos se envolverem.

Esse é o momento em que a aventura se tornará rápida, violenta e interessante.


Sobre o Autor

Ed Greenwood é o homem que lançou o cenário de Forgotten Realms, os Reinos Esquecidos, em um mundo vivo. Ele trabalha em bibliotecas, e ele escreve histórias sobre fantasia, ciência, ficção, terror, mistério e romance (algumas vezes tudo isso em um mesmo livro), mas ele fica feliz quando produz Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos e mais Conhecimento dos Reinos. Ele ainda possui algumas salas em sua casa que têm espaço para guardar mais pilhas de papel.

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4 Resultados

  1. Hermes Barbosa disse:

    Muito bom mesmo, não sei como é a questão dos direitos mas teriam como compartilhar a imagem do post completa? Achei muito linda queria ver os detalhes.

    • Daniel Bartolomei Vieira disse:

      Salve Hermes! Essa imagem é da capa do suplemento Elminster’s Forgotten Realms, é aberta e é possível encontrá-la facilmente na internet 😉 no pinterest mesmo é uma opção

  2. Carlos Gomes disse:

    Muito bom.
    vocês poderiam deixar em formato pdf para baixar também seria ótimo.

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