Forjando os Reinos – A Febre Assassina
por Ed Greenwood
traduzido por Daniel Bartolomei Vieira
disponível em: http://dnd.wizards.com/articles/features/library-code
Imagem de Destaque, “Ranger Attacks”, por Jesper Ejsing
Felizmente, em ocasiões demasiado raras, pequenas regiões dos Reinos, normalmente em metade de uma aldeia, um trecho de uma rua de alguma cidade ou em algum conjunto de casas espalhadas em algum vilarejo rural, explode uma epidemia de Febre Assassina. Tal condição que faz com que algumas pessoas fiquem ensandecidas, procurando por coisas que podem arremessar, esfaquear ou cortar, caçando por certos tipos em particular, escolhendo-os como alvo e os matando. Um surto desses pode ocorrer em certa manhã, então novamente no mesmo local na manhã seguinte e, depois, nunca mais no mesmo local (ao menos alguns sábios assim relataram até agora; de fato, ninguém sabe exatamente se algum local pode sofrer com o surto séculos depois).
Algumas pessoas afligidas pela Febre Assassina murmuram ou uivam constantemente (e descompassadamente), mas outros ficam com os olhos vidrados e silenciosos, detectáveis somente pela intensidade de seus olhares e pelo anseio de matar.
Uma pessoa afetada pela Febre Assassina nunca tenta matar uma pessoa ou criatura em particular, mas sim um “tipo” de pessoas ou criaturas, tal como, por exemplo, humanos machos altos de cabelos castanhos, ou halflings fêmeas de cabelo curto e loiro (o que cada um veste, segura ou faz nunca parece ser parte do que determina um tipo de alvo para aquele afetados pela Febre Assassina). Os alvos costumam ser seres inteligentes, e aqueles afetados pela Febre que se tornam assassinos são, talvez (estimativas variam muito, mas os sábios fizeram uma média com os números informados por fontes críveis), um em cada oitenta pessoas na pequena área onde o surto ocorre, entre todos aqueles presentes no local no momento, e não somente entre aqueles que normalmente vivem ali.
Aqueles afetados pela Febre geralmente buscam energicamente por armas e alvos durante o, relativamente, curto tempo no qual a condição os impele (cerca de metade de um dia ou menos). Pode não haver limite para sua sede de sangue se não forem contidos ou distraídos. Eles lutarão para incapacitar ou matar qualquer um que os ameace ou os impeça, mas fora isso ignoram outras pessoas ou criaturas que não sejam do tipo que buscam, até mesmo quando armadilhas, ataques e confinamentos óbvios estão sendo preparados para si. Sua fúria quase sempre termina abruptamente, seja através de sua morte por acidente, ou por serem impedidos por outros (eles tentarão continuar a levar o assassinato adiante, mesmo se conseguirem apenas rastejar ou se contorcer), ou pelo término da febre, que ocorre rapidamente e sem aviso, em um momento no qual ficam encharcados de suor e entrando em colapso, inconscientes.
Todos os afetados pela Febre parecem estar sempre com pressa, e suas capacidades de raciocinar e elaborar planos variam muito; alguns parecem obstinados, então passam horas tentando escalar um muro ou forçando uma porta reforçada ou barrada para chegar nos alvos que sabem estar do outro lado, enquanto outros, ao encontrar um obstáculo, trabalham em outras formas de contorná-lo, mesmo que isso requeira o uso de tábuas, cordas ou outros itens úteis de alguma forma não óbvia e inusitada.
Estes surtos assassinos eram conhecidos desde antigamente nos Reinos, porém eram raros e infrequentes, acontecendo talvez a cada três anos mais ou menos, em algum lugar de Faerûn. Ninguém sabe o que os causa, embora muitas teorias tenham sido lançadas, e vários sacerdotes e sábios continuam a estudar a enfermidade.
Até agora e de tempos em tempos, muitos teorizam que a Febre Assassina é causada pela ingestão ou consumo desta ou daquela fruta ou fungo ou outra bebida ou substância que “foi pra dentro” ou em combinação com outros bens consumíveis, mas tudo isso acabou sendo rejeitado.
A causa favorita, ou culpa, é determinar a Febre Assassina como “a Loucura dos Deuses” e proclamar que isso não é uma doença, mas uma “consciência” (ou algo do tipo) enviada por essa ou aquela divindade. Mais do que alguns sacerdotes têm negado categoricamente essa teoria ao longo dos anos, e os sábios que pagaram boas moedas para receber algumas palavras deste ou daquele deus ouviram em algumas ocasiões das, acreditam eles, próprias divindades e não de mortais que servem com intermediários, que os deuses não têm absolutamente nada a ver com a Febre Assassina.
O deus Tyr certa vez foi tão longe quanto dizer que nenhuma divindade tinha algo a ver com a Febre Assassina, “nem mesmo Cyric, o Louco, moander da Podridão e Shar, a Dama da Noite”. O Deus Cego foi bastante firme sobre quem não era o culpado pela Febre Assassina, porém não disse nada a respeito daquela ao qual se deveria culpar.
Aqueles afetados pela febre e que sobrevivem ao seu “fascínio” geralmente não guardam memória do que fizeram, onde foram ou o que mais possa ter acontecido durante o surto, mas podem guardar uma única imagem de algo pequeno e insignificante quanto um botão que caiu roupa, um pedra de formato estranho na qual pisaram ou como era a fechadura de uma porta que observaram enquanto estavam na caça por seu alvo. Eles jamais se lembram de matar, brigar ou sangrar, e frequentemente ficam pasmos de encontraram-se segurando uma arma ou por estarem cobertos de sangue, e ficam perdidos ao tentarem explicar de onde isso veio.
Sabe-se que alguns regentes tentaram descobrir o que causava a Febre Assassina, tanto como para se resguardarem daqueles aflitos aos quais têm consideração e afeto, mas também na esperança de aproveitar o fato como uma arma, mas até agora ninguém descobriu até mesmo como prever os alvos, quiçá controlar ou influenciar isto de algum modo.
Diversos clérigos e magos têm escrito que a Febre Assassina parece nunca se manifestar dentro de templos, clareiras ou outras áreas consagradas, ou na presença de magia forte e persistente (tal como aquelas existentes dentro de um símbolo mágico protetor ou mythal, ou dentro de um castelo ou outra estrutura que possuem magias de longa duração conjuradas em suas muralhas, ou em um acampamento cercado por magias de perímetro, ainda que sejam temporárias). Entretanto, Elminster alerta que isso significa que “ainda não foi confirmado de fato” e que não deveria ser tomada como uma regra (o Sábio do Vale das SombrasShadowdale acrescenta que ele próprio, honestamente, não faz a mínima ideia do que causa a Febre Assassina, mas salienta que seu camarada Escolhido de Mystra, Khelben “Cetro-NegroBlackstaff” Arunsun, cogitou o fato de que a Febre Assassina poderia ser o resultado de magias conjuradas por indivíduos Phaerimm ou por ilithids, mas ele infelizmente morreu antes de ir adiante com essa tese não comprovada).
Alguns sábios contratados por tais regentes para estudar detalhadamente a Febre Assassina notaram que alguns dos afligidos tanto sobreviveram à condição quanto não fizeram mal a ninguém, pois passaram todo o tempo sobre a influência da condição procurando por alvos relevantes, muitas vezes andando quilômetros por áreas rurais. o sábio Rethmyr de Crimmor indicou que todos estes “viajantes influenciados pela febre” pareciam estar se dirigindo para um assentamento conhecido por eles, onde talvez o tipo de alvo que procurassem fossem mais prováveis de serem encontrados, bem melhor do que ficar procurando por tais aleatoriamente.
Embora a teoria da “Infecção Escamosa” sugerida pelo sábio Mertrym de Athkatla seja amplamente considerada totalmente fantasiosa e até mesmo meio louca, Elminter (que está do lado dos críticos de Ildro Mertrym) diz que ela não pode ser ainda totalmente rejeitada. Mertrym acredita que aquele afligidos pela febre foram infectadas com “emissões” vindas de escamas de dragões que, na falta de um companheiro, necessitam de quantidades vestigiais de um certo tipo de sangue de outras criaturas (os tipos de alvos pelos quais os aflitos pela febres buscam) para fertilizar seus ovos, ou são influenciados por áreas de efeito de magias conjuradas pelos dragões com os mesmos propósitos. Os dragões se mantêm escondidos, mas enviam criaturas que lhes servem (normalmente humanos controlados por magia) para juntar tais vestígios de sangue após os assassínios terminarem, ou seguir furtivamente os afligidos e coletar o sangue necessários sem serem vistos por outros durante a comoção.
Outra teoria é que um fungo ou plantas com flores que ainda não foram identificados em uma área liberam esporos ou pólen (que, no caso dos surtos que ocorrem em áreas urbanas, são carregados até as cidades e liberados no ar a partir das fezes das aves) que causam a loucura momentânea que transforma as pessoas em assassinos temerários.
Alguns sábio têm sugerido que comerciantes de caravanas ou até mesmo aventureiros são a causa (ou, ao menos, carregam e espalham inconscientemente a causa) da Febre Assassina, considerando como prova os muitos exemplos de caravanas ou aventureiros itinerantes como estando presentes na ocasião dos surtos assassinos. Outros ainda zombam destas alegações, dizendo que comerciantes ou aventureiros são conhecidos por sempre estarem presentes em tantos casos da Febre pois são eles que relatam os surtos, enquanto os moradores locais, temendo que o comércio fique escasso se os comerciantes evitarem a área afetada no futuro, encobrem as notícias de acontecimentos locais.
ao menos um grupo de aventureiros, os Lâminas de Fivela de SinoBellbuckle Blades de Elturel, acreditavam que um Mago VermelhoRed Wizard que fizeram como inimigo e que os perseguia de tempos em tempos, conjurou magias que causaram surtos de Febre Assassina em estalagens e tavernas que costumavam frequentar, na esperança que os Lâminas fossem mortos por alguns dos afetados pe febre. Alguns Magos VermelhosRed Wizards receberam bem tais alegações, até mesmo com escárnio e zombaria, ao menos um deles indicou que alguns relatos da Febre predavam os fundamentos dos Magos VermelhosRed Wizards. Diversos sábios apontaram que embora a noção de que a Febre Assassina tenha sido causada por uma magia conjurada por um Mago VermelhoRed Wizard esteja longe de ser comprovada e seja improvável, magias são alteradas de mago para mago, ou até mesmo podem ser conseguidas de pergaminhos encontrados em tumbas ou por livros de magia pertencentes a mortos, portanto a ideia não pode ser totalmente descartada.
Elminster lembra a todos nós que embora várias e várias resmas de conhecimento tenham sido escritas sobre os Reinos, o que é desconhecido e misterioso sobre ele continua algo ínfimo comparado ao que se sabe e ao que é registrado, e que provavelmente sempre o será.
Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou o cenário de Forgotten Realms, os Reinos Esquecidos, em um mundo vivo. Ele trabalha em bibliotecas, e ele escreve histórias sobre fantasia, ciência, ficção, terror, mistério e romance (algumas vezes tudo isso em um mesmo livro), mas ele fica feliz quando produz Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos e mais Conhecimento dos Reinos. Ele ainda possui umas salas em sua casa que têm espaço para guardar mais algumas pilhas de papel.