Capelobo

Por Daniel Bartolomei Vieira, Rafael Matta Menão, Ricardo Costa e Sandro Albertini
Arte Destacada por Juliane Prenhacca, disponível em https://www.artstation.com/artwork/Q98Ax
Agradecimentos especiais a Luiz Eduardo Ricon


Tinha um caçadô aqui que chamava Rodrigo “Cartilage”. Andava mancando o home, dizia que tinha pobrema de cartilage nas junta. Era um sujeito bruto, mulambento, mal educado, mau memo. Caçava, mas não era pra sustento, o home parecia gostá de matá. Matava fiote, fêmea prenha, matava e largava lá. Chegava em casa, bebia que nem que o cramulhão e batia na muié e na fia. Vai sabê se não fazia pió. Eles vivia num casebre aqui perto. Um dia sumiro daquelas banda, e foro atrás vê o que se assucedeu. A choupana ‘tava forrada de sangue e tripa. Uma coisa horrorosa, meu sinhô, osso de gente meio roído na mesa, os prato servido. Nos prato, as caveira branca e sem miolo, mas com as língua e os zóio estralado! Uma dó, pruque era só os osso da muié e da minina. Do tal Cartilage ninguém viu nada, mas nas noite seguinte as pessoa ouviro os uivo terríve vindo das mata e vários animarzinho parecero morto. Um nativo véio que mora por ali viu nas redondeza um bicho feio, peludo, com tromba, zóio vermeio, mancando como o Cartilage. Chamou o bicho de capelobo, que na língua do povo dele significa “lobo torto”. Certeza que era o Cartilage. Aquele fiodaputa virou o próprio satanás.

― Relato de um aldeão

Arte por Juliane Prenhacca

Se nos ermos, um grito cortar a noite vazia, apure os ouvidos como um coelho acuado. Se isso lhe arrepiar os pelos da nuca e calar a mata: cuidado! Quem grita no escuro pode ser o bestial capelobo.

De hábitos preferencialmente noturnos, capelobos são perigosos predadores transmorfos que se abrigam em florestas, matas e campos, mas preferem caçar nas cercanias de vilas e estradas, locais onde o contato com a civilização fornece suas presas prediletas.

Entre Duas Formas. Capelobos são metamorfos que transitam entre dois aspectos. Um deles é de um monstro bípede com aparência humanoide, robusto e musculoso, coberto de pelos marrons e grossos. Da cabeça animalesca, estende-se um focinho alongado e tubular, como o de um tamanduá. É nesta forma, com força superior, que o capelobo ataca suas vítimas, usando as garras curvas e afiadas em um abraço fatal. Sua outra forma é de uma anta, maior e mais veloz do que a versão comum, e com o focinho mais alongado. Geralmente utiliza esta forma para fugir, ou se aproximar de suas vítimas sem causar alarde.

Para que uma Língua tão Grande? Para forrar-lhe o bucho, pequenos animais bastam (com uma predileção estranha por cães e gatos), mas o festim só está completo quando inclui humanoides. Neste último caso, o capelobo imobiliza a presa e projeta sua língua comprida e fina, repleta de espinhos que perfura o crânio da vítima para sugar-lhe o sangue e o cérebro.

Corpo de Monstro, Alma de Monstro: Apesar da forma animalesca, todo capelobo já foi um dia uma pessoa, um caçador que matava de forma cruel e predatória, sem poupar fêmeas prenhes ou filhotes e que, em idade avançada, foi amaldiçoado pelas entidades protetoras da floresta, condenado a tornar-se um monstruoso predador, como foi em espírito durante sua vida.

Capelobo

Monstruosidade Média (metamorfo), caótico e mau

Classe de Armadura 14 na forma de capelobo, 14 na forma de anta (ambas com armadura natural)

Pontos de Vida 66 (9d8 + 24)

Deslocamento 9 m (18 m na forma de anta)

FOR DES CON INT SAB CAR
15 (+3) 14 (+2) 15 (+3) 5 (-3) 10 (+0) 6 (-2)

Perícias Atletismo +5, Furtividade +4, Percepção +2

Sentidos Percepção passiva 10

Idiomas

Nível de Desafio 4 (1.100 XP)


Metamorfo. O capelobo pode usar uma ação para se transformar em uma anta ou retornar para sua forma verdadeira, que é a de capelobo. Suas estatísticas são as mesmas em ambas as formas.

Atropelar em Carga (Apenas na Forma de Anta). Se o capelobo na forma de anta se mover ao menos 4,5 metros em linha reta em direção a uma criatura e, em seguida, atingi-la com uma mordida, o alvo deve ser bem-sucedido em uma salvaguarda de Força CD 13 ou fica caído, sofrendo 5 (2d4) pontos de dano cortante adicionais. Se o alvo estiver caído, o capelobo pode fazer um ataque com pisotear contra ele com uma ação bônus.

Audição e Olfato Aguçados. O capelobo tem vantagem em testes de Sabedoria (Percepção) que dependam da audição ou do olfato.

Frenesi de Sangue. O capelobo tem vantagem nas jogadas de ataque corpo a corpo contra qualquer criatura que não esteja com todos os pontos de vida.

Imobilizador. O capelobo tem vantagem em jogadas de ataque contra qualquer criatura agarrada por ele.

Regeneração. O capelobo regenera 5 pontos de vida no começo do seu turno, se ele sofrer dano ácido ou ígneo, esta característica não funciona no início do seu próximo turno. O capelobo morre apenas se começar o próprio turno com 0 pontos de vida e não se regenerar.

Uivo Aterrador. Cada criatura que esteja a até 36 metros do capelobo deve ser bem-sucedida em uma salvaguarda de Sabedoria CD 13 ou fica amedrontada por 1 minuto. Uma criatura pode repetir a salvaguarda no final de seus próprios turnos, encerrando o efeito sobre si em caso de sucesso. Caso seja bem-sucedida na salvaguarda, ou quando o efeito se encerrar, a criatura fica imune ao Uivo Aterrador do capelobo pelas próximas 24 horas.


AÇÕES

Ataques Múltiplos (Apenas na Forma de Capelobo). O capelobo faz dois ataques com as garras.

Cascos (Apenas na Forma de Anta). Arma de Combate Corpo a Corpo: +5 para acertar, alcance 1,5 m, um alvo. Dano: 8 (2d4 + 3) contundente.

Garras (Apenas na Forma de Capelobo). Arma de Combate Corpo a Corpo: +5 para acertar, alcance 1,5 m, uma criatura. Dano: 8 (2d4 + 3) cortante. Se o capelobo acertar o ataque com as duas garras e se o alvo for uma criatura Média ou menor, o alvo fica agarrado (CD 13 para escapar). Apenas uma criatura pode ser agarrada por vez.

Língua de Tamanduá (Apenas na Forma de Capelobo). Arma de Combate Corpo a Corpo: +5 para acertar, alcance 3 m, um humanoide agarrado pelo capelobo. Dano: 26 (5d10) perfurante. Se este dano reduzir o alvo a 0 pontos de vida, o capelobo mata o alvo, extraindo e devorando-lhe o cérebro. Caso o alvo sobreviva, ele sofre 1d6 pontos de dano na Inteligência e 1d6 pontos de dano na Sabedoria, permanentemente, que só podem ser restaurados com uma magia restauração maior, cura completa, desejo ou efeito mágico semelhante.


Leitura de Inspiração

ALVES, Januária Cristina. Abecedário do Folclore Brasileiro.

ANDRADE, Flávio; Klimick, Carlos; Ricon Luiz Eduardo. O Desafio dos Bandeirantes e todos os suplementos e
aventuras.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma.

CARRASCO, Walcyr. Lendas e Fábulas do Folclore Brasileiro.

Chiaroscuro Studios. Lendas – Yearbook 2018.

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore BrasileiroCoisas que o Povo Diz, Contos Tradicionais do Brasil, Dicionário do Folclore Brasileiro, Folclore do Brasil, Geografa dos Mitos Brasileiros, Lendas Brasileiras, Superstição no Brasil, entre outros livros do autor.

FRANCHINI, A. S. As 100 Melhores Lendas do Folclore Brasileiro.

GOMES, Carlos. O Guarani.

HORTA, Carlos Felipe. O Grande Livro do Folclore.

LOBATO, Monteiro. O Saci, Caçadas de Pedrinho, O Pica Pau Amarelo, Fábulas, entre outros.

MEGALE, Nilza B. Folclore Brasileiro.

Multirio. Juro que Vi. Série de curtas de animação inspirados no folclore (O Curupira, Iara, O Boto, Matinta Perêra e O Saci)

PEREIRA, Marco A. Stanojev. Lendas, Contos e Tradições do Folclore Brasileiro.

ROMERO, Sílvio. Contos Populares do Brasil.

VILLA-LOBOS, Heitor. Bachianas Brasileiras, O Trenzinho do Caipira, Uirapuru, entre outras músicas.


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