As Cidades Esquecidas do Pântano de Tûn

Por Ricardo Costa


Notas Sobre os Reinos Esquecidos

Do caderno de anotações do gnomo Gilbert Engrenagem Dourada

Quem se desvia da estrada que margeia os Chifres da Tempestade, cadeia montanhosa que define a fronteira ocidental de Cormyr, e ruma mais a oeste, na direção do rio Tûn, aos poucos vai se deparando com um imenso charco mal cheiroso e lamacento, com eventuais ilhas de árvores retorcidas, de folhas ovaladas, largas e grossas, algumas colinas e uma névoa constante e úmida, que parece grudar desagradavelmente na pele. Sumidouros de lama também são ameaças aos desavisados. Um lugar desolador, mas não desprovido de vida… nem de morte.

Eventuais pássaros, stirges e nuvens de mosquitos pestilentos povoam os ares e peixes, serpentes, otyughs e outras criaturas se escondem na lama e águas densas. No meio das ilhas florestais, tribos hostis de batraquianos e de homens-lagartos se ocultam e, às vezes, entram em confronto. À noite, fogo-fátuos também podem ser avistados, por aqueles com menos sorte.

Ao caminhar pela região do Pântano de Tûn, hoje parte sul do Pântano do Mar Distante, os exploradores costumam encontrar estilhaços polidos de um cristal transparente e blocos de pedra, tão antigos quanto misteriosos. Uma explicação para estes achados foi encontrada em um livro milenar, escrito em élfico e pertencente a alguém chamado Ravenar Cassan, encontrado em um pequeno baú em meio a lama. Segundo o texto, a paisagem lúgubre do Pântano de Tûn nem sempre foi assim. Há milhares de anos, antes do primeiro enclave de Netheril subir aos céus, o terreno era uma ampla e próspera planície, com florestas esparsas, onde se estabeleceram duas cidades-estado élficas: Athundel e Slinidar.

Athundel chamava a atenção por suas altas e belas torres de vidro, criadas por magia, e Slinidar era uma miríade de edificações interligadas ao redor de imensas árvores, conhecidas como pinheiros-torres. Ambas eram impressionantes prodígios de conhecimento arcano. Dentro de seus territórios, itens mágicos eram tão comuns que faziam parte do cotidiano de seus cidadãos, até mesmo para as tarefas mais banais. Os mais altos magos de cada cidade, em busca da magia mais perfeita e complexa, disputavam pela primazia do conhecimento mágico, porém, aos poucos, a competição se transformou em animosidade e a animosidade transformou-se em conflito. Athundel e Slinidar entraram em guerra e atacaram uma a outra com magias tão poderosas que não deixaram vencedores. As duas fantásticas cidades não somente foram completamente destruídas, mas tudo em seu entorno se modificou e decaiu, transformando-se aos poucos na área pantanosa que existe hoje.

Mesmo após tanto tempo, aventureiros que atravessam estes perigosos charcos podem ter a sorte de encontrar, talvez, um item mágico perdido criado na era dourada dos dois assentamentos élficos esquecidos pelo tempo. Mas que tenham cuidado, a magia contida neles é antiga, e magia antiga costuma ser errática e perigosa, como tudo naquele lugar!


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