A Aldeia de Curtoburgo
Por Daniel Bartolomei Vieira
Notas Sobre os Reinos Esquecidos
Do caderno de anotações do gnomo Gilbert Engrenagem Dourada
Curtoburgo é o controverso nome de uma das aldeias dos arredores de Águas Profundas. Controverso porque não se sabe ao certo qual a origem de sua denominação. Muitos dizem que é porque se acredita que o “povo curto”, ou seja, os pequeninos, foram seus primeiros fundadores. Estes, por sua vez, negam, dizendo que sua principal comunidade ribeirinha, Juncal, foi estabelecida muito tempo depois de os humanos fincarem a enxada naquelas terras. Outros dizem que se chama assim porque todos os vilarejos, comunidades e fazendas da região ficam a uma curta distância da Cidade dos Esplendores, percursos estes que podem ser feitos em até um dia de viagem a pé pela maioria dos viajantes dispostos.
A aldeia de Curtoburgo em si possui cerca de 5.000 habitantes, mas os vilarejos, comunidades e fazendas vizinhas podem possuir cerca de até 10.000 mais habitantes espalhados pelos campos. A administração do burgo e das regiões rurais é feita por um conselho eleito no Encontro do Escudo de cada ano bissexto. O conselho é composto por pessoas influentes da região, devendo incluir um condestável, três membros do clero, três comerciantes e três produtores rurais. O número de homens e mulheres no conselho deve ser igual.
Os vilarejos e comunidades rurais recebem nomes campestres e bucólicos como Pé de Couve, Reduto do Repolho, Capão Bonito, Sassafrás, Rabicó, Mimosa do Vale, Campinas, Batatais, Campo Largo, Morangal, Pimenteiro, entre outros. As regiões rurais de Curtoburgo são as grandes fornecedoras de alimento para Águas Profundas (perdendo apenas para Campos Dourados em fornecimento), tanto de origem vegetal quanto animal. Possuem também excelentes moinhos, teares de lã, vinícolas, cervejarias e diversos tipos de destilaria.
Curtoburgo possui um pequeno estaleiro no Rio Junquilho, o afluente mais ocidental do Dessarin, de onde partem barcaças rio abaixo até o Dessarin e até Águas Profundas. O Estaleiro das Achigãs, como é conhecido, é extremamente movimentado, funcionando dia e noite. A aldeia também possui excelentes tavernas nas quais muitos viajantes estrangeiros afirmam terem feito refeições melhores e mais fartas do que nas requintadas estalagens e casas de janta da Cidade dos Esplendores.
A aldeia também possui vários pequenos templos dedicados a divindades dos pequeninos, como Yondalla, Sheela Peryoyl, Cyrrollallee e Brandobaris. No entanto, também existem templos de divindades humanas, pois muitos viajantes circulam por ali, com destaque para o templo de Chauntea, conhecido como Fartura do Burgo, bastante frequentado pelos agricultores. Há também um pequeno templo dedicado a Oghma que possui clérigos inventores que contribuem muito para a criação de implementos agrícolas.
O povo de Curtoburgo e região rural é amigável e festivo, realizando várias festas e quermesses ao longo do ano, em extensos barracões de lona montados nos campos, praças e até em plena rua para comemorar qualquer safra ou produção. E isso eles fazem muito bem, com fartura de comida, bebida e animação. Suas festas de casamento não deixam a desejar nem para os mais exigentes mestres de cerimônia da alta sociedade aguaprofundense.
Poucos arcanos circulam pela região, pois não há nada de valor intelectual pelos campos. Alguns apenas passam curtas temporadas realizando pesquisas literárias ou apenas tirando férias nas raras torres de Curtoburgo. As terras férteis, contemplativas e tranquilas da região atraem mais clérigos que procuram paz e inspiração, bem como, dizem muitos, atraem druidas que se escondem e habitam os bosques às margens do Junquilho. Supostamente, eles secretamente ajudam no crescimento e desenvolvimento de muitos dos cultivos, por isso tamanha fartura.
No próximo artigo veremos outro interessante povoado nos arredores de Água Profundas, o Burgo dos Estrangeiros. Até lá!
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