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                        Última Batalha em Undrek’Thoz Descrita
                                por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os
                                      Humanos: Arthos Fogo Negro [Torrellan
                                      Millithor]; Magnus de Helm [Marckarius
                                      Millithor]; Sigel O'Blound (Limiekki)
                    [Dariel Millithor]; Danicus Gaundeford [Glemoran Millithor]. Os
                    Elfos: Mikhail Velian [Narcélia Millithor]; Kariel
                    Elkandor [Karelist Millithor]. O Grimlock: Loft
                                      Moft Toft Iskapoft. O
                                      Halfling: Bingo Playamundo [Quertus
                                      Millithor].
 
 
  
  A Última Batalha em 
                        Undrek’Thoz
 A Invocação 
                        Inesperada       As 
                        palavras arcanas sinistras ecoavam na sala. Eclavdra e 
                        seu parceiro arcano conjuravam o feitiço para trazer 
                        ao mundo alguém de outro plano, alguém que 
                        lhes prometia poder ilimitado. O nome da desaparecida 
                        deusa maligna Lolth passava pela cabeça dos heróis 
                        integrantes da Comitiva da Fé que, desesperadamente, 
                        corriam para evitar o pior. Queriam interromper o ritual, 
                        antes que fosse tarde demais.        Kariel, 
                        o mago elfo em disfarce de drow, era o companheiro da 
                        Comitiva que estava adiante do grupo, mais próximo 
                        dos dois inimigos, do portal e da gema mística 
                        que brilhava e faiscava em um vermelho luminoso. Entre 
                        ele e o objetivo, havia uma espécie de muralha 
                        feita de energia, suspensa pelas artes místicas 
                        do drow inimigo. Porém não sabia o arcano 
                        perverso que o elfo era, por graça de Mystra, a 
                        Deusa da Magia, imune a tal tipo de sortilégio. 
                        Esperava Kariel atravessar a parede e destruir a pedra, 
                        fonte de energia do ritual pernicioso.        Se 
                        muitas vezes, o destino colaborou com a Comitiva, esta 
                        não foi uma delas. As vozes de Eclavdra e do mago 
                        desconhecido calaram-se e o portal, que parecia um disco 
                        de energia ovalado aberto no nada, reluzente como um espelho, 
                        tornou-se colorido como o arco-íris e deles saíram 
                        duas figuras. Todos os presentes pararam por um instante 
                        para observar uma mulher, de belas formas, roupas diminutas, 
                        pele clara, cabelos negros, um rabo fino e comprido como 
                        uma serpente, e grandes asas de um morcego que lhe saiam 
                        das costas, deixar o portal. Uma outra figura, desta vez 
                        masculina, seguiu-se a ela. Era um homem, de constituição 
                        forte e grande estatura, vestido em belos trajes. Possuía 
                        a pele cinzenta, olhos completamente brancos e cabelos 
                        vermelhos como o fogo. Eles calmamente aproximaram-se 
                        de Eclavdra e de seu companheiro.        “Conseguistes! 
                        Tu nos libertaste!”, disse, sorrindo a mulher alada.“Mas... o que 
                        é isto? Que engodo é este? Onde está 
                        Lolth?”, bradou a drow, surpresa e enfurecida.
 “Lolth não 
                        está conosco, tola. Ou nos segue, ou perecerás!”, 
                        disse o homem, aproximando-se da sacerdotisa.
 “Não!”, 
                        gritou a elfa das sombras, sacando a espada da sua bainha 
                        e investindo contra o recém chegado.
       Chocante 
                        foi então a cena. O homem desviou do golpe com 
                        graça e com a mão direita agarrou o pulso 
                        de Eclavdra. Tamanha foi a força, que a sacerdotisa 
                        derrubou sua arma. Em seguida, foi erguida ao ar e, usando 
                        apenas as mãos, o sinistro personagem arrancou-lhe 
                        os braços, jogando-a, viva e sofrendo, por cima 
                        do altar, derrubando-o e com ele a gema mágica, 
                        que não mais brilhava. Em seguida, atirou seus 
                        membros ao chão.       Diante 
                        da grotesca visão, o mago drow que havia acompanhado 
                        Eclavdra na invocação mal-sucedida, decidiu 
                        que era hora de partir enquanto estava vivo. Com uma magia 
                        oportuna, desapareceu do local. A atenção 
                        dos dois seres voltou-se agora para os outros ocupantes 
                        da sala, os aventureiros da Comitiva da Fé.        “Veja. 
                        Parece que temos companhia, Naoc!”, disse o homem.“Sim, Zarvur!”, 
                        respondeu a mulher, que havia apanhado do chão 
                        um dos braços ensangüentados de Eclavdra e 
                        o mordia. “Parecem interessantes!”.
 “O que são 
                        vocês? O que querem!”, perguntou Arthos.
 “São 
                        demônios, Arthos!”, respondeu Magnus ao amigo. 
                        “A lâmina de Hadryllis brilha intensamente!”.
 “Um bando com 
                        homens, drows e dois elfos! Dois elfos! Que sorte a minha 
                        hoje!”, falou o sombrio homem cinzento que conseguia, 
                        de alguma forma, ver além dos disfarces mágicos 
                        usados pela Comitiva. Zarvur também percebeu a 
                        gema caída ao chão e agachou-se para apanhá-la.
 “Isto nos pertence! 
                        Devolva-nos esta gema!”, bradou Mikhail.
 “Hum... Se tu 
                        desejas tanto, então isto deve possuir algum valor! 
                        Terás de vir tirá-la de mim!”, respondeu 
                        o estranho a Mikhail, enquanto tocava a parede de energia, 
                        criada minutos atrás, dissipando-a imediatamente.
 “Já íamos 
                        embora, mas vós, criaturinhas, já nos incomodaram 
                        muito para serem deixadas sem uma lição!”, 
                        disse a mulher demônio, olhando para o seu companheiro, 
                        como se já tivessem combinado em suas mentes o 
                        que iam fazer em seguida.
       Os 
                        demônios pronunciaram algumas palavras e gesticularam. 
                        Uma nuvem cinzenta tomou conta da câmara, e ouviu-se 
                        dela grasnados horríveis. A fumaça dissipou-se 
                        rapidamente, revelando seis horrendas criaturas. Pareciam 
                        um imenso e bizarro misto de homem e abutre, com mais 
                        de dois metros de altura. Sua raça demoníaca 
                        era chamada de vrock.        Os 
                        vrocks espalharam-se e encaravam ferozmente os aventureiros, 
                        enquanto se aproximavam. Limiekki foi, dentre os companheiros 
                        da Comitiva, quem primeiro reagiu. Um golpe de seu pequeno 
                        machado tentou encontrar um dos braços desproporcionais 
                        da criatura, mas o vrock grasnou e deu um pequeno pulo 
                        para trás. Ainda assim, cortou-lhe levemente a 
                        asa. Mikhail também desferiu um golpe com seu martelo 
                        mágico, mas não logrou êxito. O homem-abutre 
                        demoníaco esquivou-se do ataque do clérigo. 
                        Danicus, o veterano Harpista, acadêmico que realizava 
                        seus sonhos de aventuras com a Comitiva da Fé, 
                        foi mais efetivo usando seus conhecimentos como mago. 
                        Após pronunciar algumas palavras místicas 
                        e realizar gestos rápidos, partiu de suas mãos 
                        um raio multicolorido, que ricocheteou nos vrocks, causando-lhes 
                        vários efeitos. Três deles sentiram o corpo 
                        cobrir-se de ácido e outros dois de chamas, que 
                        se extinguiram rapidamente, deixando-os feridos, mas ainda 
                        vivos. Um outro desapareceu completamente sob o efeito 
                        do raio, que o devolveu ao plano abissal de onde era originário.        Magnus 
                        usou sua Hadryllis no demônio que dele havia se 
                        aproximado. O paladino sentia a espada mágica investir 
                        quase como se comandasse a sua mão, tamanha era 
                        a vontade que a mesma golpeava o vrock. Hadryllis havia 
                        sido forjada para combater seres demoníacos e quando 
                        os encontrava brilhava em um vermelho incandescente. Chessintra 
                        recuou do combate para realizar uma oração 
                        a Eilistraee, prece esta que concedeu aos seus aliados 
                        maior precisão nos ataques. Leosanar usava sua 
                        lâmina para defender-se das garras afiadas do oponente. 
                        O mesmo fazia Kariel que, como havia utilizado muito de 
                        seu repertório mágico, possuía poucas 
                        opções além de sua espada élfica. 
                        Já Arthos... Arthos, imprudente, correu em direção 
                        de Zarvur e Naoc que, até o momento, somente observavam 
                        o combate, como se assistissem a um jogo.        Alguns 
                        poucos e demorados minutos se passaram. A Comitiva da 
                        Fé, já enfraquecida pelos combates anteriores 
                        contra os drows, tentava desesperadamente conter os ataques 
                        dos demônios. O combate não poderia durar 
                        muito mais, pois sabiam eles que a morte se aproximava 
                        e poderia levar alguns de seus companheiros consigo. No 
                        momento, apenas um vrock havia sucumbido, diante de um 
                        poderoso ataque da espada Hadryllis e havia outro imobilizado 
                        por tentáculos negros, brotados do solo por conseqüência 
                        de uma magia conjurada pelo professor Danicus. Limiekki, 
                        encolhido em um canto da sala, gritava de terror: um medo 
                        terrível e incontrolável foi posto em sua 
                        mente por uma arte mágica do demônio Zarfur. 
                        Os demais lutavam contra os vrocks, enquanto Arthos batia-se 
                        contra Naoc e Zarfur, em um combate sem muita esperança.
 Kariel e Danicus buscaram se afastar da luta franca, tempo 
                        suficiente para utilizarem uma magia poderosa. O elfo 
                        arcano sacou de um de seus bolsos a varinha negra de madeira 
                        imbuída de magia e a girou no ar, apontando para 
                        a área onde dois dos vrocks se concentravam. Uma 
                        bola de chamas então surgiu do instrumento mágico, 
                        explodindo e atingindo os demônios. Danicus utilizou 
                        o mesmo sortilégio, contra os mesmos oponentes, 
                        porém o fez sem nenhum instrumento, valendo-se 
                        da energia mística que ainda lhe restava para conjurar 
                        tal magia. Os abutres humanóides sentiram o calor 
                        que queimou-lhes a pele e preencheu a sala com o nauseabundo 
                      odor das penas chamuscadas, e grasnaram horrivelmente.
        Os 
                        sortilégios dos magos da Comitiva forneceram tempo 
                        suficiente para Arthos e Leosanar deixarem o combate e 
                        aproximarem-se de Mikhail. Os dois primeiros estavam bastante 
                        feridos e sabiam que o clérigo de Mystra poderia 
                        ajudá-los. E assim fez o elfo dourado de Evereska. 
                        Solicitou a sua deusa que curasse parte dos ferimentos 
                        dos companheiros, que voltaram para a peleja. Magnus, 
                        que já havia sido o carrasco de um dos demônios, 
                        derrubou outro. Parecia que naquele dia, Hadryllis estava 
                        feroz, ainda que o paladino que a empunhava estivesse 
                        no limite das suas forças. Leosanar que, mesmo 
                        com o auxilio divino de Mikhail, ainda estava ferido, 
                        atingiu com seu sabre o vrock contra o qual lutava, em 
                        um golpe também fatal. Parecia que a Comitiva da 
                        Fé começava a mudar o seu destino, porém 
                        o sangue dos aventureiros derramado no chão colocava 
                        dúvidas sobre o desfecho da batalha.        Kariel 
                        e Danicus novamente conjuraram magias. Do primeiro partiram 
                        luzes coloridas de energia que explodiram em um dos demônios 
                        e do segundo, outra esfera flamejante. Tais feitiços 
                        decretaram o fim de mais um dos abutres do Abismo. Apenas 
                        restava um, que em desespero, atacou Magnus, procurando 
                        vingança pela morte dos seus aliados. Com uma garra 
                        afiada como uma adaga, provocou um talho profundo no pescoço 
                        do paladino, que desabou no chão, ainda respirando. 
                        O vrock preparava uma investida mortal, quando Limiekki, 
                        que estava próximo, colocou-se na frente do amigo 
                        e desferiu um golpe de machado que abriu a cabeça 
                        do monstro. Todos os demônios abutres estavam mortos. 
                        Mikhail aproximou-se imediatamente do paladino caído, 
                        e administrou sobre ele uma prece curativa, fazendo o 
                        jovem recuperar-se e novamente pôr-se de pé. 
                        Danicus também auxiliou Magnus: lançou sobre 
                        ele uma magia que fazia, momentaneamente, sua pele mais 
                        rígida e resistente contra cortes.        Naoc 
                        e Zarzur ainda observavam e, ironicamente, sorriam. Estavam 
                        surpresos por aqueles seres terem vencido os vrocks, mas 
                        não os consideravam grande desafio. Zarfur, ainda 
                        com a gema mística em uma das mãos, falou.        “Parabéns! 
                        Vamos ver como vós lutais conosco!”.        Kariel 
                        foi quem primeiro partiu e atacou Zarfur. Sua espada élfica 
                        atingiu o demônio no flanco direito, mas a retribuição 
                        fora bem pior. As mãos da criatura do Abismo, garras 
                        afiadas, rasgaram a carne do elfo, fazendo-o cambalear. 
                        O demônio, de maneira selvagem, ainda mordeu o ombro 
                        do mago da Comitiva, exibindo seus dentes afiados. Kariel, 
                        então, foi jogado ao longe, desacordado.        Arthos 
                        correu em seguida, com sua Lâmina das Rosas nas 
                        mãos, mas ao fitar a bela Naoc, deteu seu avanço 
                        e, de olhos vidrados, começou a caminhar lentamente 
                        na direção da mulher demoníaca, cuja 
                        raça, nos planos infernais, era chamada súcubo.
                        Tentando evitar um destino trágico para Arthos, 
                        Danicus usou um dos poucos sortilégios que ainda 
                        lhe restavam, na intenção de anular o transe 
                        que se abatia sobre o espadachim. Conjurou uma magia capaz 
                        de dissipar os efeitos mágicos na área onde 
                        estava Arthos. No entanto, não conseguiu o efeito 
                        desejado. Arthos continuava em transe, mas havia ilusões 
                        ativas e elas desapareceram. Arthos, que estava disfarçado 
                        como um drow, voltou a ser um homem e, surpreendentemente, 
                        a forma quase humana de Zarfur também desapareceu, 
                        mostrando em seu lugar uma aparência bem mais aterradora. 
                        Um demônio com mais de quatro metros de altura, 
                        corpo musculoso e pele avermelhada, uma cabeça 
                        canina dotada de chifres e quatro braços, dois 
                        semelhantes ao de um homem e outros dois terminados em 
                        poderosas tenazes se apresentou diante da Comitiva. Tal 
                        medonha criatura era conhecida nos recantos abissais como 
                        glabrezu.        “Gostaria 
                        de mostrar minha real aparência em um momento mais 
                        apoteótico, mas já que resolvestes revelá-la, 
                        fico feliz em saber que conhecereis a verdadeira face 
                        de vosso carrasco!”, anunciou com uma voz grave 
                        e inumana.        Nesse 
                        momento, Arthos aproximou-se da súcubo e a atraente 
                        demônio agarrou-lhe e deu-lhe um ardente beijo. 
                        Aos poucos, Arthos, impotente, sentia a vida se esvair 
                        de seu corpo. Chessintra aproximou-se de Kariel. O elfo 
                        estava morrendo, mas a drow sacerdotisa de Eilistraee 
                        ainda podia realizar preces curativas. Pediu a sua deusa 
                        e ela restaurou alguns ferimentos do mago, trazendo-o 
                        a consciência. Magnus correu com a brilhante Hadryllis 
                        nas mãos na direção do gigantesco 
                        adversário. O jovem guerreiro desferiu dois poderosos 
                        golpes no abdômen do glabrezu, que retribuiu o ataque 
                        com suas garras, cortando o paladino. Uma das tenazes 
                        do demônio agarrou Magnus pela cintura e tentava 
                        esmagá-lo, mas as mãos do guerreiro do deus 
                        Helm ainda estavam livres. Quando Zarfur tentou erguer 
                        o aventureiro, inadvertidamente permitiu que este desferisse 
                        um único ataque de Hadryllis. A espada sagrada 
                        penetrou fundo no corpo da criatura infernal. O que se 
                        viu depois foi uma explosão surda, que transformou 
                        o glabrezu em uma pilha de carne mal cheirosa. Magnus 
                        caiu do alto e soltou-se, assim, da garra sem vida do 
                        monstro. A gema mística agora estava novamente 
                        no chão.       
                        Naoc percebeu o fim de seu aliado e, horrorizada com a 
                        possibilidade de ter o mesmo destino, libertou o pálido 
                        e indefeso Arthos. Com um rápido gesto arcano, 
                        abriu um portal luminoso e por ele passou, deixando seus 
                        inimigos para trás. Limieeki, refeito do medo colocado 
                        sobre si pelo demônio, imediatamente fitou a gema 
                        mística que jazia no chão. Reuniu suas forças 
                        em um golpe poderoso de seu machado, estilhaçando 
                        a pedra e liberando uma energia mágica que o empurrou 
                        metros para trás. A Comitiva, debilitada, podia 
                        agora se refazer.  Adeus a Undrek’Thoz        A 
                        Comitiva permaneceu alguns minutos na sala. Mikhail e 
                        Chessintra aproveitaram o tempo para administrar os últimos 
                        encantamentos de cura que possuíam. Dentre todos, 
                        Arthos era que mais preocupava. O espadachim estava pálido 
                        e fraco. Estava de pé, mas não conseguia 
                        andar ou falar. Seus olhos pareciam fitar um horizonte 
                        distante. O professor Danicus interrompeu o pequeno descanso 
                        com palavras rápidas e urgentes:        “Encontrei 
                        uma porta aqui!”, disse o mateiro Limiekki. “Ela 
                        leva a uma escada!”.“Temos que sair 
                        daqui agora mesmo. O mago que estava com Eclavdra fugiu. 
                        Se ele retornar, ou pior, se vier com reforços, 
                        penso que não sairemos daqui com vida!”
 “Mas enquanto a Arthos, 
                        professor!?”, retrucou Kariel, “Ele mal consegue 
                        caminhar!”
 “Então 
                        terá que ser carregado! Não podemos esperar 
                        que ele se recupere!”
 “O senhor está 
                        certo, professor!”, colocou Magnus, o paladino de 
                        Helm. “Eu o levarei!”.
       
                        A Comitiva então rumou passagem acima. As escadas, 
                        iluminadas pela luz azulada emitida da espada mágica 
                        de Kariel, conduziam a um alçapão trancado 
                        por um cadeado. O mateiro Limiekki golpeou a tranca com 
                        seu machado e empurrou a tampa de madeira. Estavam em 
                        uma sala pequena, vazia de móveis. Dela partia 
                        outra porta.       
                        “É melhor ficarem aqui por enquanto!”, 
                        sugeriu Limiekki. “Será mais fácil 
                        investigar a saída daqui se continuar sozinho!”.“Irei com você!”, 
                        ofereceu-se Kariel. “Estarei invisível!”.
        Limiekki 
                        aceitou a companhia e Kariel tocou o elmo que o fazia 
                        desaparecer. A nova porta estava destrancada e eles avançaram 
                        para um outro cômodo. Era uma sala, pouco maior 
                        do que o quarto anterior. Nela havia duas portas. Kariel 
                        e Limiekki encostaram os ouvidos nas folhas de madeira, 
                        para tentar ouvir algo. O mateiro foi quem conseguiu alguma 
                        coisa. Escutou uma conversa, aparentemente de duas pessoas. 
                        Informou suas suspeitas através de gestos ao arcano 
                        da Comitiva. Kariel então lançou sobre Limiekki 
                        um sortilégio que permitia que pudesse se comunicar 
                        à distância com o amigo através de 
                        sussurros, e disse-lhe.        “Vou 
                        investigar! Se houver problemas, falarei a você!”.“Está 
                        bem! Aguardo aqui!”, respondeu Limiekki.
        Kariel 
                        então abriu a porta discretamente e colocou-se 
                        no novo cômodo, um corredor longo que acompanhava 
                        o traçado ovalado da arena. Havia dois soldados 
                        a poucos metros de onde estavam. Conversavam algo que 
                        Kariel não pôde distinguir. O elfo caminhou 
                        um pouco mais e aproximou-se dos drows o suficiente para 
                        ouvi-los. Um deles, porém, mudou a conversa, olhando 
                        para a porta de onde o arcano viera, que estava entreaberta.        “Aquela 
                        porta não deveria estar fechada?”, disse 
                        o soldado ao companheiro.      “Alguém 
                        deve ter esquecido de trancar! Vou averiguar e volto!”.
        Enquanto 
                        o drow caminhava para a porta, o mago sussurrou para o 
                        amigo:        “Limiekki... 
                        um drow se encaminha para a sua direção! 
                        Fique preparado!”.        A 
                        mensagem ecoou na mente do mateiro, que se ocultou logo 
                        atrás da porta. O sentinela adentrou o aposento, 
                        deu alguns passos e, como olhava para frente, não 
                        viu quando Limiekki atacou-lhe pelas costas, segurando 
                        sua boca e ameaçando, com a lâmina do seu 
                        machado. Mas o soldado, com uma cotovelada rápida, 
                        conseguiu se desvencilhar. Sacou a espada e investiu contra 
                        o mateiro de Forte Zenthil. Limiekki trocou alguns golpes 
                        com o inimigo, mas foi uma lâmina traiçoeira 
                        que encerrou o combate. Leosanar, pelas costas, atravessou 
                        o adversário com o seu sabre, fazendo-o cair morto 
                        ao chão.        Enquanto 
                        isto acontecia, no corredor onde estava Kariel, invisível, 
                        o sentinela restante estranhou a demora do companheiro 
                        e resolveu encaminhar para a porta. Kariel o seguiu e 
                        o golpeou com sua lâmina pelas costas, ataque que 
                        fez com que reaparecesse. O drow gritou de dor, mas ainda 
                        vivia por conta da armadura negra de couro que vestia. 
                        Sacou a espada e passou a duelar com o arcano. Kariel, além do treinamento militar que havia recebido 
                        em sua terra natal, o pequeno reino élfico de Kand, 
                        e em Forte Zenthil, contava naquele momento também 
                        com a sorte. Após desviar-se com sucesso de uma 
                        investida, cravou sua lâmina no peito do adversário, 
                        matando-o. Investigou, em seguida, os bolsos do drow. 
                        Encontrou um molho de chaves grandes e ornamentadas.        Neste 
                        tempo, chegaram até a porta o restante da Comitiva. 
                        Arthos já andava por conta própria, mas 
                        sua mente estava confusa e ele não conseguia enxergar 
                        muito. Com o seu disfarce de drow fora embora também 
                        a habilidade de ver na escuridão. Percorreram o 
                        corredor e encontraram um portão. Kariel testou 
                        as chaves encontradas e um clique desejado fez abrir a 
                        grade negra. Estavam fora da Cúpula do Desafio, 
                        nas ruas, agora pouco movimentadas, de Phandalkusan.        Após 
                        esconderem precariamente a aparência humana de Arthos 
                        com uma capa, a Comitiva rumou rapidamente para fora do 
                        Distrito. Iriam para os ermos selvagens que rodeavam as 
                        muralhas da cidade, para unirem-se em segurança 
                        a Bingo e Iskapoft e então partirem. Foi quando 
                        ouviram alguém que os seguia chamar:        “Psiu! 
                        Esperem por nós!”, era Bingo.“Pensei que 
                        estavam aguardando fora da cidade!”, disse Magnus, 
                        dirigindo-se para o pequenino.
 “E ficar sozinhos 
                        naquele lugar sombrio!? Não, não... mas 
                        não se preocupe. Não nos metemos em confusão 
                        e nem fomos seguidos!”.
 “Graças 
                        a Mystra! Mas temos que sair daqui o mais rápido 
                        possível. Não é seguro permanecermos 
                        nesta cidade! Vamos!”, apressou Mikhail.
       
                        E assim a Comitiva deixou as ruas e prédios do 
                        Distrito da Magia, passando pelo grande portão 
                        de suas muralhas e parando em um ermo pedregoso, a alguns 
                        metros da estrada que o cortava.       
                        “Parece que agora podemos partir!”, disse 
                        Danicus.“Partir?... 
                        o que... o que aconteceu?!”, falou Arthos, recobrando 
                        a lucidez. “Minha cabeça está doendo 
                        tanto... parece que há um sino badalando dentro 
                        dela!”.
 “Você 
                        foi vítima de um ataque daquela mulher-demônio, 
                        Arthos! Mas ela fugiu e conseguimos alcançar nosso 
                        objetivo. A gema foi destruída”, explicou 
                        Mikhail.
 “Agora estamos 
                        prontos. Eu e o professor poderemos nos tirar daqui através 
                        de magia, mas enquanto a vocês, Leosanar e Chessintra? 
                        Podem sair daqui pelos seus próprios meios? Podemos 
                        fazer algo por vocês?”, perguntou Kariel.
 “Não 
                        se preocupe! Podemos nos virar!”, disse Chessintra 
                        sorrindo. “Kariel e membros da Comitiva. Acho que 
                        falo por mim e pelos outros membros do Fogo Lunar quando 
                        digo que já fizeram muito. Nos dois últimos 
                        ciclos, realizaram feitos impressionantes e nós 
                        tivemos a honra de auxiliá-los. Devem ser grandes 
                        heróis no lugar de onde vieram”.
 “Não 
                        tanto quanto vocês, Chessintra!”, respondeu 
                        Limiekki. “São tão poucos e lutam 
                        por uma causa tão difícil em uma cidade 
                        repleta de inimigos. Vocês são os verdadeiros 
                        heróis!”.
 “Espero que 
                        um dia possamos nos reencontrar na Superfície. 
                        No dia em que nossos objetivos forem alcançados 
                        e os drows puderem compartilhar pacificamente do mundo 
                        acima de nós!”, continuou a sacerdotisa de 
                        Eilistraee.
 “Nunca foram 
                        a Superfície?”, perguntou Kariel.
 “Não! 
                        Mas esperamos viver para conhecê-la!”, respondeu 
                        Leosanar.
 “Então 
                        lhes mostrarei a Superfície!”, disse o arcano 
                        da Comitiva, já preparando os gestos místicos.
        Kariel 
                        executou o ritual mágico e surgiu em meio aos aventureiros 
                        a ilusão de uma grande janela. Através dela, 
                        paisagens extraídas das memórias do elfo 
                        passeavam. O céu claro, com nuvens tal qual algodão, 
                        o correr ruidoso do rio do Unicórnio, as florestas, 
                        o revoar de pássaros, as ruas do Vale das Sombras 
                        e seus habitantes a andar, a noite estrelada, as belas 
                        casas de Kand. À medida que as imagens eram exibidas, 
                        mais maravilhados ficavam Leosanar e Chessintra. As belezas 
                        da Superfície eram muito mais impressionantes do 
                        que podiam contar os livros de história. Por fim, 
                        a ilusão terminou, deixando como conseqüência 
                        um sorriso nos semblantes dos drows e uma determinação 
                        ainda maior de seguir com sua luta.        “Isto 
                        foi lindo! Obrigado por nos mostrar, Kariel!”, agradeceu 
                        Chessintra. “Tome!”, disse a sacerdotisa retirando 
                        um colar que usava. “Este colar possui o símbolo 
                        do Fogo Lunar. Se encontrarem outra célula de nosso 
                        grupo, apresente-o a eles e diga-lhes que eu lhes dei 
                        isto!”.“Obrigado! Temos 
                        que ir! Que os deuses lhes favoreçam, amigos!”, 
                        desejou Kariel, enquanto guardava consigo o colar.
 “Adeus, companheiros! 
                        Boa sorte!”, despediu-se, derradeiramente, Leosanar.
        Danicus 
                        e Kariel então executaram o ritual mágico 
                        de teletransportação. Com as últimas 
                        palavras arcanas, o grupo desapareceu, ressurgindo em 
                        um amplo platô rochoso, a alguns quilômetros 
                        de distância, próximo ao local onde foram 
                        deixados pela nau voadora. Kariel então chamou 
                        por Storm e, minutos depois, os aventureiros viram descer 
                        das sombras no alto da caverna a embarcação 
                        netherese, que os conduziriam para outra paragem, para 
                        outra de suas aventuras fantásticas.  Nota: 
                        Esta foi a última aventura mestrada pelo amigo 
                        Ivan Lira, que passou o bastão de Mestre para mim, 
                        Ricardo Costa, e agora integra novamente o grupo de jogadores. 
                        Obrigado Ivan, pelos anos de aventuras, dedicação 
                        e surpresas. Farei o possível para proporcionar 
                        a você e aos nossos amigos a mesma diversão!
 
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