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                        Farsa de Eclavdra Descrita
                                por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os
                                      Humanos: Arthos Fogo Negro [Torrellan
                                      Millithor]; Magnus de Helm [Marckarius
                                      Millithor]; Sigel O'Blound (Limiekki)
                    [Dariel Millithor]; Danicus Gaundeford [Glemoran Millithor]. Os
                    Elfos: Mikhail Velian [Narcélia Millithor]; Kariel
                    Elkandor [Karelist Millithor]. O Grimlock: Loft
                                      Moft Toft Iskapoft. O
                                      Halfling: Bingo Playamundo [Quertus
                                      Millithor].
 
 
  
  A Farsa de Eclavdra
 O Combate 
                        Prossegue       Os 
                        heróis da Comitiva da Fé estavam exaustos 
                        e feridos. Enfrentavam, naquele momento, soldados de elite 
                        de duas Casas drows da cidade subterrânea de Undrek´Thoz: 
                        Trun´Zoyl`Zl e Nanitarin. A situação 
                        se desenrolava dramática: Mikhail estava bastante 
                        ferido e afastou-se do confronto, temendo desabar com 
                        o próximo golpe que o atingisse, e Magnus e Iskapoft 
                        mal tinham forças para erguer suas armas. Os demais 
                        estavam em melhores condições, porém 
                        isto não significava que não estivessem 
                        no limite de suas forças. No cenário de 
                        batalha, cada um, naquele momento, confrontava um oponente 
                        a exceção de Kariel e Magnus, que confrontavam 
                        dois ao mesmo tempo.
 O clérigo de 
                        Mystra orou à sua deusa e ela concedeu-lhe de novo 
                        a vitalidade: suas feridas se fecharam e ele sentiu as 
                        forças retornarem para o seu corpo. Tais milagres 
                        podiam ser concedidos pela Deusa poucas vezes ao dia. 
                        Do local onde se retirou para curar-se, Mikhail pôde 
                        ver a situação preocupante de Magnus. O 
                        paladino, extremamente ferido, não suportou mais 
                        os golpes e foi ao chão. Então o elfo dourado 
                        em disfarce de sacerdotisa drow, com seu vigor renovado, 
                        correu para socorrer o amigo antes que fosse tarde demais. 
                        Chegou próximo ao corpo do colega. Felizmente, 
                        os dois inimigos que o confrontavam o haviam abandonado, 
                        para batalhar contra Arthos e Iskapoft. Mikhail ajoelhou-se 
                        junto ao corpo ensangüentado do rapaz e viu que a 
                        sua alma ainda não o havia abandonado. Com a prece 
                        semelhante à feita minutos antes, Mikhail fez o 
                        paladino novamente se recobrar. O jovem agradeceu, ergueu-se, 
                        tomou novamente pelo cabo sua espada Hadrillys, e correu 
                        até Arthos para auxiliá-lo.
 
 Em meio ao combate 
                        feroz, Kariel e Arthos conseguiram eliminar um de seus 
                        oponentes, porém, mal o paladino de Helm levantou, 
                        as fileiras da Comitiva se reduziram novamente. Iskapoft, 
                        o grimlock, depois de partir a cabeça de um dos 
                        drows, sentiu um profundo corte no abdômen, e foi 
                        ao chão. Seu adversário, ao ver o êxito, 
                        correu na direção de Limiekki para confrontá-lo. 
                        Como se não bastasse, um novo drow inimigo aproximou-se 
                        do cenário de batalha e o observava. Aqueles que 
                        estavam próximos podiam reconhecê-lo. Era 
                        o próprio Rizzen Nanitarin, Mestre das Armas da 
                        Casa Nanitarin. Parecia satisfeito com o andamento da 
                        contenda. Kariel, mago, mas que sabia usar a espada, lutava 
                        contra um soldado, quando avistou Rizzen Nanitarin. Gritou 
                        então o elfo.
 
 “Rizzen! Não 
                        se esforçou tanto para nos colocar em uma guerra? 
                        Aqui está a sua maldita guerra!”.
 
 Ao dizer isto, uma 
                        rama elétrica partiu de suas mãos. Desta 
                        vez, não recorreu a gestos ou palavras mágicas 
                        preliminares. O fato de ser um dos Escolhidos da Deusa 
                        da Magia permitia que dispensasse os rituais em algumas 
                        ocasiões. O raio elétrico atingiu primeiro 
                        o drow com o qual estava batalhando e este não 
                        resistiu, tombando fumegante. Já Rizzen, recebeu 
                        a carga e sentiu o aço da armadura esquentar, seus 
                        músculos contraírem violentamente e a pele 
                        queimar. Mas suportou o castigo. Passado o efeito, sacou 
                        sua espada e correu ao encontro de Kariel. No meio do 
                        cenário da batalha, Mikhail recitou nova prece. 
                        Orou a Mystra e pediu que ela fechasse os ferimentos de 
                        seus amigos. A deusa atendeu e parte dos cortes sofridos 
                        pelos heróis se fechou e um pouco mais de vigor 
                        preencheu seus músculos. Iskapoft, graças 
                        ao efeito do encanto, recobrou a consciência e retomou 
                        o machado de lâmina de pedra nas mãos, porém 
                        ainda estava ferido.
 
 Naquele momento, o 
                        vento da batalha repentinamente pareceu soprar a favor 
                        da Comitiva. Limiekki eliminou o oponente contra o qual 
                        lutava e Iskapoft bateu-se contra aquele que havia sido 
                        seu carrasco e que se aproximava para confrontar o mateiro. 
                        Novamente o grimlock parecia insano, dominado pela fúria 
                        da batalha: partiu a cabeça do inimigo e continuava 
                        golpeando o drow, mesmo morto, transformando em uma massa 
                        de carne ensangüentada. Arthos também derrubou 
                        seu adversário, com um golpe preciso do seu sabre 
                        encantado no ventre do soldado Nanitarin. O drow que lutava 
                        Leosanar, ao ver a derrota de seus companheiros e a perda 
                        da vantagem, ajoelhou-se e largou a arma no chão. 
                        O que combatia com Chessintra foi menos honrado. Virou-se 
                        para trás e pôs-se a correr desabaladamente. 
                        O único que restou era Rizzen, que enfrentava Kariel, 
                        alheio a derrota dos seus companheiros.
 
 O mago da Comitiva 
                        tentava conter os golpes do guerreiro. Apesar de mais 
                        habilidoso com a lâmina do que muitos dos estudiosos 
                        das artes místicas, o elfo em pele de drow não 
                        era páreo para um Mestre das Armas e rapidamente 
                        sentia o peso dos golpes e a lâmina a cortar suas 
                        vestes e, vez em quando, sua carne. Magnus, amigo de Kariel 
                        e guerreiro mais experimentado e habilidoso, aproximou-se 
                        do combate. Pensava o jovem paladino que faltava justiça 
                        na contenda de um guerreiro contra um mago, ambos usando 
                        uma lâmina.
 
 “Lute comigo!”, 
                        bradou Magnus.
 
 O pedido do jovem 
                        quebrou a concentração do drow, que voltou 
                        o olhar para o cenário ao redor. Agora seus guerreiros 
                        estavam mortos e havia um cativo, dominado pela lâmina 
                        de Leosanar. Ele deixou a posição de ataque 
                        e abaixou a arma.
 
 “Malditos! São 
                        excelentes guerreiros. Porque se aliaram aos Trun´Zoyl´Zl? 
                        Não vêem que esta Casa nada faz por Undrek´Thoz. 
                        Em breve outros cairão como os Drezz'Lynur. Será 
                        que não percebem isto?”, disse o Mestre das 
                        Armas.
 “Não 
                        temos interesse em suas guerras ou lutas. Somos forasteiros 
                        e temos nossos próprios assuntos!”, disse 
                        Kariel.
 “O que vieram 
                        fazer aqui?”, perguntou Rizzen.
 “Isto diz respeito 
                        apenas a nós! Deponha a sua arma!”, respondeu 
                        Arthos.
 “Não!”, 
                        negou o drow, sorrindo e levantando a espada. “Morrerei 
                        lutando. Talvez me deixem terminar a luta contra o mago! 
                        Um duelo!”.
 “Não 
                        haverá duelos! Você irá morrer agora!”, 
                        disse partiu Limiekki com suas armas nas mãos. 
                        “Esta luta já demorou tempo demais!”.
 
 O mateiro investiu 
                        violentamente contra o guerreiro drow. Arthos chegou a 
                        se aproximar do amigo, para auxiliá-lo, porém 
                        foi detido pelo paladino, que segurou seu braço. 
                        O equilíbrio do combate significava honra naquele 
                        caso, conceito prezado por Magnus. Limiekki cortou com 
                        seu pequeno machado o ombro de Rizzen, que retribui em 
                        um golpe que atingiu superficialmente a perna do homem 
                        de Forte Zenthil. Junto com a dor do corte, o aventureiro 
                        sentiu algo mais: um frio intenso tomou conta da região, 
                        indicando que a lâmina de aço negro do drow 
                        possuía alguma espécie de encanto. Limiekki 
                        investiu novamente, porém o guerreiro era hábil 
                        e desviou do golpe, jogando o seu corpo para trás. 
                        Ágil, emendou um contra-golpe, que atingiu o flanco 
                        esquerdo do mateiro. Limiekki, ferido, então tombou, 
                        incapacitado.
 
 “Maldito! Renda-se!”, 
                        bradou Kariel.
 “Não 
                        terei nada a ganhar me rendendo. Morrerei lutando!”, 
                        respondeu o Mestre das Armas.
 “Pois que assim 
                        seja!”, partiu Arthos para o ataque, com o sabre 
                        apontado.
 
 Arthos então 
                        atacou com dois rápidos golpes, que graças 
                        à agilidade do drow de armas cortaram o ar sibilantes, 
                        mas inofensivos. O metal negro e frio empunhado por Rizzen 
                        revidou, mais preciso, e atingiu o espadachim da Comitiva, 
                        perfurando-o na altura do ombro, fazendo brotar um filete 
                        de sangue. Porém, Arthos resistiu e também 
                        era bastante hábil. Defendeu-se dos ataques e conseguiu, 
                        após algumas tentativas, encaixar alguns ataques 
                        de sucesso. Um deles penetrou em uma pequena brecha entre 
                        as faixas de couro negras da armadura do drow e encontrou 
                        o seu coração. Rizzen ajoelhou e então 
                        tombou. Sua alma foi à procura de sua deusa sombria.
 
 “Imbecil!”, 
                        praguejou Arthos, chutando o corpo sem vida do drow, e 
                        levando a mão ao ombro machucado.
 “Onde está 
                        o prisioneiro?”, quis saber Kariel.
 “Eu já o executei”, 
                        respondeu Leosanar. “Ele era um assassino que veio 
                        nos matar e atrapalharia nossa missão. Não 
                        havia serventia em tê-lo conosco”.
 
 Os heróis silenciaram 
                        por um rápido segundo ante as palavras do drow, 
                        que feriam seus princípios. Afinal era um inimigo 
                        dominado. Porém aceitaram a lógica pura 
                        e cruel daquela atitude, que se adequava perfeitamente 
                        à situação e ao local onde se encontravam. 
                        Decidiram, então, esquecer aqueles pensamentos 
                        e arrastar e esconder os corpos dos inimigos em uma vala, 
                        ocultando assim as evidências do conflito. Os símbolos 
                        e os trajes da Casa Nanitarin foram removidos, pois poderiam 
                        ser úteis em um disfarce, porém a espada 
                        negra de Rizzen, obviamente imbuída de magia, não 
                        foi levada pelos aventureiros. Magnus, o paladino, a considerou 
                        uma arma alinhada com a perversidade de seu antigo dono 
                        e ela foi abandonada nas reentrâncias de uma pedra, 
                        para nunca mais ser encontrada. Enquanto faziam isto, 
                        Mikhail, clérigo de Mystra, usava novamente a varinha 
                        de madeira fina e negra, que possuía o poder de 
                        curar. Girou-a ao ar e tocou em Limiekki e em Arthos, 
                        fazendo suas feridas se fecharem. Após estes trabalhos, 
                        aguardaram por poucos minutos pela chegada de Bingo e 
                        Danicus, que encontraram o grupo sentado nas pedras, refazendo-se 
                        do cansaço da batalha. Os semblantes dos dois recém 
                        chegados não inspiravam triunfo, mas tensão 
                        e nervosismo.
 
 “Já estávamos 
                        ficando preocupados! Tiveram sucesso? Acharam a pedra?”, 
                        perguntou Arthos.
 “Um truque. 
                        Uma falsificação!”, disse Danicus, 
                        decepcionado. “Ao sair do quartel general do Jalavar 
                        Lynnur examinei a pedra. Não percebi magia nela”.
 
 Bingo retirou da capa 
                        a grande pedra amarelada. Kariel pediu e a tomou nas mãos. 
                        O Harpista veterano não havia se enganado. O arcano 
                        da Comitiva, que podia sentir as emanações 
                        mágicas a um simples olhar, nada sentia da poderosa 
                        magia das jóias que ativavam os portais. Aquela 
                        não era nada mais do que uma cópia.
 
 “Tem razão. 
                        É um engodo!”, confirmou Kariel, analisando 
                        a pedra sem valor.
 “Eclavdra. Ela 
                        deve ter enganado o Jalavar Lynnur e ficado com a pedra!”, 
                        supôs Mikhail.
 “De fato. Mas 
                        qual será o propósito dela em manter esta 
                        tal jóia consigo?”, perguntou Chessintra, 
                        a drow de cabelos longos e prateados.
 “Ela pode querer 
                        criar o seu próprio portal!”, disse Arthos 
                        em uma hipótese.
 “Ou pode utilizá-la 
                        para outra coisa, Arthos”, interferiu Kariel. “A 
                        magia da pedra é poderosa e Eclavdra pode tentar 
                        canalizá-la para algum propósito desconhecido”.
 “Isto não 
                        mudará nossa situação. Temos que 
                        tomar esta pedra o mais rápido possível.”, 
                        falou Magnus, resoluto. “Onde viram Eclavdra pela 
                        última vez?”.
 “No Distrito 
                        de Phandalkuzan, na Cúpula dos Desafios”, 
                        lembrou Leosanar.
 “Cúpula 
                        dos Desafios? O que é isso?”, quis saber 
                        Bingo, curioso como sempre.
 “É uma 
                        arena de magos, Bingo”, explicou Arthos. “Eclavdra 
                        estava lá para se encontrar com alguém... 
                        um tal cujo nome esqueci!”.
 “Divolgh!”, 
                        completou Chessintra. “Talvez eles estejam planejando 
                        algo juntos!”.
 “Então 
                        não devemos perder tempo. Até porque os 
                        Trun'Zoyl'Zl, ou os Nanitarin podem enviar mais soldados!”, 
                        advertiu Magnus.
 “Mais soldados?”, 
                        perguntou Danicus. “Houve um combate?”.
 “Sim. As duas 
                        Casas já estão em nosso rastro, professor”, 
                        confirmou Limiekki. “É melhor fazer o que 
                        Magnus disse: colocarmos sebo nas canelas e irmos para 
                        esta tal arena!”.
 “Peço 
                        que aguardem um momento. Prometi algo ao drow do Jalavar 
                        que capturamos! Retornarei em breve!”, disse Kariel, 
                        afastando-se do grupo, em direção ao cativo.
 
 O sentinela preso 
                        jazia em uma reentrância, tal como uma pequena gruta, 
                        que o ocultava, a alguns metros do local onde os aventureiros 
                        se encontravam. O elfo arcano aproximou do drow e retirou-lhe 
                        a mordaça.
 
 “Vi o combate 
                        ao longe. São realmente poderosos. Creio que chegou 
                        a minha vez de perecer!”, disse o drow.
 
 Kariel desembainhou 
                        a sua espada, e apontou para o prisioneiro, porém 
                        o seu alvo foram as cordas que amarravam seus pulsos e 
                        pernas. O drow rebelde, agora livre, então levantou 
                        e olhou para o mago, um tanto perplexo.
 
 “Vai me libertar?”, 
                        perguntou, sem acreditar.
 “Você 
                        falou a verdade sobre a jóia e estou cumprindo 
                        a promessa que fizemos. Tome-a de volta. Eclavdra enganou 
                        a nós e o Jalavar Lynnur. Esta pedra não 
                        tem valor!”, disse o mago, arremessando a gema, 
                        agarrada no ar pelo drow. “E isto é para 
                        o caso de você ter que fugir por ter nos ajudado!”, 
                        jogou em seguida um pequeno saco com algumas moedas.
 “Comportamento 
                        incomum o de vocês...”, comentou o guerreiro, 
                        refletindo sobre a atitude honrada de cumprir o prometido, 
                        ainda mais a um inimigo indefeso, algo completamente avesso 
                        à cultura drow. “Sejam quem forem, o Jalavar 
                        Lynnur não terá interesse em perseguí-los. 
                        Não fazemos inimigos gratuitos, ainda mais com 
                        o poder que demonstraram nesta batalha. Porém, 
                        evitem aproximarem-se daqui novamente!”.
 
 Dito isto, o drow 
                        virou as costas e partiu pelos ermos escuros e pedregosos. 
                        Kariel fez o mesmo, para o lado oposto, na direção 
                        de seus companheiros.
 O Destino 
                        da Pedra Mística       Os 
                        heróis da Comitiva da Fé estavam reunidos. 
                        Antes de partirem no caminho de retorno ao Distrito da 
                        Magia da cidade de Undrek´Thoz, havia arranjos a 
                        serem feitos. Muitos no grupo estavam feridos e Mikhail 
                        estava a proferir suas preces curativas e a usar a varinha 
                        negra encantada para fechar os cortes, consertar os ossos 
                        e eliminar os hematomas. Após os encantos administrados, 
                        era a vez dos arcanos. Danicus e Kariel usaram novamente 
                        a magia de disfarce sobre todos os companheiros, renovando 
                        o período de duração daquele sortilégio. 
                        Porém, desta vez, adotaram outras aparências 
                        e as roupas e insígnias dos Nanitarin. Mikhail 
                        sentiu-se mais confortável em sua nova forma, agora 
                        na pele de um drow macho. Também adotaram novos 
                        nomes, caso fosse necessário usá-los em 
                        uma conversação. Chessintra e Leosanar os 
                        ajudaram a escolher: Mikhail, Arthos, Kariel, Limiekki, 
                        Danicus, Magnus, Bingo, Iskapoft, Leosanar e Chessintra 
                        seriam, porquanto durasse o disfarce, chamados, respectivamente, 
                        de Chafzmir, Filifar, Hiluan, Coborel, Masoj, Argit, Xilthy, 
                        Kalannar, Lyme e Drisinyl.
 Depois da administração 
                        das magias, os aventureiros rumaram de volta, pelos caminhos 
                        escuros das cavernas, na direção de Phandalkuzan. 
                        Podiam ter os heróis se valido de meios arcanos 
                        para chegarem mais rápido e evitar o desconforto 
                        de andarem quase uma hora escalando pedras e contornando 
                        estalagmites e outros obstáculos, porém 
                        os magos resolveram que deveriam poupar seus recursos 
                        para momentos de maior precisão. Assim, chegaram 
                        um tanto cansados aos portões da cidade. Porém, 
                        como não havia tempo a perder, dirigiram-se imediatamente 
                        à Cúpula dos Desafios.
 A arena, o enorme anfiteatro coberto com uma redoma negra 
                        , estava vazia. Não havia jogos naquele momento 
                        porém, entre os portões gradeados que o 
                        circundavam, podiam-se ver guarnições de 
                        soldados, aliás, um número grande deles 
                        para se guardar um local vazio, o que despertou a curiosidade 
                        de Arthos.
 
 “Por que estes 
                        guardas? O que eles protegem, se parece não haver 
                        ninguém aqui?”.
 “O dinheiro 
                        das apostas, Arthos”, respondeu Leosanar. “Abaixo 
                        das arquibancadas existe um cofre onde está guardado 
                        o dinheiro arrecadado nos jogos”, explicou Leosanar.
 “Então 
                        deve ser bem difícil entrar aí!”, 
                        colocou Limiekki.
 “Em parte! Nosso 
                        alvo não é o cofre e sim a jóia”, 
                        esclareceu Chessintra. “Se ela não estiver 
                        no cofre, provavelmente não teremos que passar 
                        por muitos guardas, proteções mágicas 
                        ou armadilhas para pegá-la.”.
 “Se supomos 
                        que Eclavdra tem a jóia, temos que localizá-la. 
                        Tenho um sortilégio que poderá me dizer 
                        onde ela está!”, disse Danicus.
 
 Em seguida, o mago 
                        Harpista fechou os olhos, concentrou-se, recitou palavras 
                        na estranha língua dos magos e gesticulou. Segundos 
                        após, abriu os olhos novamente, anunciando.
 
 “Sinto a presença 
                        dela a cerca de noventa metros à frente”.
 “Isto deve ser 
                        mais ou menos na área das arquibancadas ou das 
                        tribunas, bem próximo à Arena!”, concluiu 
                        Leosanar.
 “Usando esta 
                        distância como parâmetro, posso preparar uma 
                        magia para nos transportar até lá. No entanto, 
                        como não pude descansar para renovar minhas energias 
                        místicas, só poderei levar três de 
                        vocês comigo, caso contrário não poderei 
                        conjurar outra vez para nos trazer de volta!”, disse 
                        o mago Kariel.
 “Eu poderei 
                        levar mais três comigo. Sobrarão dois de 
                        nós!”, completou Danicus.
 “Eu fico!”, 
                        ofereceu-se Bingo. “Não quero atrapalhar 
                        e vou aproveitar para comprar comida e comer também. 
                        Esperarei vocês do lado de fora das muralhas da 
                        cidade”.
 “Pode ficar 
                        com Iskapoft?”, perguntou Magnus ao halfling.
 “Está 
                        bem. Fico com ele por lá! Deixem comigo. Boa sorte 
                        pra vocês!”.
 
 Bingo e Iskapoft então 
                        deixaram os companheiros. Os aventureiros procuravam um 
                        local ermo entre as ruas estreitas da cidade, que agora 
                        estava menos movimentada, para a conjuração 
                        mágica. Tendo encontrado um beco deserto, Kariel 
                        e Danicus iniciaram o rápido ritual de gestos e 
                        palavras. Em segundos, a Comitiva da Fé desapareceu 
                        completamente, surgindo em uma sala de paredes de tijolos 
                        de pedra grandes e cinzentos, com diversos armários 
                        de madeira negra, uma escada em espiral feita de pedra 
                        que partia para cima e uma porta de madeira e ferro. Tudo 
                        era iluminado por uma fraca chama mágica de cor 
                        púrpura, pendurada em uma das paredes.
 
 “Curioso. Ela 
                        deveria estar aqui, pelos meus cálculos!”, 
                        estranhou Danicus.
 “Vou procurar 
                        lá em cima. Vejam o que podem encontrar aqui!”, 
                        disse Leosanar em voz baixa, subindo em seguida, silenciosamente, 
                        a escada em espiral.
 
 Os heróis examinaram 
                        os armários. A maioria deles tinha as portas destrancadas 
                        e somente continham trajes. Kariel não percebeu 
                        magia alguma agindo naquele local. Passaram então 
                        para a porta que, felizmente estava aberta. Um corredor 
                        estreito que terminava em outra porta foi revelado. Arthos 
                        foi à frente, pois a nova porta possuía 
                        uma pequena grade. Queria ver o espadachim o que havia 
                        além. Pôs então seus olhos na abertura.
 
 “Daqui dá 
                        para ver as arquibancadas e a arena! Não há 
                        outras salas”.
 “Vamos procurar 
                        aqui mesmo. Pode haver algo oculto!”, disse Mikhail.
 
 Os aventureiros então 
                        esquadrinharam a sala e o corredor. Já conheciam 
                        muito sobre passagens secretas e mecanismos ocultos para 
                        não desistirem por conta de uma sala vazia. Após 
                        alguns minutos, Chessintra gesticulou para os colegas. 
                        Havia encontrado algo no corredor.
 
 “Este tijolo. 
                        A sua superfície está mais destacada da 
                        parede do que a dos demais e há um pouco de terra 
                        logo abaixo dele. Acho que encontramos!”, disse, 
                        empurrando o bloco.
 
 A pedra entrou na 
                        parede, em um arrastar ruidoso. Logo após, um trecho 
                        da parede recuou, revelando uma passagem. Um corredor 
                        íngreme, que descia. Neste momento, Leosanar retornava 
                        de sua exploração, integrando-se ao grupo.
 
 “Não 
                        há nada lá em cima, ao não ser uma 
                        mesa e cadeiras. Mas parece que já acharam o caminho 
                        que devemos seguir!”, disse o rastreador, após 
                        perceber a porta secreta perante a qual aglomeravam-se 
                        seus companheiros.
 
 Desceram em silêncio. 
                        Seus corações estavam acelerados e as mãos 
                        seguravam firmemente os cabos das armas. Kariel interrompeu 
                        aqueles minutos angustiantes, com um sussurro, que levava 
                        palavras preocupantes.
 
 “Atenção. 
                        Sinto uma poderosa energia mágica à frente!”.
 
 O caminho estreito 
                        esculpido em meio às rochas chegava ao seu final, 
                        no momento em que se ouviam palavras arcanas, pronunciadas 
                        como um mantra sinistro. Outra voz, desta vez feminina, 
                        ecoava sobrenatural pelo aposento: “Falta apenas 
                        mais pouco! Libertem-me e poderei salvar todos os drows! 
                        Eu retornarei ao Plano Material!”.
 
 Os heróis, 
                        cautelosamente, entraram na câmara. Era um salão 
                        vazio de rocha irregular, escavado na pedra, conectado 
                        a uma sala menor, ao fundo. Neste último cômodo, 
                        viram, em um altar de mármore negro, a gema tão 
                        procurada. A pedra mística brilhava e faiscava 
                        fortemente em uma emanação avermelhada. 
                        À frente delas, estavam duas figuras: uma era Eclavdra 
                        e outra era a de um drow, com um robe de mago. Conduziam, 
                        concentrados, um ritual místico e estavam voltados 
                        para um portal feito de energia, de onde escapava uma 
                        fumaça de cor azul.
 
 “Por Mystra! 
                        Estão usando a energia da pedra para convocar algum 
                        aliado!”, exclamou Kariel.
 “A hora é 
                        agora! Vamos!”, bradou Mikhail, martelo na mão, 
                        seguido pelos companheiros, que se puseram a correr na 
                        direção dos dois arcanos.
 
 O mago que acompanhava 
                        Eclavdra, ao perceber a chegada dos intrusos, levantou a 
                        mão e pronunciou palavras de comando. Uma barreira 
                        de energia foi erguida entre os dois aposentos, o que 
                        deteve momentaneamente os heróis, a exceção 
                        de Kariel, que continuava se deslocando. Ia o mago da 
                        Comitiva de encontro à muralha mágica.
 
 A voz sombria que 
                        vinha do portal gritava mais alto: “Falta pouco! 
                        Libertem-me!”. Os magos drows somente precisavam 
                        de mais tempo. Acreditavam que, se aquele ser invocado por final conseguisse 
                        ultrapassar o portal, os seus inimigos iriam indubitavelmente 
                        perecer. A mente de alguns companheiros da Comitiva questionava 
                        se o ritual possuía alguma relação 
                        com o desaparecimento da deusa Lolth. Oravam aos seus 
                        deuses que o seu retorno não fosse o objetivo de 
                        tal cerimônia, ou tudo estaria perdido para eles 
                        e, talvez, para o povo que habitava a superfície 
                        de Faerûn.
 
 
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