| Imaskar 
                        das Profundezas Descrita 
                        por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ricardo 
                        Costa.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os 
                        Humanos: Arthos Fogo Negro;Magnus de Helm; Sigel O'Blound 
                        (Limiekki); Danicus Gaundeford; Klerf Maunader. Os 
                        Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Grimlock: 
                        Loft Moft Toft Iskapoft. O Halfling: Bingo 
                        Playamundo. Participação Especial: 
                        Storm Mãe Argêntea.
 
 
  
  Imaskar das Profundezas
 A Canção de 
                        Storm       
                        O grupo de aventureiros da Comitiva da Fé retornou a nau 
                        voadora que o conduzia pelas imensas e perigosas cavernas 
                        do Subterrâneo. Os heróis estavam exaustos, mas haviam 
                        cumprido a missão de localizar e destruir o portal e a 
                        gema mística, partes fundamentais do plano drow de invasão 
                        da Superfície, da cidade de Undrek’Thoz. Foram recebidos 
                        pela bela Barda do Vale das Sombras, Storm Mão Argêntea 
                        e pelo harpista Klerf. A mulher de cabelos prateados ajudou-os 
                        a descer a rampa de madeira, que ligava o solo ao convés.
 “E então, Comitiva?”, 
                        perguntou.
 “Conseguimos! 
                        Encontramos o portal na Casa Trun’Zoyl’Zl 
                        e o destruímos. A pedra havia sido roubada e exigiu mais 
                        investigação, mas por fim a encontramos no Distrito de 
                        Phandalkusan e também a fizemos em pedaços!”, relatou 
                        Mikhail
 “Mas não foi 
                        sem esforço! Lutamos com muitos drows e enfrentamos até 
                        dois demônios!”, completou Arthos, ainda com o rosto 
                        pálido.
 “E encontramos 
                        um grupo aliado, chamado Fogo Lunar. São seguidores de 
                        Eilistraee e nos ajudaram com a missão. Parecem existir 
                        células dele espalhadas por outras cidades!”, disse 
                        Kariel.
 “Excelente 
                        notícia, meus amigos! Precisaremos de toda a ajuda que 
                        pudermos obter!”, falou Storm. “Obrigada, 
                        Comitiva! Agora vão descansar! Vocês estão péssimos, especialmente 
                        Arthos! Nossa próxima parada é a cidade drow de T’lindeth. 
                        Até lá, haverá tempo suficiente para vocês se refazerem!”.
 “Tenho mesmo 
                        que descansar! Realmente me sinto muito mal, desde aquele 
                        encontro com a mulher-demônio!”.
 “Não se preocupe, 
                        Arthos! Farei uma sopa de legumes especial!”, disse 
                        Bingo
 “Obrigado, pequeno, 
                        mas acho que vou dormir um pouco!”, respondeu o 
                        espadachim, desalentado.
 
 A Comitiva se recolheu, 
                        descansando dos perigos enfrentados na cidade drow de 
                        Undrek’Thoz. Naqueles momentos, em que a nau cruzava 
                        silenciosamente o ar, Mikhail orava e lia o livro sagrado 
                        da Deusa Mystra, Kariel, deitado, escrevia um novo capítulo 
                        do seu diário pessoal, Magnus polia sua armadura enquanto 
                        conversava com Storm, Limiekki limpava suas armas, o professor 
                        Danicus contava sua última aventura para o discípulo Klerf, 
                        Iskapoft observava Bingo cozinhar e Arthos dormia. Assim, 
                        sete horas se passaram.
 O espadachim ruivo 
                        ainda sonhava, enquanto o seu corpo cansado repousava. 
                        Em sua mente, estava sentado em uma mesa de taverna, no 
                        Vale das Sombras talvez, tendo do outro lado o amigo Kelta. 
                        Jogavam carteado cormyriano, em um jogo chamado “caixa 
                        do rei”. Arthos tinha em suas mãos cartas representando 
                        o rei, uma rainha, o príncipe, o general e o nobre. Era 
                        uma mão muito boa e o ruivo ex-elfo colocou todas as moedas 
                        de ouro que tinha naquela jogada.
 
 “É, meu velho 
                        Kelta! Parece que agora você perdeu as calças!”, 
                        disse sorrindo e confiante, mostrando as coloridas figuras.
 “Lamento, Arthos... 
                        mas é você quem vai andar de ceroulas!”, sorriu 
                        o mago, baixando suas cartas na mesa.
 “Um rei, uma 
                        rainha, um príncipe, o general e o mago de guerra! Não 
                        é possível! Perdi de você, Kelta! Você deve ter trapaceado!”, 
                        disse, um indignado Arthos, acostumado a jogar, mas nunca 
                        a perder.
 “É, meu amigo! 
                        Tymora às vezes dá e às vezes tira! Agora vamos comer... 
                        vamos comer...vamos comer...”.
 A voz ecoou na cabeça 
                        de Arthos e ele acordou com Bingo a sua frente, com uma 
                        panela na mão e um prato na outra. Iskapoft estava logo 
                        atrás.
 “Vamos comer, 
                        Arthos! Acorda! Experimente minha sopa! Você está anêmico!”.
 “Bingo! Tive 
                        um pesadelo terrível!”, disse, despertando. “ 
                        Sonhei com Kelta! Ele me venceu em um jogo de cartas... 
                        isso é impossível!”.
 “Tanto barulho 
                        por conta de um sonho bobo. Bebe logo a sopa!”, 
                        insistiu o pequeno, empurrando um prato na direção do 
                        amigo.
 “Humm... 
                        muito boa! Até que você cozinha bem!”.
 “Ah sim! Sou 
                        um bom cozinheiro! Era famoso em Luiren”, disse, 
                        feliz da vida pelo elogio. “E você, Iskapoft? Não 
                        quer uma sopa não?”.
 
 O grimlock olhou para 
                        a panela e coçou a cabeça.
 
 “Iskapoft nunca 
                        comeu isso, pequenino!”.
 “Ah!... então 
                        toma um pouco!”, disse Bingo, despejando um pouco 
                        do caldo de legumes em um prato e entregando ao companheiro. 
                        Iskapoft tomou o prato com as duas mãos e levou a boca, 
                        em um barulho desagradável, mas logo em seguida cuspiu 
                        tudo que havia tomado!
 “Puuuuh! Isso 
                        é ruim! Gosto de carne é bom. Isso não!”, disse 
                        o grimlock, puxando de uma sacolinha de tecido suja, um 
                        pedaço de carne seca e velha, para o asco daqueles que 
                        estavam ao seu lado.
 “Bem... se você, 
                        que só come estas carnes podres, não gostou, posso considerar 
                        um elogio!”, disse o halfling olhando para o chão 
                        sujo. “Agora tenho que limpar esta bagunça!”.
 Quando o halfling 
                        ia deixando a cabine para buscar um balde, água e esfregão, 
                        entrou pela porta Storm.
 “Salve! Espero 
                        que estejam melhores, especialmente você, Arthos!”.
 “Um pouco melhor!”, 
                        respondeu o espadachim. “Obrigado por se preocupar!”.
 “Vim aqui lhes 
                        fazer um convite! Não sei se sabe, mas o povo dos Vales 
                        me chama também de a “Barda do Vale das Sombras”, 
                        mas esta barda ainda não havia cantado nenhuma uma canção 
                        para a Comitiva. Hoje irei reparar esta falha”, 
                        disse a mulher de cabelos prateados, em um sorriso encantador. 
                        “Kariel toca flauta e concordou em me acompanhar! 
                        Se quiserem, podem ir a cabine de comando e escutar!”
 “Oba! Uma festa! 
                        Vamos!”, animou-se Arthos.
 “Música é sempre 
                        bom para aquecer o coração e espantar as sombras!”, 
                        disse Limiekki, que sentava em um beliche próximo. “É 
                        claro que eu vou!”.
 “Vamos todos!”, 
                        conclui Bingo.
 
 Poucos minutos depois, 
                        a Comitiva estava reunida na cabine de comando, a exceção 
                        de Mikhail que, a pedido de Storm, ficara no convés, para 
                        vigiar se as coisas estavam em ordem. A Barda do Vale 
                        das Sombras e Kariel, que portava uma bela flauta transversal 
                        élfica feita de prata e finamente ornada, combinaram algo 
                        e começaram o pequeno espetáculo. Ao som melodioso e alegre 
                        do instrumento, Storm começou a cantar. Sua voz agora 
                        era ainda mais doce e suave.
 “Eu estive em muitos lugares
 Viajei  mundo afora
 Sempre à procura de novos ares
 Mas, o que isso importa agora,
 Quando todas as estradas que eu atravessei
 Parecem voltar para aqueles que deixei
 
 Rostos familiares
 Pelas velhas calçadas
 Estão em todos lugares
 lanternas iluminadas
 Onde quer que eu vá
 Me chamando para  voltar
 
 Dançando sob o luar
 Na chuva a cantar
 Oh, como é bom estar no lar
 À luz do sol a gargalhar
 Na estrada a caminhar
 Oh, como é bom estar no lar” (*)
 A música terminou 
                        e vieram as palmas. Mikhail, mesmo do convés, conseguiu 
                        ouvir um pouco da música, mas outro som chamou-lhe a atenção. 
                        Parecia alguém sussurrando, vindo da escuridão acima da 
                        caverna. O elfo sacerdote de Mystra pôs-se em prontidão 
                        e olhou para o alto. Em um ato de vontade, ergueu seu 
                        martelo mágico de guerra, conhecido como o “Destruidor 
                        de Tempestades” e dele partiu um raio de luz em 
                        direção ao teto. A claridade revelou uma plataforma de 
                        pedra, logo acima da nau e pequenos vultos se esconderam 
                        aos resmungos. Porém, outros abordaram o convés, usando 
                        cordas. Mikahil agora podia vê-los: eram cinco seres de 
                        baixa estatura, mas com a pele cinzenta, carecas, de barbas 
                        totalmente brancas. Eram da desprezível raça de anões 
                        conhecidos como duergares e estavam armados com espadas. 
                        Ouviu-se um novo ruído, repentino e forte. Uma grande 
                        estalactite desabou do alto, destruindo e atravessando 
                        o piso de madeira do convés, entrando pela cabine de comando, 
                        no pavimento inferior, pelo teto. Estavam sendo emboscados.
  Duergares        Storm 
                        e Kariel haviam terminado de se apresentar quando uma 
                        pontiaguda estalactite destroçou a madeira clara do teto, 
                        atravessando a cabine de comando repentinamente. Arnilan, 
                        por puro reflexo, conseguiu deslocar-se o suficiente para 
                        desviar da rocha, que destruiu a poltrona de comando da 
                        nau. Porém, ao escapar, o piloto evereskano chocou-se 
                        contra uma das paredes de madeira, machucando o ombro. 
                        A nau agora seguia ainda uma trajetória reta, mas balançava 
                        terrivelmente.
 “Uma emboscada! 
                        Estamos sendo atacados!”, gritou Mikhail, do alto 
                        do convés.
 
 Os heróis então foram 
                        buscar suas armas para auxiliar o amigo. Poucos minutos 
                        depois, subiram as escadas e encontraram o elfo clérigo 
                        evereskano cercado pelos anões da escuridão. Magnus foi 
                        o primeiro a subir as escadas e já sacou sua Hadryllis. 
                        Kariel veio logo após, seguido do professor Danicus. O 
                        paladino correu e golpeou com força um dos duergares que 
                        ameaçava Mikhail a altura do peito. O anão sombrio feriu-se, 
                        mas não tombou. Os magos Kariel e Danicus tinham poucas 
                        magias em seus repertórios, já que haviam gasto suas forças 
                        no intenso combate anterior. E mesmo em meio àquelas que 
                        lhes restavam, não podiam optar pelas mais destruidoras, 
                        pelo receio de danificar ainda mais a embarcação mística. 
                        Lançaram, os dois, então alguns dardos fulgurantes de 
                        energia, que partiram de suas mãos e explodiram em dois 
                        dos duergares.
 
 Novos guerreiros ascendiam 
                        ao convés. Eram o halfling Bingo, o mateiro das florestas 
                        do Mar da Lua, Limiekki, o espadachim Arthos, e a Barda 
                        do Vale das Sombras, Storm Mão Argêntea. O pequeno tomou 
                        o seu arco e preparou um tiro, mas hesitou. Em um combate 
                        tão próximo, podia acerta algum companheiro. Então preferiu 
                        aguardar. Já Limiekki empunhava as duas armas que costumava 
                        usar: a adaga e a machadinha. Partiu veloz e começou a 
                        trocar golpes com um oponente. Arthos chamou a atenção 
                        de um inimigo que combatia Mikhail de maneira peculiar. 
                        Com a ponta do sabre, perfurou o traseiro de um dos anões, 
                        que se virou para revidar. Já Storm lançou mão de uma 
                        dádiva oferecida aos Escolhidos da deusa Mystra: um jato 
                        de chamas prateadas partiu de suas mãos, ferindo três 
                        dos inimigos.
 
 A batalha prosseguiu, 
                        mas os anões das profundezas começaram a perceber que 
                        os oponentes que escolheram para saquear e escravizar 
                        não eram viajantes comuns. Um deles, que batalhava contra 
                        Arthos, usando um sortilégio, desapareceu em meio ao combate. 
                        Outro, usando uma habilidade extraordinária, começou a 
                        tremer e aumentar em tamanho e força. Magnus foi o primeiro 
                        a decretar a morte de um dos oponentes: Hadryllis penetrou 
                        profundamente, de cima para baixo, no peito do anão sombrio, 
                        que morreu praguejando em uma língua incompreensível. 
                        Mikhail, que não mais se encontrava encurralado, brandiu 
                        seu martelo dourado em dois pesados golpes contra o adversário 
                        que, já ferido pela magia de Storm, tombou. O professor 
                        Danicus, lançou sobre si um sortilégio que o permitia 
                        enxergar o invisível e advertiu Arthos.
 
 “O anão ainda 
                        está em sua frente! Ataque-o, Arthos!”.
 
 Enquanto isto, Limiekki 
                        lutava com o oponente maior, o duergar que possuía agora 
                        cerca de dois metros de altura. O mateiro sentiu os golpes 
                        da espada que o atingiram na armadura de couro batido 
                        que usava, mas devolveu com ferocidade a investida e a 
                        lâmina partiu o rosto do anão maligno, que morreu. Arthos 
                        obedeceu o professor e, mesmo sem enxergar, experimentou 
                        cortar o ar velozmente, do espaço a sua frente. Acertou 
                        o que não viu. O inimigo reapareceu, somente para cair 
                        aos seus pés. Apenas um vivia e este logo baixou a arma:
 
 “Não matem 
                        eu! Não matem eu! Fui obrigado a atacar vocês!”, 
                        disse o duergar, emitindo em uma voz desagradável, um 
                        idioma comum bastante ruim.
 “Obrigado por 
                        quem!?”, quis saber Limiekki.
 O duergar apontou 
                        um dos colegas mortos.
 “Lançar a culpa 
                        sobre um morto é bem conveniente!”, ironizou o mateiro, 
                        apontando a machadinha para a criatura de pele cinzenta 
                        e barbas brancas.
 “Quem são vocês?”, 
                        perguntou Arthos
 “Anões cinzentos, 
                        ou duergares, nós é!”, respondeu.
 “Anões?! Nunca 
                        vi anões tão esquisitos!”, comentou Arthos.
 “E eu nunca 
                        vi humano tão feio!”, rebateu o prisioneiro! “Solta 
                        eu!”.
 “De onde vocês 
                        vem? Porque nos atacaram?”, perguntou Storm.
 “De Mina Velha! 
                        Vocês parecia bons escravos pra vender! Mas não... são 
                        fortes demais!”
 “Você sabe 
                        o que fazemos com escravistas?”, perguntou Magnus.
 “Err... vocês 
                        libertam eles?”, falou desajeitado o anão, já advinhando 
                        a resposta.
 “Nós os mandamos 
                        para o Abismo!”, respondeu o paladino de Helm.
 “Não matem 
                        eu!”, implorou o anão, com voz chorosa. “Se 
                        não me matarem, posso contar coisas!”.
 “Coisas? Que 
                        coisas? Fale!”, exigiu Limiekki.
 “Queremos saber 
                        sobre outros povos vivem aqui e qual é a distância até 
                        o próximo assentamento drow.”, completou Kariel.
 “Prometem que 
                        não vão matar eu?”, pediu o anão.
 “Está bem! 
                        Prometo, se a informação for útil!”, garantiu Mikhail.
 “Nessas cavernas 
                        vivem nós, drows, ilithides e outros. Tem uma cidade drow 
                        para trás. Chamam ela de Undrek’Thoz. Pra frente 
                        tem cidade drow, mas é longe!”
 “Está certo! 
                        Vamos amarrá-lo!”, disse Storm. “Depois decidiremos 
                        o que fazer com ele!”
 
 Enquanto o anão era 
                        levado por Magnus para um quarto, nas dependências internas 
                        da nau voadora, subia ao convés o elfo de cabelos dourados, 
                        Arnilan. O piloto, que usava o capacete de comando da 
                        nave e levava a mão ao ombro machucado, disse a todos.
 
 “Não poderemos 
                        prosseguir. Os controles da nau estão seriamente danificados. 
                        Teremos que pousar ou nos arriscaremos a cair! Vou manobrar 
                        para um platô próximo.”
 “Por Mystra!, 
                        exclamou Storm. “Faça isto e vamos avaliar os estragos!”.
 
 Os heróis e piloto 
                        retornaram à cabine semi-destruída. Arnilan controlou 
                        o barco voador, que balançava perigosamente, fazendo-o 
                        pousar. Storm, com o semblante bastante tenso, pediu aos 
                        companheiros da Comitiva.
 
 “Por favor, 
                        verifiquem as cercanias deste platô para não sermos surpreendidos. 
                        Eu e Arnilan tentaremos avaliar a extensão dos estragos!”
 “Enquanto ao 
                        duergar, Storm? Acho que deveríamos nos livrar dele. Será 
                        uma fonte constante de perigo e pode tentar sabotar ainda 
                        mais a nau.”, disse Limiekki, externando sua preocupação.
 “Dei minha 
                        palavra que não o mataríamos!”, lembrou Mikhail. 
                        “Não seria honrado quebrá-la!”.
 “Mas se soltarmos 
                        esse anão por aí ele pode chamar os colegas dele e fazer 
                        um grande estrago!”, falou Arthos, eloqüente.
 “Tenho uma 
                        idéia!”, interveio Danicus. “Posso teleportá-lo 
                        para longe daqui, para próximo do lugar onde os anões 
                        nos abordaram.”.
 “É uma saída, 
                        professor, mas não há o risco dele ser teleportado para 
                        o meio de um abismo ou para o alto de um túnel?”, 
                        colocou Kariel.
 “Sim, amigo 
                        elfo, mas é um risco aceitável para resolver esta situação!”, 
                        finalizou o Harpista.
 “Concordo com 
                        Danicus! O professor pode tentar isto. Mikhail deve ficar 
                        e descansar. Precisaremos de seus encantos de cura para 
                        restabelecer os feridos. Iskapoft e Klerf também devem 
                        permanecer aqui, para oferecer mais alguma proteção, caso 
                        a nau seja novamente ameaçada. Os demais formem um grupo 
                        e explorem o entorno da nau e estabeleçam um perímetro 
                        de segurança!”.
 
 Os aventureiros assentiram 
                        positivamente a determinação de sua líder e assim foram 
                        executar as tarefas.
  Uma inesperada 
                        cidade        Limiekki, 
                        Arthos, Bingo, Kariel e Magnus afastaram-se lentamente 
                        da nau. O caminho era tenuemente iluminado pela emanação 
                        azulada emitida pela espada de Kariel. Deslocavam-se devagar, 
                        fazendo o máximo de silêncio possível. Tudo parecia tranqüilo, 
                        até que avistaram algo. Um corpo deitado ao chão. Parecia 
                        estar amarrado e sacudia-se na esperança de se libertar.
 
 “Quem está 
                        ai?”, perguntou Magnus.
 “Err... falam 
                        língua comum? Meu nome é Valin, Valin Navalon!”, 
                        disse o interlocutor, em um sotaque bastante carregado.
 
 A Comitiva aproximou-se 
                        e lançou mais um pouco de luz sobre o homem amarrado. 
                        Parecia um humano, de cabelos negros e olhos levemente 
                        orientais, mas a sua pela era branca e rajada, como a 
                        textura de uma placa de mármore. Exóticos eram seus trajes, 
                        em cor terra, cheios de adereços.
 
 “De onde veio, 
                        Valin?”, perguntou Limiekki.
 “De Imaskar 
                        das Profundezas! Espero que não sejam aliados dos duergares! 
                        Espere...”, disse o homem fixando melhor os olhos 
                        em seus interlocutores, “Superficiais! Não posso 
                        acreditar! Fantástico!”, disse, espantado.
 “Viemos da 
                        Superfície, mas e você? A que raça pertence?”, quis 
                        saber Kariel.
 “Sou um imaskari, 
                        elfo!”.
 “E o que faz 
                        aqui, todo amarrado?”, perguntou Bingo.
 “Deixei a cidade 
                        para colher cogumelos selvagens. Eu os adoro... mas acabei 
                        encontrando duergares. Lutei contra eles, mas acabei perdendo. 
                        Me deixaram por aqui, talvez viessem me levar depois.”
 Arthos então aproximou-se 
                        e cortou as marras que prendiam o imaskari. Ele então 
                        levantou-se, revelando uma estatura elevada como a de 
                        Magnus, mas era mais franzino do que a média entre os 
                        homens. Parecia ter quase trinta anos de idade.
 “Obrigado!”, 
                        disse Valin, massageando os punhos, apertados pela corda. 
                        “Incrível! Humanos, um elfo e um... o que é você, 
                        pequeno?
 “Um halfling!”, 
                        respondeu Bingo.
 “Interessante... 
                        mas o que fazem aqui? Estão perdidos?”, continuou 
                        Valin.
 “Não. Estamos 
                        em uma viagem!”, respondeu Arthos, sem mais detalhes.
 “Lugar estranho 
                        para se viajar, quando se vive na Superfície! Foi um enorme 
                        prazer encontrá-los! Há quinhentos anos nenhum da minha 
                        raça vê outro ser diferente de nós! Espero que tenham 
                        sucesso em sua jornada! Estou retornando para minha cidade 
                        agora”, inclinou-se o imaskari, para pegar uma cesta 
                        de palha escura, cheia de cogumelos.
 “Espere... 
                        Não vá ainda!”, pediu Arthos. “Precisamos 
                        de ajuda!”.
 “Ajuda?! De 
                        que tipo?”, perguntou o imaskari.
 “Nossa nau 
                        voadora está danificada!”, respondeu o espadachim. 
                        “Na sua cidade não existe alguém que possa nos ajudar?”.
 “Nau voadora! 
                        Vocês são de Netheril?”, Valin perguntou espantado.
 “Arthos! Você 
                        fala demais!”, reclamou Magnus, repreendendo o amigo. 
                        “Não somos nethereses, mas temos uma embarcação 
                        mágica netherese que precisa de reparos!”.
 “Meu povo tem 
                        grande conhecimento arcano e certamente devem existir 
                        aqueles que estudam as artes de Netheril, porém não posso 
                        levá-los a minha cidade sem saber o que precisam ou sem 
                        conhecer as suas intenções”, informou Valin.
 “Então peço 
                        que nos acompanhe! Vamos levá-los aos nossos outros companheiros”, 
                        disse Kariel. “Não se preocupe. Não iremos fazer-lhe 
                        mal!”.
 “Vocês me libertaram. 
                        Têm um crédito comigo. Irei com vocês!”.
 
 Os seis então percorreram 
                        o caminho de retorno a nau. Do lado de fora, encontraram 
                        Storm, Mikhail e Danicus, que olhavam para a embarcação, 
                        pensativos. Os três voltaram-se para os companheiros recém-chegados, 
                        curiosos com o novo personagem que os acompanhava.
 
 “Storm, Mikhail, 
                        Professor Danicus, ...”, iniciou Magnus. “Encontramos 
                        este rapaz amarrado a alguns metros daqui. Chama-se Valin 
                        Navalon e diz ser da cidade de Imaskar das Profundezas. 
                        Segundo ele, o seu povo pode possuir conhecimentos para 
                        nos ajudar a reparar a nau!”.
 
 Storm ergueu a palma 
                        da mão e disse.
 
 “Sinto em você 
                        a ação de algumas magias!”.
 “Sim, minha 
                        senhora. Possuo alguns itens arcanos. Isto é algo muito 
                        comum em nossa cultura!”, respondeu o rapaz de tez 
                        de mármore.
 “São arcanos 
                        os seus conterrâneos? Eles crêem em Mystra?”, perguntou 
                        Mikhail, clérigo que era da Deusa da Magia.
 “Todos nós 
                        somos arcanos em algum grau, além de outras habilidades. 
                        Eu sou um arcano, mas sou um historiador também. Não somos 
                        devotos de nenhum deus e nunca ouvi falar da deusa a qual 
                        você se refere. A antiga deusa da magia chamava-se Mistryl, 
                        salvo engano!”.
 
 Iskapoft, neste momento, 
                        deixou a cabine e veio ver o movimento do lado de fora.
 
 “Waaa! O que 
                        é isto?”, assustou-se o imaskari.
 “Não se preocupe. 
                        É um grimlock. Chama-se Iskapoft e é um de nossos companheiros 
                        de viagem!”.
 “Valin... pode 
                        nos ajudar a seguir viagem? Viemos em uma missão importante 
                        e precisamos continuar”, perguntou Storm.
 “Não conheço 
                        ninguém que estude as naus nethereses, mas posso tentar 
                        localizar alguém que possua estes conhecimentos. Vocês 
                        me parecem sinceros. Posso levá-los a minha cidade, desde 
                        que mantenham suas armas lacradas ou dentro de suas mochilas. 
                        Não quero assustar meu povo!”, respondeu Valin.
 “Agradeço a 
                        ajuda”, disse Storm ao imaskari. “Precisarei 
                        manter um grupo aqui comigo, para o caso de alguma ameaça 
                        atingir a nave, quando vocês estiverem fora. Klerf, Iskapoft 
                        e Danicus poderiam ficar e os outros irão com Valin”.
 “Mas Storm... 
                        é uma cidade de magos! Gostaria muito de ir! Por favor, 
                        permita-me...”, pedia Danicus, quando Storm o interrompeu.
 “Danicus... 
                        sei da sua curiosidade, mas deve pensar além de seus desejos 
                        pessoais. Preciso que fique conosco!”, disse a Barda.
 “Está bem!”, 
                        resignou-se o mago veterano a mulher que era sua líder 
                        na organização Harpista, um tanto chateado.
 “Então... podemos 
                        ir?”, perguntou Valin.
 “Sim! Vamos 
                        logo!”, disse o ansioso Bingo.
 “Boa sorte 
                        a todos!”, desejou Storm.
 
 Os heróis da Comitiva 
                        ocultaram suas armas, cobrindo-as com panos ou guardando 
                        as menores nas mochilas. Seguiram Valin por alguns metros 
                        além da nau. O imaskari aproximou-se de uma rocha e a 
                        atravessou, revelando uma ilusão que ocultava uma estreita 
                        entrada. Logo após ele, seguiram-se os integrantes da 
                        Comitiva. Estes, ao atravessar a passagem viram uma paisagem 
                        difícil de conceber nas regiões áridas e escuras das cavernas 
                        do Subterrâneo.
 
 Primeiro foi a luz 
                        fulgurante como a do sol que iluminava toda a imensa câmara 
                        onde haviam acabado de entrar. A luminosidade partia do 
                        teto da caverna, inteiramente forrado com um tecido mágico. 
                        Nele havia estampada a imagem de um sol estilizado, que 
                        emanava uma forte luz, sob um fundo azul onde imagens 
                        de nuvens deslocavam-se lentamente. Após isto, voltaram  
                        seus olhares para frente e viram uma cidade de prédios 
                        em formato de bulbos, alguns deles tão inclinados que 
                        desafiavam flagrantemente a lei da gravidade. Toda a cidade 
                        era circundada de um cinturão formado de grandes árvores, 
                        arbustos e vegetais diversos, tal qual um bosque, cortados 
                        por riachos. Atrás da cidade, pintado em uma das paredes, 
                        havia um grande círculo colorido, repleto de runas, que 
                        servia de moldura para os prédios. O silêncio se fez por 
                        alguns minutos, até Valin o interromper.
 
 “Senhores... 
                        Bem vindo a Imaskar das Profundezas!”.
 
 (*) – A 
                        música de Storm é uma tradução livre da canção Home Again, 
                        homenagem ao grupo de folk Blackmore’s Night.
 
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