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                        Pedra no Altar Descrita
                                por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os
                                      Humanos: Arthos Fogo Negro [Torrellan
                                      Millithor]; Magnus de Helm [Marckarius
                                      Millithor]; Sigel O'Blound (Limiekki)
                    [Dariel Millithor]; Danicus Gaundeford [Glemoran Millithor]. Os
                    Elfos: Mikhail Velian [Narcélia Millithor]; Kariel
                    Elkandor [Karelist Millithor]. O Grimlock: Loft
                                      Moft Toft Iskapoft. O
                                      Halfling: Bingo Playamundo [Quertus
                                      Millithor].
 
 
  
  A Pedra no Altar
 A Fuga       Arthos, 
                        Kariel e Chessintra seguiram Leosanar ao longe, mas acabaram 
                        perdendo o rastro do drow, devido à escuridão 
                        da caverna e a distância que os separavam do rastreador 
                        dos ermos do Subterrâneo. Resolveram aguardar. Kariel 
                        sentava ao lado de Chessintra, enquanto Arthos, inquieto, 
                        procurava um rochedo mais alto, de onde pudesse enxergar 
                        mais longe.O espadachim, num determinado momento, ouviu um pequeno 
                        ruído, que lhe pareceu metálico. Os olhos 
                        do ex-elfo se abriram e seu coração passou 
                        a bater mais rápido. Apesar da acústica 
                        da caverna mascarar alguns sons, Arthos sentiu que o leve 
                        tilintar vinha atrás dele, do caminho de onde vinha. 
                        Em vez de retornar e buscar a origem do som, o aventureiro 
                        da Comitiva normalmente e, após mudar de direção 
                        contornando uma grande pedra, aguardou a espreita, com 
                        seu sabre desembainhado.
        
                        Minutos depois, um drow guerreiro usando uma cota de malha 
                        negra e dourada e uma espada longa nas mãos passou 
                        por ele, sorrateiro, sem perceber o aventureiro oculto.“Está 
                        me procurando?’, perguntou Arthos, arma em riste, 
                        interrompendo o silêncio. “O que quer?”.
       Por 
                        um instante o drow assustou-se, mas sem nada responder, 
                        colocou-se em posição de ataque, aproximou-se 
                        e desferiu um golpe. Arthos esquivou-se com elegância. 
                        Em seguida, aplicou o herói um lance de habilidade 
                        no qual era especialista: em um movimento rápido, 
                        com a ponta de sua lâmina contra o punho da arma 
                        inimiga, fez voar a espada do adversário, desarmando-o. 
                        Logo em seguida, a ponta da Lâmina das Rosas de 
                        Arthos já estava pressionando a garganta do inimigo 
                        dominado.       “E 
                        então? Quem é você?”, perguntou 
                        novamente Arthos. “Um viajante... 
                        estava apenas passando por aqui!”, respondeu o drow.
 “Espera mesmo 
                        que eu caia nessa história? Não nasci ontem. 
                        Estava me seguindo!”, disse o aventureiro, empurrando 
                        ainda mais o metal afiado na pele do inimigo.
 ”M-meu nome 
                        é Adnirak e estou procurando um bandido que me 
                        atacou. Devolva minha espada, por favor!”, pediu 
                        o elfo da escuridão.
 “Nem em seus 
                        sonhos!”, respondeu Arthos.
 “Arthos! Ouvirmos 
                        um barulho... quem é este?”, perguntou uma 
                        surpresa Chessintra, que chegava junto com Kariel.
       Aproveitando 
                        um segundo de distração proporcionado pela 
                        interrupção, o drow ameaçado jogou-se 
                        para trás, em uma acrobacia, tentando evitar o 
                        alcance do sabre. Arthos ainda conseguiu atacá-lo, 
                        ferindo o inimigo na altura da perna. Mancando e sagrando, 
                        tentou fugir por alguns metros, mas caiu logo depois. 
                        Arthos o havia atingido em uma artéria, fazendo-o 
                        sangrar muito.“Algum de vocês 
                        pode me ajudar? Parece que bati muito forte neste sujeito!”, 
                        falou Arthos, próximo ao drow caído, para 
                        os seus companheiros. “Pode ser que ele nos dê 
                        alguma informação!”.
       Chessintra 
                        e Kariel se entreolharam por alguns instantes, e o mago 
                        aproximou-se. Ajoelhou-se em frente ao ferido, que já 
                        estava desacordado, e descobriu-lhe a perna.       “Farei 
                        um torniquete!”, disse o elfo, que tinha alguns 
                        poucos conhecimentos de primeiros socorros, aprendidos 
                        na época que havia lutado no Mar da Lua, alguns 
                        outonos atrás. Pegou Kariel uma faixa que fazia 
                        parte do traje de nobre de Arthos, envolveu a perna do 
                        inimigo e pressionou com bastante força por alguns 
                        minutos. O sangramento então estancou.“Não 
                        pode fazê-lo recobrar a consciência para interrogá-lo?”, 
                        perguntou Arthos.
 “Não 
                        posso fazer nada em relação a isto!”, 
                        respondeu o arcano.
 “Até 
                        poderia tentar algo, mas acho um desperdício! Vamos 
                        amarrá-lo e esperar que se recobre. Ele deve ser 
                        um dos sentinelas do lugar!”, disse Chessintra.
 “Poderia conjurar 
                        uma magia e disfarçar-me como ele e, talvez, tentar 
                        um contato com o drow que seguimos”, sugeriu o mago 
                        da Comitiva da Fé.
 “Kariel... sua 
                        idéia poderia até funcionar, mas seria arriscado. 
                        Grupos secretos como o Jalavar Lynnur possuem códigos, 
                        senhas e contra-senhas. Apesar de ter a aparência 
                        deles, você não saberia como responder a 
                        estas coisas”, colocou a drow. “É melhor 
                        continuarmos aguardando Leosanar e esperar que ele nos 
                        traga alguma novidade!”.
 A Passagem
       Percorrer 
                        os caminhos da rota secreta usada por Eclavdra para deixar 
                        a Casa Trun'Zoyl'Zl não era tarefa fácil 
                        para os integrantes da Comitiva da Fé que estavam 
                        em fuga da fortaleza. Haviam descido uma grande e improvisada 
                        escada vertical, feita de buracos na parede, e ficaram 
                        uma hora andando espremidos, quase ajoelhados, por um 
                        túnel apertado, escuro e pouco ventilado. A sensação 
                        de claustrofobia e desconforto era intensa e incômoda. 
                        Magnus, homem alto que carregava armadura, parou de andar 
                        e sentou-se por um instante.“É terrível 
                        andar assim... sinto-se como se estivesse sido enterrado 
                        vivo!”, disse o jovem paladino de Helm, ofegante.
 “Concordo. Preferia 
                        estar no meio de uma batalha do que neste buraco!”, 
                        comentou Limiekki, suado e de humor visivelmente alterado.
 “Acalmem-se! 
                        Andem devagar e respirem fundo!”, pediu Mikhail. 
                        “Vamos conseguir sair daqui em breve!”.
 “Que os deuses 
                        lhe ouçam! Que saudade das planícies verdes 
                        de Luiren! Quando sair do Subterrâneo, espero nunca 
                        mais entrar em uma caverna novamente!”, disse Bingo.
 Tomaram fôlego e retornaram ao caminho. Se foi favor 
                        dos deuses ou não, ocorreu que, dez minutos depois, 
                        sentiram uma animadora brisa fria e saíram em um 
                        salão cavernoso amplo, de onde podiam avistar uma 
                        plantação dos estranhos cogumelos esverdeados 
                        fluorescentes. Notável foi o alívio dos 
                        aventureiros, principalmente de Magnus, Limiekki e Bingo, 
                        que inspiraram e expiraram profundamente. O único 
                        que parece tranqüilo era Iskapoft, que era cego e 
                        totalmente adaptado às cavernas.
 “Pra onde vamos 
                        agora?”, perguntou o halfling disfarçado 
                        de drow.
 “Para qualquer 
                        lugar longe daqui!”, respondeu Magnus.
 “Kariel foi 
                        á Mezrylornyl para encontrar Arthos. Porque não 
                        vamos para lá? Podemos tentar marcar um encontro 
                        com ele!”, sugeriu Limiekki.
 “Não 
                        podemos ir usando o transporte através de lagartos. 
                        Se entrarmos na área urbana de Trun'Zoyl'Zl novamente, 
                        seremos notados pela guarda da cidade”, observou 
                        Magnus.
 “Teremos que 
                        ir a pé pelas cavernas, ou por meios mágicos.”, 
                        disse Mikhail. “Teria como nos ajudar deste modo, 
                        professor?”.
 “Não 
                        tenho, no momento, como transportar todos, mas pensei 
                        em um artifício...”, disse o veterano Harpista. 
                        “Posso transformar novamente o corpo de um de vocês 
                        em gás, como fiz com Bingo. Com a redução 
                        do peso, poderei levar todos!”.
 “Então 
                        pode usar o feitiço em mim, professor”, ofereceu-se 
                        Mikhail, o clérigo da Deusa da Magia.
 Danicus então 
                        conjurou o sortilégio e Mikhail tornou-se translúcido, 
                        opaco e gasoso. Sem demora, o Harpista emendou outro ritual 
                        de magia e os cinco gradativamente ficaram transparentes, 
                        até desaparecerem por completo, rumo às 
                        cercanias de Mezrylornyl. Surgiram em um ermo arenoso, 
                        às margens da estrada que levava ao distrito.       “E 
                        agora? Vamos arrumar um lugar pra ficar na cidade?”, 
                        perguntou Bingo.“Acho que devemos 
                        nos abrigar aqui mesmo. Os drows, pelo que soube, não 
                        têm hospedarias. Além disso, será 
                        mais seguro do que chamarmos a atenção naquela 
                        cidade.”, opinou Limiekki.
 “Pode comunicar-se 
                        com Kariel, Mikhail? Observei você fazer isto antes...”, 
                        quis saber o professor Danicus. “Temos que marcar 
                        um ponto de encontro com nossos dois amigos!”.
 “Sugira a biblioteca! 
                        Posso me encontrar com ele lá e o guiar até 
                        aqui!”, colocou o rastreador Limiekki.
 Mikhail concordou 
                        e falou pausadamente:
 “Kariel! Estamos 
                        em Mezrylornyl. Encontre Limiekki na biblioteca”.
 O Covil Leosanar retornou, 
                        finalmente, após aproximadamente trinta minutos 
                        de espera.       “Encontrei 
                        o nosso alvo e ele me conduziu à entrada do esconderijo 
                        do Jalavar Lynnur. Aparentemente, é um túnel 
                        escondido por uma ilusão”, informou o drow 
                        rastreador. “Mas quem é este?”, perguntou 
                        apontando, assim que percebeu um soldado desacordado e 
                        amarrado.“Um sentinela, 
                        aparentemente. Lutou contra Arthos e foi derrotado. Infelizmente 
                        o ferimento o deixou inconsciente e nada pudemos extrair 
                        dele.”, respondeu Chessintra.
 “Bem... não 
                        consegui saber quantos guerreiros o Jalavar possui”, 
                        continuou o drow a narrar, “Acho que precisamos 
                        investigar mais profundamente para termos mais informações”.
 “Por investigar 
                        mais profundamente você quer dizer penetrar no covil? 
                        Seria arriscado, não? Se iniciarmos uma batalha 
                        e se forem muitos os oponentes, poderemos ser derrotados. 
                        Somos apenas quatro!”, advertiu Kariel, com prudência 
                        peculiar.
 “Não 
                        penso em provocar brigas, mago, somente observar. Seria 
                        interessante que outro de vocês viesse comigo para 
                        termos mais oportunidades de explorar o lugar!”.
 “Eu vou com 
                        você, Leosanar!”, voluntariou-se Arthos.
 “Você, 
                        Arthos!?”, exclamou Kariel.
 “Eu sei como 
                        agir furtivamente, Kariel, não se preocupe!”, 
                        tentou tranqüilizar o espadachim.
 “Disto eu tenho 
                        certeza. O que eu não tenho é confiança 
                        em sua habilidade de evitar confusões”, disse 
                        o arcano. “Deixe-me ao menos lançar uma magia 
                        que o deixará invisível. Isto reduzirá 
                        um pouco os riscos!”.
 “Feito!”, 
                        disse Arthos.
       Kariel 
                        gesticulou, pronunciou as palavras arcanas e seu amigo 
                        desapareceu.         “Boa 
                        sorte a vocês! Esperaremos aqui”, disse Chessintra.“E cuidado!”, 
                        finalizou Kariel.
       Leosanar 
                        então foi à frente, silencioso e sempre 
                        ocultando o seu corpo nas sombras das rochas maiores. 
                        Chegou próximo ao que parecia um pequeno monte 
                        de pedra. Andou na direção dele e seu corpo 
                        atravessou o obstáculo, revelando a ilusão. 
                        Arthos o seguia próximo.
 Entraram em um corredor 
                        cavernoso, iluminado muito tenuemente por alguns cogumelos 
                        verdes fosforescentes que cresciam nas paredes. Leosanar, 
                        oculto, pôde ver silhuetas de quatro drows, que 
                        formavam um grupo de patrulha. Um dos soldados começou 
                        a aproximar-se da saída do quartel general do grupo 
                        secreto. Possuía traje semelhante ao que jazia 
                        amarrado com Kariel e Chessintra. Arthos e Leosanar esconderam-se 
                        como puderam em meio às pedras. O drow olhava para 
                        os lados como se procurasse algo, depois retornou para 
                        as profundezas do amplo corredor. Leosanar gesticulou, 
                        na esperança de estar sendo monitorado por Arthos, 
                        indicando que era o momento de retornar.
 
 Os dois passaram novamente 
                        pela passagem oculta e voltaram ao local onde se encontravam 
                        os demais companheiros. Arthos, por ato de vontade, desativou 
                        o feitiço e novamente ficou visível.
       “E 
                        então? Conseguiram algo?”, perguntou Chessintra.“Avistamos quatro 
                        sentinelas como este!”, disse Leosanar, indicando 
                        o drow cativo com a cabeça. “Infelizmente 
                        não podemos prosseguir. Os soldados pareciam desconfiados 
                        e não achei que conseguiríamos nos manter 
                        ocultos o suficiente”.
 “Acho que devíamos 
                        fazer alguma coisa! Temos que entrar lá furtivamente, 
                        lutando ou através de um acordo com o Jalavar Lynnur!”, 
                        colocou Arthos.
 “Um acordo? 
                        Acho pouco provável!”, comentou Kariel. “O 
                        que temos a oferecer a eles que já não possuam?”.
 “Cooperação! 
                        Talvez possamos ajudá-los de alguma forma em troca 
                        da pedra!”, tentou esclarecer o espadachim ex-elfo.
 “Um grupo como 
                        o Jalavar Lynnur desconfia de todos. Demoraríamos 
                        muitos ciclos para que acreditassem em nós. E ainda 
                        assim, devem ter eles seus próprios planos para 
                        a jóia que procuram!”, colocou Chessintra. 
                        “Acho que este não é o caminho!”.
 “E a opção 
                        da batalha significará a morte para nós. 
                        Não sabemos quantos guerreiros eles possuem e somos 
                        poucos, apesar do poder que vocês já demonstraram 
                        ter”, acrescentou Leosanar.
 “Então 
                        o que faremos? Ficaremos parados?”, disse, impaciente, 
                        Arthos.
 “Um instante!”, 
                        pediu silêncio Kariel, erguendo a mão espalmada. 
                        “Acabei escutar em minha mente a voz de Mikhail. 
                        Eles estão em Mezrylornyl e pedem que eu os encontre!”.
 “Fará 
                        isto agora, mago?”, quis saber Leosanar.
 “Talvez esta 
                        seja uma oportunidade para nós. Podemos unir o 
                        grupo e assim conseguir melhor chance de sucesso, caso 
                        uma abordagem discreta falhe! Teleportarei-me até 
                        lá!”.
 “Está 
                        certo! Então aguardaremos o seu retorno!”, 
                        disse Chessintra.
 “Até 
                        a volta, Kariel. Estamos lhe esperando!”, despediu-se 
                        Arthos.
       O 
                        elfo disfarçado de drow conjurou o encanto e sumiu 
                        das vistas dos companheiros. Surgiu a algumas centenas 
                        de metros da muralha que cercava o distrito de Mezrylornyl. 
                        Localizou a estrada e seguiu por ela até entrar 
                        no centro drow. Percorreu as ruas cheias de salões 
                        de jogos e casa de apostas, até o sóbrio 
                        edifício negro e prata, que abrigava a biblioteca 
                        do Distrito. Subiu as escadas, adentrou o salão 
                        principal e encontrou em uma das mesas de leitura, o amigo 
                        Limiekki, homem das florestas do Mar da Lua, em seu disfarce 
                        de drow.       “Bom 
                        revê-lo. Onde estão os outros?”, perguntou 
                        o mago.“Estão 
                        acampados fora das muralhas. Levarei você lá!”, 
                        respondeu o mateiro.
       Então 
                        foram os dois. Saíram da cidade e tomaram o rumo 
                        do território selvagem que a envolvia. A memória 
                        dos elfos costuma ser boa e Kariel reconheceu algumas 
                        rochas e formações calcárias particulares. 
                        Por coincidência, estavam bem próximos ao 
                        local onde ele, Arthos e os integrantes do Fogo Lunar 
                        haviam batalhado contra os enviados de Risen Nanitarin, 
                        algumas horas atrás. Após caminharem por 
                        alguns minutos, sob a tênue iluminação 
                        azulada da espada de Kariel, chegaram aos demais membros 
                        daquela Comitiva da Fé, que se ocultavam embaixo 
                        de uma laje de pedra.       “Kariel! 
                        Cadê o Arthos?!”, perguntou Bingo, assim que 
                        viu o recém chegado.“Ele está 
                        bem e aguarda por nós! O que aconteceu para deixarem 
                        a Casa Trun'Zoyl'Zl? Foram descobertos?”, quis saber 
                        o elfo mago.
 “Não, 
                        mas isto não demoraria muito. Poucos depois que 
                        você partiu, recebemos a notícia de que Eclavdra 
                        havia sido assassinada e ...”
 “Espere... assassinada?!”, 
                        interrompeu Kariel. “Impossível! Eu a vi 
                        há alguns minutos atrás, no Distrito de 
                        Phandakulsan”.
 “Isso deixa 
                        claro que ela é mesmo a traidora!”, concluiu 
                        Magnus.
 “Sim! Ela conspira 
                        com um grupo chamado Jalavar Lynnur. Limiekki já 
                        deve ter falado algo sobre ele para vocês. Neste 
                        momento, Arthos e dois membros do Fogo Lunar, Chessintra 
                        e Leosanar, nos aguardam nas cercanias da entrada da base 
                        de operações do Jalavar, onde acreditamos 
                        estar a jóia mística. Vou levá-los 
                        até lá, mas precisarei da ajuda do professor 
                        Danicus. Só possuo energia suficiente para transportar 
                        parte de nós!”, colocou o mago.
 “Lamento, meu 
                        amigo elfo...”, comentou o professor. “Também 
                        já me utilizei deste sortilégio recentemente. 
                        Creio que precisaremos descansar para renovar nossas energias 
                        arcanas para tal empreitada!”.
 “O problema 
                        é que Arthos no aguarda em lugar perigoso e não 
                        tenho como contatá-lo!”.
 “Tenho algo 
                        que pode resolver isto, Kariel!”, colocou Mikhail. 
                        “Uma oração de Mystra que pode transmitir 
                        uma mensagem até ele!”.
 “Graças 
                        a Tymora! Diga a Arthos que temos que descansar. Peça 
                        para ele nos aguardar no portão principal de Phaundakulsan. 
                        Nos uniremos a ele daqui a algumas horas”, solicitou 
                        o mago.
       Mikhail 
                        assim o fez. Após uma rápida oração, 
                        o pedido ecoou na mente de Arthos, a quilômetros 
                        de distância, e o espadachim compreendeu as necessidades 
                        dos arcanos. E assim os dois grupos descansaram como puderam, 
                        e passaram-se oito horas no Subterrâneo, enquanto, 
                        nas vastidões do mundo da superfície centenas 
                        de metros acima deles, Selûne escondia-se para dar 
                        lugar ao fraco sol de outono nas terras do Inalcançável 
                        Leste. Um Plano para 
                        a Jóia       Em 
                        um ermo próximo do final da estrada em direção 
                        ao distrito de Phaundakulsan, materializaram-se os sete 
                        companheiros da Comitiva da Fé, transportados pela 
                        magia combinada de Kariel e Danicus. Puseram-se a andar 
                        e tomaram a direção da estrada. Ao longe 
                        viam a pálida luz violeta das tochas encantadas 
                        que clareavam o Distrito da Magia. Enquanto andavam rumo 
                        ao portão sul, conversavam.       “Kariel... 
                        têm em mente algum plano para recuperar a gema?”, 
                        perguntou Magnus. “Creio que teremos 
                        ser furtivos e roubar a jóia, evitando uma batalha. 
                        Não sabemos quantos soldados o Jalavar Lynnur possui 
                        e qual é a extensão do seu poder”, 
                        respondeu o arcano.
 “Ora... eu posso 
                        pegar essa jóia! Você me faz invisível 
                        e eu chego lá, surrupio a pedra, trago para vocês 
                        e a gente dá o fora desta cidade!”, sugeriu 
                        Bingo, empolgado.
 “Você 
                        tem habilidade para fazer isto, Bingo, mas é bastante 
                        arriscado. Alguém deve ir com você. Vamos 
                        discutir isto quando encontramos os outros”, respondeu 
                        Kariel.
 “Amigos. Não 
                        quero preocupá-los, mas Hadryllis acaba de me informar 
                        que impediu um feitiço arcano de observação. 
                        Alguém está tentando nos espionar!”, 
                        disse o paladino Magnus, seriamente.
 “Provavelmente 
                        alguém da Casa Trun'Zoyl'Zl. Devem ter descoberto 
                        a nossa ausência... aquele mago, Houndaer! Deve 
                        ter sido ele!”, especulou Mikhail.
 “Espero que 
                        consigamos sair daqui desta cidade rápido, meus 
                        amigos. Não demorará muito até os 
                        nossos inimigos caírem sobre nós!”.
       A 
                        medida em que avançavam na estrada arenosa em meio 
                        à vastidão de pedras e poeira, cresciam 
                        aos seus olhos a muralha sul do distrito de Phaundakulsan, 
                        com suas torres que despontavam em uma estranha arquitetura. 
                        Resolveram se separar e buscar pelos companheiros. Kariel 
                        avistou alguém familiar. Chegou próximo 
                        de um drow que usava um chapéu de abas largas.       “Arthos?”.“Arthos!? Você 
                        conhece este Arthos? Aquele maldito continua vivo!”.
 “Torrellan!”, 
                        disse Kariel, sacando velozmente sua espada élfica 
                        e a apontando para o drow. “O que fez com Arthos!?”.
 “Hahahaha!”, 
                        desatou a sorrir o drow. “Sou eu Kariel, Arthos! 
                        Não resisti!”.
 “Maldição, 
                        Arthos!”, disse o arcano, embainhando sua lâmina. 
                        “Um dia pode encontrar alguém que o ataque 
                        antes de fazer perguntas! Onde estão os outros?”.
 “Estão 
                        próximos. Levarei vocês até eles!”.
       Kariel 
                        reuniu os companheiros que vieram com ele e, junto a Arthos, 
                        deslocaram-se em direção dos ermos pedregosos, 
                        longe das muralhas, até encontrarem uma área 
                        mais aberta, onde estavam Chessintra e Leosanar.“Então 
                        estes são os seus amigos?”, perguntou a drow 
                        de belas formas e roupas negras.
 “Sim. Estes 
                        são Magnus, Limiekki, Mikhail, Bingo, o professor 
                        Danicus e Iskapoft!”, apresentou Arthos.
 “Vocês 
                        deviam ser mais discretos. Andar nesta quantidade e ainda 
                        mais trazendo um grimlock. Que riscos trouxeram para nós!”, 
                        reclamou Leosanar. “Vou à frente. Tomem mais 
                        cuidados!”, disse o rastreador, em tom de irritação, 
                        afastando-se do grupo.
 “Acho que ele 
                        não gostou muito da gente, não?”, 
                        comentou Bingo, poucos segundos depois.
 “Perdoem Leosanar, 
                        mas hão de convir que ele possui um pouco de razão. 
                        Perdemos nossa base de operações recentemente 
                        e vocês poderiam ter sido descobertos!”, falou 
                        Chessintra. “Vamos retornar até as proximidades 
                        do esconderijo do Jalavar Lynnur”.
       Os 
                        aventureiros então prosseguiram em meio às 
                        pedras, até que Leosanar os levasse de volta o 
                        local onde jazia, amarrado e amordaçado, o sentinela 
                        capturado por Arthos, há algumas horas atrás. 
                        O drow, que estava febril e debilitado pelo seu ferimento 
                        na perna, olhava fixamente para seus captores e de seus 
                        olhos violetas pareciam escapar faíscas de ódio. 
                        Mikhail retirou-lhe a mordaça.       “O 
                        que querem comigo?”, perguntou imediatamente o inimigo.“Queremos saber, 
                        primeiramente, quantos soldados existem em seu covil”, 
                        questionou Magnus.
 “Covil? Que 
                        covil? Não sei do que estão falando!”.
 “Acredito que 
                        não haja mais necessidade deste tipo de jogo!”, 
                        disse Kariel, calmamente. “Sabemos sobre o Jalavar 
                        Lynnur, conhecemos a entrada de sua base e que você 
                        é um dos seus soldados, porém não 
                        estamos interessados em atrapalhar a sua causa. Só 
                        queremos algo que nos foi tirado!”.
 “Algo que Eclavdra 
                        trouxe para vocês!”, completou Arthos.
       Ao 
                        ouvir o nome da filha traidora da Casa Trun´Zoyl´Zl, 
                        o rosto do drow amarrado mudou de feição. 
                        Percebeu que não haveria mais nenhuma possibilidade 
                        de farsa, porém decidiu calar-se. Limiekki, no 
                        entanto, deslocou-se rapidamente ao seu encontro. O mateiro, 
                        velozmente, puxou a mão do inimigo e torceu-lhe 
                        um de seus dedos, provocando intensa dor e um estalo seco. 
                        O soldado gritou.“Se não 
                        falar, posso continuar até todos os seus dedos 
                        se partirem!”, disse o ex-soldado do Forte Zenthil.
 “Espere Limiekki!”, 
                        interveio Kariel. “Este expediente é cruel 
                        e desnecessário. Veja...”, disse o elfo dirigindo-se 
                        para o cativo, “... somos forasteiros e não 
                        temos interesse nos assuntos deste lugar. Se nos disser 
                        onde está a jóia e como pegá-la, 
                        a recuperaremos e iremos embora desta cidade. Caso não 
                        coopere, teremos que entrar e tomá-la a força 
                        e, lhe garanto, haverá muitas baixas nas suas fileiras. 
                        Além disso, divulgaremos a localização 
                        de sua base e vocês serão caçados 
                        por conspirar contra as Casas”.
 “É... 
                        e também cortaremos suas bolas fora!”, completou 
                        Arthos, causando uma expressão de desaprovação 
                        em Kariel pelo linguajar utilizado.
       O 
                        drow ponderou por alguns minutos e resolveu falar.       “Essa 
                        jóia... para que querem? Era parte do acordo com 
                        os Trun´Zoyl´Zl?”“Não 
                        podemos oferecer detalhes, mas era parte de um plano, 
                        que agora está desfeito. Viemos tomar de volta 
                        a pedra e voltar para nosso lugar de origem”, informou 
                        Arthos.
 “Não 
                        pretendem nos atacar?”, questionou novamente o soldado.
 “Não. 
                        Como meu amigo já disse, só nos interessa 
                        a pedra!”, confirmou Mikhail.
 “Está 
                        bem. Vou cooperar. A jóia está em um local 
                        guardado, um templo, dentro do complexo. Existem soldados 
                        a protegendo. Não posso chegar até ela, 
                        mas posso dizer-lhes como fazer. Após a entrada, 
                        existe um corredor e além dele, uma grande câmara 
                        onde vivemos, que é cortada por um rio. Além 
                        dela há dois outros corredores. Um, a esquerda, 
                        leva à câmara dedicada a Lolth e outro, a 
                        direita, aos nossos quartéis. Existem vários 
                        soldados nestes lugares! Isso é tudo que posso 
                        lhes dizer... não pertenço a hierarquia 
                        mais alta e não tenho acesso aos outros locais. 
                        É tudo que sei. Se não acreditarem e quiserem 
                        me matar agora, podem fazê-lo. Depois de fornecer 
                        estas informações e com minha perna deste 
                        jeito, não durarei muito mesmo”.
       Mikhail 
                        sacou de um bolso uma fina varinha negra de madeira e 
                        a girou no ar, tocando-a por último na perna enfaixada 
                        e ensangüentada do guerreiro do Jalavar Lynnur. A 
                        ferida fechou-se magicamente, após um tênue 
                        brilho azulado.       “Se 
                        a informação que nos passou for verdadeira, 
                        iremos libertá-lo e concederemos a você algum 
                        dinheiro, para que possa fugir e se manter vivo. Até 
                        lá, ficará aqui. O libertaremos após 
                        o término da missão!”, disse-lhe Kariel, 
                        para a surpresa do drow, que não estava habituado 
                        a um comportamento benevolente.       Os 
                        heróis retiraram-se para longe dos ouvidos do inimigo, 
                        e, reunidos, trataram de decidir o que fazer.“Temos que usar 
                        uma abordagem furtiva para tomar a jóia!”, 
                        disse Mikhail.
 “Deixem-me ir. 
                        Eu pego esta jóia para nós!”, insistiu 
                        Bingo.
 “Acho que não 
                        devia ir sozinho, Bingo. Se houver problemas, seria bom 
                        alguém para ajudá-lo a sair!”, colocou 
                        Magnus.
 “Irei com o 
                        nosso pequeno amigo”, ofereceu-se o professor Danicus. 
                        “Se houver necessidade, deixaremos o esconderijo 
                        por meios mágicos”.
 “Parece-me que 
                        dois já bastam!”, disse Leosanar. “Mas 
                        como pretendem se disfarçar para não serem 
                        vistos?”.
 “Posso torná-los 
                        invisíveis!”, disse Kariel.
 “Também 
                        tenho algo para ajudar!”, acrescentou o mateiro 
                        Limiekki. “Posso recitar uma oração 
                        a Mielikki que fará vocês caminharem sobre 
                        as águas do rio!”.
 “Excelente!”, 
                        disse Danicus. “Meus amigos. Estou pronto. Devido 
                        às circunstâncias, não temos tempo 
                        a perder!”.
 “Eu também. 
                        Vamos lá!”, completou o halfling disfarçado 
                        de drow.
       Limiekki 
                        foi o primeiro. Tocou os ombros dos companheiros, enquanto 
                        fazia um pedido a Dama da Floresta. Kariel agiu em seguida, 
                        executando o ritual arcano de gestos e estranhas palavras, 
                        fazendo os dois gradativamente desaparecerem.“Mostrarei a 
                        vocês a entrada da caverna!”, disse o rastreador 
                        do Fogo Lunar.
 “Boa sorte, 
                        amigos! Estaremos aqui, caso precisem!”, disse Arthos 
                        pelo grupo.
       Então, 
                        Bingo e Danicus seguiram Leosanar, penetrando em seguida, 
                        na parede falsa que camuflava a passagem para o covil 
                        do Jalavar Lynnur. Uma Trombeta 
                        Inimiga       A 
                        Comitiva aguardava, ansiosa, o retorno dos colegas. Haviam 
                        se passado apenas poucos minutos, mas cada um deles parecia 
                        contar como se fossem dez. Os aventureiros estavam de 
                        pé, ouvidos e mentes atentas, esperando um sinal 
                        dos companheiros ou o indesejado ruído de metal 
                        ou explosões mágicas. Arthos teve a impressão 
                        de ter ouvido algo vindo, porém, do lado oposto 
                        ao que Bingo e Danicus haviam rumado. O espadachim então 
                        caminhou alguns metros, procurando se certificar de que 
                        era mesmo apenas uma impressão. No entanto, logo 
                        após, todos puderam ouvir. Eram passos e vozes. 
                        Somente Arthos, que agora estava mais próximo, 
                        podia ver o que se aproximava: eram soldados trajando 
                        o uniforme da Casa Trun´Zoyl´Zl, que ao travarem 
                        contato visual com os integrantes da Comitiva, sacaram 
                        suas bestas e dispararam. Os virotes passaram muito próximos, 
                        sibilando perigosos acima das cabeças dos heróis, 
                        que sacaram suas armas e partiram ao encontro dos inimigos.       Arthos 
                        já estava com seu sabre e esperava dois soldados 
                        que corriam em sua direção. Já o 
                        mago Kariel, rápido, conjurou um sortilégio, 
                        e flutuou a alguns metros acima do solo, tentando visualizar 
                        os seus adversários. Por sorte do elfo, sua manobra 
                        mágica evitou que fosse vítima de um insidioso 
                        ataque: vinda das sombras do lado inimigo, uma esfera 
                        flamejante, arte de um mago, explodiu na área próxima, 
                        atingindo alguns de seus companheiros. O ataque, porém, 
                        não abateu os veteranos combatentes, que rumaram 
                        em direção dos adversários.       Limiekki 
                        correu veloz, com seu pequeno machado nas mãos, 
                        mesmo sobre o irregular terreno pedregoso, e emparelhou 
                        contra um drow Trun´Zoyl´Zl que portava um 
                        sabre e com ele trocou golpes, fazendo o aço bater 
                        e faiscar. Leosanar também se deslocou rapidamente, 
                        mas teve que frear e abrigar-se de uma chuva de projéteis 
                        vinda da escuridão. Magnus batia-se com um guerreiro 
                        robusto e Mikhail orava à sua Deusa, conseguindo 
                        um encanto divino que concedeu maior precisão às 
                        investidas dos aliados. Chessintra também se aproximava, 
                        quando entrou em seu alcance de visão um inimigo 
                        que segurava uma trombeta branca. E ele a soprou, fazendo 
                        o som ecoar pelas paredes de pedra. Mais passos foram 
                        ouvidos e dez soldados inimigos se apresentaram. Alguns, 
                        puderam observar, trajavam o fardamento da Casa Nanitarin.       Mikhail 
                        agiu rápido e recitou outra de suas preces. Um 
                        jato de fogo brotou do chão e envolveu os soldados 
                        recém chegados ao combate. Foram feridos, mas nenhum 
                        deles tombou. O grimlock Iskapoft brandia seu afiado machado 
                        de madeira e pedra. A horrenda figura, inofensiva na maioria 
                        do tempo, lutava com a fúria de uma fera contra 
                        um soldado. O mago Kariel, ainda pairando acima, aproveitou-se 
                        da luz provida pelo fogo divino do encanto de Mikhail 
                        para enxergar melhor e direcionar uma magia, semelhante 
                        àquela a qual seus amigos foram submetidos momentos 
                        atrás. Uma bola flamejante surgiu e partiu de suas 
                        mãos para explodir em meio à aglomeração 
                        dos novos soldados inimigos. Dois deles, já enfraquecidos 
                        pelo encanto de Mikhail, tombaram sem vida.       Chessintra, 
                        que era uma sacerdotisa da deusa Eilistraee, orou e lançou 
                        sobre os companheiros uma benção que lhes 
                        aumentou a resistência contra golpes. Leosanar, 
                        que agora confrontava uma dupla de soldados, trocava investidas 
                        e defesas com seu sabre e esquivava-se graciosamente. 
                        Magnus ainda confrontava o mesmo oponente, que era surpreendentemente 
                        habilidoso, e que conseguia encaixar alguns golpes, que 
                        felizmente morreram na armadura do paladino. Já 
                        Arthos havia eliminado os dois contra os quais lutava 
                        e corria para engajar-se em novo combate, no intuito de 
                        auxiliar os amigos. Um pouco distante, Iskapoft conseguiu 
                        um golpe tão poderoso com a sua rústica 
                        arma de lâmina de pedra lascada que cortou ao meio 
                        o seu adversário. Limiekki também logrou 
                        êxito e seu inimigo jazia ao chão, fulminado 
                        por dois golpes rápidos no abdômen. No entanto, 
                        já confrontava mais um.       Kariel 
                        havia descido dos ares e procurava o mago oculto nas proximidades 
                        do local de onde havia partido a esfera flamejante. O 
                        mesmo fazia Mikhail, quando ouviu algumas palavras vindas 
                        do escuro e, repentinamente, uma fria névoa formou-se 
                        ao seu redor. Logo em seguida, um frio intenso e pesados 
                        granizos, vindos do nada, se abateram do alto sobre o 
                        clérigo da Deusa Mystra. O elfo tentou proteger-se, 
                        mas algumas das pesadas pedras de gelo caíram sobre 
                        sua armadura, causando-lhes alguns hematomas e ferimentos. 
                        Mikhail, porém, refez-se e revidou: com outra prece, 
                        semelhante a que havia usado minutos atrás, fez 
                        surgir uma nova coluna de chamas saindo do solo, no local 
                        onde julgou ter partido as palavras arcanas. O fogo encantado 
                        apareceu e com ele um grito de dor foi ouvido: envolvido 
                        pelas chamas estava um drow que usava um manto púrpura. 
                        Após as chamas cessarem, o mago caiu ao solo. Estava 
                        morto.       A 
                        luta seguia. A inferioridade numérica era, até 
                        aquele ponto, equilibrada pela habilidade dos aventureiros 
                        da Comitiva, forjada em tantos combates do passado. Isto 
                        não significava que fossem deuses ou seres invencíveis. 
                        Sentiam as dores dos golpes e a espada pesar mais a cada 
                        esforço dos músculos. Magnus ainda lutava 
                        contra o seu formidável oponente, que encontrou 
                        a ajuda de um outro drow recém-chegado, dificultando 
                        as coisas para o paladino de Helm. Iskapoft golpeava com 
                        força um outro, que se esforçava para defender 
                        os ataques do grimlock. Leosanar combatia agora junto 
                        a Chessintra: cada um enfrentava um oponente. Limiekki 
                        acabava de derrubar um adversário. Kariel, que 
                        não combatia ninguém corpo a corpo naquele 
                        momento, lançou poderosa magia. Fez partir de suas 
                        mãos uma rama elétrica, que pulou de adversário 
                        em adversário, eletrocutando-os. Dois tombaram, 
                        fumegantes, um que lutava com o paladino Magnus, outro 
                        que combatia Leosanar. Depois deste efeito, dois inimigos, 
                        que ainda não haviam se engajado em combate, se 
                        aproximaram do mago, que sacou sua espada élfica. 
                        Neste momento mais três inimigos surgiram. As coisas 
                        para a Comitiva da Fé começavam a se complicar. A Pequena 
                        Aventura de Bingo       Bingo 
                        e o veterano Harpista Danicus atravessaram a parede ilusória. 
                        Eram agora dois estranhos companheiros, pois não 
                        podiam ver um ao outro. Era para cada um como sozinho 
                        estivesse, porém sabiam que um olhar amigo, vindo 
                        de algum lugar, os resguardavam. Andaram pelo corredor 
                        irregular e alto da caverna, margeados de grandes rochas, 
                        onde, anteriormente, Arthos e Leosanar haviam se aventurado. 
                        Os arredores completamente escuros daquele trecho da caverna 
                        eram para eles, com seus olhos de drows adquiridos com 
                        a magia de disfarce, como um terreno iluminado pelo luar. 
                        Podiam ver o que havia, mas faltavam-lhes detalhes.       Nenhum 
                        soldado ou ameaça pairou sobre Bingo (que ia à 
                        frente, mesmo sem saber que o fazia) ou Danicus e os dois 
                        prosseguiam avançando, corredor adentro, tão 
                        lentos quantos silenciosos. O corredor abriu-se em uma 
                        caverna maior, ampla e levemente circular. Neste lugar, 
                        havia cogumelos fluorescentes cultivados nas paredes e 
                        também colocados em postes de pedra, que proviam 
                        suficientemente de luz a câmara, permitindo ver 
                        o seu interior. Um rio cortava ao meio o salão, 
                        o que tornava o ar ao redor frio e fresco. Aqui haviam 
                        alguns drows (seis, pelo menos) em armaduras. Existia 
                        uma pequena construção quadrada, de paredes 
                        de pedra, que parecia ser um posto, ou quem sabe um depósito 
                        e outra maior, que poderia ser o alojamento. Talvez mais 
                        drows estivessem por lá, mas os dois espiões 
                        não puderam precisar.       O 
                        halfling e o homem continuaram andando, em direção 
                        do rio. O coração do pequeno batia mais 
                        rápido e descompassado do que o do humano veterano, 
                        de mais de cinqüenta verões, porém 
                        ambos se acautelavam e temiam que os inimigos vissem suas 
                        pegadas sendo impressas na areia fina que cobria a caverna. 
                        Porém eles conversavam entre si e estavam distantes 
                        o suficiente para nada perceber. Bingo chegou primeiro 
                        as águas negras, lentas e levemente ruidosas do 
                        rio. Confiava no encanto colocado sobre si por Limiekki, 
                        mas como detestava a água fria! E aquela água 
                        estava gelada! Mergulhou o pé, controlou o bater 
                        dos dentes, e viu que não afundava. Sentia-se como 
                        se estivesse pisando em um dos pudins de leite e banha 
                        de porco, que sua avó fazia em Luiren, sua terra 
                        natal, quando era um menino. As águas do rio eram 
                        agora ao mesmo tempo, moles e firmes. E Bingo foi pisando, 
                        pé ante pé, até chegar do outro lado. 
                        O professor Danicus fez o mesmo. Este demorou um pouco 
                        mais, já que apagava as pegadas dele e do pequeno 
                        em sua passagem. Havia dois caminhos. “Um, a esquerda, 
                        leva à câmara dedicada a Lolth”, lembrou 
                        Bingo, em seus pensamentos, as palavras do sentinela cativo. 
                        E se a jóia estava em um templo, a esquerda era 
                        o caminho.       O 
                        novo corredor em que Bingo e, logo depois, Danicus percorriam 
                        era relativamente estreito. Nele, andaram uns vinte metros, 
                        até encontrarem uma entrada a esquerda: era uma 
                        porta, decorada ao alto pelo emblema de Lolth. Estava 
                        aberta, mas guardada por dois sentinelas. Com um frio 
                        percorrendo a espinha, Bingo prosseguiu rumo a porta. 
                        Prendeu inclusive a respiração, ao passar 
                        pelos dois soldados de armadura. Com um certo alívio, 
                        conseguiu enfim entrar. O templo era um pequeno e rústico 
                        santuário, talhado em uma gruta: bancos de pedra 
                        e um altar com a imagem da Rainha Aranha, uma sinistra 
                        escultura de uma aranha viúva-negra, com a cabeça 
                        de mulher drow. À frente do altar, algumas oferendas 
                        reluziam: alguns objetos de prata e ouro e algumas gemas. 
                        Uma, em especial, chamou a atenção do aventureiro 
                        da Comitiva da Fé. Um tipo de topázio enorme, 
                        do tamanho de um punho humano, lapidado a semelhança 
                        da gema mística que haviam recuperado na cidade 
                        de Maerymidra. “Era ela!”, pensou Bingo, satisfeito. 
                        O pedestal onde se encontravam os objetos era alto e o 
                        halfling (que mesmo com o disfarce de drow, ainda era 
                        mais baixo do que a média dos elfos da escuridão) 
                        subiu nas pontas dos pés para alcançá-lo. 
                        Puxou a jóia para as suas mãos, porém 
                        em seu esticar, infelizmente desequilibrou um grande castiçal 
                        de prata, que estava junto à gema. O objeto foi 
                        para um lado, para o outro, e após esta dança 
                        resolveu cair. Bingo fechou os olhos, esperando o barulho 
                        denunciador. Mas nada. Quando resolveu olhar, o castiçal 
                        flutuava e voltava para a sua posição original.       “Vamos 
                        sair daqui, pequenino!”, sussurrou Danicus invisível, 
                        que havia evitado aquela encrenca, segurando o item de 
                        prata antes que desabasse ao chão.        Furtivamente, 
                        como entraram, Bingo e Danicus, foram deixando o quartel 
                        general do Jalavar Lynnur. A missão estava cumprida, 
                        porém nada sabiam dos companheiros, que naquele 
                        momento, enfrentavam um combate de vida ou morte.
 
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