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                    Rastro do Jalavar Lynnur Descrita
                                por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os
                                      Humanos: Arthos Fogo Negro [Torrellan
                                      Millithor]; Magnus de Helm [Marckarius
                                      Millithor]; Sigel O'Blound (Limiekki)
                    [Dariel Millithor]; Danicus Gaundeford [Glemoran Millithor]. Os
                    Elfos: Mikhail Velian [Narcélia Millithor]; Kariel
                    Elkandor [Karelist Millithor]. O Grimlock: Loft
                                      Moft Toft Iskapoft. O
                                      Halfling: Bingo Playamundo [Quertus
                                      Millithor].
 
 
  
  No Rastro do Jalavar Lynnur
 A Fuga       Arthos, 
                    Kariel e Limiekki estavam novamente reunidos com os três 
                    integrantes do Fogo Lunar: Sorn, Chessinstra e Lesaonar. Havia 
                    mais um entre eles: o soldado capturado de um grupo que os 
                    espreitava. O drow inimigo estava amarrado em uma cadeira 
                    e o ódio que sentia irradiava de suas pupilas vermelhas.
 “Seus amigos estavam 
                    nos procurando. O que queriam conosco?”, perguntou o 
                    arcano da Comitiva da Fé, Kariel.
 
 O drow olhou para o mago 
                    e simplesmente sorriu, sem nada dizer .
 
 “Quem é você? 
                    Responda a pergunta!”, bradou Lesaonar, rudemente finalizando 
                    com um soco no rosto do interrogado.
 “Vamos, seu verme!”, 
                    complementou Arthos. “Se acha que seu segredo o protege 
                    de uma represália de sua Casa, saiba que, se não 
                    falar, poderá sofrer um destino muito pior em nossas 
                    mãos!”.
 “Vocês não 
                    sabem a teia que Lolth está tecendo para vocês! 
                    Não deviam ter recusado a proposta de Rizzen. Ele leva 
                    as coisas muito a sério. Libertem-me e eu posso melhorar 
                    a situação de vocês junto a ele!”.
 “O que Rizzen Nanitaran 
                    quer conosco?”, questionou Arthos.
 “Ora... já 
                    devem saber. Precisamos de aquisições para nossa 
                    Casa. Uma guerra se desenrolará em breve e teremos 
                    que nos defender. Aceitar o oferecimento de Rizzen seria bom 
                    para nós e para vocês!”.
 “Não temos 
                    nenhum interesse em sua Casa ou guerra!”, respondeu 
                    Kariel.
 “Então são 
                    tolos! Rizzen é muito vingativo. Virão outros 
                    atrás de vocês. Já sabemos onde procurar!”.
 “Como você 
                    e seus colegas podem ter percebido, não somos tão 
                    indefesos assim. Deve nos contar algo que justifique o fato 
                    de estar vivo até agora!”, disse Arthos.
 “Não tenho 
                    mais nada para dizer. Vocês irão se arrepender 
                    de ter pisado em Undrek´Thoz!”, ameaçou 
                    o guerreiro.
 “Se não tem 
                    nada para nos falar, então também não 
                    tem mais nenhuma utilidade!”, disse Lesaonar, que, repentinamente, 
                    em um ágil movimento, desembainhou sua lâmina 
                    e a atravessou no peito do inimigo.
 “Ei! Porque fez 
                    isto?”, perguntou Arthos, surpreso.
 “Ele está 
                    certo, Arthos”, disse Limiekki, com a voz bastante ponderada. 
                    “O drow conhecia nossos rostos e os dos nossos três 
                    novos amigos. Se fugisse poderia pôr abaixo nossos planos 
                    e o segredo do Fogo Lunar!”, disse, pragmático, 
                    o ex-soldado de Forte Zenthil.
 “Maldição! 
                    Agora que vocês trouxeram estes espiões para 
                    nossa base, teremos que abandoná-la!”, queixou-se 
                    Lesaonar, enquanto guardava a espada ensangüentada na 
                    bainha.
 “Acalme-se. Eles 
                    não tiveram culpa!”, disse Sorn, apaziguando. 
                    “Temos um outro local para onde poderemos nos mudar!”.
 “Enquanto a nós, 
                    devemos voltar para a torre da Casa Trun'Zoyl'Zl e informar 
                    aos nossos amigos o que vocês nos disseram. Montaremos 
                    estreita vigilância a Eclavdra!”, disse Limiekki.
 “Como voltarão? 
                    Pode haver mais alguns da Casa Nanitarin espreitando os caminhos 
                    por onde passaram”, advertiu Chessintra.
 “Iremos por meios 
                    mágicos!”, disse Kariel. “Nos transportarei 
                    até um local afastado o suficiente das muralhas do 
                    Distrito e percorreremos o restante da distância a pé!”.
 “Excelente! Enquanto 
                    isto, poderemos formular ações para tentar descobrir 
                    a base do Jalavar Lynnur.”, colocou Sorn.
 “Sim!”, afirmou 
                    entusiasmada Chessintra , lembrando-se de algo. “Sei 
                    de um mago, chamado Divolgh, da Casa Phaundakulzan . Dizem, 
                    às escondidas, que ele fez parte do Jalavar Lynnur. 
                    Poderíamos ir até o Distrito de Phaundakulzan 
                    e criar um engodo: se um de vocês puder me disfarçar 
                    como Eclavdra, poderia ir até ele e, quem sabe, descobrir 
                    assim a localização da base de operações 
                    do Jalavar Lynnur!”.
 “Eu posso fazer 
                    isto!”, disse Kariel. “Porém infelizmente 
                    só poderei conjurar a magia de disfarce dentro de algumas 
                    horas!”.
 “Kariel... então 
                    faça o seguinte: fique aqui com Arthos e me transporte 
                    para o Distrito de Trun'Zoyl'Zl . Transmitirei as informações 
                    para os nossos colegas e vocês ajudam o Fogo Lunar!”, 
                    solicitou Limiekki.
 
 Kariel concordou com a 
                    idéia e olhou para Arthos, que acenou positivamente 
                    com a cabeça.
 
 “Está certo! 
                    Que assim seja!”, Kariel então executou um ritual 
                    de gestos e palavras arcanas e um brilho luminoso tomou conta 
                    de Limiekki e, rapidamente, o homem disfarçado de drow 
                    foi ficando translúcido, até desaparecer por 
                    completo.
 “E agora? O que 
                    faremos?”, perguntou Arthos.
 “Temos que sair 
                    logo daqui e encontrar este tal Divolgh. O tempo também 
                    é nosso inimigo”, respondeu Lesaonar. “Vou 
                    á frente, como batedor, para certificar de que não 
                    existem mais outros a nossa espreita. Retornarei logo!”.
 “Espere!”, 
                    pediu Kariel. “Posso fazê-lo ficar invisível. 
                    Será mais seguro!”.
 
 Lesaonar concordou e Kariel 
                    conjurou novo encanto. O drow dos ermos das cavernas desapareceu 
                    imediatamente em sua frente.
 
 “Volto em breve!”, 
                    disse com sua voz vindo do nada. “Aguardem!”.
 Novo Mistério?       Magnus, 
                        Bingo, Iskapoft e o professor Danicus estavam no quarto 
                        coletivo, na torre da Casa Trun'Zoyl'Zl, quando se ouviram 
                        as batidas na porta. O paladino abriu a folha de madeira 
                        espessa e negra para a entrada do amigo Mikhail, elfo 
                        de Evereska e clérigo de Mystra, disfarçado 
                        magicamente como a clériga drow Narcélia. 
                        Havia terminado o interrogatório com as filhas 
                        da Matrona.
 “E então? 
                        Descobriu algo?”, perguntou o inquieto Bingo, logo 
                        após a porta voltar a ser novamente trancada. A 
                        curiosidade do pequeno espelhava a de todos os seus outros 
                        amigos.
 “Infelizmente 
                        não, Bingo!”, respondeu Mikhail, levemente 
                        desanimado. “O encanto que proferi aparentemente 
                        não foi o suficiente para revelar a verdade na 
                        fala das sacerdotisas. Não houve respostas muito 
                        relevantes!”.
 “É uma 
                        pena!”, lamentou Danicus. “Porém devemos 
                        continuar com os nossos objetivos... procuramos a jóia, 
                        mas também devemos destruir o portal. Estive pensando 
                        nisto!”.
 “Alguma idéia, 
                        professor?”, perguntou Mikhail.
 “Pensei em teletransportar 
                        a mim e ao paladino para a sala onde se encontra o portal, 
                        a fim de destruí-lo. Escaparíamos usando 
                        o mesmo artifício”, disse o veterano Harpista.
 “E o barulho? 
                        Magnus vai fazer um bocado de barulho até quebrar 
                        aquele arco de pedra!”, lembrou Bingo.
 “Tenho uma solução 
                        para isto!”, disse Mikhail, voltando-se para o jovem 
                        paladino de Helm. “Com uma prece especial posso 
                        transferir a você uma de minhas graças divinas 
                        e você será capaz de criar uma área 
                        de silêncio em torno do portal! Ninguém irá 
                        perceber a sua presença”.
 “Isto deve funcionar!”, 
                        colocou Magnus. “E teremos o álibi de não 
                        ter saído desta sala. Estou pronto, Mikhail”, 
                        disse, por fim, oferecendo-se.
 
 Então Mikhail 
                        promoveu duas demoradas orações e, por fim, 
                        tocou Magnus.
 
 “Concentre-se 
                        e o encanto será liberado!”, disse o clérigo, 
                        ao fim do ritual.
 
 O professor e o guerreiro 
                        se alinharam e o Harpista executou o sortilégio 
                        de transporte mágico mas, para sua surpresa, nenhuma 
                        magia aconteceu.
 
 “Por Mystra! 
                        Não funciona! O local deve ser protegido contra 
                        intrusão mágica! Devemos pensar em um plano 
                        alternativo para entrar naquela câmara!”, 
                        disse o surpreso Danicus.
 “Espere... tenho 
                        uma idéia! Lembrei-me de um encanto que...”
 
 As palavras de Mikhail 
                        foram interrompidas por um intenso ruído de passos 
                        do lado de fora do quarto. Uma agitação 
                        inesperada estava acontecendo no corredor. O paladino 
                        dirigiu-se para a porta a fim de averiguar, mas antes 
                        que tocasse a maçaneta esverdeada de bronze, ouviram-se 
                        novamente batidas na madeira! Magnus abriu: era a Matrona 
                        em pessoa, ladeada por dois soldados.
 
 “Mestre das Armas, 
                    gostaria de falar com a sacerdotisa Narcélia!”, 
                    falou a drow, cujo semblante e a fala pareciam alterados. 
                    Seu rosto estava abatido e sua voz era pausada e fraca.
 
 Magnus gesticulou 
                        e Mikhail apareceu em frente à porta, ao lado do 
                        paladino.
 
 “Matrona Jesthflett! 
                        O que podemos fazer pela senhora?”, disse o clérigo 
                        disfarçado de sacerdotisa drow.
 “O que conversaram 
                        com Eclavdra?”, quis saber a líder.
 “Perguntamos 
                        sobre a posição dela na Casa Trun'Zoyl'Zl, 
                        suas relações com as irmãs e outras 
                        questões pertinentes à resolução 
                        do mistério que buscamos desvendar.”
 “E o que fizeram 
                        depois de interrogá-la?”, perguntou a drow 
                        de cabelos longos e prateados, adornados por uma leve 
                        coroa dourada.
 “Fui a última 
                        pessoa a interrogá-la.”, respondeu Mikhail. 
                        “Depois de a liberar, permaneci em meus aposentos 
                        por um certo tempo e depois vim ao encontro de meus companheiros 
                        para transmitir minhas impressões. Seus sentinelas 
                        podem confirmar isto! Mas...porque as perguntas!?”
 “Vou levá-los 
                        ao aposento de Eclavdra!”, disse simplesmente a 
                        mulher, virando de costas e andando pelo corredor. Mikhail 
                        e Magnus a seguiram.
 
 Seguiram pelos caminhos 
                        da torre e subiram uma escada, até uma ala de dormitórios 
                        luxuosamente decorada. Caminhavam para a entrada de um 
                        quarto, onde havia outros soldados e alguns drows que 
                        observavam. Fosse o que fosse, pela expressão no 
                        rosto dos presentes, não devia ser boa coisa.
 
 “Entrem!”, 
                        pediu a Matrona, acompanhando os dois forasteiros ao interior 
                        do quarto.
 
 A cena que se seguiu 
                        foi a de um cômodo incendiado: móveis queimados, 
                        tapeçarias fumegantes e um desagradável 
                        odor de fumaça. No chão, um corpo carbonizado. 
                        Estava desfigurado, mas Mikhail reconheceu o resto das 
                        roupas e objetos de metal: eram idênticos aos da 
                        sacerdotisa que havia falado com ele há minutos 
                        atrás.
 
 “Eclavdra está 
                        morta!”, disse a Matrona. “O maldito que fez 
                        isto enfrentará um suplício inimaginável 
                        e pedirá, em vão, para morrer. Espero que 
                        possam nos ajudar a encontrá-lo!”, pediu 
                        a drow, desejosa de vingança.
 “Lamentamos 
                        muito!”, disse Mikhail. “Faremos o possível!”.
 Jesthflett então deixou a sala. Logo após, 
                        Magnus sussurrou ao ouvido do amigo.
 “E agora? A 
                        trama se complica!”.
 “Tem razão. 
                        Informe aos nossos amigos. Vou tentar executar uma idéia 
                        que tive a respeito do portal!”, disse Mikhail, 
                        em tom baixo.
 “Não 
                        precisará de ajuda?”.
 “Não, 
                        amigo. Aguarde-me!”, disse o clérigo.
 
 Mikhail e Magnus saíram 
                        juntos da sala, mas logo se separam. O paladino retornou 
                        para o quarto onde estavam seus outros companheiros, enquanto 
                        o clérigo, esquivando-se o máximo possível 
                        dos olhares dos drows da Casa Trun'Zoyl'Zl, tentava chegar 
                        ao andar térreo da torre.
 
 Lembrando-se do caminho 
                        feito quando haviam visitado o portal, desceu várias 
                        escadas. No piso ao nível do solo, procurou até 
                        encontrar um pequeno cômodo, provavelmente um depósito 
                        vazio, cuja porta estava aberta. Sorrateiramente, entrou 
                        e fechou-se. Então, o elfo evereskano concentrou-se 
                        e pronunciou uma prece a deusa Mystra.
 
 Um brilho avermelhado 
                        surgiu no piso, formando uma área circular à 
                        sua frente. Deste limite, começou a se erguer uma 
                        forma, feita de granito e areia, como se brotasse do chão. 
                        Era um ser humanóide, alto, de corpo e braços 
                        grandes e desproporcionais e feições pouco 
                        claras. Em uma voz rouca e inumana, o ser elemental falou.
 
 “Convocou-me. 
                        Aqui estou. Informe o seu desejo!”.
 “Em algum lugar, 
                        embaixo deste piso, há uma sala oculta. Dentro 
                        dela, um arco de pedra negro. Quero que o destrua!”, 
                        ordenou o clérigo.
 
 O monstro de pedra 
                        acenou afirmativamente com a cabeça e mergulhou 
                        novamente no chão de onde havia saído. Seu 
                        corpo mesclava-se com as rochas do solo e movia-se facilmente 
                        por ele, tal qual um peixe nada pela água. Demorou 
                        poucos minutos, até encontrar o salão secreto. 
                        Identificou então o grande arco de pedra e correu, 
                        chocando o seu corpanzil maciço contra o objeto 
                        mágico. O encontro não foi suficiente para 
                        destruí-lo, mas algo aconteceu. O ataque havia 
                        despertado um feitiço oculto e, em um brilho sobrenatural, 
                        surgiu na sala o mago Houndaer.
 
 O arcano da Casa Trun'Zoyl'Zl, 
                        em um primeiro momento, assustou-se com a fúria 
                        do ser de pedra, que sequer tomou conhecimento de sua 
                        presença, prosseguindo na missão que lhe 
                        havia sido dada, golpeando incessantemente a pedra, que 
                        se partia e rachava. Houndaer então executou um 
                        ritual de magia. Ao fim pronunciou em voz alta:
 
 “Banido!”.
 
 O elemental da terra 
                        desapareceu e o seu corpo tornou-se pó. Havia retornado 
                        ao plano de onde havia sido retirado. Houndaer aproximou-se 
                        do arco. “Tarde demais”, pensou o mago. A 
                        estrutura de pedra havia sido bastante danificada e não 
                        haveria mais alternativa de consertá-la. Houndaer 
                        então, com um encanto, teletransportou-se, desaparecendo 
                        daquele lugar, em uma expressão que mesclava raiva 
                        e desconfiança.
 A Cúpula 
                        dos Desafios       Lesaonar 
                        retornou de sua missão como batedor. Abriu a porta 
                        e, desejando ficar novamente visível, cancelou 
                        o feitiço que lhe foi lançado, reaparecendo 
                        em seguida.
 “Existem três 
                        outros soldados da Casa Nanitarin, logo após a 
                        saída do túnel. Temos que eliminá-los. 
                        Se um deles fugir, poderá complicar a nossa situação!”.
 “É... 
                        você está certo”, concordou Arthos. 
                        “Mas temos que surpreendê-los de alguma forma, 
                        já que eles estão esperando pela nossa saída!”.
 “Posso transportar-nos 
                        magicamente para além da entrada do túnel. 
                        Enquanto eles estiverem a nossa espreita, atacaremos pela 
                        direção oposta.”
 “É um 
                        bom plano! Vamos fazer desta maneira, então!”, 
                        assentiu Chessintra. Os outros concordaram também.
 “Boa sorte! 
                        Que a Dama Escura os favoreça!”, disse Sorn, 
                        o mago. “Encontrarei vocês brevemente!”.
 
 Kariel então 
                        executou semelhante encanto aplicado ao mateiro Limiekki, 
                        com a diferença que, desta vez, o alvo era ele 
                        mesmo e os três outros companheiros de aventura. 
                        Após os gestos e palavras, desapareceram da sala 
                        rústica escavada na pedra o mago elfo, o espadachim 
                        Arthos, e os drows rebeldes Chessintra e Lesaonar.
 
 Em um átimo, 
                        estavam do lado de fora, tendo a imensa caverna como cenário. 
                        Localizavam-se próximos à saída do 
                        esconderijo e Lesaonar apontou-lhes silenciosamente as 
                        silhuetas dos inimigos que se ocultavam em meio as rochas. 
                        Chessintra mais uma vez retirou a besta de madeira negra 
                        como o carvão que estava presa às costas 
                        e nela armou um virote. Procurou apoio em uma pedra mais 
                        alta para aumentar a precisão do seu tiro. Pedra 
                        traiçoeira era esta, que escorregou, desequilibrando 
                        a guerreira e fazendo um leve ruído, mas não 
                        tão leve que não pudesse ser notado pelos 
                        inimigos.
 
 “Do outro lado! 
                        Preparem-se!”, gritou um dos soldados drows, dando 
                        o alarme. Usava, podiam ver, o traje do exército 
                        da Casa Nanitarin.
 
 O desenrolar dos acontecimentos 
                    a partir daqui podia ser medido em segundos. Lesaonar retirou 
                    seu arco e atirou uma flecha certeira, que atravessou a garganta 
                    do alardeador, fazendo-o cair morto. Um dos inimigos partiu 
                    na direção do grupo, porém Kariel lançou 
                    uma das suas magias mais surpreendentes: apontou o dedo na 
                    direção do soldado e um raio prateado de brilho 
                    intenso deixou o seu corpo, atingindo o adversário 
                    em uma explosão silenciosa. Quando a luz cessou, o 
                    drow estava morto. O soldado dos Nanitarin sobrevivente, ao 
                    ver o rápido e impressionante fim de seus colegas, 
                    desistiu de seus deveres, e pôs-se a correr desenfreadamente, 
                    rumo às paragens escuras do Subterrâneo. Teria 
                    conseguido fugir, porém um virote de besta preciso, 
                    disparado por Arthos, o fez tombar ao chão.
 
 “Pela Deusa!”, 
                        exclamou Chessintra, após o término da batalha. 
                        “Que mágica foi aquela, mago? Nunca vi nada 
                        assim!”.
 “Foi uma dádiva... 
                    uma magia muito especial que, por felicidade, tenho acesso.”, 
                    disse Kariel apenas, sem fornecer maiores e longas explicações.
 “Então 
                        será esse o nível dos soldados de Rizzen? 
                        Se for assim, acho que não temos muito com o que 
                        nos preocupar!”, falou Arthos, fazendo troça.
 “Não 
                        subestime os inimigos, Arthos! Tivemos sorte de serem 
                        poucos. Ajudem-me com os corpos. Vamos encobrir os indícios 
                        do combate!”, comandou Lesaonar, cauteloso.
 
 Os aventureiros esconderam 
                    os corpos dos inimigos e o drow rastreador moveu as pedras 
                    e apagou as pegadas que existiam em um trecho arenoso do piso 
                    irregular. Terminado o trabalho, rumaram na direção 
                    de Mezrylornyl. De lá, tomaram um lagarto e seguiram 
                    para o Distrito de Phaundakulzan, atrás da pista levantada 
                    por Chessintra. Duas horas depois de partirem, avistaram as 
                    muralhas cinzentas e altas que cercavam o Distrito. Passaram 
                    pelo imenso portão e avistaram os contornos daquele 
                    centro. Seus prédios eram um pouco diferentes dos avistados 
                    anteriormente, com formatos bastante recortados, que terminavam 
                    em telhados pontiagudos como adagas, ou em espirais que apontavam 
                    para o alto. Havia muitos homens e algumas mulheres em trajes 
                    de tecido negro e púrpura, alguns portando cajados, 
                    anéis, bastões e outros objetos característicos 
                    de conjuradores. Viram também uma feira com muitos 
                    itens exóticos, que Kariel percebeu como sendo componentes 
                    para rituais mágicos. Era sem dúvida, o Distrito 
                    da Magia. Desceram do lagarto e deixaram o prédio que 
                    servia de terminal de transporte. Estavam em meio ao movimentado 
                    centro urbano.
 
 “Onde vamos 
                        encontrar este tal Divolgh, Chessintra?”, questionou 
                        Kariel.
 “Existe um lugar, 
                        a Cúpula dos Desafios, o local onde os conjuradores 
                        combatem. Ele é um dos arranjadores destas lutas. 
                        Devemos segui-lo, até que surja uma oportunidade 
                        de me infiltrar disfarçada!”, respondeu a 
                        mulher.
 “Ou, se a própria 
                        Eclavdra aparecer, podemos segui-la até o covil 
                        do Jalavar Lynnur!”, sugeriu Lesaonar.
 “Então 
                        devemos ir até essa arena para procurá-lo?”, 
                        quis saber Arthos.
 “Exato!”, 
                        respondeu Chessintra. “Porém não podemos 
                        ir nestes trajes. Precisamos comprar outros, no estilo 
                        que os habitantes de Phandalkuzan usam, para passarmos 
                        despercebidos na multidão. Vamos procurar uma loja 
                        de vestimentas”.
 
 Os forasteiros andaram 
                    pelas ruas arenosas e largas do Distrito, até encontrarem, 
                    entre as construções cinzentas, um comércio 
                    de roupas. Entraram, escolheram os trajes e pagaram caro por 
                    eles. Ficaram bastante diferentes, por conta das luxuosas 
                    roupas de nobres que haviam adquirido, a exceção 
                    de Arthos, que não abriu mão de usar um chapéu 
                    de abas largas de espadachim, por mais argumentos contrários 
                    que o amigo Kariel lhe fornecesse. Em seguida, guiados por 
                    Chessintra, rumaram para a Cúpula dos Desafios.
 
 Ao longe, os quatro avistaram 
                    a grande e impressionante construção, que dominava 
                    uma praça para qual convergiam diversas ruas. A Cúpula 
                    era um imenso anfiteatro coberto com uma enorme redoma negra 
                    e cristalina. Pelos arcos abertos que sustentavam o edifício 
                    de vários andares, passavam centenas de pessoas e podiam-se 
                    ouvir alguns aplausos dos espectadores. Pagaram a um grupo 
                    de drows armados que controlava a entrada e rumaram por escadas 
                    para a arquibancada. Havia centenas de drows acomodados nos 
                    assentos de pedra e, no centro da arena, dois magos duelavam, 
                    o que desviou a atenção de Kariel por alguns 
                    segundos. O arcano tentava descobrir os feitiços que 
                    estavam preparando, quando Chessintra interrompeu a observação 
                    do elfo, batendo-lhe no ombro e apontando discretamente para 
                    alguém que estava em uma tribuna especial e olhava 
                    com atenção o combate.
 
 “Ele é 
                        Divolgh!”, disse Chessintra em voz baixa. “Vamos 
                        nos separar e vigiá-lo!”.
 
 Os infiltrados se 
                        espalharam em meio à multidão, mirando sempre 
                        o drow muito robusto, que ostentava certa idade, e que 
                        bebia enquanto observava atentamente o espetáculo. 
                        As lutas mágicas, pelo que puderam observar, não 
                        eram fatais. Kariel notou que as magias conjuradas haviam 
                        sido modificadas para atenuar os efeitos danosos. A Cúpula 
                        do Desafio era muito mais uma demonstração 
                        de técnica do que de força.
 
 Alguns minutos depois, 
                    Chessintra gesticulou e Kariel e Lesaonar perceberam. Arthos, 
                    distraído com uma bela maga que usava um vestido extremamente 
                    decotado, não viu a drow do Fogo Lunar indicar uma 
                    figura feminina que rumava para a ala das tribunas. O rosto 
                    já era bastante familiar à Comitiva: Eclavdra 
                    Trun’Zoyl’Zyl.
 
 Tentaram se aproximar, 
                        mas a filha adotiva da Matrona da Casa Trun’Zoyl’Zyl 
                        entrou na área restrita e desapareceu das vistas 
                        dos espiões. Chessintra então chamou seus 
                        companheiros, que se reuniram para traçar os próximos 
                        passos.
 
 “Ela deve estar 
                        nos escritórios dos contratantes, onde não 
                        temos acesso!”, falou Chessintra em um sussurro.
 “Vigiaremos 
                        então a saída da arena. Ela terá 
                        que passar por lá mais cedo ou mais tarde!”, 
                        sugeriu Lesaonar.
 
 E assim fizeram. Todos 
                        foram para o lado de fora da Cúpula do Desafio 
                        e aguardaram ante os grandes portões do edifício. 
                        Depois de uma hora de espera e observação, 
                        viram a moça deixar o anfiteatro em meio a multidão. 
                        Puseram-se a seguí-la. O grande número de 
                        pessoas nas ruas fez com que a perseguição 
                        não fosse percebida. A mulher entrou em uma taverna, 
                        de nome “Vinho Negro”. Lesaonar, porém, 
                        advertiu o grupo.
 
 “Não 
                        devemos entrar! Se, por acaso, ela desconfiou de algo, 
                        ao entrarmos na taverna ela terá a certeza de que 
                        foi seguida. Devemos nos posicionar e aguardar a sua saída!”, 
                        disse o rastreador do Subterrâneo!”.
 
 Ficaram então observando. 
                    Kariel e Lesaonar posicionaram-se próximos à 
                    porta principal, enquanto Arthos e Chessintra aguardavam nos 
                    fundos. Onde os dois primeiros estavam, havia uma janela pela 
                    qual era possível observar a mesa onde a sacerdotisa 
                    rebelde havia sentado. Eclavdra não estava só. 
                    Junto com ela havia um drow de cabelos curtos, que usava um 
                    manto cinzento. Conversaram por cerca de quinze minutos, quando 
                    o interlocutor da drow levantou e parecia tomar a direção 
                    da porta.
 
 “Irei segui-lo!”, 
                        disse Kariel a Lesaonar. “Fique aqui para o caso 
                        de Eclavdra sair!”
 “É melhor 
                        que eu vá, mago. Sou um rastreador!”, respondeu 
                        o integrante do Fogo Lunar.
 “Isto pode lhe 
                        dar vantagem nos ermos, mas eu posso ficar invisível, 
                        o que será útil para segui-lo pela cidade 
                        sem que ele me perceba!”, respondeu o arcano.
 “Não 
                        pode tornar-me invisível, como fez antes?”, 
                        perguntou o drow.
 “Não 
                        desta vez. Preciso de tempo para outra daquela magia!”, 
                        disse Kariel.
 “Está 
                        bem, então! Estarei o aguardando aqui!”, 
                        falou Lesaonar, concordando.
 
 Kariel dirigiu-se rapidamente 
                    para um canto deserto entre as construções e 
                    acionou o seu elmo da invisibilidade. Viu o alvo deixar a 
                    taverna e colocou-se a segui-lo. O drow era astuto e desconfiado: 
                    atravessou ruas, entrou em becos, olhava vez ou outra para 
                    trás. Por fim, deixou o Distrito pelo portão 
                    que existia ao sul, rumo à paisagem deserta. Kariel 
                    o seguiu por mais meia hora, porém acabou perdendo 
                    o rastro em meio à escuridão. Mas o Dileto de 
                    Mystra havia prestado bastante atenção nos caminhos 
                    e saberia guiar Lesaonar até o local, na esperança 
                    de que ele conseguisse rastrear o misterioso indivíduo. 
                    Tornou-se novamente visível e, retornando à 
                    porta da Vinho Negro, reencontrou o drow que o esperava, como 
                    o prometido.
 
 “E então? 
                        Algum resultado?”, quis saber Lesaonar.
 “Ele atravessou 
                        um dos portões e seguiu a pé rumo ao sul. 
                        Perdi o rastro, mas posso conduzi-lo ao último 
                        local onde o vi!”, relatou Kariel.
 “Será 
                        difícil segui-lo rastreando. De qualquer forma, 
                        não devemos fazer isto agora. Vamos encontrar Arthos 
                        e Chessintra. Eclavdra retornou para a Cúpula. 
                        Eles estão nos esperando nas proximidades da entrada!”.
 
 Seguiram então 
                        os dois na direção da grande arena dos magos 
                        para reencontrar os companheiros.
  Antes que 
                        Surja a Desconfiança       O 
                        sortilégio de Kariel fez Limiekki aparecer à 
                        cerca de um quilômetro das muralhas do Distrito 
                        de Trun’Zoyl’Zl, próximo à margem 
                        da estrada que levava aos seus portões. Felizmente, 
                        não havia ninguém nas proximidades e o mateiro 
                        pode seguir calmamente. Penetrou muralha adentro, atravessou 
                        a cidade, percorreu um túnel e uma ponte, e novamente 
                        entrou na Torre da Casa, onde vivia a elite e a Matrona, 
                        identificando-se à medida que encontrava sentinelas. 
                        Subiu escadas e caminhou por alguns corredores. Por fim, 
                        bateu a porta do quarto dos companheiros e os reencontrou.
 “Ufa! Bom revê-los... 
                        tenho algumas novidades!”, disse o mateiro aos amigos, 
                        que estavam todos reunidos.
 “Onde estão 
                        Arthos e Kariel?”, quis saber de imediato o paladino 
                        Magnus.
 “É uma 
                        longa história”, disse o mateiro, sentando-se 
                        em uma das camas. “Eles estão com um grupo 
                        rebelde, chamado Fogo Lunar. São seguidores de 
                        Eilistraee que desejam a convivência pacífica 
                        com as raças da Superfície e que são 
                        contrários a Lolth. Eles nos informaram que existe 
                        um outro grupo, chamado Jalavar Lynnur. São representantes 
                        da antiga Casa Drezz'Lynur. E adivinhe quem foi vista 
                        tempos atrás conversando com um dos membros do 
                        grupo? Eclavdra! Temos que ficar de olho nela!”.
 “Acho que é 
                        tarde demais para isto!”, comentou Magnus.
 “Como?!”, 
                        estranhou o homem de Forte Zenthil.
 “Fomos chamados 
                    pela Matrona, Limiekki. Houve um assassinato. Eclavdra está 
                    supostamente morta e uma sacerdotisa desapareceu”, informou 
                    o clérigo, desanimado. “Porém, considerando 
                    estas informações, a morte de Eclavdra e o sumiço 
                    da tal sacerdotisa parecem-me agora muito convenientes”.
 “Sim! Um engodo, 
                        por certo. Ela pode ter matado alguém para simular 
                        a própria morte!”, exclamou o professor Danicus, 
                        em uma dedução. “As pessoas não 
                        costumam suspeitar dos mortos!”.
 “Neste caso, 
                        ela já está longe daqui e deve ter levado 
                        consigo a jóia que aciona o portal!”, concluiu, 
                        o mateiro Limiekki.
 “Então 
                        temos que sair daqui, e rápido. Se o portal está 
                        destruído e a jóia não está 
                        aqui, não há motivos para nossa permanência. 
                        Somente ficaríamos expostos aos olhos dos Trun’Zoyl’Zl 
                        a troco de nada. O tempo será nosso inimigo”, 
                        disse Magnus, veemente.
 “Tá certo, 
                        Magnus, mas como podemos cair fora daqui sem que ninguém 
                        nos veja?”, perguntou Bingo.
 “Magia não 
                        irá funcionar! Um mago chamado Sorn, do Fogo Lunar, 
                        disse que não se pode sair daqui usando magia”, 
                        informou Limiekki. “Se Eclavdra sumiu sem que ninguém 
                        a visse, certamente usou alguma passagem secreta”.
 “Faz todo sentido!”, 
                        disse o professor Danicus.“Temos acesso irrestrito 
                        ao castelo. Vamos nos aproveitar disto: nos dividiremos 
                        e procuraremos esta passagem. Sugiro começarmos 
                        pelo térreo!”.
 
 A sugestão 
                        foi acatada e os heróis desceram as escadas da 
                        labiríntica torre. Iniciaram a busca pelo santuário 
                        privativo da Casa Trun´Zoyl´Zl. Não 
                        havia ninguém no templo: a Matrona havia decretado 
                        um toque de recolher extensivo às sacerdotisas 
                        de sua Casa, temerosa de algum outro acontecimento funesto. 
                        Os integrantes da Comitiva então se espalharam 
                        e começaram a esquadrinhar as paredes e móveis 
                        do salão principal e de quatro outros cômodos 
                        que a ele se ligavam.
 
 Assim passaram cerca 
                        de uma hora, até que o professor Danicus chamou 
                        seus colegas. Estava em uma espécie de vestiário. 
                        Os aventureiros se reuniram em volta do Harpista veterano.
 
 “O fundo deste 
                        armário é falso. Pude perceber, através 
                        de uma magia, que há uma porta secreta, mas não 
                        pude encontrar o mecanismo que a faz abrir!”, disse 
                        o acadêmico aventureiro.
 “Deixe comigo, 
                        professor! Eu procuro!”, ofereceu-se Bingo, confiante 
                        em suas habilidades.
 
 O pequeno meteu-se 
                        no armário, olhou, mexeu e analisou. Pegou um arame 
                        e o enfiou em cada buraco ou fresta. Alguns minutos depois, 
                        anunciou, desanimado, para a platéia de amigos 
                        ansiosos.
 
 “Nada. Não 
                        consegui achar nada!”.
 “A porta pode 
                        ser acionada de outro lugar, ou possuir um mecanismo mágico, 
                        ativado por uma palavra específica!”, supôs 
                        Mikhail.
 “Bingo... conheço 
                        uma magia que pode tornar seu corpo como fumaça. 
                        Você poderia passar pelas aberturas entre as pedras, 
                        se materializar e tentar encontrar o mecanismo pelo lado 
                        de dentro!”, sugeriu Danicus.
 “Hummm... e 
                        se eu não achar? Como é que vou sair?”, 
                        perguntou o pequeno.
 “Tem razão... 
                        seria um risco muito grande para você! Dificilmente 
                        você conseguiria!”, disse Limiekki.
 “Ei... Também 
                        não é assim! Sabe... posso tentar. Se não 
                        conseguir sair, vou procurar onde a tal passagem vai levar! 
                        Vamos lá, professor!”
 “Está 
                        bem, pequeno! Pode desativar os efeitos da magia quando 
                        desejar! Boa sorte!”.
 
 Danicus executou uma 
                        seqüência de gestos e proferiu algumas palavras 
                        estranhas. Aos poucos, o corpo de Bingo ficou etéreo, 
                        gasoso e translúcido, como se fosse um fantasma. 
                        O halfling com aparência de drow então foi 
                        para o fundo falso e começou a se infiltrar pelas 
                        minúsculas aberturas entre as rochas da parede, 
                        até que seu corpo todo desapareceu. Depois de alguns 
                        minutos de silêncio, ouviu-se novamente a voz quase 
                        infantil do companheiro da Comitiva de dentro da passagem.
 
 “Parece que 
                        achei alguma coisa!”.
 
 Ouviu-se um rangido 
                        e o fundo do armário abriu-se, mostrando um corredor 
                        escuro e o halfling triunfante. Ao mesmo tempo, uma pedra 
                        afundou em uma parede próxima. Era a chave da porta 
                        secreta.
 
 “E então? 
                        Vamos?!”, perguntou o pequeno Bingo, que agora voltava 
                        a sua consistência normal.
 “Antes pretendo 
                        falar com a Matrona! Vamos avisá-la de nossa suspeita 
                        quanto a Eclavdra!”, sugeriu Mikhail.
 “Porque faríamos 
                        isto?”, perguntou Limiekki, sem entender.
 “Talvez o nosso 
                    amigo tenha razão!”, disse Danicus a Limiekki. 
                    “Assim toda a guarda ficará de prontidão 
                    e atenta a Eclavdra. Ela não se atreverá a retornar 
                    e se o fizer, será pega e saberemos o seu paradeiro 
                    e o da jóia!”.
 “Isto! Depois 
                        iremos embora daqui!”, completou o clérigo 
                        de Mystra. “Magnus e professor Danicus... podem 
                        vir comigo?”.
 “Claro!”, 
                        respondeu o paladino do Deus Guardião, acompanhado 
                        de um aceno afirmativo do Harpista veterano.
 “E a gente?”, 
                        perguntou Bingo.
 “Ficamos no 
                        quarto até vocês nos chamarem. Depois caímos 
                        fora daqui!”, respondeu o mateiro Limiekki.
 
 Acertados, Bingo pulou 
                        de dentro da abertura da parede, indo novamente para o 
                        vestuário do templo. Fez uma leve pressão 
                        o tijolo que havia se movido e ele voltou ao seu lugar, 
                        assim como a parede que ocultava a passagem. Enquanto 
                        Bingo e Limiekki voltavam para o quarto coletivo, Danicus, 
                        Magnus e Mikhail rumavam para a sala real da Casa Trun´Zoyl´Zl.
 
 Os três últimos 
                        alcançaram a pesada porta do salão, que 
                        estava guardada por cerca de dez soldados, muito bem armados, 
                        número muito superior ao que havia quando chegaram, 
                        o que refletia o tamanho das preocupações 
                        da líder da casa drow. Mikhail pediu uma audiência 
                        e um dos sentinelas entrou na sala. Em seguida, retornou, 
                        abrindo-lhes passagem. Viram novamente a Matrona Jesthflett 
                        sentada ao trono. Com ela estavam a filha Baltana, o mago 
                        da Casa, Houndaer e Jeggred, o guerreiro Mestre das Armas.
 
 “Narcélia 
                        Millithor! Temos fé em Lolth de que a senhora traga 
                        algo de novo sobre este momento terrível que estamos 
                        vivendo!”, disse a líder.
 “Senhora Matrona...”, 
                        iniciou Mikhail, após inclinar-se respeitosamente. 
                        “Trago suspeitas, porém ainda não 
                        são provas!”.
 “Digam-me suas 
                        suspeitas, então”, continuou a mulher.
 “Acreditamos 
                        que sua filha Eclavdra forjou a própria morte, 
                        colocando o corpo da sacerdotisa desaparecida para encobrir 
                        o seu rastro. Provavelmente, também deve ter roubado 
                        a jóia!”.
 
 Um certo silêncio 
                        se fez. Jesthfleet olhou para Houndaer, mas foi Baltana 
                        que se manifestou.
 
 “Eles devem 
                        ter razão, minha mãe! Ela era uma forasteira! 
                        Nós, suas filhas verdadeiras, não teríamos 
                        porque matá-la e nem envergonhar nossa Casa!”.
 “Jeggred! Eclavdra 
                        passou pelos sentinelas da Fortaleza ou os da ponte?”, 
                        perguntou a líder.
 “Não, 
                        minha senhora!”, respondeu o guerreiro. “Se 
                        houvesse feito, teria sido reportado!”.
 “Então 
                        ela deve estar escondida em algum lugar por aqui. Ordeno 
                        uma busca imediata em todos os cômodos. Leve os 
                        Millithor consigo! Se encontrar Eclavdra, tragam-na imediatamente 
                        a minha presença!”.
 
 Os três agentes 
                        secretos da Comitiva seguiram Jeggred e iniciaram uma 
                        infrutífera busca que durou cerca de duas horas. 
                        Se infrutífera para encontrar a drow assassina, 
                        útil para conhecer os cômodos da Fortaleza. 
                        Entraram em todos os lugares, exceto os aposentos privativos 
                        da Matrona, de suas filhas sacerdotisas e do Mago da Casa. 
                        Estes foram vistoriados somente pelos militares. Retornaram 
                        para a sala do trono e à presença da líder 
                        dos Trun´Zoyl´Zl.
 
 “Não 
                        encontraram nada?!”, disse Jesthfleet Trun´Zoyl´Zl. 
                        “Esta situação está fora de 
                        controle. Faremos uma reunião no próximo 
                        ciclo para discutir ações!”.
 “Até 
                        lá, continuaremos investigando!”, disse Mikhail, 
                        na pele da sacerdotisa Narcélia Millithor.
 
 Depois de uma vênia, 
                        deixaram a sala. Enquanto percorriam os corredores em 
                        direção aos quartos, os três colegas 
                        conversavam em sussurros.
 
 “Não 
                        acho conveniente irmos para este reunião!”, 
                        colocou Magnus.
 “Não 
                        iremos. Acho que devemos ir embora imediatamente!”, 
                        colocou o professor Danicus.
 “Concordo! Vamos 
                        pegar nossas coisas e chamar os outros! Sairemos daqui 
                        agora!”, afirmou Mikhail.
 
 Os três chegaram 
                        no quarto, conversaram rapidamente com os colegas e, juntos, 
                        começaram a arrumar a bagagem para a fuga. Preocupado, 
                        Bingo colocou uma questão, enquanto olhava para 
                        sua mochila.
 
 “Chamaremos 
                        atenção andando com estas mochilas e, sem 
                        querer ofender, com Iskapoft nestes corredores!”
 “Bem... posso 
                        nos transportar por magia!”, disse Danicus.
 “Professor... 
                        mas o mago do Fogo Lunar disse que não há 
                        como fugir da fortaleza usando feitiços!”, 
                        observou Limiekki.
 “Não 
                        vamos sair, vamos somente até o templo, aqui dentro 
                        mesmo. De lá continuaremos com o plano da passagem 
                        secreta! Se o local não for protegido com uma contingência 
                        que anule o transporte mágico, pode funcionar!”.
 “Ora! Então 
                        vamos tentar!”, disse Magnus paladino.
 
 O grupo se colocou 
                        arrumado a frente do arcano Harpista. Danicus gesticulou 
                        e proferiu palavras arcanas e logo em seguida, Magnus, 
                        Bingo e Limiekki desapareceram. O professor repetiu o 
                        ritual e, desta vez, ele, Mikhail e Iskapoft sumiram do 
                        quarto, para aparecerem ao lado de seus companheiros, 
                        no quarto-vestiário, anexo ao templo particular 
                        da elite da Casa Trun´Zoyl´Zl. Bingo pressionou 
                        o mesmo tijolo de antes e a passagem abriu-se. Limiekki 
                        acendeu uma das lanternas que carregavam e foi á 
                        frente. Quando entraram, a porta secreta novamente fechou-se, 
                        Mikhail, que seguia por último, por precaução, 
                        pronunciou uma prece especial a Deusa da Magia e o vão 
                        da porta secreta preencheu-se com rocha, selando o caminho. 
                        O clérigo de Mystra, antes de prosseguir com os 
                        seus companheiros rumo ao desconhecido, ainda disse ao 
                        vento algumas palavras.
 
 “Kariel! Estamos 
                        fugindo da fortaleza Trun´Zoyl´Zl!”
 Preparando-se 
                        para a Tocaia       Chessintra, 
                        Lesaonar, Kariel e Arthos estavam novamente juntos no 
                        portão de entrada da Cúpula dos Desafios. 
                        Eclavdra não havia saído e ainda aguardavam, 
                        porém nem todos o faziam pacientemente. Lesaonar, 
                        visivelmente apreensivo, manifestou-se.
 “Acho que estamos 
                        perdendo tempo aqui. Devíamos estar no encalço 
                        do contato de Eclavdra. Ele poderia nos levar até 
                        o esconderijo do Jalavar Lynnur. Estamos desperdiçando 
                        uma oportunidade!”.
 “Mas como vamos 
                        alcançá-lo? Ele está vários 
                        minutos à frente e nem sabemos para onde ele foi!”, 
                        perguntou Arthos.
 “Meu amigo tem 
                        razão. Até poderia transportar-nos através 
                        de uma magia, mas para onde conduziria o encanto?”, 
                        colocou Kariel.
 “Para que direção 
                        disse mesmo que o drow que conversava com Eclavdra foi, 
                        Kariel?”, perguntou Chessintra.
 “Ele rumou ao 
                        sul, além das muralhas!”, respondeu o mago.
 “Foi naquela 
                        direção que perdi o rastro de um agente 
                        do Jalavar Lynnur, uma certa vez, depois de segui-lo por 
                        uma hora e meia. Se puder nos teletransportar este local, 
                        talvez possamos chegar à frente dele e interceptá-lo”.
 “Precisarei 
                        de alguma referência de distância e direção 
                        para tentar o teletransporte, mas advirto que poderá 
                        ser perigoso. As cavernas são muito irregulares. 
                        Se não conseguirmos atingir o local correto, poderemos 
                        surgir em um local distante de onde deveríamos 
                        aparecer, ou acabar em uma área dentro da rocha 
                        ou no ar acima delas”, avisou o arcano da Comitiva.
 “Estou disposto 
                        a correr o risco. Precisamos aproveitar esta chance”, 
                        respondeu Lesaonar.
 
 Os aventureiros ponderaram 
                        por alguns instantes e decidiram sobre a solução 
                        de Chessintra e Lesaonar e concordaram em adotá-la. 
                        Deixaram as cercanias da Cúpula, caminharam pelas 
                        ruas e, por fim, deixaram o Distrito pelo seu portão 
                        mais ao sul. Posicionaram-se em um local deserto e Chessintra 
                        começou a dar instruções sobre o 
                        local onde acreditava que o agente do Jalavar Lynnur poderia 
                        ser interceptado. Disse ao mago a distância aproximada, 
                        a direção, a aparência das rochas 
                        e a altura aproximada da caverna. Kariel concentrou-se 
                        e começou o ritual mágico de palavras e 
                        gestos. Desapareceu com seus três companheiros. 
                        Porém, quando a magia os deixou, não estavam 
                        em terra firme, mas sim a cerca de quatro metros do solo. 
                        Os espiões caíram do ar, chocando-se pesadamente 
                        nas rochas.
 
 “Vocês 
                        estão bem?”, perguntou Lesaonar, levemente 
                        machucado, erguendo-se do solo com dificuldade.
 “Ai... doeu 
                        um pouco, mas estou bem!”, disse Arthos, ajeitando-se 
                        e sacudindo a poeira do traje requintado.
 “Estamos no 
                        lugar certo, Chessintra?”, perguntou Kariel, que 
                        se levantou e comandou que sua espada mágica brilhasse 
                        levemente, fornecendo um pouco de luz ao grupo.
 “Reconheço 
                        aquela estalactite!”, disse a mulher, que havia 
                        ganhado algumas escoriações na perna durante 
                        a queda, mostrando uma gigantesca formação 
                        calcárea branca mais à frente, cuja aparência 
                        curiosa em muito lembrava um gigantesco favo de mel. “Somente 
                        precisamos andar alguns metros!”.
 “Um momento!”, 
                        falou Kariel com um tom de urgência na voz. “Acabo 
                        de ouvir em minha mente um recado: Nossos companheiros 
                        acabaram de fugir da Fortaleza Trun´Zoyl´Zl”.
 “Eles estão 
                        sendo perseguidos? Os Trun´Zoyl´Zl os descobriram, 
                        Kariel?”, questionou Arthos, preocupado.
 “Não 
                        disseram. De qualquer forma, teremos que aguardar outro 
                        contato! Espero em Mystra que não tenhamos, pelo 
                        menos por agora, também a Casa Trun´Zoyl´Zl 
                        em nosso encalço”, desejou o elfo arcano 
                        da Comitiva da Fé.
 “Eilistraee 
                        abençoe suas palavras, mago!”, completou 
                        Chessintra.
 “Companheiros.”, 
                        disse Lesaonar, voltando a atenção para 
                        a tarefa que se apresentava no momento.“Irei espreitar 
                        à frente. Quero que fiquem a uma boa distância 
                        de mim, para evitar qualquer descuido que possa prejudicar 
                        a perseguição”.
 “Está 
                        bem! Você é o rastreador! Ficaremos a uns 
                        cinqüenta metros de distância!”, sugeriu 
                        Chessintra.
 “É suficiente, 
                        Chess. Sejam silenciosos!”, disse o drow colocando 
                        o dedo indicador nos lábios. Em seguida, partiu 
                        na direção da estalactite apontada pela 
                        companheira de luta.
 
 Assim permaneceu a Comitiva 
                    da Fé. Um grupo aguardava, em meio às rochas 
                    e o ar úmido e frio de uma gigantesca câmara 
                    cavernosa, a passagem do misterioso drow do Jalavar Lynnur, 
                    enquanto o outro se embrenhava em uma passagem incomodamente 
                    estreita e irregular, deixando o território de uma 
                    das mais poderosas Casas drows do Subterrâneo, em busca 
                    de guarida em algum lugar da perigosa cidade de Undrek´Thoz.
 
 
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