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                    da Cortina de Pedra Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens principais da aventura: 
 Os 
                    Humanos: Magnus de Helm; Sigel O'Blound (Limiekki). Os 
                    Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: 
                    Bingo Playamundo. Participação Especial: 
                    Storm Mão Argêntea.
 
 
  
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                    da Cortina de Pedra
 Um 
                    Novo Encontro       As 
                    horas iam passando velozes para os que dormiam na nau voadora, 
                    que servia de abrigo para o grupo de aventureiros conhecido 
                    pela alcunha de Comitiva da Fé, menos para o elfo Kariel. 
                    O arcano de cabelos azuis não havia conseguido descansar. 
                    Ainda recuperava-se dos ferimentos que, graças à 
                    dádiva de ser um dos Escolhidos pela Deusa Mystra, 
                    curavam-se rapidamente. Porém, o que mais machucava 
                    o mago era seu fracasso no combate com Orgoloth, clérigo 
                    da Casa Oorthagos. Kariel levantou-se da sua cama, na parte 
                    baixa do beliche que dividia com Arthos, que dormia profundamente, 
                    e foi ao convés, na esperança que o vento frio 
                    que corre pelas cavernas do Subterrâneo levasse embora 
                    a dor de sua alma. Lá encontrou, depois de alguns minutos 
                    de solidão, Storm Mão Argêntea, que notou 
                    a expressão cabisbaixa do elfo e aproximou-se, ficando 
                    ao lado dele no parapeito de madeira da borda do convés.       “O 
                    que há, Kariel? Não consegue dormir?”, 
                    perguntou a barda.“Eu falhei, Storm!”, 
                    disse em um sussurro desanimado. “Mystra me concedeu 
                    os poderes de Escolhido, mas ainda assim falhei!”
 “Falhou como?”, 
                    perguntou a bela de cabelos prateados.
 “Com todo meu conhecimento 
                    sobre magia e as dádivas da Deusa, não fui páreo 
                    para Orgoloth. Poderia ter morrido e comigo o sucesso da missão! 
                    Às vezes me pergunto se fui digno da escolha de Mystra.”
 “Você fala 
                    em fracasso, Kariel, mas saiba que fracasso é quando 
                    não se tenta lutar pelo que é certo. Se tentou, 
                    se usou todas as suas capacidades e ainda assim foi sobrepujado, 
                    é porque nem todos os problemas podem ser vencidos. 
                    O que eu posso dizer-lhe é o seguinte: nunca esqueça 
                    que, mesmo com seus poderes, mesmo que sua vida não 
                    seja limitada pelo tempo, ainda pode morrer. Não somos 
                    deuses, apesar de compartilhar uma fração do 
                    poder de uma Deusa. Podemos sangrar e nem mesmo o grande Elminster 
                    está livre desta possibilidade.”
 “Agradeço 
                    pelo conselho, mas sinto-me responsável pela segurança 
                    de meus amigos. Se sou derrotado posso enfraquecê-los 
                    perante os inimigos.”
 “Bobagem... não 
                    pense em derrota antes do combate. Encare o que lhe aconteceu 
                    como uma aprendizagem. Todos os problemas que nos afligem 
                    ou nos matam ou nos tornam mais fortes. Hoje, você é 
                    mais forte do que ontem! Dentre os Escolhidos de Mystra somente 
                    um fracassou. O nome dele era Sammaster, mas isto é 
                    uma história que contarei a você em um outro 
                    momento. Por agora, tente animar-se. E lembre-se sempre que, 
                    apesar de seus poderes, ainda é um mortal!”
 “Storm...”, 
                    disse Kariel, agora com uma expressão serena, “... 
                    obrigado por suas palavras de sabedoria. As guardarei em meu 
                    coração.”
 “Agora descanse 
                    um pouco. Amanhã terá uma nova missão.”
       E 
                    assim o elfo retornou ao seu leito, e mesmo sem necessitar 
                    dormir como os demais, cerrou os olhos e descansou o corpo. 
                    A barda foi pouco depois. Levantaram depois de algumas horas, 
                    tempo necessário para o corpo dos homens descansarem, 
                    e mais uma vez reuniram-se, agora sentados em uma grande mesa 
                    que havia na sala de reuniões, na parte inferior da 
                    embarcação, abaixo do convés. Estavam 
                    lá todos, a exceção de Arnilan, que se 
                    encontrava na cabine de comando do barco voador.       O 
                    assunto principal não havia sido ainda abordado e conversavam 
                    um pouco entre si, sobre várias coisas. Arthos, porém, 
                    falou mais alto algo que o angustiava.       “Acho 
                    que falhamos ao deixar Kariel sozinho naquele lugar. Se Storm 
                    não dispusesse dos meios para resgatá-lo a esta 
                    hora ele estaria morto!”As conversas paralelas 
                    pararam. Limiekki então se manifestou.
 “Arthos... isso 
                    poderia acontecer a qualquer um de nós. Kariel sabia 
                    bem dos riscos!”
 “Sim...”, 
                    colocou o elfo mago. “Se fossem ao meu resgate estariam 
                    presos ou mortos também. Agradeço a sua preocupação, 
                    meu bom amigo!”
 “Mas não 
                    me sinto bem por não ter ao menos tentado!”
 “Arthos...”, 
                    falou Mikhail, elfo de cabelos dourados, “... também 
                    corríamos riscos lá embaixo. Kariel estava só, 
                    mas às vezes, é melhor estar só para 
                    executar determinadas tarefas!”
 “Mikhail, de certa 
                    forma, tem razão!’, disse o mago elfo. “Pelos 
                    lugares por onde passei, somente quem possuísse habilidades 
                    arcanas poderia prosseguir. Evitei confrontos com muitas estranhas 
                    criaturas através de sortilégios!”
 “O que Kariel disse 
                    resume a situação!", falou Storm. "Devemos 
                    ser leais e não abandonar nossos amigos, mas realmente 
                    existem tarefas que são melhores executadas quando 
                    estamos sozinhos! É preciso saber qual é a fronteira 
                    das duas situações e ter o cuidado de não 
                    desperdiçarmos nossas vidas em vão.” A 
                    barda pausou sua fala, tomou no novo fôlego e prosseguiu 
                    em seguida. “Vamos agora nos ater a nossa próxima 
                    missão: o ataque a Casa Arcelt e ao Castelo Maerimydra! 
                    Quais as perguntas que têm a fazer?”
 “Conhecemos pouco 
                    o inimigo, Storm, mas através do deus que seguem podemos, 
                    talvez, ter pistas do seu comportamento. Non disse-nos que 
                    adoram à Vhaeraun. O que este deus prega?”, quis 
                    saber Mikhail, clérigo de Mystra.
       O 
                    barbudo professor Danicus pôs um livro e anotações 
                    em um pergaminho sobre a mesa e começou a falar.“Pelo que li nos 
                    registros de Ki´Willis e nos livros da biblioteca do 
                    posto dos Millithor, Vhaeraun pertence a um panteão 
                    drow com poucos deuses, banidos da morada das divindades élficas 
                    por Corellon Larethian. Dizem que possui uma grande rivalidade 
                    contra a deusa Lolth, por invejar a adoração 
                    que a Rainha Aranha possui perante a maioria da raça 
                    dos drows. Dizem que seus adoradores são evasivos, 
                    trapaceiros, ambiciosos e assassinos furtivos, que gostam 
                    de aproveitar as oportunidades.”
 “São como 
                    os adoradores de Cyric!”, disse Limiekki.
 “Então podemos 
                    esperar muitas armadilhas!”, supôs Arthos.
 “Lembre-se: o nosso 
                    objetivo é a destruição do portal e principalmente 
                    da chave que o aciona! Não devem se envolver demais 
                    nesta guerra. Assim que fizerem isto, retornem para a nau 
                    e partiremos para o próximo destino.”, interveio 
                    Storm. “Kariel, Arthos, Mikhail, Limiekki, Magnus e 
                    Bingo farão parte do grupo. O restante estará 
                    aqui para proteger a nau.”
 “Onde vamos encontrar 
                    os D´Vaer para nos juntarmos ao ataque?”, questionou 
                    Kariel.
 “Enquanto vocês 
                    estavam em missão, enviei Sirius como mensageiro à 
                    Casa D´Vaer. A matrona pediu-nos que esperássemos 
                    por Non hoje, no local de costume, daqui a seis horas. Acredito 
                    que novamente vão usar-nos como um tipo de grupo especial, 
                    ainda mais agora que sabem que eliminamos Orgoloth. Sugiro 
                    que façam seus preparativos. É possível 
                    que esta seja nossa última batalha aqui! Kariel...”, 
                    chamou Storm, ao mesmo tempo em que buscava algo em uma bolsa 
                    na cintura.
 “Sim?”
 “Emprestar-lhe-ei 
                    isto!”, disse, entregando um anel prateado ao mago. 
                    “Este anel possui um encanto para tornar a pele de um 
                    de vocês resistente aos ferimentos. Basta que Kariel 
                    aponte e concentre-se! Só há uma carga do encanto, 
                    então usem com sabedoria.”
 “Também gostaria 
                    de entregar algo!”, Kariel desafivelou as ornamentadas 
                    braçadeiras encantadas, feitas de couro e pintadas 
                    de branco e prata, que usava e as entregou a Limiekki. “Estas 
                    braçadeiras oferecem alguma proteção 
                    mágica ao usuário. Gostaria que ficasse com 
                    elas por esta missão!”
 “Isto não 
                    vai enfraquecê-lo, Kariel?”, perguntou o mateiro.
 “Tenho outros meios 
                    para compensar a ausência delas, Limiekki. Faça 
                    bom uso... apenas tente devolvê-las intactas. Foram 
                    um presente do Conselho de Anciões de Evereska!”
 “Deixe comigo!”, 
                    falou o ranger, afivelando o belo objeto élfico em 
                    seus braços.
       Não 
                    havendo mais questões, Storm encerrou a reunião 
                    desejando boa sorte aos aventureiros. Seis horas depois, Arthos, 
                    Kariel, Mikhail, Magnus e Bingo estavam no ponto de encontro, 
                    sob o encanto que lhes davam a aparência de drows, mais 
                    uma vez a espera de Non. Seriam, respectivamente, Torrellan, 
                    Karelist, Narcélia, Marckarius. Bingo, estreante no 
                    disfarce, adotaria a identidade de Quertus, um drow jovem, 
                    de baixa estatura.       O 
                    drow da Casa D´Vaer saiu da penumbra de uma rua próxima 
                    e dirigiu-se à uma casa arruinada onde estavam os membros 
                    da Comitiva e Non.        “Saudações! 
                    Minha matrona manda-lhes os parabéns pela vitória 
                    e enviou através de mim esta mensagem!”, disse 
                    o recém-chegado drow, esguio e de cabelos brancos compridos, 
                    entregando um papel à Mikhail, que representava a sacerdotisa 
                    Narcélia Milithor. A mensagem, lida em voz alta para 
                    todos, dizia:       “Saudações 
                    à Casa Milithor. A Casa D´Vaer 
                    rende suas homenagens a vocês, forasteiros guerreiros 
                    de Lolth. Suas habilidades e poderes nos surpreenderam e, 
                    em nome da Deusa, peço-lhes novamente auxílio. 
                    Os Aercelt estão enfrentando a guerra contra os escravos, 
                    o que deixa seu castelo mais vulnerável. Prosseguindo 
                    com nosso plano, acreditamos que agora temos uma oportunidade 
                    de infiltração e de assassinato dos seus principais 
                    líderes, o que desestabilizaria a organização 
                    militar da Casa inimiga. Pedimos que, juntamente com Non, 
                    invadam o castelo Maerimydra e executem a missão. Em 
                    troca, ofertamos-lhes a metade da riqueza dos Aercelt, além 
                    do acesso total ao castelo. Ilivarra D´Vaer”             “Então? 
                    O que me dizem? Vão comigo até o castelo?”, 
                    perguntou Non.“Sim. Mas que os 
                    D´Vaer não esqueçam: metade do tesouro 
                    e o acesso para recuperarmos o que é nosso e que está 
                    no castelo Maerimydra!”, Mikhail respondeu a ele.
 “Minha matrona tem 
                    consciência dos seus objetivos e eles serão atendidos. 
                    Fico feliz em que tenham aceitado!”, disse o drow, exibindo 
                    um semblante satisfeito.
 “Conhece o castelo?”, 
                    quis saber Arthos. “Pode fazer-nos um mapa?”
 “Não sei 
                    se seria útil. O castelo possui sete níveis, 
                    mas só conheço até o terceiro. Nestes 
                    três primeiros existem apenas dormitórios, refeitórios 
                    e sala de armas. Nada de grande importância. Existem 
                    duas entradas: uma externa, que leva diretamente ao segundo 
                    andar, mas que costuma ser guardada, e outra pelos fundos, 
                    que leva ao primeiro nível.”
 “Não podemos 
                    escalar as paredes externas do castelo?”, questionou 
                    Arthos, que entendia um pouco de entradas furtivas.
 “Não. Todas 
                    as janelas são gradeadas e algumas criaturas aladas 
                    protegem o alto do castelo. Os únicos acessos são 
                    as entradas que mencionei. Mas antes de chegarmos nelas, teremos 
                    que superar a muralha alta que cerca o castelo. Vocês 
                    possuem, por acaso, algum meio mágico para fazermos 
                    isto?”, argüiu Non.
 “Posso me transportar 
                    através de magia para dentro da área interna, 
                    juntamente com mais três pessoas, mas somos em número 
                    de sete.”, colocou Kariel as suas possibilidades.
 “Karelist... você 
                    tem um encanto que possa nos tornar invisíveis? Poderíamos 
                    escalar a parede em segurança desta forma.”, 
                    perguntou Limiekki.
 “Sim, mas posso 
                    fazer somente um de vocês invisível. E quanto 
                    aos outros dois?”
 “Pode emprestar 
                    seu elmo encantado para um de nós. Seremos dois invisíveis!”, 
                    adicionou Arthos, formatando o esboço de um plano.
 “Bom... mas ainda 
                    falta uma pessoa nesta conta.”
 “Já sei!”, 
                    disse Bingo. “Eu sou o menor de todos. Posso me segurar 
                    nas costas de Dariel enquanto ele estiver invisível 
                    e jogar a capa dele por cima de mim para me esconder!” 
                    Disse o pequeno referindo-se a Limiekki.
 “Então parece 
                    que temos um plano: Karelist usará sua magia para transportar 
                    a mim, Marckarius, Non e ele próprio para o pátio 
                    do castelo. Torrellan, Dariel e Quertus, que são os 
                    mais leves e furtivos, irão escalar o muro e nos encontrarão 
                    lá dentro.”, sintetizou Mikhail.
       Todos 
                    concordaram com aquele esquema. Era o que podiam fazer com 
                    os recursos que possuíam. Assim foram pelas ruas escuras, 
                    rumo às cercanias do castelo, atentos á movimentação. 
                    Tinham sorte que os conflitos que os Aercelts enfrentavam 
                    ocorriam a algumas ruas de onde pretendiam chegar. Não 
                    encontraram drows, bugbears, gigantes, nem qualquer outro 
                    tipo de criatura ou obstáculo. Chegaram, então, 
                    até algumas ruínas, de onde se podia observar, 
                    a cerca de trinta metros de distância, o alto castelo, 
                    com duas torres que se comunicavam no alto, cercado por uma 
                    muralha alta e negra, construído sobre um platô 
                    rochoso.       Observaram 
                    por alguns minutos o muro e o distante portão, que 
                    se abria de vez em quando para a passagem de tropas que iam 
                    para a batalha.       "Então 
                    vamos! Karelist... conjure os encantos necessários!", 
                    falou Mikhail, interpretando Narcélia."Sim, minha senhora!", 
                    respondeu Kariel, encenando a tradicional obediência 
                    às fêmeas, característica dos drows devotos 
                    da Rainha Aranha.
       Kariel 
                    entregou seu elmo encantado para Arthos e logo depois começou 
                    seus rituais de magia, gesticulando e pronunciando palavras 
                    na língua somente conhecida pelos arcanos. Após 
                    uma pausa, o mago anunciou que, se desejassem enviar uma mensagem 
                    para alguém no grupo, bastaria identificar o destinatário 
                    e sussurrar, que as palavras iriam, não importava a 
                    distância, ser ouvidas. Continuou e realizou novo sortilégio. 
                    Desta vez, Limiekki desapareceu das vistas de todos. Em um 
                    último encanto, abriu uma porta mística, que 
                    conectava o espaço onde estavam com o pátio 
                    interior do castelo.       "Boa 
                    sorte! Nos encontramos nas proximidades da entrada nos fundos!”, 
                    combinou Mikhail.       Em 
                    seguida, entraram na porta Non, Mikhail, Magnus e, por fim, 
                    Kariel. Então ela fechou-se e desapareceu.  A Invasão       Bingo 
                    procurava Limiekki e este o tocou com a ponta da capa para 
                    que o pequeno o pudesse localizar.       "Vamos... 
                    suba nas minhas costas!", disse o mateiro.        Bingo 
                    atendeu, com um pouco de dificuldade por não enxergar, 
                    colocando a capa sobre si e desaparecendo. No mesmo momento, 
                    Arthos pôs o elmo de Kariel na cabeça. A princípio 
                    não ficou invisível, mas depois se concentrou 
                    desejando tal efeito e enfim desapareceu. Andaram vagarosamente 
                    os vários metros de distância que haviam das 
                    ruínas até a muralha que protegia o castelo. 
                    Notaram que haviam trincheiras escavadas, mas não havia 
                    soldados naquele momento. O muro de rocha negra era bastante 
                    irregular, como as próprias paredes da caverna e, para 
                    a felicidade dos três, havia muitas cavidades naturais 
                    que facilitavam a escalada. Como não existiam guardas 
                    a vista, o ambiente oferecia pouca visibilidade e o peso atrapalhava 
                    os movimentos, Limiekki resolveu que Bingo poderia sair debaixo 
                    de sua capa e tentar galgar as paredes. O halfling na pele 
                    de drow então subiu o muro, com certa desenvoltura, 
                    juntamente com os seus companheiros invisíveis.       Não 
                    esperavam por isto, mas enquanto estavam quase alcançando 
                    o topo, uma patrulha com quatro drows surgiu e passou bem 
                    abaixo do trecho que escalavam. Como se a sorte tivesse os 
                    abandonado, uma pequena pedra soltou-se da parede no trecho 
                    que Bingo escalava, caindo ao chão e propagando um 
                    pequeno ruído oco, suficiente para sensibilizar a audição 
                    de um dos soldados.       "Ouviu 
                    algo? Um barulho...", comentou o militar."Você deve 
                    ter escutado algum dos sons da guerra... não fique 
                    tão impressionado ou muito menos temeroso. Os conflitos 
                    estão distantes do castelo!", respondeu o líder 
                    da patrulha, não dando muita importância para 
                    observação feita. E então continuaram, 
                    para alívio dos três invasores.
       Limiekki, 
                    Arthos e Bingo chegaram ao topo, desceram a parede interna 
                    e finalmente pisaram no chão pedregoso. Arthos, então, 
                    sussurrou:       "Karelist... 
                    chegamos no pátio!"Kariel ouviu as palavras 
                    ecoarem em sua mente, graças ao encanto que havia invocado 
                    minutos atrás.
 "Estamos próximos 
                    à escada, agachados em um desnível do terreno, 
                    na parte dos fundos."
       Os 
                    três então começaram a contornar o castelo. 
                    Chegaram mesmo a passar em frente da escada principal, que, 
                    segundo Non, levava ao segundo pavimento. Era uma escada que 
                    subia serpenteando a parede. Prosseguiram, sem serem notados, 
                    até verem a pequena escada dos fundos. Existiam dois 
                    drows mascarados que atuavam como sentinelas nas laterais 
                    do portão. Imediatamente, pensaram em livrarem-se deles, 
                    aproveitando-se da condição de invisibilidade. 
                         "Karelist... 
                    Vamos eliminar os sentinelas!", avisou Limiekki, em voz 
                    baixa."Vão, mas 
                    tomem cuidado: ao atacarem ficarão visíveis!", 
                    alertou o mago da Comitiva.
       Bingo 
                    foi orientado a esconder-se, coisa que o pequeno fazia muito 
                    bem. E então avançaram Limiekki e Arthos, pisando 
                    com cuidado, a fim de evitarem ruídos. Aproximaram-se 
                    dos drows, um de cada lado, e desferiram golpes mortais: as 
                    lâminas cortaram os pescoços dos dois infelizes 
                    habitantes do Subterrâneo, que caíram ao solo 
                    sem nem mesmo gritarem de dor. Ficaram visíveis imediatamente 
                    após os ataques. Os dois arrastaram os corpos até 
                    o declive escuro, próximo ao muro, onde os outros companheiros 
                    estavam escondidos. Fizeram uma rápida revista e encontraram 
                    uma chave entre os pertences de um dos mortos, grande o suficiente 
                    para ser a que abria o portão maciço de madeira 
                    negra que guardavam. Tomaram também a capa e a máscara 
                    púrpura que os inimigos usavam, a fim de compor um 
                    disfarce. Neste momento, Arthos também devolveu o elmo 
                    encantado à Kariel.       “Onde 
                    está Quertus?”, perguntou Magnus, que não 
                    viu Bingo junto com os dois colegas.“Aqui!”, disse 
                    o pequeno, aparecendo do nada, como se fosse um fantasma.
 “Vamos invadir agora! 
                    Quanto mais rápido formos, menores são as chances 
                    de sermos vistos!”, colocou Non.
       Os 
                    sete deixaram a posição entrincheirada e correram 
                    para a entrada. Testaram a chave e ela serviu perfeitamente. 
                    A giraram na fechadura e abriram a porta com cuidado. Revelou-se 
                    uma ante-sala, sem móveis ou decorações, 
                    apenas com tochas que emitiam um fogo púrpura e a iluminavam 
                    tenuemente. Dela partia uma porta. Arthos e Bingo aproximaram-se. 
                    O primeiro colocou a orelha encostada na folha de madeira 
                    da porta e o segundo repetiu a mesma ação.       “Vozes!”, 
                    disse Arthos. “Ouvi vozes... parecem que existem alguns 
                    inimigos na próxima sala!”“Ouvi também 
                    barulho de pratos e talheres!”, informou Bingo.
 “Parece que não 
                    teremos mais o elemento surpresa!”, disse Mikhail.
 “Como eu estou com 
                    a capa e a máscara, talvez não chame muito a 
                    atenção. Vou tentar fazer um reconhecimento 
                    da área e retornarei!”, falou Limiekki, aproximando-se 
                    da porta.
 “Aguardaremos e 
                    entraremos se houver problemas.”, falou Magnus, após 
                    balançar a cabeça positivamente.
       O 
                    mateiro puxou o trinco da porta destrancada e entrou. Era 
                    uma sala retangular, de boa dimensão. Dela saíam 
                    várias portas. No centro do cômodo, uma mesa 
                    de pedra em que se serviam da janta seis drows. Limiekki não 
                    os fitou nos olhos daqueles soldados. Apenas dirigiu-se para 
                    uma daquelas portas, a fim de explorar um outro lugar. Tinha 
                    a capa, tinha a máscara, mas as vestes negras dos Millithor 
                    eram de um padrão levemente diferente, que certamente 
                    passaria despercebido por mentes distraídas. Porém, 
                    sentado em uma das cadeiras da mesa negra, um dos drows o 
                    observou com atenção e percebeu a diferença.       “Que 
                    roupas são estas? E quem é você?”, 
                    perguntou em voz alta, atraindo a atenção dos 
                    demais.“Não devia 
                    se preocupar tanto comigo!”, respondeu Limiekki, sacando 
                    sua espada, escondida atrás da capa púrpura. 
                    “Preocupe-se com eles!”
       Da 
                    porta de entrada então surgiram seus companheiros, 
                    de armas nas mãos. Os drows ergueram-se das cadeiras 
                    e sacaram suas rapieiras, iniciando a batalha.       O 
                    primeiro a atacar foi Non, que disparou um virote de besta 
                    na direção de um dos inimigos, que agilmente 
                    esquivou-se, evitando qualquer injúria. Em seguida 
                    agiu Arthos. O homem, outrora elfo e hoje drow, com suas maneiras 
                    audaciosas e pouco prudentes, correu em direção 
                    ao centro da sala e deu um salto, caindo de pé no centro 
                    da mesa, em meio aos pratos e a refeição de 
                    cogumelos, sopa e um assado de uma criatura desconhecida. 
                    Limiekki, por estar mais avançado, foi quem primeiro 
                    engajou-se em um combate franco. Trocou alguns golpes com 
                    um soldado de cabelos curtos que estava bastante próximo. 
                    Aparou, com sua lâmina, dois golpes do adversário 
                    e contra-atacou de maneira fulminante, encravando a espada 
                    no peito do inimigo, que caiu inerte. Da porta, uma flecha 
                    voadora acertou o braço de um inimigo. Bingo a havia 
                    disparado. Magnus entrou na sala em seguida, mas não 
                    atacou, aguardando a aproximação do adversário. 
                    Kariel também entrou, mas não atacou. Conjurou 
                    sobre si um sortilégio, que fez sua pele tornar-se 
                    resistente como pedra. Mikhail permaneceu na ante-sala, distante 
                    dos demais. Queria aproveitar que estava longe de Non para 
                    lançar um de seus encantos sobre si mesmo. Recitou 
                    as palavras de uma rápida prece e recebeu uma benção 
                    de sua Deusa, que lhe conferiu uma proteção 
                    especial.       Rapidamente, 
                    os guardas aproximaram-se dos outros invasores na sala de 
                    jantar. Três deles vieram contra Magnus. Enquanto um 
                    aguardava, dois resolveram investir contra o guerreiro paladino 
                    de Helm. O primeiro desferiu um golpe lateral, visando o flanco 
                    direito, mas Magnus esquivou-se para esquerda, fazendo o golpe 
                    cair no vazio. O segundo tentou estocá-lo, Magnus deu 
                    um passo atrás. Arthos, em cima da mesa, chutou um 
                    prato de sopa, fazendo o líquido morno cair no rosto 
                    de soldado próximo. Irritado, o drow tentou decepar 
                    as pernas do inconseqüente espadachim da Comitiva, golpeando 
                    pouco acima do tampo de pedra, mas este, ágil como 
                    um gato, deu um salto, e a lâmina da rapieira sibilou 
                    por baixo dele, inofensivamente, para o ódio ainda 
                    maior do militar da Casa Aercelt. Em seguida, Arthos pulou 
                    da mesa ao chão e emendou dois rápidos golpes 
                    contra o adversário, que foi ao solo, segurando o ventre 
                    cortado. Faltavam agora quatro.       O 
                    único dos inimigos que não havia se engajado 
                    no combate corpo a corpo foi um que havia ocupado a cadeira 
                    mais distante na mesa, e que tinha sido ferido pela flecha 
                    de Bingo. Mas já se aproximava de Limiekki, para vingar 
                    o companheiro abatido. Talvez conseguisse seu intento, se 
                    fosse mais hábil e experiente que o mateiro, mas o 
                    que sabia no uso da lâmina e nas técnicas de 
                    combate deu-lhe apenas a oportunidade de trocar alguns golpes 
                    sem êxito, por alguns intensos segundos. O triunfo viria 
                    de novo para o experiente aventureiro, sobre a forma de um 
                    golpe no abdômen do drow, que perfurou sua armadura 
                    e carne e o levou para o mundo dos mortos. Restavam três, 
                    e eles estavam junto a Magnus.       O 
                    formidável guerreiro da Comitiva desferiu um poderoso 
                    golpe com sua belíssima espada encantada. A lâmina 
                    cortou profundamente o ventre de um dos oponentes do paladino 
                    e a força do golpe o fez cair para o lado. Ainda tentou 
                    levantar, mas por fim a dor superou a consciência e 
                    o inimigo caiu de uma vez por todas. Magnus ainda tentou um 
                    ataque contra um segundo drow, mas ele conseguiu desviar a 
                    tempo. Kariel, que havia se aproximado de Magnus, não 
                    usou de sua magia como de costume. Preferiu sacar sua espada 
                    élfica e ajudar o amigo. Porém o paladino não 
                    precisava de auxílio, pelo menos não contra 
                    aqueles inimigos, soldados de baixa patente da Casa Aercelt. 
                    O campeão encaixou um outro golpe perfeito e decapitou 
                    o oponente. Restava apenas um e, contra este, Kariel conseguiu 
                    sua apontar lâmina na altura do pescoço.       “Acho 
                    que devia considerar se render!”, disse o mago com seriedade.       O 
                    drow, sozinho e acuado, sob o impacto da fulminante e rápida 
                    vitória dos invasores soltou sua arma e ergueu os braços. 
                    Mas a batalha, surpreendentemente, não havia terminado. 
                    Uma das portas, ao fundo da sala, se abriu e delas saíram 
                    quatro outros soldados.       A 
                    recepção foi feita por Non, que disparou um 
                    virote de besta certeiro, derrubando um dos atacantes. Limiekki 
                    e Arthos eram quem estavam mais próximos dos novos 
                    oponentes. O primeiro agora estava lutando contra dois, espada 
                    na mão direita e o pequeno machado na mão esquerda. 
                    Aparou um golpe, mudando a trajetória da lâmina 
                    inimiga com o machado e depois desferiu dois ataques rápidos. 
                    No primeiro, forçou o drow a erguer a espada para impedir 
                    a investida com o machado e, com o segundo, atingiu o flanco 
                    aberto para perfurar e matar o oponente. A manobra, apesar 
                    de muito rápida, deu margem suficiente para que o outro 
                    soldado contra qual lutava, tirasse sangue de seu braço. 
                    Arthos combatia o seu oponente com a elegância e perícia 
                    do espadachim que era, cuja habilidade havia sido desenvolvida 
                    nas batalhas anteriores, especialmente contra os piratas do 
                    Mar das Estrelas Cadentes. O drow não lhe era páreo 
                    e morreu com a lâmina no coração. O último 
                    inimigo surgido morreu quase simultaneamente, vítima 
                    do machado de Limiekki.       Assim 
                    que a batalha cessou, Limiekki foi averiguar a sala de onde 
                    haviam saído os drows. Era um cômodo pequeno, 
                    com algumas prateleiras e cadeiras. Arrastaram os corpos para 
                    dentro do lugar e fecharam a porta. Arthos abriu uma outra 
                    porta e encontrou a cozinha, sem nada além de armários, 
                    um fogão, outra mesa, muitas panelas e alguns mantimentos 
                    acomodados desordenadamente. Duas portas saíam da cozinha. 
                    O curioso espadachim abriu uma delas e encontrou um despensa. 
                    Seguiu para a próxima e descobriu um grande cômodo 
                    retangular vazio, com algumas portas para outros lugares, 
                    com um estranho buraco circular ao centro, de onde emanava 
                    uma iluminação azulada. Arthos ainda pôs 
                    os olhos para ver o que havia embaixo, mas a luz sensibilizou 
                    muito seus olhos de drow. Ele ainda olhou para cima e viu 
                    que, bem acima do local do poço, no teto, existia uma 
                    espécie porta de metal, com o mesmo formato circular, 
                    mas não era possível alcançá-la. 
                    A distância entre o solo e o teto era de aproximadamente 
                    três metros de altura.       Enquanto 
                    o espadachim explorava a sala à frente e os demais 
                    arrastavam os corpos. Kariel levou o drow rendido para a ante-sala, 
                    distante dos olhares e ouvidos dos companheiros. O mago olhou 
                    fixamente para os olhos vermelhos do drow, ergueu sua mão 
                    esquerda em sua direção e murmurou palavras 
                    místicas. Repentinamente, os olhos do drow ficaram 
                    vidrados e seu rosto assumiu uma expressão vazia e 
                    paralisada.       “Procuro 
                    um arco feito de pedra e uma jóia encantada, do tamanho 
                    de um punho fechado. Sabe onde posso localizá-los neste 
                    castelo?”, perguntou Kariel.“Não vi nenhum 
                    arco e nenhuma jóia como esta, apesar de possuirmos 
                    várias jóias menores!”, respondeu o drow 
                    encantado.
 “Onde fica o aposento 
                    do seu líder, Welveryn Malakar?”
 “Nos níveis 
                    superiores, mas não sei dizer-lhe ao certo. Só 
                    possuo permissão para caminhar nos três primeiros 
                    níveis.”
 “Como faremos então 
                    para chegar aos níveis superiores?”, continuou 
                    o mago o interrogatório.
 “Existem duas escadas 
                    próximas que levam ao próximo piso.”
 “E estão 
                    guardadas?”
 “Não. Não 
                    há mais guardas neste nível do castelo!”
       Kariel 
                    havia feito as perguntas que acreditava serem importantes. 
                    Resolveu usar o encanto de comunicação para 
                    falar com os outros.       “Companheiros. 
                    Estou interrogando o prisioneiro. Existe algo que queiram 
                    perguntar?”“Estou em uma sala 
                    vazia, com um poço estranho de onde emana uma luz azulada... 
                    pergunte-lhe o que é isto.”, pediu Arthos.
 Kariel então transmitiu 
                    a questão para o inimigo fascinado, que respondeu:
 “Não é 
                    um poço! É um local de levitação, 
                    que pode nos levar aos níveis superiores. Serve para 
                    transportarmos materiais.”
       Após 
                    proferir estas palavras, o feitiço de Kariel perdeu 
                    a força e a expressão vidrada do drow foi substituída 
                    por outra, bastante cansada. Nenhuma pergunta adicional poderia 
                    seria feita. Kariel trouxe novamente o prisioneiro para a 
                    sala de jantar, amarrou suas mãos e o deixou sentado 
                    em uma cadeira. Em seguida foi até o cômodo onde 
                    Arthos estava. Queria ver o estranho poço que o amigo 
                    descrevera.       “Karelist!”, 
                    disse Arthos invocando o codinome do colega, já que 
                    Non estava presente. “Pode me dizer o que é isto?”“O prisioneiro disse-me 
                    que serve para levitar. Levavam materiais para os andares 
                    superiores.”
 “E como funciona?”, 
                    quis saber o espadachim.
 “Vamos descobrir!”
       Kariel 
                    então se aproximou da borda do poço, concentrou-se 
                    e pôs um pé no vazio. Notou que não estava 
                    caindo e então pôs o outro pé. Desejou 
                    subir e, imediatamente, seu corpo começou a levitar 
                    em direção ao teto.       “Verifique 
                    esta grade. Talvez possamos passar por ela para os outros 
                    andares.”, pediu Arthos.       Kariel 
                    testou a firmeza da grade, puxando-a com força. Tentou 
                    abrir o trinco, mas nada conseguiu.       “Chame 
                    Quertus, Torrellan! Ele é o especialista em burlar 
                    trancas. Talvez ele consiga!”, disse o mago, enquanto 
                    descia.“E ele vai conseguir 
                    subir aí? Ele não é nenhum mago!”, 
                    respondeu.
 “Não se preocupe. 
                    Se aqueles soldados conseguiam subir, Quertus não terá 
                    dificuldades. Basta somente concentração e desejar 
                    levitar!”
       Arthos 
                    chamou Bingo e, minutos depois, lá estava ele diante 
                    do poço. Deu o primeiro passo de olhos fechados, com 
                    muito medo de cair, mas ficou flutuando e então se 
                    tranqüilizou. Concentrou-se e começou a subir. 
                    Então, quando chegou próximo à grade 
                    no teto, tentou abrir a fechadura, usando algumas pequenas 
                    ferramentas de metal que retirou de uma bolsa em seu cinto, 
                    mas não parecia ter sucesso. Em seguida, desceu pelo 
                    ar e pisou no chão firme novamente.       “Lamento, 
                    mas está travada!”, disse Bingo.“Então? Vamos 
                    nos espalhar e procurar em outros lugares, até achar 
                    a escada!”, falou Arthos, já abrindo uma das 
                    três portas que deixavam a sala. Os outros concordaram 
                    e passaram a abrir também as portas. Arthos encontrou 
                    um dormitório, Bingo e Magnus descobriram um depósito 
                    onde havia algumas armas. A terceira e maior das portas, explorada 
                    por Limiekki, levou a um grande salão vazio e com diversos 
                    acessos. Kariel havia retornado para a sala de jantar e levava 
                    o prisioneiro para a pequena dispensa, onde pretendia prendê-lo. 
                    Non estava próximo dele e o questionou:
       “Porque 
                    irá prendê-lo? Porque não o mata?”       No 
                    seu modo de agir, não convinha a Kariel matar um inimigo 
                    indefeso e desarmado. Não seria honrado. Mas esta não 
                    era a maneira de um drow, em cuja sociedade a piedade era, 
                    longe de ser considerada uma virtude, uma fraqueza. Então, 
                    o arcano da Comitiva tentou se justificar com outros argumentos.       “Sou 
                    um mago! Para mim, usar a espada é um tanto indigno 
                    e usar um encanto neste fracassado será um desperdício!”, 
                    disse, fingindo arrogância. “Se quiser matá-lo, 
                    que o faça você, guerreiro!”       Non 
                    olhou para Kariel, de maneira séria, e sacou rapidamente 
                    sua espada, decapitando o inimigo e partindo logo em seguida 
                    para a sala do levitador.       Procuraram 
                    um pouco mais, até que Limiekki anunciou ter encontrado 
                    o aposento onde estava a escada. Reuniram-se e decidiram que 
                    Kariel e Arthos iram explorar inicialmente os próximos 
                    aposentos e em seguida os outros os acompanhariam. Assim, 
                    o mago tocou em seu elmo da invisibilidade e desapareceu. 
                    Arthos veio logo atrás, cautelosamente.       Após 
                    subirem os degraus, encontraram uma pequena ante-sala e uma 
                    porta dupla que dava acesso ao restante do nível. Kariel 
                    aproximou-se e viu que o acesso não estava trancado. 
                    Empurrou a folha de madeira e entrou. Viu uma espécie 
                    de corredor largo, com uma porta a esquerda, outra a direita 
                    e uma ao fundo.       “Não 
                    existem inimigos aqui, por enquanto, Torrellan!”, sussurrou, 
                    enviando a mensagem para a mente de seu amigo utilizando, 
                    seu nome drow. “Porém, acho prudente esperar 
                    um pouco mais!”       Mas 
                    Arthos estava ansioso e decidiu entrar, passando pela porta 
                    dupla. Por infeliz azar, dois drows, entraram também 
                    na sala, só que pela porta da direita, quase ao mesmo 
                    tempo que o aventureiro. Um possuía cabelos compridos 
                    e outro exibia um corte militar. Trajavam cotas de malha escuras, 
                    escudos de aço e espadas longas embainhadas na cintura. 
                    O de cabelos curtos, que possuía um uniforme um pouco 
                    mais vistoso, foi logo voltando-se para o estranho.       “Quem 
                    é você?”, perguntou olhando para Arthos, 
                    que ainda trajava uma máscara e a capa púrpura 
                    retirada do sentinela da entrada. “Por acaso, tem patente 
                    o suficiente para estar neste andar?”, completou.“Vocês não 
                    sabem?”, começou Arthos um improviso.
 “Não sabemos 
                    o quê, idiota?”, disse o outro, impaciente.
 “Invasores. Prendemos 
                    alguns invasores no nível inferior!”
 “Verdade? Então 
                    leve-nos até eles!”, ordenou um dos inimigos.
 “Com prazer!”, 
                    disse Arthos, dando um sorriso disfarçado.
 “Espere. Epidrax, 
                    chame os seus colegas para irem conosco.”
       O 
                    soldado entrou novamente na sala da direita e, quando saiu, 
                    havia mais quatro com ele, portanto as mesmas armas.       Kariel, 
                    que assistia a tudo invisível, usou novamente o encanto 
                    de comunicação para falar com os outros companheiros.       “Atenção 
                    todos! Torrellan está levando seis inimigos para o 
                    andar inferior. Escondam-se e preparem uma emboscada!”, 
                    sussurrou o mago diretamente para a mente de seus aliados.“Torrellan, Karelist... 
                    estaremos preparados na sala anexa à escada”, 
                    respondeu Mikhail.
       Arthos 
                    desceu os degraus, junto com os soldados drows e encaminhou-se 
                    para a porta dupla que levava a um cômodo retangular, 
                    pelo qual havia passado antes de alcançar a escadaria. 
                    Abriu a porta, revelando a sala aparentemente vazia, e caminhou 
                    para o centro do aposento enquanto dizia:       “Os 
                    prisioneiros contaram uma história muito estranha...”“O que disseram?”, 
                    perguntou o chamado Epidrax.
 “Que eram forasteiros 
                    de um lugar distante e que vieram destruir todos da Casa Aercelt!”
 “Bobagem!”, 
                    exclamou o que parecia ser um tipo de oficial.
 “Não... o 
                    pior é que eles estão certos!”, respondeu 
                    em voz alta o espadachim, sacando o sabre e virando-se para 
                    os inimigos. No mesmo instante, pelas portas que havia na 
                    sala, entraram Limiekki, Magnus, Bingo, Non e Mikhail, que 
                    partiram, armas em punho, contra os adversários pegos 
                    de surpresa.
       Bingo 
                    foi o primeiro a atacar: disparou com velocidade duas flechas. 
                    Uma cravou no braço de um inimigo e a outra foi defletida 
                    pelo seu escudo. Magnus avançou com Hadryllis nas mãos. 
                    Deu dois golpes poderosos no guerreiro que estava mais próximo, 
                    o primeiro atingiu o flanco direito, rompendo os elos metálicos 
                    da armadura e rasgando a carne do inimigo. O segundo, e último, 
                    atingiu o pescoço, derrubando o infeliz adversário, 
                    que mal teve tempo de desferir um golpe sequer. Arthos atacou, 
                    com o seu sabre, dois que estavam em sua frente. Matou um 
                    deles, com uma perfuração no peito, mas, quando 
                    tentou fazer o mesmo com o inimigo que estava ao lado, este 
                    ergueu o escudo com habilidade. Limiekki, sempre com o machado 
                    pequeno na mão esquerda e a espada na direita, tentou 
                    atingir um adversário, mas este esquivou-se e os golpes 
                    caíram no vazio. Mikhail se aproximou, mas ainda estava 
                    distante para engajar-se em um combate.       Os 
                    quatro soldados da Casa Aercelt estavam agora em desvantagem, 
                    mas não cogitavam rendição. Estavam furiosos 
                    por terem sido enganados por aqueles invasores e lutariam 
                    até as últimas forças para acabar com 
                    seus inimigos. Um tentou acertar Bingo por duas vezes com 
                    sua espada longa, mas, habilmente, o pequeno em forma de drow 
                    desviou, pulando para trás. Mais sorte teve o soldado, 
                    que conseguiu acertar Magnus, ainda que superficialmente, 
                    na altura do ombro. Non entrou em ação, em meio 
                    às sombras de um dos cantos da sala, e disparou dois 
                    virotes de besta. As pontas metálicas atingiram as 
                    costas do inimigo, que já estava espetado com a flecha 
                    de Bingo. O acerto de Non revelou-se fatal, e o inimigo caiu 
                    morto. Curiosamente, restaram no combate os dois inimigos 
                    que haviam interpelado Arthos no andar superior, o soldado 
                    chamado Epidrax e o capitão de cabelos curtos, cujo 
                    nome nenhum membro da Comitiva invasora iria conhecer. O primeiro 
                    aproximou-se de Mikhail e tentou rasgar-lhe o peito, em um 
                    corte longitudinal. O clérigo, que vestia a aparência 
                    da sacerdotisa Narcélia, desviou a lâmina, forçando-a 
                    lateralmente com o seu martelo. Em seguida, Arthos atacou 
                    o soldado, dando-lhe dois rápidos e fatais golpes. 
                    O oficial decidiu gastar suas últimas forças 
                    enfrentando Magnus, o mais extraordinário guerreiro 
                    daquele grupo. Desferiu golpes que combinavam força, 
                    ódio e desespero, fazendo mesmo que o paladino desse 
                    um passo para trás. Mas, onde a força e o desespero 
                    comandam, a sabedoria e a técnica costumam ficar esquecidas. 
                    Aproveitando-se da guarda excessivamente aberta do adversário, 
                    Magnus aplicou-lhe o golpe final, cortando-lhe a carne, na 
                    altura do peito, encerrando o combate.        Enquanto 
                    a batalha estava se desenrolando, Kariel seguia no andar superior. 
                    O mago, invisível, abriu uma porta e encontrou o próximo 
                    lance de escada, rumo ao terceiro piso.       “Companheiros... 
                    como estão vocês?”, o mago fez ecoar as 
                    palavras nas mentes dos seus colegas. “Encontrei a escada 
                    para o próximo nível!”“Estamos bem, Karelist... 
                    iremos nos reunir na sala onde encontramos os soldados.”, 
                    respondeu Arthos.
       Minutos 
                    depois, estavam na sala, que parecia vazia. Porém, 
                    Kariel já estava lá, a espera deles, ainda que 
                    não o pudessem ver. O mago aproximou-se de Mikhail.       “Sou 
                    eu!”, disse a voz saindo do nada. “A porta que 
                    leva a escada é a que está no centro, ao final 
                    da sala. Cheguei a subir os degraus. Depois do patamar no 
                    alto, existe uma porta, mas decidi aguardar por vocês 
                    antes de abri-la.”“Certo! Vamos até 
                    lá!”, disse Mikhail.
       Kariel 
                    foi à frente, seguido de seus companheiros. Rapidamente, 
                    subiram os degraus e estavam concentrados no patamar da escada, 
                    já no terceiro nível do castelo Maerimydra e 
                    diante de uma porta que levava ao restante do complexo.       “Deixem-me 
                    ir... minha invisibilidade será minha vantagem.”, 
                    disse o mago.“E a porta? Não 
                    está trancada?”, quis saber Magnus.
 “Não. Já 
                    testei. Esta apenas encostada!”, respondeu Kariel.
 “Então vá! 
                    Avise-nos em caso de problemas!”, pediu Mikhail.
       Então, 
                    delicadamente, Kariel abriu a porta e entrou na nova sala, 
                    de onde partiam mais três outras portas, como no andar 
                    inferior: uma na parede esquerda, outra na direita e outra 
                    no centro, ao fundo da sala. Mas havia um drow no cômodo, 
                    e ele havia observado a porta abrir e fechar, misteriosamente, 
                    sem que ninguém aparentemente houvesse entrado. Fitou 
                    a entrada por alguns segundos e rapidamente deixou o local, 
                    entrando pela porta ao fundo da sala.       “Colegas... 
                    havia um soldado nesta sala. Ele observou a porta abrir e 
                    entrou em um cômodo ao fundo. Talvez tenha se assustado, 
                    ou tenha ido buscar reforços.”“Vamos até 
                    esta sala. Se o soldado ainda estiver sozinho, podemos surpreendê-lo 
                    antes que ele alerte mais inimigos!”, disse o paladino 
                    do deus Helm.
       Então 
                    os infiltrados ignoraram as duas portas laterais e foram para 
                    a entrada ao fundo. Era uma porta de folha dupla e estava 
                    trancada, talvez uma prevenção do drow desconfiado. 
                    Bingo aproximou-se da tranca e testou suas habilidades com 
                    as pequenas ferramentas. A porta destrancou e revelou um salão 
                    quadrangular, com três novas portas, na mesma distribuição 
                    da sala anterior. Não havia inimigos no local.       “E 
                    agora? Aonde ele foi?”, perguntou Bingo.“Acho melhor nos 
                    dividirmos e buscarmos a escada para chegarmos logo no próximo 
                    nível! Não deve haver nada de importante nestes 
                    primeiros três andares e ainda restam quatro níveis 
                    para procurarmos.”, sugeriu Arthos.
 “Concordo... temos 
                    que ser rápidos!”, disse Mikhail.
 “Então vamos 
                    explorar as salas o mais rápido que pudermos. Se encontrarem 
                    algo, avisem através do encantamento de Karelist!”, 
                    planejou Magnus.
       Dividiram-se 
                    em três grupos: Bingo e Magnus e Mikhail foram na direção 
                    da sala a direita. Non e Limiekki foram abrir a porta da parede 
                    central e Kariel e Arthos foram até a porta que havia 
                    em um canto da sala, à esquerda.        Bingo 
                    havia aberto a porta da direita e os três percorriam 
                    um corredor longo, estreito e curvo. Na porta do centro, Non 
                    não conseguia abrir a tranca, e ainda tentava fazê-lo 
                    antes de tomar uma iniciativa menos refinada. Mas foram Kariel 
                    e Arthos que obtiveram mais sucesso em sua exploração 
                    naqueles primeiros minutos. Descobriram um estreito corredor. 
                    Havia uma porta logo à esquerda de quem entrava e duas 
                    à frente, na lateral da passagem, que se estendia até 
                    desaparecer na penumbra. O espadachim já foi logo se 
                    posicionando diante da frente da tranca. Estava um tanto enferrujado 
                    por falta de prática, mas conseguiu abrir a fechadura. 
                    Era um dormitório. Não era um aposento luxuoso, 
                    mas não era rústico tampouco. Havia uma bela 
                    cama, uma estante com livros e uma túnica feminina 
                    pendurada em um tipo de cabideiro. Uma flâmula, com 
                    a máscara símbolo de Vhaeraun. adornava a parede. 
                    Se fosse adivinhar, Arthos diria que se tratava do aposento 
                    de uma sacerdotisa. Não havia nada mais o que perceber 
                    e então Arthos deixou o aposento. Enquanto descobria 
                    o quarto, seu companheiro Kariel encontrou na próxima 
                    porta, que estava destrancada, uma espécie de sala 
                    de banhos, com uma grande tina de pedra no centro, cheia de 
                    água que emanava vapor.        Havia 
                    uma porta mais adiante na parede e Arthos seguiu a frente 
                    para alcançá-la. Os passos que deu avançando 
                    no corredor, mostrou que ele se abria em uma sala maior. O 
                    que o espadachim não havia percebido era que nela havia 
                    três soldados e uma sacerdotisa da Casa Aercelt. Quando 
                    os viu era tarde. A drow de belo corpo e cabelos brancos que 
                    vinham até a cintura, gesticulou e pronunciou uma prece 
                    desconhecida. Arthos paralisou-se, tal qual uma estátua. 
                    E então o estático Arthos pode ver os três 
                    soldados, de escudos e espadas longas preparadas, indo em 
                    sua direção. Indefeso, desejava que seu amigo 
                    Kariel se aproximasse logo, talvez com algum sortilégio 
                    útil, ou aqueles demorados segundos seriam os últimos 
                    de sua agitada vida. Fechou os olhos, esperando a dor dos 
                    golpes e a possível viagem para estar novamente com 
                    Kelemvor, homem a quem conhecera na época chamada Tempo 
                    das Perturbações e que hoje era o Deus da Morte.
 
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