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                    Perto do Fim Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens principais da aventura: 
 Os 
                    Humanos: Magnus de Helm [Marckarius Millithor]; Sigel 
                    O'Blound (Limiekki) [Dariel Millithor]. Os Elfos: Mikhail 
                    Velian [Narcélia Millithor]; Kariel Elkandor [Karelist 
                    Millithor]. O Halfling: Bingo Playamundo [Quertus Millithor]. 
                    Participação Especial: Storm 
                    Mão Argêntea [Ki'Willis Millithor].
 
 
  
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                    Perto do Fim
 O 
                    Anel Salvador       Arthos 
                    estava paralisado pelo encanto da sacerdotisa drow e três 
                    soldados inimigos vinham de encontro à ele, com espadas em 
                    punho. O espadachim da Comitiva preparava seu espírito para 
                    a dor dos golpes, quando sentiu uma energia percorrer seu 
                    corpo. Os guerreiros da Casa Dvaer atacaram e o atingiram 
                    três vezes. As lâminas teriam cortado fundo no corpo do aventureiro, 
                    se não fosse um encanto liberado pelo invisível Kariel, segundos 
                    antes do ataque. A pele de Arthos adquiriu uma resistência 
                    extra, tornando-se mais densa e rígida. Era o efeito da magia 
                    contida no anel que Storm Mão Argêntea havia entregado ao 
                    mago, e que acabava de ser liberada, para a sorte de Arthos.       Aproveitou 
                    o espadachim para concentrar-se e tentar, com sua força de 
                    vontade, sobrepujar a magia divina que o prendia. Cerrou os 
                    olhos, pensando firmemente em libertar-se. O esforço surtiu 
                    resultado e seus movimentos retornaram. Sua primeira atitude 
                    foi sacar a Lâmina das Rosas, o seu sabre encantado. Recebeu 
                    novamente ataques inimigos que, novamente, não possuíram a 
                    força necessária para perfurar sua pele sob o encanto protetor. 
                    Porém, diferente da primeira vez que havia sido atacado, pôde, 
                    desta vez, revidar. Concentrou seus golpes em um dos guerreiros. 
                    Foram três movimentos rápidos: o primeiro foi defendido pela 
                    lâmina do oponente, mas a defesa exigiu que o adversário erguesse 
                    também a sua arma, deixando a guarda aberta para outros dois 
                    golpes, que acertaram em cheio o peito e o pescoço do drow, 
                    que tombou em um grito.       Arthos 
                    ouviu outro dos adversários gritar e, em seguida, o amigo 
                    Kariel surgiu próximo a ele, com sua espada nas mãos. O mago, 
                    que também sabia como manejar uma arma, havia acertado um 
                    dos guerreiros e, ao invés de sua magia, usou Goliath, sua 
                    espada élfica de família. A sacerdotisa, que observava ao 
                    fundo, decidiu agir. Com uma nova prece ao seu deus sombrio, 
                    lançou sobre Arthos outro encanto. Desta vez, o guerreiro 
                    sentiu uma dor lancinante, como seu corpo repentinamente tivesse 
                    sido cortado por dentro. O momento agudo de dor passou, mas 
                    o Arthos sentia que havia sido ferido. A sacerdotisa não poderia 
                    ficar livre dos combates, ou mais destes sortilégios malignos 
                    seriam conjurados, foi o que pensou o espadachim da Comitiva 
                    da Fé, quando deixou o soldado que combatia, correndo em direção 
                    da drow.       “Companheiros. 
                    Eu e Torrellan estamos em combate! Venham em nosso auxílio!”, 
                    pediu Kariel. A voz do mago ecoou nas mentes dos companheiros 
                    distantes, graças ao efeito do encanto de comunicação que 
                    havia conjurado minutos atrás, e estes deixaram as explorações 
                    que faziam para unirem-se a dupla que lutava.       Enquanto 
                    os colegas chegavam, Arthos tentava golpear a sacerdotisa, 
                    que se esquivava. Ao mesmo tempo, o espadachim agilmente virava-se 
                    para combater o soldado ao qual havia dado as costas. Kariel 
                    havia acabado de derrotar o seu adversário, e postou-se para 
                    auxiliar o amigo cercado. Sua intervenção forneceu à Arthos 
                    a distração suficiente para que este acertasse um golpe preciso, 
                    eliminando o guerreiro Aercelt. Só restava agora a sacerdotisa. 
                    A fêmea, com muita pressa, tentou conjurar um derradeiro encanto, 
                    mas Arthos apontou-lhe a ponta do sabre para o pescoço.       “Na-na-não...”, 
                    disse, balançando negativamente o dedo indicador da mão esquerda 
                    e exibindo um sorriso zombeteiro. A drow então cessou seus 
                    gestos, resignando-se a derrota. Neste momento chegaram os 
                    outros, sala adentro.“Vocês 
                    têm uma corda?”, pediu Arthos. Non o atendeu, com uma corda 
                    branca, feita de leve e resistente seda, produzida por uma 
                    espécie particular de aranha, e o ajudou a amarrar a clériga.
 “Diga 
                    o que queremos ou morrerá!”, disse Mikhail para a prisioneira.
 “Onde 
                    está o portal?”, perguntou Arthos, o que soou um tanto estranho 
                    para os ouvidos de Non, que não sabia que este era o objetivo 
                    principal dos forasteiros naquele lugar. Porém o drow não 
                    fez perguntas e guardou suas dúvidas para um momento mais 
                    oportuno.
 “Não 
                    sei de portal algum!”, respondeu a drow, destilando ódio em 
                    seus olhos vermelhos.
 “E 
                    o que há atrás desta porta?”, perguntou Bingo, mostrando uma 
                    porta na sala, que Kariel e Arthos não haviam notado no calor 
                    da batalha.
 “É 
                    uma biblioteca. Vão... devem estar aqui para saquear, aproveitando-se 
                    da guerra. Roubem o que quiserem, mas deixem-me ir.”, pediu 
                    a cativa.
 “E 
                    os aposentos de seu líder?”, questionou Magnus.
 “Nos 
                    últimos níveis, mas não viverão o suficiente para explorá-los.”
       Limiekki, 
                    em resposta à ousadia da inimiga, aplicou-lhe um soco, fazendo-a 
                    cair no chão. A atitude, demasiada violenta para a forma de 
                    agir da Comitiva, na verdade foi o artifício do mateiro para 
                    manter seu disfarce de drow. Non já estava suficientemente 
                    desconfiado da benevolência destes estranhos drows estrangeiros, 
                    assim como o mistério envolvendo suas motivações e a própria 
                    presença deles na cidade de Maerymidra.        Os 
                    exploradores iam na direção da porta da suposta biblioteca, 
                    quando ouviram a sacerdotisa murmurar algo e começar a flutuar. 
                    Ela ainda possuía um último artifício e queria fugir. Seu 
                    intento foi impedido pelas flechas de Bingo e pelos virotes 
                    de bestas de Non, que derrubaram-na do ar. Mikhail examinou 
                    a sacerdotisa e ela estava morta. O clérigo encontrou no corpo 
                    da mulher um frasco contendo um líquido avermelhado, provavelmente 
                    uma poção. Tomou a pequena garrafa e a guardou consigo.       Finalmente, 
                    concentraram-se na próxima entrada. Arthos abriu vagarosamente 
                    a porta, que estava destrancada, e olhou por uma fresta. Era 
                    uma sala em cujas paredes havia prateleiras de pedra negra, 
                    repleta de livros. Havia duas mesas, com alguns tomos abertos 
                    sobre elas A drow não havia mentido: era uma biblioteca e 
                    estava aparentemente vazia. Arthos entrou e, em seguida, seus 
                    companheiros. Da biblioteca, partiam algumas portas, mas o 
                    que mais lhes chamou a atenção foi a descoberta da escada 
                    para o andar superior, o quarto nível. Kariel pediu que se 
                    usassem as mesas para montar uma barricada à frente das portas, 
                    sugestão levada a cabo por Limiekki e Magnus que, mesmo com 
                    a força que tinham, encontraram alguma dificuldade em mover 
                    os pesados móveis, travando duas das novas portas que lá havia. 
                    Decidiram subir as escadas. Arthos foi à frente. O 
                    Quarto Nível- Aranhas -
       Os 
                    degraus davam acesso a um pequeno e estreito corredor, de 
                    onde partiam duas portas, localizadas na parede direita. Como 
                    não existiam inimigos, os invasores preencheram o cômodo.       “Trancadas! 
                    As duas portas estão trancadas!”, concluiu Arthos após um 
                    rápido exame nos puxadores de bronze.“Deixa comigo!”, disse Bingo, aproximando-se da primeira porta, 
                    com seu pequeno estojo de veludo, contendo ferramentas de 
                    arrombador.
 De repente, ouviu-se 
                    o costumeiro ‘clique’ da fechadura sendo destravada. O pequeno 
                    na aparência de drow tentou empurrar a porta, mas ela não 
                    abria.       “Parece 
                    que tem algo atrás, prendendo a porta. Ela não quer abrir!”“Deixe-me fazer minha tentativa agora!”, disse Magnus, cuja 
                    força era admirável.
       O 
                    guerreiro arremeteu com força sobre a porta de uma madeira 
                    negra e estranha, mas bastante dura e resistente. Mesmo com 
                    sua força, não conseguiu abrir. No momento em que faria uma 
                    nova tentativa, a outra porta se abriu e seis soldados inimigos 
                    saíram de arcos nas mãos, prontos para atacar.        Arthos 
                    e Limiekki agiram rápido. Correram em direção aos adversários, 
                    durante os poucos segundos em que estes retesavam as cordas 
                    para disparar, e os golpearam com suas lâminas. A ação dos 
                    dois foi tão rápida, que, em verdade, somente dois dos arqueiros 
                    conseguiram efetuar seus disparos: uma flecha que passou zunindo 
                    por sobre a cabeça do afortunado Bingo, indo se estatelar 
                    na parede e outra que passou de raspão e rasgou o couro da 
                    roupa de Limiekki, tirando um pouco de sangue do seu braço. 
                    Após este momento inicial, Magnus, também se aproximou para 
                    combater. Como o corredor era bastante estreito, os demais 
                    não tinham muito que fazer, a não ser observar. Os soldados 
                    da Casa Aercelt não haviam conseguido livrarem-se dos arcos 
                    e sacarem suas espadas rapidamente, o que permitiu que o espadachim 
                    e o mateiro da Comitiva fizessem grandes estragos e derrubassem 
                    logo dois inimigos ao solo. Um batalhava com Magnus, porém 
                    o drow enfrentava um oponente muito poderoso, bem além de 
                    suas capacidades de mero soldado. Ainda defendeu-se e arriscou 
                    alguns golpes com sua espada longa, mas Magnus o decapitou, 
                    com um golpe tão poderoso quanto preciso. O paladino, imediatamente, 
                    voltou-se para outro oponente. Havia três soldados inimigos 
                    vivos e Limiekki, Arthos e Magnus os combatiam. Trocaram alguns 
                    golpes, mas a superioridade dos três guerreiros da Comitiva 
                    fez a batalha terminar com brevidade.        Após 
                    rápidos segundos, quando respiraram fundo e recuperaram o 
                    fôlego, concentraram-se na passagem de onde haviam saído os 
                    drows. A porta de madeira negra e ferragens de bronze esverdeado 
                    estava trancada e Bingo tentava abri-la, enfiando pelo buraco 
                    da fechadura suas pequenas ferramentas. O pequeno conseguiu 
                    e afastou a folha de madeira vagarosamente, colocando a cabeça 
                    pela fresta, para dar uma espiada no que havia lá dentro. 
                    Duas flechas zumbiram e atingiram a porta, bem perto de seus 
                    olhos, o que fez Bingo fechar imediatamente o cômodo, assustado.       “O 
                    que foi, Quertus?”, perguntou Arthos.“Quase que tomo duas flechadas na cabeça!”, respondeu arfando 
                    o halfling em pele de drow.
 “Viu alguma coisa?”, quis saber Magnus.
 “Bem... a sala estava pouco iluminada, mas vi muitas sombras. 
                    Parecia haver muitos inimigos protegidos atrás de móveis ou 
                    barricadas... estão esperando pra atacar quem passar por esta 
                    porta!”
 “Acho 
                    que devemos aumentar nosso poder de fogo!”, disse Arthos, 
                    olhando para Kariel com um pequeno sorriso. O mago já sabia 
                    o que o amigo queria sugerir e respondeu.
 “Entrarei invisível e conjurarei um encanto. Isto deve enfraquecer 
                    os soldados Em seguida vocês devem entrar para combatê-los”, 
                    colocou o mago, em um plano.
       Kariel 
                    tocou o seu elmo e desapareceu. Abriu uma fresta na porta 
                    e uma nova saraivada de flechas foi disparada. Aguardou os 
                    disparos cessarem e adentrou o mais silenciosamente possível. 
                    Era uma sala quadrada, quase que totalmente escura, se não 
                    fosse uma tocha solitária e fraca chama púrpura presa à parede 
                    esquerda. Observou as silhuetas dos inimigos ocultos atrás 
                    de obstáculos e móveis na parede oposta, muitos deles portavam 
                    arcos e aguardavam somente enxergar o corpo de um inimigo 
                    para enchê-lo de flechas. O arcano da Comitiva então se concentrou 
                    e lançou um feitiço, conjurado sem palavras ou gestos, graças 
                    à uma dádiva da deusa Mystra. Em um instante, partiu das suas 
                    uma esfera flamejante, que voou no espaço da sala, indo explodir 
                    em meio às barricadas dos drows, fazendo os obstáculos de 
                    madeira incendiarem e gritos preencherem o ar. Kariel estava 
                    novamente visível e seus companheiros começavam a entrar pela 
                    sala.       O 
                    primeiro foi Arthos. O espadachim correu em direção do local 
                    onde Kariel havia arremessado a esfera de chamas. Haviam alguns 
                    guerreiros feridos, tentando se recompor e um sacerdote, que 
                    começava a invocar uma prece. Arthos o interrompeu, desferindo 
                    três golpes rápidos e perfeitos: atingiu-lhe os flancos e 
                    por final perfurou o peito do clérigo, que caiu morto. Sua 
                    audácia lhe custou duas flechas vindas das barricadas feitas 
                    com mesas, armários e pedras, que acertaram seu corpo. Mas, 
                    como estava protegido ainda pelo encanto liberado pelo anel 
                    fornecido por Storm Mão Argentea, os projéteis o atingiram 
                    sem perfurá-lo, caindo no chão inofensivamente. Um drow, com 
                    trajes de guerreiro, rosto oculto por um capuz e portando 
                    uma espada de duas mãos partiu em direção ao aventureiro da 
                    Comitiva. Acertou-lhe um golpe tão forte que, mesmo com a 
                    proteção arcana que agia sobre Arthos, promoveu um corte na 
                    altura do braço. Outro guerreiro próximo tentou atingi-lo, 
                    mas sem sucesso.       Limiekki 
                    entrou logo após Arthos, e deslocou-se para combater um grupo 
                    de três drows. Um deles vestia também roupas de sacerdote. 
                    Enquanto o mateiro trocava golpes com dois soldados armados 
                    com sabres e cotas de malha, o clérigo de Vhaeraun o tocou 
                    levemente com sua mão, e pronunciou algo. Imediatamente, Limiekki 
                    sentiu todo seu corpo arder e gritou. A dor passou, mas o 
                    fez sentir-se e mais fraco, fazendo-o errar seus golpes.       Após 
                    os confrontos iniciais de Arthos e Limiekki, o conflito generalizou-se 
                    com a entrada do restante dos infiltrados na sala.  Agora 
                    se podia ter finalmente uma idéia mais clara da quantidade 
                    de inimigos contra os quais lutavam. Arthos combatia dois 
                    drows guerreiros. Limiekki enfrentava um sacerdote e dois 
                    soldados, e Magnus e Non batalhavam, cada um, contra um guerreiro 
                    da Casa Aercelt. No chão, havia três cadáveres de inimigos, 
                    um abatido por Arthos e dois vítimas do feitiço letal conjurado 
                    momentos antes. Entretanto, podia haver outros ocultos nas 
                    sombras que havia naquela sala.        No 
                    cenário do combate, Mikhail e Kariel resolveram aguardar e 
                    interferir se achassem necessário, enquanto Bingo ficou com 
                    seu arco em punho, mas com o combate franco que se desenrolava, 
                    sabia que teria poucas oportunidades de atacar sem o risco 
                    de atingir um de seus aliados.       O 
                    drow que Magnus combatia não era tão amador quanto o que havia 
                    vencido momentos atrás. Além de defender diversos golpes de 
                    Hadryllis, a espada do paladino, encaixou alguns ataques de 
                    sucesso que esbarraram na armadura do guerreiro, o que não 
                    o impediu de sentir a dor do impacto. Magnus tentou um revide 
                    imediato, mas o esquivo adversário fez com que o golpe poderoso 
                    passasse no vazio. O inimigo tentou um golpe lateral e alto, 
                    visivelmente tentando decapitar o guerreiro da Comitiva, mas 
                    este provou que, apesar de seu tamanho e o peso de sua armadura, 
                    podia ser ágil. Agachou-se e, ao levantar, perfurou o drow 
                    com a sua lâmina sagrada, derrubando-o ao solo.       Non 
                    travava um combate equilibrado. Evitava os golpes do inimigo 
                    com sua agilidade, ora dobrando seu corpo, ora recuando. Também 
                    tentou tomar a ofensiva, mas encontrou um inimigo tão esquivo 
                    quanto ele, e talvez mais preparado. O soldado da casa Aercelt 
                    perfurou-lhe o ombro esquerdo com a ponta de sua espada. Fosse 
                    a estocada centímetros mais baixo, talvez o drow aliado da 
                    Comitiva estivesse morto. Non assustou-se com a resistência 
                    e decidiu ser mais agressivo. Avançou sobre seu adversário, 
                    com diversos golpes, rápidos e fortes, fazendo recuar alguns 
                    passos. Em seguida, propositalmente, deixou o flanco esquerdo 
                    desprotegido, pensando em um truque. O inimigo, no afã de 
                    acertar o invasor, tentou o coração de Non, que se esquivou 
                    e aproveitou os segundos em que a guarda do adversário estava 
                    aberta, cortando-lhe no pescoço, em um golpe fatal.        Mikhail 
                    e Kariel, que até então observavam, resolveram agir, de maneiras 
                    diferentes. O clérigo de Mystra aproveitou-se que Non batalhava 
                    e aproximou-se de Bingo. Rezou para sua deusa e tocou o corpo 
                    do pequeno que estava próximo. Bingo sentiu suas feridas e 
                    arranhões se fecharem milagrosamente. Kariel avaliou que seria 
                    melhor poupar seus encantos para adversários mais valorosos 
                    e sacou sua espada encantada. Aproximou-se de Limiekki, equilibrando 
                    um pouco mais a desvantagem do mateiro.       Limiekki, 
                    que lutava agora ao lado de Kariel, não estava com sorte. 
                    Errava muitas das suas investidas e o sacerdote que o combatia 
                    acabava de curar, com uma prece, os ferimentos de um dos guerreiros 
                    inimigos. Kariel também enfrentava problemas. O outro soldado 
                    deslocou-se rapidamente em um salto, e atingiu o mago nas 
                    costas com a espada longa. O ferimento poderia ser profundo 
                    e grave, se também não tivesse o mago protegido pelo mesmo 
                    tipo de magia que agia sobre Arthos. Porém a dupla reagiu 
                    aos reveses. Limiekki concentrou seus ataques no sacerdote, 
                    a fim de evitar que o mesmo curasse novamente seus aliados, 
                    ou lançasse algum encanto perverso. O mateiro, com golpes 
                    rápidos de faca e do machado que empunhava, rasgou o couro 
                    rígido da roupa do clérigo de Vhaeraun, na altura do ventre. 
                    O inimigo olhou para seu carrasco pela última vez, e caiu 
                    morto. Já Kariel voltou-se rapidamente para trás e atacou 
                    seu traiçoeiro adversário. O mago defendeu-se de novas investidas 
                    com sucesso e conseguiu atingir o guerreiro, que já se encontrava 
                    combalido por ferimentos feitos pelo fogo mágico, poucos minutos 
                    atrás, matando-o. Contra os dois agora só havia um drow que, 
                    ao invés de intimidar-se, partiu para o ataque. Tentou atingir 
                    Kariel, mas antes que isto ocorresse, Limiekki encravou a 
                    lamina do seu machado nas costas do adversário, encerrando 
                    aquele combate.       Agora, 
                    somente Arthos combatia. Já havia derrubado um dos guerreiros 
                    e só havia um em sua frente, um que mostrava-se mais habilidoso 
                    do que os demais. O espadachim foi acertado algumas vezes, 
                    o que fez sua proteção mística fatigar e desaparecer. O paladino 
                    Magnus chegou para ajudar o amigo, mas quando viu a atenção 
                    em que os dois se olhavam, percebeu imediatamente que não 
                    se tratava mais de um simples combate, mas de um duelo. Afastou-se 
                    e pediu que os colegas esperassem o final da luta.       “Qual 
                    é o seu nome?”, perguntou o guerreiro da Casa Aercelt.“Torrellan Millithor!”, respondeu Arthos, usando o seu nome 
                    falso.
 “Você é bom e seu estilo é bem diverso! Meu nome é Theryon 
                    Aercelt. Será desafiador derrotá-lo!”
       Dito 
                    isto, o guerreiro avançou para Arthos com sua enorme espada, 
                    tentando dois golpes. Um, dado de cima para baixo, foi defendido 
                    por Arthos, que colocou o aço de seu sabre horizontalmente, 
                    protegendo o peito. O outro, uma violenta investida visando 
                    o flanco esquerdo, foi esquivada com um salto para trás do 
                    espadachim. Arthos então contra atacou, saltando mais uma 
                    vez, agora para frente, com o sabre em riste. Seu primeiro 
                    golpe foi defendido pela larga lâmina do adversário. O segundo 
                    cortou-lhe a mão esquerda, em um talho profundo. O terceiro 
                    foi uma estocada, no abdômen do adversário, que caiu ao solo, 
                    agonizando.        Arthos 
                    agachou-se e tomou a bela espada, derrubada ao chão, do inimigo 
                    que ainda se mexia, contorcendo-se de dor.       “Torrelan...”, 
                    disse Kariel, “... esta espada emana magia e pode ser perniciosa!”       O 
                    espadachim ergueu-se do chão e, após olhar alguns segundos 
                    para a arma e para seu inimigo, desferiu um golpe de misericórdia, 
                    cravando a lâmina no corpo do infeliz drow Aercelt.        Terminado 
                    o combate, as atenções dos aventureiros voltaram-se para aquela 
                    sala. Haviam duas portas para outros cômodos, na parede oposta 
                    à entrada. Bingo aproximou-se de uma delas e, constatando 
                    que estava trancada, mais uma vez, enfiou as pequenas ferramentas 
                    no buraco da fechadura. A porta abriu-se, revelando-se um 
                    quarto, que estava bastante revirado. Provavelmente, havia 
                    sido daqui que os móveis que estavam nas barricadas foram 
                    retirados. Como nada de interessante foi encontrado, a outra 
                    porta foi sondada. Bingo também a abriu. Era outro dormitório, 
                    de condições parecidas como o último, porém este possuía uma 
                    porta dupla de saída, na parede esquerda.       “Este 
                    lugar tem tantas passagens que mais parece um labirinto!”, 
                    exclamou Limiekki, enquanto coçava a cabeça.“Lembrem-se: estamos no quarto andar e a partir daqui temos 
                    que verificar os cômodos com cuidado. O que procuramos pode 
                    estar em qualquer lugar!”, falou Kariel, pensando no portal 
                    mágico que buscavam.
       Bingo 
                    abriu a porta no fundo do quarto e em instantes estavam todos 
                    em um outro corredor estreito. Na parede onde estava a porta 
                    de onde acabaram de passar, havia outra à esquerda. Uma porta 
                    de folha dupla na parede à frente e outra na parede direita.       “E 
                    agora? Mais três portas!”, disse Bingo.“Podíamos nos dividir!”, sugeriu Arthos.
 “Uma divisão nos tornaria mais fracos!’, opinou Magnus.
 “Por enquanto, acho melhor estarmos juntos”, completou Mikhail
 “Bem. Então vamos escolher uma porta... humm... a da direita!”, 
                    disse Bingo, já se movimentando para a porta de folha dupla 
                    de madeira negra e bronze esverdeado.
       Quando 
                    Bingo avisou que a porta estava aberta, Kariel pediu para 
                    ser o primeiro a entrar. O mago usaria mais uma vez seu elmo 
                    da invisibilidade para explorar o aposento antes de seus amigos. 
                    Abriu a porta devagar e entrou. Era uma sala de tamanho médio, 
                    sem móveis ou pessoas, com um poço circular que emanava uma 
                    luz amarela, da mesma maneira do que havia visto no primeiro 
                    andar. Era mais um levitador mágico. Havia uma porta ao fundo 
                    da sala. Pela dimensão do cômodo e o posicionamento da porta, 
                    o arcano achou que provavelmente seria a sala que tentavam 
                    abrir quando chegaram ao andar onde estavam e foram interrompidos 
                    pelos drows arqueiros. Kariel então retornou aos companheiros 
                    que aguardavam o resultado da exploração.       “Existe 
                    um levitador mágico no centro da próxima sala, mas a passagem 
                    para o nível superior está bloqueada por uma grade no teto. 
                    Acho que devemos explorar as portas daqui antes.”“Então 
                    vamos logo...”, disse o impaciente Bingo, movendo-se para 
                    a outra porta dupla.
       Como 
                    as outras, a tranca se abriu. E foi Arthos que puxou uma das 
                    folhas da porta cautelosamente. Da fresta, saíram aranhas, 
                    muitas aranhas. Bingo teve que se segurar para não dar um 
                    pulo de susto e voltar agir como um drow crente a Lolth, a 
                    Rainha Aranha.       “Aranhas!”, 
                    exclamou Arthos, abrindo completamente a porta.“Centenas... milhares de aranhas!”, completou Limiekki.
       O 
                    chão da sala escura estava preenchido com aranhas de todos 
                    os tipos e tamanhos, desde pequenas como um grão de arroz 
                    a outras do tamanho de um cão. Havia uma porta do outro lado.       “Os 
                    seguidores de Vhaerun devem ter capturado estas aranhas para 
                    nos chantagear ou nos aviltar!”, disse Non, indignado.“E a porta? Como fazemos para chegar até lá?”, perguntou Bingo.
 “Se formos, poderemos pisar por acidente em alguma destas 
                    aranhas!”, colocou Kariel, que havia lido em um dos livros 
                    dos Millithor que a pena dos adoradores de Lolth para quem 
                    matasse uma aranha era a nada menos do que a morte.
 “Podemos deixar a porta aberta, até que todas as aranhas saiam!”, 
                    sugeriu Mikhail.
 “Não podemos fazer isto. Se elas se espalharem pelo castelo, 
                    podem ser mortas pelos Aercelt!”, respondeu Non.
 “Então vamos deixá-las aí, por enquanto. Quando 
                    o perigo terminar, as libertaremos! Ainda há uma porta para 
                    verificarmos!”, colocou, prático, Magnus.
       Os 
                    aventureiros concordaram, apesar da maioria, secretamente, 
                    preferir pisar naquelas criaturas e seguir adiante, e fecharam 
                    a porta dupla. Foram até a última porta que restava para ser 
                    aberta e esta não estava trancada. Assim que empurraram a 
                    folha de madeira, vislumbraram uma nova escada, rumo ao quinto 
                    piso do castelo. Subiram o lance de degraus estreitos e encontraram 
                    um patamar que deixou os exploradores de frente a uma nova 
                    porta, que iniciava o próximo andar do Castelo Maerymidra. Quinto 
                    nível- Batalhas, Portas e Crianças -
       A 
                    porta foi aberta. A passagem mostrava a parede de uma passagem 
                    em forma de 'U' que se dobrava para uma nova sala. Kariel, 
                    que já era o batedor usual, estava à frente. Seus ouvidos 
                    élficos captaram ruídos vindo do novo e ainda oculto cômodo. 
                    Um cheiro de comida se espalhava pelo ar.       “Ouvi 
                    passos e grunhidos... parecia um animal, um touro... sim... 
                    era como o ruído dos homens-touro que vimos quando estávamos 
                    na cidade”, descreveu o mago, ainda invisível.“Minotauros!”, exclamou Arthos.
 “Atraia estes monstros para cá, Karelist!”, sugeriu o guerreiro 
                    Magnus. “O espaço após a escada é mais estreito e eles terão 
                    dificuldades devido ao tamanho!”.
       O 
                    mago concordou e adentrou a sala. Era uma espécie de refeitório. 
                    Em um fogão, um caldeirão negro fervia. Em duas mesas retangulares, 
                    sentavam-se dois minotauros. Havia prateleiras com frascos 
                    diversos. Kariel aproximou-se mais e pôde ver uma porta na 
                    parede oposta. Atendendo o pedido de Magnus, o arcano da Comitiva 
                    tomou um pote de barro e o arremessou na direção da escada. 
                    Imediatamente, os dois homens-fera deixaram seu jantar e caminharam 
                    para tentar descobrir que barulho tinha sido a aquele.        O 
                    primeiro minotauro, apesar de enorme (devia ter cerca de dois 
                    metros e vinte) e do curto espaço, ao ver o estranho ‘drow’ 
                    guerreiro em sua frente, bufou e manuseou seu grande machado, 
                    golpeando o paladino de uma maneira tão violenta, que o desequilibrou, 
                    jogando-o de encontro à parede. Magnus sentiu o pesado ataque, 
                    que atingiu seu flanco esquerdo, mas não chegou a cair. Logo 
                    pôs-se novamente em posição de ataque e, em um movimento debaixo 
                    para cima, abriu o peito do homem-touro com a lâmina de sua 
                    Hadryllis, O monstro caiu moribundo.       O 
                    outro se aproximou, e recebeu golpes violentos e rápidos nos 
                    joelhos, vindo das lâminas ágeis de Limiekki. O mateiro tomou 
                    em retorno um potente empurrão, que quase o fez cair escada 
                    abaixo, por cima dos companheiros que aguardavam o desenlace 
                    do combate sem poder agir. Mas Tymora, a Deusa da sorte e 
                    dos aventureiros, talvez tenha sorrido para Limiekki. Os ferimentos 
                    que causara no monstro foram tão profundos que este caiu para 
                    trás, gritando de dor, impedindo um outro ataque mais mortal. 
                    Magnus eliminou o ruído, com a sua lâmina sagrada.       “Marckarius... 
                    vi que recebeu um ataque forte do monstro... você está bem?”, 
                    disse Kariel, ainda invisível.“Minha armadura protegeu-me, Karelist. Sinto algumas dores 
                    por debaixo dela, mas nada que me impeça de continuar”, respondeu 
                    o guerreiro.
       Mais 
                    uma porta trancada e mais uma tranca aberta pela perícia de 
                    Bingo. Kariel colocou a cabeça para enxergar o novo cômodo. 
                    Era uma sala vazia, com duas portas duplas, uma à esquerda 
                    e outra à frente. No centro, um dos levitadores mágicos, provavelmente 
                    a continuação do que existia no andar inferior. O mago invisível 
                    alertou que não parecia haver perigos, e então os companheiros 
                    entraram. Mikhail, Arthos e Magnus chegaram por último. Haviam 
                    atrasado o passo a pedido de Mikhail, que usou secretamente 
                    uma das suas magias divinas para curar parte dos ferimentos 
                    dos amigos.       “Duas 
                    portas! Assim vamos passar a eternidade neste lugar!”, comentou 
                    Limiekki, impaciente. O mateiro não se sentia muito à vontade 
                    em espaços fechados e a exploração do castelo já começava 
                    a lhe dar nos nervos.       Bingo 
                    se dirigiu à porta dupla oposta e Arthos foi com ele. O pequeno 
                    em forma de drow abriu a porta, enquanto os outros, de prontidão, 
                    aguardavam. Apesar de terem conduzido o arrombamento e aberto 
                    a porta de maneira silenciosa, pela fresta estreita podiam 
                    ver que outros dois minotauros, que estavam na nova sala, 
                    haviam percebido o arrombamento, e corriam com seus imensos 
                    machados para matar os invasores. Puderam ver também um sentinela 
                    drow, que estava parado, de pé, diante de uma porta. Havia 
                    uma outra, mas esta não estava guardada.       “Wow! 
                    Precisamos de ajuda aqui!”, exclamou Bingo, ao ver os dois 
                    imensos oponentes que vinham em sua direção.       Magnus, 
                    um dos que estavam mais próximos, tomou a frente do seu amigo 
                    halfling, bem no instante em que a bestial criatura aproximava-se 
                    com um machado quase do tamanho do próprio Bingo. O paladino 
                    segurou firme o cabo de sua espada e a adrenalina que corria 
                    em seu sangue ao ver o seu pequeno amigo ameaçado fez sua 
                    força crescer ainda mais. Antes que o homem-fera atacasse, 
                    desferiu um golpe tão potente e preciso que cortou fora a 
                    cabeça de touro da criatura. O outro inimigo, ao ver a cena, 
                    hesitou e parou imediatamente.       “Vamos, 
                    besta infernal! Ataque-o!”, ordenava o drow, que permanecia 
                    guardando a porta.       O 
                    monstro ouviu as palavras e olhou para os inimigos. Sua coragem 
                    havia terminado ao ver seu companheiro morrer tão rápido. 
                    Não atacou. Apenas se aproximou do drow que o comandava, com 
                    o machado para baixo, resignando-se.       “Maldito. 
                    Se é covarde para atacar, ajude-me aqui!”, ordenou o sentinela, 
                    que permanecia a frente da porta, de sabre em punho. O minotauro 
                    tomou a sua frente. “Quem são vocês e o que querem?”.“Onde está Malakar?”, perguntou Magnus.
 “Em algum lugar nos níveis superiores. Não precisam vir aqui”, 
                    respondeu o elfo negro, enquanto os aventureiros se posicionavam 
                    ao seu redor.
 “O que há atrás desta porta, que defende com tanta prontidão?”, 
                    perguntou Mikhail.
 “Apenas um quarto, sem nada de valor para vocês! Continuem... 
                    não precisam passar por aqui!”, disse o guerreiro, com veemência.
 “Não sei o que esconde, mas vamos passar assim mesmo!”, disse 
                    Limiekki.
       O 
                    mateiro avançou, mas o minotauro que o defendia o atacou com 
                    um golpe de machado, defendido oportunamente pela força e 
                    lâmina de Magnus. O drow da casa Aercelt também investiu contra 
                    os invasores de seu Castelo e tentou ferir Arthos. Um combate 
                    desequilibrado e rápido se desenrolou. O minotauro foi atacado 
                    por Magnus, Mikhail e Non, e o guerreiro inimigo, por Limiekki 
                    e Arthos. Kariel e Bingo, que estavam um pouco mais recuados, 
                    se aproximaram, mas não se engajaram na luta. O minotauro 
                    morreu poucos segundos depois, cortado profundamente pelas 
                    lâminas adversárias. O sentinela teve sua espada arrancada 
                    das mãos, graças a uma primorosa demonstração de habilidade 
                    em esgrima de Arthos. Limiekki ia lançar mão de um golpe mortal, 
                    quando Kariel gritou:       “Não 
                    o mate, Dariel!”       O 
                    guerreiro deteve a mão direita que carregava o machado, enquanto 
                    Magnus aproximou-se do inimigo e usou a força de seus músculos 
                    para imobilizá-lo.       “Vermes! 
                    Filhos de uma deusa vadia e covarde! Morrerão antes de saírem 
                    daqui!”, insultava o drow, agitando-se na vã tentativa de 
                    escapar dos braços poderosos de Magnus.“Ora... matem-no de uma vez! Veja o que ele está falando! 
                    Blasfemador! Vou dar cabo deste imundo!”, respondeu indignado, 
                    Non, que sacou sua espada e partiu para exterminar o inimigo. 
                    Neste momento, Mikhail e Arthos interfiram, impedindo o drow 
                    de avançar.
 “Porque vocês toleram isto? Não consigo compreender!”, continuou 
                    Non.
 “Posso extrair informações dele, mas só posso fazê-lo se ele 
                    estiver vivo!”, disse Kariel.
       O 
                    mago fitou o sentinela e fechou os olhos por apenas um segundo. 
                    Neste rápido momento, sua mente foi preenchida de pensamentos 
                    e imagens que não eram suas. Percebeu algo que se repetia, 
                    entre as muitas coisas que passavam velozes na cabeça do drow.       “Crianças... 
                    ele pensa em crianças!”, disse Kariel, depois do segundo rápido.“Crianças? Vamos averiguar!”
       Magnus 
                    retirou o guerreiro inimigo, que continuava debatendo-se desesperadamente 
                    e praguejando, da frente da porta. Bingo a destrancou e Mikhail 
                    a abriu vagarosamente. Os aventureiros puderam ver num dormitório 
                    coletivo, várias crianças, meninos e meninas drows, que se 
                    aglomeravam na parede oposta do aposento. Alguns deles choravam.       “Não 
                    executo meus serviços pela metade!”, falou Non, retirando, 
                    de uma bolsa que carregava, um frasco. Ia atirar dentro da 
                    sala, quando Kariel, que estava próximo, agarrou seu braço, 
                    impedindo a ação.“O quê? O que estão fazendo? Este é o futuro da Casa Aercelt! 
                    Temos que matar a prole do inimigo!”, vociferou Non.
 “Não vamos matá-los, nem desperdiçar tempo e armamento com 
                    crianças!”, disse Mikhail.
 “Temos um objetivo principal: destruir os líderes da Casa 
                    Aercelt. Devemos deixar questões menores para depois!”, completou 
                    Kariel.
 “Vocês 
                    estão agindo de uma maneira muito estranha...”, disse Non, 
                    olhando desconfiado para os aliados e lentamente devolvendo 
                    o frasco para a bolsa. “Espero descobrir o porquê!”
       Limiekki 
                    e Magnus resolveram amarrar o guerreiro que guardava a porta 
                    e colocá-lo no quarto, junto com os pequenos drows. Bingo 
                    usou as suas ferramentas, desta vez, para trancar o sentinela 
                    e as crianças no cômodo. Seguiram para a última porta a ser 
                    aberta naquela sala. Ela não estava trancada. Era um quarto, 
                    um aposento luxuoso, com tapeçaria, cama, armários, cabideiros 
                    com roupas penduradas e prateleira com livros, sendo que um 
                    deles encontrava-se aberto em uma mesa circular para estudo. 
                    Kariel aproximou-se e leu algumas linhas do tomo.       “O 
                    livro descreve rituais mágicos. Provavelmente o dono deste 
                    quarto era um aprendiz da Arte!”“Acho 
                    que você tem razão, Karelist! Descobri uns robes de mago no 
                    guarda-roupa!”, conformou Arthos, que também investigou o 
                    local.
 “Acho 
                    que acabamos por aqui. Vamos verificar a porta que deixamos 
                    na sala do levitador! Ainda temos que encontrar a escada”, 
                    colocou Mikhail.
       Kariel 
                    antes de deixar o quarto, concentrou-se à procura de algum 
                    objeto que emanasse magia. Percebeu então que uma capa pendurada 
                    emitia uma irradiação mágica. Não queria gastar tempo pesquisando 
                    as propriedades mágicas do objeto, e resolveu guardar a capa 
                    negra de um tecido leve como seda na mochila que levava nas 
                    costas.       Foram 
                    até a sala do levitador e abriram, sem necessidade de arrombamentos, 
                    a porta que restava fechada. Encontraram um estreito corredor. 
                    Do lado esquerdo, existia uma porta, toda ela feita em metal. 
                    Alguns metros à frente, o corredor terminava na procurada 
                    escada. Os exploradores resolveram abrir a porta derradeira 
                    e Bingo mais uma vez aproximou-se. O pequeno era bom na arte 
                    de abrir trancas, mas desta vez encontrou dificuldade. Tentou 
                    uma, duas, três vezes com diversas das pequenas ferramentas, 
                    até que ouviu-se um estalo. Não era bem o estalo que Bingo 
                    queria ouvir.
 “Err... 
                    pessoal... desculpe, mas acho que a tranca quebrou! Esta fechadura 
                    é bem forte!”, disse Bingo, desconcertado.
 “Deixe-me tentar!”, disse o robusto Magnus.
       O 
                    paladino arremessou-se contra a porta três vezes. Na última 
                    das tentativas, contou com a ajuda extra de Limiekki, mas 
                    o metal não cedeu.       “Com 
                    a largura estreita este corredor, não tenho como tomar mais 
                    impulso, ou usar algo como aríete!”, disse o paladino, após 
                    balançar negativamente a cabeça. “Não acredito que consigamos 
                    abri-la a força”.“Vamos 
                    prosseguir. A escada está logo adiante. Depois retornaremos 
                    para averiguar estar porta”, sugeriu Mikhail. E assim os aventureiros 
                    encaminharam-se para a escada.
 Sexto 
                    Nível- Olhos Observadores -
       Após 
                    galgarem os degraus largos da escada, o grupo encontrou uma 
                    ampla ante-sala e nela uma porta bastante larga e alta. O 
                    grupo se posicionou e Bingo abriu a tranca. Kariel, invisível, 
                    adentrou o mais silenciosamente possível.       O 
                    que Kariel viu ao entrar era uma sala enorme, de formato quase 
                    semicircular. Devia ter cerca de trinta metros de largura, 
                    talvez mais. O elfo não soube precisar, pois a luz violeta 
                    que iluminava o lugar e que partia de um lustre no centro 
                    do teto era fraca demais para eliminar todas as sombras. Havia 
                    também uma escada em espiral, próximo de onde o mago estava 
                    e mais alguns cômodos com portas, todos do seu lado esquerdo. 
                    Kariel avançou um pouco mais rumo ao centro do salão. Foi 
                    quando viu duas estranhas silhuetas esféricas. Seu coração 
                    bateu mais forte. Não conseguia ainda ver, mas imaginava o 
                    tipo de criatura que iria encontrar. Os dois seres, que patrulhavam 
                    o lugar, moviam-se silenciosamente. Um deles deslocou-se próximo 
                    o suficiente da luz para clarear-lhe as formas. Era um monstro 
                    esférico flutuante, com um olho enorme e uma bocarra cheia 
                    de dentes pontiagudos. Do seu corpo esverdeado saiam tentáculos 
                    que, em cada extremidade, possuíam um outro olho menor. Parecia 
                    ser um beholder.       Kariel 
                    sabia dos poderes de tais criaturas. Estes beholderes eram 
                    muito menores do que os que já havia combatido, mas nem por 
                    isto deviam ser menos perigosos, era o que prudentemente pensava 
                    o mago. Sozinho, seria presa fácil para os feitiços lançados 
                    pelos olhos dos monstros. Decidiu retornar para comunicar 
                    seus amigos, pisando cautelosamente no chão liso de pedra 
                    negra.       Apesar 
                    do cuidado do mago, o monstro virou-se para a posição onde 
                    estava o invasor e um de seus tentáculos apontou para Kariel. 
                    O arcano da Comitiva da Fé sentiu uma energia percorrer seu 
                    corpo e desaparecer em seguida, com ela, o encanto que o fazia 
                    seu corpo mais resistente a ataques também se foi. Em seguida, 
                    ouviu a criatura murmurar algo para o seu companheiro monstruoso, 
                    em uma língua desconhecida e de som detestável.       As 
                    criaturas se aproximavam e Kariel resolveu tomar uma atitude. 
                    Usou um de seus encantos especiais, que não exigiam gestos, 
                    palavras ou componentes materiais, e fez surgir uma ilusão 
                    no outro lado da sala. Era um grupo barulhento de guerreiros 
                    bárbaros, como os que havia visto no Vale do Vento Gélido, 
                    que exibiam suas armas e gritavam. Os monstros voltaram a 
                    atenção para o truque e dispararam raios e encantos vindo 
                    dos seus olhos contra a imagem. Foi a distração que Kariel 
                    queria para deixar a sala e voltar para o cômodo anterior, 
                    onde estavam seus amigos.       “Karelist? 
                    O que houve? Ouvimos um barulho...”, perguntou Magnus ao ver 
                    a porta se abrir.“Beholderes! Atrás desta porta há um grande salão e dois beholderes 
                    o patrulham!”, disse o invisível Kariel para seus companheiros, 
                    fechando a porta atrás de si. “São monstros pequenos, têm 
                    cerca de um metro e trinta de largura,... uma espécie bem 
                    menor comparada às que já combati em outras situações. Consegui 
                    uma distração para retornar!”
 “Estas 
                    criaturas são perigosas... seus olhos emitem magias e raios 
                    de diversos efeitos!”, falou Arthos, que, em um dia distante, 
                    já havia sido transformado por uma magia em um monstro semelhante.
 “Acho que a melhor maneira de enfrentarmos este tipo de inimigo 
                    e nos espalhando e atacando de vários lados. Deve ser um ataque 
                    fulminante”, planejou Magnus.
 “Karelist... pode atrair a atenção destas criaturas mais uma 
                    vez, para que não sejamos atacados logo ao entrar?”, perguntou 
                    Arthos.
 “Sim... 
                    tenho um encantamento sonoro que pode ajudar a desviar a atenção”, 
                    respondeu Kariel.
 “Assim que ouvirmos o barulho, entraremos!”, concluiu Mikhail.
       Com 
                    o plano esboçado, Kariel, entrou novamente na sala e caminhou 
                    até as proximidades da escada em espiral que subia, alguns 
                    metros à frente da porta de onde acabara de sair. Os beholderes, 
                    que na verdade eram ghaunts, primos menores dos olhos tiranos, 
                    voltaram-se na direção de Kariel. O mago conjurou outro encanto, 
                    e uma explosão foi ouvida no fundo da sala. Os monstros seguiram 
                    para averiguar. Foi a deixa para os heróis avançarem.       Limiekki 
                    foi quem saiu primeiro da porta. Correu e resolveu subir a 
                    escada em espiral. Retirou com velocidade um arco curto das 
                    costas e disparou contra um dos ghaunts, encravando duas flechas 
                    no corpo esférico. Logo depois, Arthos correu, com o sabre 
                    em punho, em direção do monstro. O espadachim ainda aproveitou-se 
                    da confusão das criaturas e aplicou três golpes rápidos e 
                    eficientes, abrindo uma profunda fenda no gauth que já havia 
                    sido ferido por Limiekki. Magnus, o guerreiro mais poderoso 
                    da Comitiva, avançou com sua Hadryllis, com a intenção de 
                    desferir o golpe que daria cabo daquela criatura, mas o inimigo 
                    foi mais rápido. O gauth, que ainda não havia sido atacado, 
                    atingiu o paladino com um raio que partiu de seu olho central, 
                    o deixando paralisado, tal qual uma estátua. O monstro aproximou-se 
                    e disparou um outro raio, desta vez de um de seus olhos menores, 
                    que ficavam nas pontas dos tentáculos que saíam de sua cabeça-corpo. 
                    Magnus sentiu sua armadura esquentar e sua pele queimar por 
                    alguns segundos. Em seguida o gauth, já assustadoramente 
                    próximo, abriu sua bocarra e mordeu Magnus pelo tronco. Graças 
                    a Helm, sua armadura foi resistente o suficiente para não 
                    ser trespassada, pelo menos desta vez, pelos dentes agudos 
                    do horrendo ser.       O 
                    gauth próximo a Arthos estava a beira da morte e atirava 
                    raios a esmo na direção dos invasores. Um deles acertou Limiekki, 
                    que sentiu seu corpo pesar e o ar faltar, como se tivesse 
                    acabado de correr quilômetros. Outro atingiu Magnus, causando-lhe 
                    mais ferimentos por queimadura e, um outro, tornou Kariel 
                    visível novamente. Non e Bingo entraram na sala, com sua besta 
                    e arco nas mãos. Miraram os inimigos, mas não ousaram um disparo. 
                    Um erro e poderiam acertar seus companheiros.        Mikhail 
                    e Kariel recorreram então aos seus encantamentos. O primeiro 
                    recitou em voz baixa uma prece à deusa Mystra e uma coluna 
                    de chamas surgiu engolfando o monstro que ameaçava Magnus. 
                    O gauth emitiu um grito em meio à torrente de fogo e caiu 
                    ao chão pesadamente, como um fruto maduro demais que despenca 
                    de uma árvore alta. Por sorte, em meio à agitação, Non não 
                    percebeu que foi Mikhail, ou melhor, a sacerdotisa Narcélia, 
                    que havia conjurado o encanto. Pensava ser obra do mago Karelist 
                    e que Narcélia não poderia invocar os poderes divinos da Deusa 
                    Aranha, devido ao seu súbito desaparecimento. Kariel lançou 
                    também sua magia, e fez surgir, a partir de suas mãos, uma 
                    esfera de fogo, que explodiu próximo ao segundo gauth, fazendo-o 
                    cair instantaneamente morto a alguns metros de Arthos.       Os 
                    aventureiros pararam um minuto para respirar. Limiekki e Magnus 
                    ainda estavam sobre o efeito dos encantamentos dos gauths, 
                    mas Kariel tranqüilizou os colegas, dizendo que se esperassem 
                    algum tempo, os dois voltariam ao normal. Entre todos, Magnus 
                    foi quem mais havia se ferido. O paladino apresentava algumas 
                    dolorosas queimaduras embaixo da armadura, além de ferimentos 
                    anteriores. Kariel chamou Non para explorar a porta de uma 
                    das quatro que havia na sala. O chamado tinha também o objetivo 
                    de afastar o drow, deixando Mikhail livre para usar seus poderes 
                    curativos. Bingo também fez a mesma coisa em uma outra porta.       Kariel 
                    e Non abriram a folha de madeira e bronze, que não estava 
                    trancada, e encontraram um pequeno cômodo, de cerca de três 
                    metros quadrados. No centro dele, outro levitador mágico. 
                    Observaram que havia uma abertura circular no teto acima, 
                    desimpedida de grades ou obstáculos. Poderiam usá-la para 
                    alcançar o andar superior, se desejassem. O mago, no entanto, 
                    acho prudente esperar e deixaram o quarto.       Já 
                    Bingo, usando suas técnicas e ferramentas, abriu a porta de 
                    um luxuoso quarto, com belos móveis de madeira negra e tapetes 
                    de seda branca. Haviam algumas vestes decoradas, talvez de 
                    um sacerdote, e uma grande máscara púrpura na parede. Não 
                    havia nada de valor ou diferente o suficiente para atrair 
                    a atenção do halfling, que fechou novamente o cômodo.       A 
                    terceira porta foi aberta por Arthos, que tinha a companhia 
                    de Magnus. O efeito do encanto que paralisava o paladino havia 
                    passado e Mikhail já havia aplicado a cura divina, restaurando-lhe 
                    em grande parte a saúde e curando-lhe as feridas. Os dois 
                    guerreiros encontraram uma sala repleta de armas, escudos 
                    e armaduras.       Limiekki, 
                    que ainda sentia os efeitos do cansaço mágico a que estava 
                    submetido, aproximou-se da última porta não aberta do aposento. 
                    Não teve dificuldades em abri-la, mas nada encontrou, a não 
                    ser pedaços de móveis e outros objetos quebrados.       Mikhail 
                    andou pela grande dimensão do salão. Viu grandes bancos, como 
                    os de um templo, postos de lado e um altar próximo à parede 
                    mais distante da entrada. Havia uma estátua de cerca de um 
                    metro e meio sobre ele. Era a imagem colorida de um drow esguio 
                    e mascarado, com uma expressão de fúria e cabelos pintados 
                    de vermelho, que segurava uma espada curta. Devagar, Non, 
                    Kariel e Limiekki, que haviam terminado suas explorações, 
                    aproximaram-se do clérigo de Mystra.       “Vhaeraun! 
                    Os Aercelt converteram um templo a Lolth ao seu deus maldito!”, 
                    praguejou Non ao ver a figura sobre o altar.“Vi 
                    alguns pedaços de algo que parecia uma imagem, em um pequeno 
                    depósito que encontrei... devia ser uma imagem de Lolth!”
 “Vamos 
                    derrubar este usurpador, que profanou este templo!”, comandou 
                    Mikhail, interpretando seu papel de sacerdotisa de Lolth. 
                    Juntos, os quatro empurraram a imagem, que caiu ao chão, espatifando-se 
                    em muitos pedaços.
 “Agora 
                    falta algo... Dariel ... mostre-me o depósito que mencionou. 
                    Non...venha comigo.”, pediu Kariel.
 “O 
                    que pensa em fazer, mago!”, questionou o drow da Casa Dvaer.
 “Venha 
                    comigo!”, disse Kariel apenas.
       Os 
                    três foram até o pequeno cômodo, cheio de entulho. O mago 
                    começou a procurar e a retirar pedaços da estátua de Lolth 
                    e separá-los em um espaço próximo, sob os olhares dos dois 
                    aliados.       “O 
                    que vai fazer com isto?”, questionou Non, já impaciente.“Recolocá-los 
                    no lugar de direito!”, respondeu Kariel.
 “Repor 
                    a imagem de Lolth neste estado seria até uma blasfêmia. Espero 
                    que abandone esta idéia estranha!”, disse o drow, em tom de 
                    desaprovação.
 “Espere...”, 
                    respondeu o arcano, que começou a realizar alguns gestos e 
                    articular palavras místicas. Os pedaços se moveram rapidamente, 
                    procurando o melhor encaixe possível e remontaram a estátua 
                    de uma drow de belas formas, sem que nenhuma rachadura ou 
                    mesmo arranhão pudesse ser notado. “Sim... vamos recolocar 
                    Lolth no seu devido lugar!”
 “Magnífico, 
                    Karelist!”, exclamou Non, impressionado.
       Então 
                    Non, Kariel e Limiekki levaram a estátua de Lolth e a depositaram 
                    em cima do altar de pedra marmórea negra. O drow da Casa Dvaer 
                    sorriu, satisfeito. Kariel também estava. O truque mágico 
                    serviria para reduzir as desconfianças que pairavam na mente 
                    de Non a respeito deles.       Restaurado 
                    o altar à Lolth, os aventureiros reuniram-se, próximo a escada 
                    espiral que subia. Sentaram em um dos largos bancos do templo.       “E 
                    agora. Continuamos?”, perguntou Bingo.“Preciso 
                    descansar um pouco!”, ainda arfava Limiekki. “Parece que corri 
                    de Forte Zenthil para o Vale das Sombras sem parar! Karelist... 
                    quando é que este encanto vai desaparecer?”
 “Pelo 
                    que li a respeito, em cerca de uma hora!”, respondeu o arcano. 
                    “Dariel... preciso pedir-lhe algo”
 “Sim?!”
 “Emprestei-lhe 
                    minhas braçadeiras encantadas, mas vou precisar delas novamente. 
                    O encanto que me protegia foi dissipado por um daqueles beholders.”
       Limiekki 
                    então desamarrou os itens que carregava ao braço e entregou-lhes 
                    ao arcano, agradecendo-lhe.       “Esperaremos 
                    Dariel se recuperar e subiremos em seguida”, colocou Mikhail. 
                          “Preparem 
                    seus espíritos para o combate. Só temos este andar a subir 
                    e o pior certamente nos aguarda!”       Então 
                    os infiltrados esperaram os minutos passarem, muito lentamente, 
                    enquanto olhavam para escada de pedra em espiral e para o 
                    levitador mágico, que poderiam levá-los ao sétimo e último 
                    andar, rumo ao objetivo de sua missão, e, certamente, em direção 
                    a um dos confrontos mais mortais naquela cidade drow de Maerymidra.
 
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