| Maerimydra Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens principais da aventura: 
 Os 
                    Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound 
                    (Limiekki); Danicus Gaundeford; Klerf Maunader. Os Elfos: 
                    Mikhail Velian; Kariel Elkandor; Arnilan Beldusyr. 
                    O Halfling: Bingo Playamundo. Participação 
                    Especial: Storm Mão Argêntea.
 
 
  
  Maerimydra
 Os 
                    Primeiros Quilômetros Embaixo do Mundo       Arthos 
                    e Arnilan conduziam a nau voadora que levava a Comitiva da 
                    Fé através dos corredores do Subterrâneo 
                    havia mais de duas horas. Vez ou outra, desviavam perigosamente 
                    de enormes estalactites, agudas como presas de dragões, 
                    que se estendiam do teto por dezenas de metros. Não 
                    haviam ruídos ou formas de vida que pudessem ser percebidas 
                    ante ao breu, ferido apenas pela luz da nau. O espadachim 
                    ruivo, aprendiz na arte de guiar o leme deste tipo de transporte, 
                    estava ainda nervoso e cometia alguns erros; virava rápido 
                    demais ou, às vezes, o contrário. Já 
                    o elfo evereskano, piloto especialista, sequer esboçava 
                    algum tipo de emoção, não havia medo 
                    ou apreensão. Estava tranqüilo como o Mar Brilhante 
                    em dia de poucos ventos e de vez em quando, corrigia os defeitos 
                    das manobras de Arthos. A maioria no barco estava silenciosa 
                    e desconfortável com a escuridão, mas alguns 
                    conversavam. Entre eles, Kariel. O mago de cabelos azuis lembrava 
                    ao amigo Magnus, o paladino, sobre alguns eventos do passado.
 “Magnus... 
                    agora vejo sentido nos sonhos premonitórios de Telimas, 
                    o líder da aldeia de Stormpenhauer. Lembra-se do que 
                    ele contou quando passamos pela sua aldeia, meses atrás?”
 “Fala do sonho, 
                    em que os drows dominam a superfície? Bem, Kariel. 
                    As predições podem sempre ser evitadas.”
 “Uma outra coisa 
                    que me inquieta é não saber se os deuses nos 
                    darão outro teste aqui no Subterrâneo. Mystra 
                    havia nos dito que teríamos que dar provas do nosso 
                    valor a Helm, Tymora e Silvanus. Já passamos pelo primeiro, 
                    mas ainda faltam os outros dois!”
 “Não devemos 
                    nos preocupar com isto agora. Espero que os deuses sejam oportunos. 
                    No momento, nos concentraremos em nossa missão!”
 
 Pouco depois, o homem 
                    de meia idade chamado Danicus levantou-se e falou e voz alta
 
 “Estamos nos aproximando, 
                    de acordo com o mapa, da cidade de Maerimydra. Lá, 
                    segundo o diário, Ki´Willis contactou um dos 
                    mais poderosos clãs obedientes à Lolth, a Casa 
                    Chumavh. Deveremos encontrar esta família para descobrir 
                    a localização do seu portal e onde está 
                    a chave que o aciona.”
 “O que vamos dizer 
                    a eles?”, perguntou Kariel.
 “Podemos dizer que 
                    houveram mudanças no acordo e que precisamos substituir 
                    a chave.”, respondeu Storm.
 “Inspecionaremos 
                    também o portal. Assim poderemos saber se ele já 
                    está pronto.”, colocou Mikhail. “O que 
                    me preocupa é o fugitivo Torrellan. Se ele chegou a 
                    esta cidade poderá nos prejudicar.”
 “Não temos 
                    alternativa, Mikhail.”, disse Arthos, virando-se da 
                    poltrona de comando. “Teremos que enfrentá-lo 
                    ou aos problemas que ele causar!”
 “Devo dizer-lhes 
                    que nem eu, nem Arnilan, poderemos sair da nau. Tenho que 
                    estar pronta a defendê-la e o nosso piloto é 
                    muito precioso para arriscar-se em possíveis batalhas. 
                    Acho também prudente que outros, que não forem 
                    indispensáveis, também fiquem. Mikhail, você, 
                    que irá encarnar Narcélia, deverá liderar 
                    o grupo.”, comandou a barda de cabelos prateados.
 “Sim. E quem irá 
                    conosco?”, perguntou o clérigo de Mystra.
 “Um grupo de seis 
                    ou sete será adequado. Quem deseja ir?”
 
 Ao apelo de Storm, todos 
                    os passageiros responderam afirmativamente, por um motivo 
                    ou outro, mas para se adequar ao número de componentes 
                    proposto para aquele grupo avançado, alguns cederam 
                    a favor de outros. Iriam quatro membros da Comitiva e, excepcionalmente, 
                    o professor Danicus, pelo conhecimento adquirido sobre os 
                    costumes dos drows. A equipe seria composta de Mikhail, que 
                    faria a vez da sacerdotisa Narcélia, Kariel, que assumiria 
                    o papel de Karelist, o mago da Casa dos Millithor, Arthos 
                    interpretaria o espadachim Torrellan, e Limiekki, Dariel. 
                    Além destes, iriam Sirius e Danicus, que ganhariam 
                    aparência de drows comuns e os nomes de Zoreg e Glemoran 
                    , retirados da cultura drow, por não haver mais membros 
                    conhecidos do clã dos Millithor dos quais pudessem 
                    adotar os nomes. Seus postos seriam, respectivamente, de um 
                    soldado e um mago do clã. Magnus preferiu permanecer 
                    com Storm, a fim de auxiliar a mulher pela qual nutria grande 
                    afeto, em caso de problemas. Bingo também quis ficar 
                    com o amigo.
 
 Depois desta definição, 
                    os aventureiros passaram a ouvir preleções do 
                    acadêmico, em uma aula que durou aproximadamente uma 
                    hora. Neste tempo, perceberam a nau reduzir sua velocidade. 
                    Arnilan, então, virou-se em seu assento para fitar 
                    os demais e disse:
 
 “Não estou 
                    encontrando o caminho. Terei que fazer uma busca pelas paredes 
                    da caverna em busca de uma passagem.”
 “Pelo que diz o 
                    mapa, estamos longe?”, questionou Arthos, na poltrona 
                    ao lado.
 “Creio que não, 
                    mas as informações não são muito 
                    precisas.”, respondeu o elfo evereskano.
 “Bem. Só 
                    nos resta procurar!”, disse Danicus, dando de ombros.
 “Sugiro que marquemos 
                    o ponto por onde chegamos nesta câmara, para nos orientarmos 
                    mais facilmente.”, sugeriu Mikhail.
 “Como faremos isso?”, 
                    quis saber Sirius.
 “Lhe mostrarei.”, 
                    respondeu o clérigo.
 
 Mikhail pediu a Arnilan 
                    e a Arthos que conduzisse a nau para o corredor por onde haviam 
                    entrado. Chegando próximo, o sacerdote de Mystra rezou 
                    uma prece especial e apontou para uma pedra. A pequena rocha, 
                    incrustada no alto do túnel, iluminou-se, como se fosse 
                    uma lanterna, sinalizando aquela passagem. Após esta 
                    parada, a exploração continuou.
 
 Arnilan descia vagarosamente 
                    a nau, enquanto a luz amarela e forte que emanava da pedra 
                    farol da embarcação iluminava as paredes rochosas, 
                    a procura de uma fenda que possibilitasse a continuidade da 
                    viagem até a cidade drow de Maerimydra. Dentro da cabine 
                    de comando, o sentimento dominante era de angústia 
                    e preocupação. Se não encontrassem o 
                    caminho, teriam que retornar e a missão fracassaria. 
                    A tensão fazia com que alguns, como Kariel e Magnus, 
                    ficassem de pé, fitando a visão da vidraça, 
                    em busca de qualquer detalhe que pudesse apontar para uma 
                    saída. Bingo havia deixado a cabine e ido para o convés. 
                    Sua forma de relaxar foi sentar no assoalho de madeira, acender 
                    seu comprido cachimbo e fumar um pouco da erva halfling, de 
                    aroma bastante agradável.
 Inimigos na Escuridão       Havia 
                    pouco mais de quinze minutos que o farol da nave vasculhava 
                    a caverna e Bingo ainda estava lá, com seu cachimbo, 
                    fazendo anéis de fumaça pelo ar. O pequeno distraía-se, 
                    quando ouviu algo. Parecia que algo havia batido com violência 
                    no casco da embarcação. O halfling então 
                    retornou à cabine, abrindo a porta com pressa.
 “Vocês 
                    ouviram isto?”, perguntou.
 “O 
                    que foi, Bingo?”, indagou Limiekki.
 “Um 
                    barulho, lá fora!”, respondeu o pequeno.
 
 Sirius 
                    e Limiekki foram os primeiros a saírem até o 
                    convés. A iluminação, duas lanternas 
                    de um fogo púrpura colocadas sobre mastros na popa 
                    e na proa, não era o suficiente para que os heróis 
                    investigassem o que havia ao redor. Limiekki foi até 
                    a borda e olhou para baixo. Não conseguiu ver muita 
                    coisa, mas ouviu o ruído de um deslocamento de ar, 
                    como se uma criatura alada houvesse passado muito próximo 
                    à embarcação.
 
 “Acho 
                    que estamos sendo emboscados!”, falou o ranger.
 
 Logo 
                    a agitação tomou conta do lugar e os passageiros, 
                    a exceção de Arnilan, Storm, Danicus e Klerf, 
                    deixaram a cabine e foram para o convés, de armas preparadas 
                    e olhando para todas as direções. Arthos se 
                    dirigiu até a balestra, que estava instalada na popa 
                    e lá retirou a besta que estava na suas costas. Feliz 
                    do espadachim. Um vulto saiu debaixo do navio e voou acima 
                    dele. Era uma criatura incomum, nunca vista pelos experientes 
                    aventureiros: possuía o corpo humanóide, porém 
                    com cerca de três metros de altura. Em seu abdome havia 
                    uma espécie de abertura, de onde projetavam tentáculos 
                    róseos, com estranhas ventosas, que contrastavam com 
                    a sua pele púrpura e escura. Possuía grandes 
                    asas como a de um morcego e de sua face só se destacavam 
                    os olhos amarelos e brilhantes e as narinas. Onde estava a 
                    boca, não puderam ver.
 
 O 
                    monstro arremeteu na direção do ruivo Arthos 
                    e este prontamente disparou um virote certeiro. Limiekki, 
                    ainda que um pouco distante, foi rápido o suficiente 
                    para sacar o arco e também atingir com duas de suas 
                    setas a criatura horrenda, que ferida, vez uma manobra de 
                    desvio e, veloz, apoiou os pés na borda da embarcação 
                    e tomou um poderoso impulso, novamente se movendo para atacar 
                    Arthos, com as garras afiadas que se projetavam de seus dedos. 
                    Só havia alguns segundos e Arthos buscou, com os mãos 
                    trêmulas pelo nervosismo e a pressa, outro virote e 
                    ainda conseguiu um disparo. A criatura recebeu o projétil 
                    e gritou um som inumano e alto. Ainda tentou ferir Arthos, 
                    mas este se esquivou. Um outro tiro, desta vez vindo do arco 
                    de Sirius, perfurou o braço do sombrio inimigo, que 
                    voltou-se novamente com ódio para Arthos. O espadachim 
                    desviou-se novamente e, desta vez, sacou o sabre e aplicou-lhe 
                    um golpe na nuca. E assim, não resistindo, o monstro 
                    caiu morto no piso de madeira.
 
 Outro 
                    daquela espécie saiu das profundezas e aterrizou no 
                    convés, próximo a cabine. Bingo, o pequeno, 
                    foi o primeiro a atacá-lo. Sacou sua espada e desferiu 
                    dois rápidos golpes, tirando um filete de sangue negro. 
                    A criatura, ignorou o ataque do pequenino, preferindo envolver 
                    Mikhail, que estava próximo, em seus braços 
                    poderosos, imobilizando-o e exercendo grande pressão 
                    contra o seu corpo. Tencionava ela colocar o sacerdote de 
                    encontro aos seus terríveis tentáculos localizados 
                    em seu ventre. Kariel testemunhou a situação 
                    e lançou de seus encantos: cinco esferas de energia 
                    brilhante surgiram e partiram de suas mãos para explodir 
                    em um clarão brilhante e silencioso nas costas da criatura, 
                    que, apesar de ter urrado de dor, não libertou o elfo 
                    loiro, clérigo de Mystra. Foi a vez de Magnus, o paladino 
                    de Helm. O jovem guerreiro correu da proa, onde estava, e 
                    com Hadryllis em punho, saltou e golpeou poderosamente o monstro 
                    na altura do pescoço. A força foi suficiente 
                    para decapitar a criatura, que tombou, finalmente libertando 
                    Mikhail.
 
 Quando 
                    esperavam pelo fim do combate, mais criaturas, desta vez, 
                    sete, desceram do alto e pousaram na nau. Coincidentemente, 
                    havia uma para cada herói pronto para o combate. Magnus 
                    foi a primeira vítima. Recebeu um violento golpe de 
                    uma das garras do adversário. Não se feriu, 
                    mas sentiu sob sua armadura o impacto impressionante forte. 
                    Bingo também foi atacado, mas sua pouca estatura foi 
                    bastante útil. Abaixou-se e o braço do monstro 
                    passou sobre sua cabeça. Boa sorte também teve 
                    Limiekki, que conseguiu esquivar, como o amigo halfling. Mikhail 
                    recebeu um golpe, absorvido pela sua armadura, que não 
                    o impediu, porém de em seguida proferir as palavras 
                    de uma prece à Deusa da Magia, em um encanto que tomou 
                    o corpo de seus amigos, fazendo os seus músculos mais 
                    fortes e potentes. Já Kariel, mago que era, evitou 
                    entrar em confronto direto, em prol da conjuração 
                    de um encanto. O elfo de cabelos azuis posicionou-se em linha 
                    com os inimigos, conjurou palavras arcanas e de suas mãos 
                    partiu um relâmpago que atingiu três adversários, 
                    causando-lhes queimaduras e ferimentos. Porém estes 
                    ainda estavam de pé.
 
 Sirius 
                    atacou um dos monstros, que estava enfraquecido com o ataque 
                    do mago. Deu-lhe um golpe forte, no flanco direito e o fez 
                    tombar. Limiekki tentou promover também um ferimento 
                    mortal, mas foi surpreendido. A criatura com a qual lutava 
                    o agarrou pelos braços e os seus tentáculos 
                    ventrais envolveram o mateiro, o empurrando para dentro do 
                    corpo monstruoso. Próximo, Mikhail acertava um golpe 
                    com seu martelo, o Destruidor de Tempestades. A investida 
                    certeira estraçalhou o crânio do adversário, 
                    aniquilando-o. Bingo tentou infligir algumas injúrias 
                    ao monstro que estava por perto, mas errou os golpes. Kariel 
                    deixou os feitiços de lado e puxou a sua élfica 
                    espada. Seu alvo era o oponente que tentava esmagar Limiekki. 
                    Aplicou-lhe um corte lateral e uma perfuração 
                    profunda. O horrendo ser largou o ranger, ajoelhou-se e caiu 
                    morto. Magnus, talvez o mais forte do grupo, obteve mais uma 
                    vitória e a mágica lâmina Hadryllis contou 
                    mais uma besta enviada para o mundo dos mortos.
 
 Restavam 
                    agora somente três criaturas de pé, todas muito 
                    próximas aos aventureiros. Limiekki, refeito da imobilização, 
                    retomou a espada caída e com ela investiu em um dos 
                    inimigos. Desta vez, teve sorte. Atingiu o peito do adversário, 
                    que caiu inerte no tablado de madeira do convés, fazendo 
                    jorrar seu sangue negro. Os dois monstros restantes, diante 
                    da morte de seus pares, resolveram alçar vôo 
                    e fugir, mas o destino dos dois já estava traçado. 
                    Um deles foi alvejado por uma flecha de Sirius e sequer ergueu-se 
                    do piso da nau e o último, em pleno vôo, foi 
                    atingido por projéteis de energia mística, conjurados 
                    por Kariel, e caiu, desaparecendo no negrume do abismo imenso. 
                    Assim a batalha terminou.
 Uma Inesperada 
                    Visão       Observaram 
                    os estranhos corpos com curiosidade. Quantas destas e de outras 
                    estranhas criaturas poderiam haver neste lugar? Magnus, Sirius 
                    e Limiekki livraram-se dos cadáveres, com grande esforço, 
                    jogando-os nau abaixo. Em seguida vieram Arthos, Bingo e Mikhail, 
                    que, com baldes na mão e esfregões, limparam 
                    os vestígios de combate da nau. Felizmente, a batalha 
                    não havia causado danos na embarcação. 
                    Questionaram a Storm, que não havia, por algum motivo 
                    que não sabiam e nem queriam perguntar, participado 
                    do combate, que criaturas eram aquelas. A barda também 
                    não as conhecia.
 Alguns 
                    minutos depois, estavam novamente todos na cabine, muito mais 
                    tensos do que antes, olhando pelo vidro frontal a luz emitida 
                    pela pedra farol. Viram com satisfação uma fenda, 
                    grande o suficiente para a passagem da nau e Arnilan decidiu 
                    seguir por ela. E o barco navegou pelo ar por mais uma hora 
                    depois daquilo, quando o piloto evereskano anunciou que o 
                    corredor onde estavam em breve se abriria em uma enorme câmara, 
                    de dimensões gigantescas. Foi quando Storm pediu a 
                    atenção dos passageiros:
 
 “Pelas 
                    orientações do diário de Ki’Willis, 
                    devemos estar próximos à cidade de Maerimydra. 
                    Acho que não devemos expor a nau aos drows. Não 
                    sabemos se é normal na cultura deles a utilização 
                    de tais transportes.”
 “Podemos 
                    criar um portal e, a partir dele, chegar até a cidade.”, 
                    sugeriu Kariel.
 “É 
                    uma idéia. Assim que estivermos próximos, usaremos 
                    o encanto que os transformará em drows. Fiquem atentos.”
 
 O 
                    pedido de Storm Mão Argêntea não era necessário. 
                    A ansiedade dos passageiros em ver a esperada cidade já 
                    era bastante grande. Quando a nau saiu do corredor rochoso 
                    pôde-se ver, bem abaixo, em um platô de pedra, 
                    as construções da pequena cidade drow de Maerimydra. 
                    Eram edifícios quadrados e circulares com pequenas 
                    janelas, além de torres pontiagudas, todos em uma pedra 
                    cinzenta e fosca. As ruas, na maioria dos trechos, eram fracamente 
                    iluminadas por uma lanterna de luz púrpura, colocadas 
                    em postes. Mas algo estava errado. Havia escombros por toda 
                    a parte e a grande parte dos prédios estava danificada. 
                    Em alguns deles, ainda havia chamas e fumaça. Não 
                    viram movimento. Parecia ser Maerimydra uma cidade arrasada 
                    e desabitada.
 
 “O 
                    que aconteceu aqui!?”, perguntou-se Mikhail. “Será 
                    que alguma criatura ou um poderoso exército invadiu 
                    esta cidade?”
 “Seja 
                    lá o que for, se os drows que moravam aqui não 
                    conseguiram derrotar, não somos nós que o faremos!”, 
                    disse Sirius.
 “Temos 
                    que descobrir primeiro o que está acontecendo.”, 
                    falou decidida Storm.       “Arnilan, 
                    vamos pousar a nau em um lugar mais afastado!”, comandou.
 
 O 
                    elfo evereskano conduziu a nave até um platô 
                    mais elevado, longe da maioria das edificações. 
                    Enquanto sobrevoavam Maerimydra, os recém chegados 
                    viram um grande castelo e o que parecia ser uma arena circular. 
                    Desceram vagarosamente e pareciam estar em segurança.
 
 “Gostaria 
                    que a equipe de exploração se reunisse agora. 
                    Lançarei o encanto de disfarce. Quanto a Kariel, pode 
                    guardar o seu sortilégio para mais tarde. Creio que 
                    posso dar conta dos seis sozinha!”
 
 Então 
                    se aproximaram Mikhail, Arthos, Limiekki, Kariel, Sirius e 
                    o professor Danicus. A barda de cabelos prateados executou 
                    alguns gestos precisos e pronunciou palavras estranhas e incompreensíveis 
                    aos ouvidos não familiarizados às artes místicas. 
                    Após isto, o corpo e os objetos dos seis exploradores 
                    se transformaram. Os heróis tinham agora a pele cor 
                    negra obsidiana, cabelos brancos e armas e trajes com a aparência, 
                    ao mesmo tempo bela e sombria, dos objetos usados pelos drows. 
                    Agora chamar-se-iam Narcélia, Torrellan, Dariel, Karelist, 
                    Zoreg e Glemoran Millithor.
 
 “Aguardaremos 
                    por notícias. Nos encontraremos aqui, quando descobrirem 
                    mais. Desejo que Mystra os proteja.”, disse a mulher 
                    aos aventureiros, que também receberam votos de boa 
                    sorte dos amigos que ficaram embarcados.
 
 Desceram 
                    a pequena plataforma de madeira que ligava o convés 
                    ao solo liso e negro de pedra, pisando na cidade drow. Sentiram 
                    o ar úmido e frio do Subterrâneo. Em seguida, 
                    viram a nau levantar vôo lentamente, para a segurança 
                    das alturas e da escuridão da enorme caverna.
 
 Andaram 
                    juntos, pelas ruas largas e desoladas, tentando escutar e 
                    observar tudo o que viam. Encontraram paredes incendiadas, 
                    objetos pelo chão, potes quebrados. Limiekki, porém 
                    viu algo mover-se nas sombras a frente. Era um vulto, um ser 
                    corpulento e alto.
 
 “Algo 
                    vem vindo!”, alertou aos seus camaradas. “Algo 
                    grande!”
 
 Os 
                    heróis prepararam suas armas que, como o tudo que levavam, 
                    se assemelhavam com artefatos drows. Viram sair das construções 
                    a frente em direção a rua por volta de dez criaturas, 
                    que estavam a cerca de quinze metros de distância. A 
                    luz púrpura de uma lanterna mágica colocada 
                    em um poste, revelou a aparência dos seres que se aproximavam. 
                    Eram criaturas ferais, grandes e robustas, com pouco mais 
                    de dois metros de altura, corpo coberto de pelos e presas 
                    que se projetavam dos seus maxilares inferiores. Estavam trajando 
                    armaduras e seguravam maças nas mãos. Na superfície, 
                    eram estes monstruosos homens animais conhecidos como bugbears. 
                    Um deles, ao avançar, gritou na direção 
                    da Comitiva:
 
 “Morte 
                    aos seguidores de Lolth! Morte aos opressores!”
 
 Os 
                    heróis, agora drows, tomaram posição 
                    de combate. Kariel, porém, foi quem primeiro atacou, 
                    usando uma de suas magias. Fez surgir em torno de sete dos 
                    inimigos um círculo de chamas, com paredes de cerca 
                    de seis metros de altura. O fogo queimou os bugbears, fazendo 
                    dois deles tombarem mortos imediatamente. O restante foi isolado 
                    do combate. Presos dentro do círculo, sentiam o calor 
                    infernal e urravam de dor.
 
 Sirius 
                    foi, dentre os outros, quem se projetou mais rapidamente em 
                    direção dos adversários restantes. Estava 
                    com a espada em punho e aproveitou a força da investida 
                    para aumentar a potência de seu golpe. O guerreiro, 
                    além de habilidade, contou com grande sorte: seu ataque 
                    atingiu o inimigo em uma abertura na proteção 
                    de couro da armadura, e conseguiu atingir seu coração. 
                    Mais um oponente tombava.
 
 Limiekki, 
                    foi o segundo a conseguir se aproximar. O ranger segurava 
                    uma faca e um machado de uma mão. O monstro, tentou 
                    golpeá-lo duas vezes, com sua maça de cravos 
                    pontiagudos. Limiekki esquivou das duas investidas. Em seguida 
                    foi a vez de atacar. Conseguiu disferir rápidos e precisos 
                    golpes, acertando o pescoço do monstro, causando-lhe 
                    um ferimento fatal.
 
 Somente 
                    havia um bugbear livre para o combate, mas este, vendo o inesperado 
                    poder dos adversários, simplesmente virou as costas, 
                    largou a maça e correu o mais rápido que pôde, 
                    em direção as sombras. Arthos ainda tentou seguí-lo, 
                    correndo e saltando de modo acrobático por sobre os 
                    escombros da cidade, mas a criatura desapareceu em uma esquina 
                    sombria.
 
 Dentro 
                    do círculo de fogo invocado por Kariel, o desespero 
                    tomou conta dos bugbears. Decidiram tomar um impulso e atravessar 
                    a parede de chamas. Correram e assim o fizeram. Não 
                    lograram êxito, e caíram, do outro lado, mortos 
                    e fumegantes, contrariando a idéia do mago da Comitiva, 
                    que, na verdade, queria alguns deles vivos para promover um 
                    interrogatório.
 
 “É 
                    impressionante vê-los em ação!”, 
                    exclamou Danicus, o professor Harpista.
 “Pena 
                    que não sobrou ninguém para nos dizer o que 
                    está acontecendo aqui!”, lamentou Mikhail.
 “E 
                    você acha que só tinham estes daí?! Aposto 
                    que esta cidade deve estar cheia destes bugbears!”, 
                    disse Sirius.
 “É 
                    melhor saímos daqui.”, comentou Danicus. “O 
                    fugitivo pode chamar por reforços!”
 “Sugiro 
                    irmos até aquele castelo que avistamos! Se o clã 
                    Chumavh era uma dos mais poderosos pode ser lá a sua 
                    morada!”, colocou Arthos.
 
 Como 
                    não havia uma alternativa mais adequada, foram então 
                    pelas ruas, seguindo a direção das altas torres 
                    do castelo drow. O grupo dividiu-se em três partes: 
                    Limiekki e Sirius iam a frente, como batedores, Kariel, alguns 
                    metros atrás seguia invisível, graças 
                    a uma propriedade mágica de seu elmo encantado, e ainda 
                    mais alguns metros depois, seguiam Arthos, Mikhail e Danicus.
 
 O 
                    ambiente, naquele ponto da cidade, estava completamente escuro. 
                    Não fosse a magia de disfarce poderosa o suficiente 
                    para prover o grupo com a capacidade dos olhos dos drows em 
                    ver mesmo na escuridão, não conseguiriam avançar 
                    sem alguma dificuldade. Limiekki notou algo a frente. Haviam 
                    cadáveres de drows no chão. Chamou seu companheiro 
                    Sirius e ajoelhou-se para examinar um deles. Segundo seus 
                    conhecimentos, o elfo negro havia morrido a cerca de duas 
                    ou três semanas, dado o estado do corpo e o odor de 
                    putrefação. Recolheu o ranger um pingente que 
                    havia com o infeliz habitante do Subterrâneo, levantou-se 
                    e levou os demais até o local da descoberta.
 
 “Ele 
                    está morto a duas ou três semanas! Encontrei 
                    isto.”, mostrou Limiekki a jóia negra e dourada, 
                    com a figura de uma teia e uma espada.
 O professor Danicus pediu o pingente e examinou o brasão 
                    que havia nele.
 “É 
                    um símbolo de um clã, mas não é 
                    da casa Chumavh!”
 “Limiekki... 
                    pode identificar que tipo de arma matou o drow?”, perguntou 
                    Kariel.
 O ranger então verificou um orifício no tórax 
                    do corpo e depois recolheu do chão uma lança 
                    quebrada, próxima a ele.”
 “Acredito 
                    que tenha sido esta.”
 “Professor 
                    Danicus... será que pode identificar que cultura construiu 
                    esta arma?”, voltou-se o mago ao acadêmico Harpista, 
                    que tomou de Limiekki a lança.
 “Pelo 
                    que eu li sobre armas e materiais, diria que a arma é 
                    da própria cultura drow.”
 “Pode 
                    ser que os drows tenham lutado entre si ou que os tais bugbears 
                    que nos atacaram tenham roubado as suas armas e se voltado 
                    contra eles!”, especulou Sirius.
 “Os 
                    drows vivem em conflito pelo poder. Podemos estar testemunhando 
                    o resultado de um conflito entre casas!”, colocou Mikhail.
 “Acho 
                    que vai além disto. Prestem atenção: 
                    um dos bugbears que nos atacou gritou ‘Morte aos seguidores 
                    de Lolth!’, lembram? Talvez não seja apenas uma 
                    luta entre clãs, mas entre cleros diferentes.”
 
 A 
                    hipótese fez o grupo pensar e procurar mais vestígios. 
                    Encontraram mais adiante os corpos de uma criatura metade 
                    homem, metade touro, de uma sacerdotisa e de um guerreiro.
 
 “Pela 
                    deusa, que monstro é este?”, indagou Limiekki, 
                    apontando para o cadáver do monstro.
 “É 
                    um minotauro! Já enfrentei uns destes antes!”, 
                    respondeu Arthos.
 
 Mikhail 
                    aproximou-se do corpo da sacerdotisa e procurou por algum 
                    vestígio. Encontrou um pingente, com o desenho de uma 
                    aranha, com a face de uma drow, descendo pelo fio de uma teia. 
                    Era o símbolo de Lolth. Encontrou também um 
                    pingente, com o mesmo brasão simbolizando uma casa 
                    drow, identificado por Danicus, momentos atrás.
 
 O 
                    guerreiro morto também foi examinado. Suas vestes tinham 
                    padrões um pouco diferentes dos outros dois drows encontrados 
                    anteriormente. Em suas roupas havia muito em tom púrpura 
                    e nenhuma aranha estava bordada na rica armadura negra. Seus 
                    bolsos e pescoço foram investigados. Descobriu-se um 
                    medalhão com um brasão, exibindo a figura de 
                    uma máscara púrpura, com um par de lentes negras.
 
 “Será 
                    o símbolo de alguma casa?”, perguntou Mikhail 
                    a Danicus.
 “Ou 
                    divindade...”, completou Kariel.
 “Não 
                    sei!”, respondeu o professor coletando o medalhão. 
                    “Mas posso investigar mais tarde!”
 
 Foram 
                    andando e encontrando mais cadáveres de drows. Alguns 
                    deles também foram examinados e novamente descobriu-se 
                    símbolos de Lolth e o desconhecido emblema da máscara 
                    púrpura. A uma certa distância, alguns orcs e 
                    goblins mortos estavam espalhados ao chão. Usavam algemas 
                    partidas.
 
 “Escravos!”, 
                    deduziu em voz alta, Arthos.
 
 Após 
                    caminharem pelo cenário desolado por mais alguns minutos, 
                    chegaram as portas do sombrio castelo drow. Os portões, 
                    com muitas marcas de golpes, estavam cerrados, mas havia uma 
                    ruptura estreita em uma das paredes. Colocaram os olhos pela 
                    fenda. Tudo parecia silencioso e vazio. Resolveram entrar 
                    e assim, um a um, passaram com dificuldade, pela abertura.
 
 Chegaram 
                    a um corredor estreito, de pedras de cor âmbar. O ar 
                    era mais pesado e havia um odor de morte no ambiente. A medida 
                    que avançavam, com atenção, cautela e 
                    armas em punho, notaram tapeçarias queimadas nas paredes, 
                    vasos e frascos partidos pelo chão. Ao final do corredor, 
                    encontraram uma escada, que estava obstruída por pedras. 
                    Retiraram-nas do meio do caminho e conseguiram espaço 
                    suficiente para subir. Chegaram num grande salão. Nas 
                    paredes, haviam os símbolos de Lolth e de uma Casa 
                    drow, a mesma retratada nos pingentes encontrados nos corpos 
                    que jaziam nas ruas. E haviam mais deles no chão, forrado 
                    com uma tapeçaria vermelha, que exalavam um cheiro 
                    de podridão. Um destes cadáveres era enorme 
                    e despertou interesse particular da Comitiva. Era um humanóide 
                    de três metros e meio de altura, pele cor de bronze, 
                    barba e cabelos grossos e ruivos, de um vermelho claro e intenso.
 
 “Um 
                    gigante?”, disse Arthos.
 “Um 
                    gigante do fogo!”, colocou Kariel, mais preciso. “Já 
                    encontrei um deles, a muito tempo atrás, com outros 
                    companheiros da Comitiva, que já não estão 
                    entre nós hoje!”
 “Não 
                    parece haver sobreviventes por aqui! Deveríamos procurar 
                    em outro lugar”, colocou Limiekki.
 “O 
                    símbolo na parede não é da casa Chumavh. 
                    Talvez nosso amigo tenha razão!”, concordou Danicus.
 
 A 
                    maioria concordou com a idéia, a exceção 
                    de Kariel. O elfo queria mais tempo para procurar por documentos 
                    ou algo que pudesse conter um relato dos últimos acontecimentos 
                    em Maerimydra, mas acabou convencido pelos demais a partir. 
                    Desceram novamente a escada e percorreram o corredor. Momentos 
                    depois, estavam novamente nas ruas da cidade morta.
 
 Para 
                    ter uma visão melhor dos prédios da cidade, 
                    Arthos resolveu subir nos escombros de um deles, para olhar 
                    a cidade de um ponto mais alto. Sentiu, graças a seu 
                    corpo de drow, novamente a leveza da época em que pertencia 
                    à raça dos elfos, e então notou o quanto 
                    já estava acostumando-se ao peso do corpo humano. O 
                    ruivo homem tornado drow subiu com destreza os destroços 
                    e alcançou o andar superior de um edifício. 
                    Viu que a frente existia uma construção circular 
                    e alta. Pensou ser a arena que haviam visto enquanto sobrevoavam 
                    a cidade. Pelos grandes arcos e janelas que haviam nas paredes, 
                    o espadachim via luz. Desceu e foi ter com os colegas de aventura.
 
 “Amigos. 
                    Vi um prédio circular, além desta rua. Pode 
                    ser a arena que vimos. Existe luz saindo de suas janelas!”
 “Perdoe-me 
                    minha opinião, mas aposto que o lugar está cheio 
                    de bugbears contando o espólio deixado pelos drows!”, 
                    disse Sirius.
 “Não 
                    temos muitas escolhas. Precisamos encontrar alguma informação 
                    e ficar parado aqui não irá ajudar!”
 “Mikhail 
                    tem razão.”, disse Arthos. “Mas, sugiro 
                    que alguns vão na frente, como batedores, novamente. 
                    Limiekki...pode ir comigo?”
 “Sim, 
                    Arthos! Vamos”, respondeu o mateiro.
 “Irei 
                    logo atrás, invisível!”, colocou Kariel.
 
 Assim 
                    foram Arthos e Limiekki a frente, seguidos, aproximadamente 
                    quinze metros depois por Kariel e mais quinze pelos demais.
 
 Arthos 
                    e Limiekki andavam em meio a uma larga via e já podiam 
                    ver as paredes do edifício acima dos prédios 
                    da rua. Repentinamente, ouviram passos, que pareciam vir a 
                    frente. A reação comum dos dois foi a de procurar 
                    abrigo e assim o fizeram em meio à alguns restos de 
                    mobília e de paredes. Não viram os dois, mas 
                    um quarteto de bugbears , que estava atrás deles, já 
                    os haviam avistado. Sorrateiramente, os monstruosos homens 
                    fera iam se aproximando dos locais onde Arthos e Limiekki 
                    se ocultavam. Pela sorte de Tymora, Kariel os enxergou. Os 
                    monstros ergueram suas maças para desferir golpes, 
                    quando o mago, sem muitas alternativas, gritou, perdendo assim 
                    sua condição de invisibilidade:
 
 “Arthos, 
                    Limiekki, virem-se!”, alertou o elfo, esquecendo-se 
                    mesmo dos nomes falsos pelos quais deveria chamar os amigos.
 
 O 
                    aviso de Kariel chegou aos ouvidos dos dois aventureiros em 
                    tempo suficiente para estes percebessem o perigo e conseguissem 
                    atacar seus oponentes. Arthos, girou seu corpo e o sabre com 
                    ele, fazendo um profundo talho no peito do bugbear. Em seguida 
                    ainda perfurou o coração do monstro, que caiu 
                    ao solo. O outro, porém, conseguiu tempo suficiente 
                    para golpear, com sua maça estrela. Arthos evitou um 
                    ferimento mais grave, inclinando-se para a direita, porém 
                    a ponta de alguns cravos chegaram a rasgar a manga bufante 
                    de seu traje. O espadachim executou um golpe de precisão, 
                    e atingindo o punho do adversário, fez com que este 
                    deixasse cair sua arma. E em outro golpe, cortou a perna do 
                    inimigo, fazendo-o cair, desmaiado, no solo.
 
 Limiekki 
                    também reagiu: manejando sua faca e o machado de uma 
                    mão, golpeou com extrema velocidade um dos bugbears, 
                    matando-o. Do ataque do segundo, livrou-se jogando o corpo 
                    para trás. O mateiro então aproveitou a falha 
                    do oponente para mais uma vez lançar mão dos 
                    golpes velozes e mortais. Rapidamente, o último monstro 
                    caiu morto, com o abdome aberto pela lâmina do ranger.
 
 Arthos 
                    e Limiekki ainda conseguiram ver, a frente, mais dois bugbears 
                    que fugiam em disparada, depois do fracasso dos seus companheiros. 
                    Terminado o combate, os dois foram até Kariel.
 
 “Vocês 
                    estão bem?”, perguntou o elfo de cabelos azuis.
 “Um 
                    bugbear quase arranca meu pescoço com uma maça, 
                    mas graças a seu aviso estamos bem!”, respondeu 
                    Limiekki.
 
 Neste 
                    momento, chegaram os demais e assim reuniram-se.
 
 “Mais 
                    bugbears?”, perguntou Danicus.
 “Sim. 
                    E dois deles fugiram, aparentemente na direção 
                    da arena!”, respondeu Arthos.
 “Começo 
                    a me perguntar se será prudente ir mesmo naquela direção!”, 
                    ponderou o professor Danicus.
 
 De 
                    repente, uma voz ouviu-se, vinda de algum lugar no alto.
 
 “Vocês 
                    são seguidores de Lolth?”, perguntou.
 
 Os 
                    heróis olharam para o alto e, em uma marquise, estava 
                    de pé a silhueta esguia de um drow.
 
 “Quem 
                    quer saber?”, respondeu Kariel.
 “Se 
                    não me disserem, irei embora e os deixarei aqui!”, 
                    respondeu o elfo negro.
 “Somos!”, 
                    respondeu Mikhail, que personificava a sacerdotisa Narcélia.
 “Prove!”, 
                    exigiu o interlocutor.
 
 Mikhail 
                    mostrou um pingente, com o símbolo de Lolth. O drow 
                    então saltou para o solo e aproximou-se e olhou atentamente. 
                    Houve tensão no ar e os corações dos 
                    heróis bateram forte e rápido. Se descobrissem 
                    seus disfarces, poderiam estar em apuros. Porém, ao 
                    que tudo indicou, o objeto foi avaliado como autêntico.
 
 “Ouvi 
                    a conversa de vocês. Se forem até a arena encontrarão 
                    um matadouro. Talvez eu seja a única saída que 
                    tenham!”
 “Em 
                    nome da Rainha Aranha, o que aconteceu aqui?”, perguntou 
                    Arthos.
 “Então 
                    são forasteiros! Não vieram aqui recentemente?”
 “Não. 
                    Estivemos neste lugar há muitos anos atrás!”, 
                    completou Kariel.
 “Escolheram 
                    então uma hora ruim para fazer-nos uma visita!”, 
                    comentou o elfo negro. “Maerimydra foi destruída. 
                    Houve uma guerra, a pouco mais de um mês.”
 “Acho 
                    melhor não ficarmos parados neste lugar. Os bugbears 
                    fugitivos podem retornar com reforços!”, advertiu 
                    Limiekki.
 “Você 
                    está certo! Vamos para um lugar mais seguro. Não 
                    devemos perder tempo. Sigam-me!”, falou o drow misterioso.
 
 A 
                    Comitiva então caminhou junto com o estranho, pelas 
                    ruas e ruínas da cidade. Tinham finalmente a possibilidade 
                    de conseguir algumas respostas para as perguntas que os intrigavam, 
                    desde que puseram os pés na cidade devastada.
 
 “A 
                    que casa você pertence?”, questionou Mikhail.
 “Pertenço 
                    a casa dos D´Vaer”, respondeu.
 “O 
                    que houve com a cidade?”, Mikhail também quis 
                    saber.
 “Traidores... 
                    os hereges! Tentaram nos aniquilar!”, disse com ódio 
                    na voz. “Se aproveitaram da situação, 
                    de que Lolth não mais responde nossos pedidos!”
 “E 
                    a Casa Chumavh?”, continuou Mikhail a perguntar.
 “Foi 
                    uma das primeiras a ser destruídas, senhora! Eles eram 
                    os mais fortes e ocupavam o castelo Maerimydra. Foram aniquilados 
                    pela casa Aercelt, os traidores seguidores de Vhaeraun! Só 
                    existem agora, além da Casa Aercelt, a Casa Oorthagus, 
                    seguidores de Ghaunadaur, e nós, da D´Vaer, única 
                    sobrevivente dentre as que adoravam à Lolth.”
 “Enquanto 
                    a estes goblinóides e bugbears?”, Arthos indagou.
 “Eram 
                    nossos escravos. Durante a guerra, houveram rebeliões 
                    e eles escaparam. Dois gigantes do fogo, um chamado Wodu e 
                    outro conhecido como Drull, conseguiram organizar os fugitivos 
                    em um exército. O líder de campo é um 
                    bugbear chamado Guldor, subordinado a eles.”, o drow 
                    fez uma pausa e resolveu que também era sua vez de 
                    perguntar. “E vocês? Quem são? Qual o interesse 
                    que têm na casa Chumavh?”
 
 A 
                    Mikhail, que interpretava a sacerdotisa e líder do 
                    grupo, coube a resposta.
 
 “Somos 
                    os Millithor. Estivemos aqui a muito tempo atrás. Tínhamos 
                    negócios com a Casa Chumavh.”
 “A 
                    senhora usou com propriedade o tempo passado. Estão 
                    todos mortos. A Casa Aercelt os assassinou e tomou-lhes o 
                    castelo. Agora a Casa mais poderosa é a deles, liderada 
                    pelo tirano Welveryn Mallakar! Eles devem possuir um exército 
                    de pelo menos cem drows.”
 “Os 
                    bugbears são aliados deles?”, interveio Sirius.
 “Não 
                    que eu saiba. Os Aercelt não temem os escravos. Mas 
                    existem rumores que desejam fazer um acordo com a Casa Oorthagus 
                    e assim dominar definitivamente a cidade. O objetivo deles 
                    é nos destruir.”
 “E 
                    vocês, quantos são?”, Kariel questionou.
 “Somos 
                    cerca de oitenta. Estamos tentando reunir nossas forças!”
 “Têm 
                    algum plano? Vão ficar parados?”, disse Arthos.
 “Não 
                    temos muitas alternativas, a não ser planejar e esperar 
                    que Lolth nos responda! Temos fé que ela irá 
                    retornar para nós!”, disse o drow, com um tom 
                    de tristeza ao proferir as últimas palavras.
 
 A 
                    Comitiva cessou o interrogatório. Os seis já 
                    estavam distantes do centro da cidade e se caminhavam por 
                    uma rua larga, na periferia da cidade, em direção 
                    ao último reduto dos seguidores de Lolth. Os cruéis 
                    drows sempre haviam sido seus adversários ferozes, 
                    mas vê-los acuados e mortos, espalhados ao chão 
                    não lhes davam satisfação. A morte e 
                    a guerra, não importava em qual Reino ou sob qual raça 
                    pairava, sempre levava sentimentos de tristeza àqueles 
                    que presenciavam seus efeitos. Aos poucos, afastaram-se do 
                    centro de Maerimydra para encontrar a próxima página 
                    do seu destino na sua missão no Subterrâneo.
 
 
 
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