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                    Destino Final dos Millithor Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens principais da aventura: 
 Os 
                    Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound 
                    (Limiekki). Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. 
                    O Halfling: Bingo Playamundo.
 
 
  
  O Destino Final dos Millithor
 Duelos 
                    Decisivos       Estavam 
                    na grande sala circular no complexo de cavernas do Monte da 
                    Adaga. Era um espaço trabalhado pelas mãos de 
                    um arquiteto, e não pela natureza. O formato regular 
                    e arredondado, o belo piso em rocha negra, semelhante ao granito, 
                    a escada em metal e pedra, e a sacada esculpida de onde se 
                    mostravam os drows eram prova disso.
 Cinco era o número 
                    de drows, sendo que um deles permaneceu nas sombras ocultando 
                    sua presença. Um deles estava trajado de forma elegante 
                    com um couro muito bem costurado, uma capa de tecido de grande 
                    qualidade e de origem exótica, no braço esquerdo 
                    um broquel, na cintura repousava um bonito sabre e para completar 
                    ele tinha um chapéu. Havia outro de massa corporal 
                    maior, seus músculos roçavam na sua cota de 
                    malha. As outras duas eram mulheres, ambas eram sacerdotisas 
                    de Lolth e trajavam cota de malha. Uma delas tinha um lindo 
                    cabelo solto enquanto a outra tinha uma beleza mais recatada.
 
 Mas nada daquilo importava 
                    muito agora, para os aventureiros da Comitiva da Fé. 
                    Só tinham olhos para os oponentes e os seus corações 
                    batiam rápido, no ruído de um galope ligeiro. 
                    Mikhail olhava especialmente a sacerdotisa, que conjurava 
                    um encanto, movimentando as mãos e pronunciando determinadas 
                    palavras. De prestar atenção, identificou o 
                    sortilégio e percebeu o elfo dourado a intenção 
                    da clériga da perversa deusa Lolth. Queria lançar 
                    sobre Sirius um feitiço que o faria ficar imóvel, 
                    e assim, retirá-lo do combate, permitindo que seus 
                    asseclas tomassem vantagem na luta. Mikhail, como forma de 
                    contra atacar, então preparou uma prece capaz de cessar 
                    a energia mística e lançou sobre a drow. O efeito 
                    do encanto divino anulou o feitiço da Matrona, frustrando 
                    o seu intento. A sacerdotisa, que chamava-se Narcelia da casa 
                    drow Millithor, enfureceu-se com o fracasso e gritou para 
                    os dois guerreiros que estavam com ela:
 
 “Torrellan, Marckarius! 
                    Destruam estes intrusos!”
 
 Um deles começou 
                    a descer uma das escadas, as duas mulheres permaneceram lá. 
                    O drow esguio, de chapéu e capa, sacou o sabre e se 
                    dirigiu para a beira da sacada. O outro, um guerreiro musculoso 
                    portando uma espada e um escudo, rumou pela escadaria da direita 
                    e foi de encontro à Magnus de Helm. Os demais membros 
                    da Comitiva, distantes demais para um combate corpo a corpo, 
                    aguardavam o momento correto para avançar ou procuravam 
                    tirar vantagem da distância.
 
 Neste última categoria, 
                    estava o mago Kariel. Apesar do elfo possuir treinamento em 
                    combate, e de fato, por algum tempo, ter se valido mais da 
                    espada do que um grimório, era verdadeiramente um mago 
                    e magos não costumam estar na linha de frente. Seus 
                    fantásticos sortilégios eram sua valia e armas 
                    mais eficazes. Pois então, Kariel preparou-se para 
                    um encanto. Pretendia invocar uma rama de energia e eletrocutar 
                    alguns adversários. Porém, não contava 
                    o jovem príncipe de Kand com uma traiçoeira 
                    lâmina vinda da escuridão. Um outro drow, que 
                    estava invisível por algum sortilégio mágico, 
                    o golpeou por trás. O ferimento não foi fatal, 
                    mas a dor repentina interrompeu a concentração 
                    do arcano, que errou a recitação das palavras, 
                    desperdiçando o ritual de conjuração 
                    e consequentemente, o encanto que estava a preparar. Mas havia 
                    uma pequena ironia. Sem que o drow percebesse, estava Bingo 
                    oculto atrás dele, e avançou o pequeno furtivamente 
                    e o inimigo provou de seu próprio veneno, porém 
                    não podia esperar que fosse tão amargo. Bingo 
                    aplicou-lhe um golpe com sua pequena espada, executado com 
                    precisão, em um espaço descoberto pela armadura. 
                    O sangue que derramou ao chão pela primeira vez naquela 
                    era drow. Kariel virou-se e viu Bingo e o oponente que tentava 
                    se refazer do golpe do pequeno. Sacou sua espada preparou-se 
                    para o combate franco. Atacou o inimigo que se defendeu, porém 
                    o pequeno, não tardou em dar outros golpes de sucesso 
                    e o infeliz elfo das trevas, de nome Dariel Millithor, tombou, 
                    primeira vítima do combate.
 
 Sirius retirou seu arco 
                    das costas e três flechas de sua aljava. Pretendia acertar 
                    uma das sacerdotisas, que dera a ordem de ataque para os guerreiros. 
                    Acreditava que um líder eliminado sempre abalava, de 
                    alguma forma, a moral dos comandados e por isto fez a escolha 
                    de seu alvo. Rápido, colocou a flecha e fez o disparo, 
                    e em seguida outro e mais um. Porém, poderia dizer 
                    um crente da Deusa da Sorte, Tymora não lhe sorriu. 
                    Seja pela penumbra, falta de precisão ou mesmo azar, 
                    todos os três projéteis se perderam, passando 
                    a alguns centímetros do corpo da drow. O pobre Limiekli 
                    teve o mesmo destino que o companheiro. Atirou os projéteis 
                    e mais três flechas na outra sacerdotisa que não 
                    atingiram o alvo. Esta, chamada Carcelen Milithor, fez uma 
                    pequena oração a Deusa Aranha e aumentou suas 
                    capacidades de combate com um encanto.
 
 Marckarius, o forte guerreiro 
                    e Senhor das Armas da casa Millithor, já havia descido 
                    todos os degraus negros e estava frente a Magnus, com a espada 
                    em punho. Seus olhos, de pupilas vermelhas, fitavam os do 
                    paladino, com ódio e decisão.
 
 “Não sei 
                    como fez para retornar, mas devolverei sua alma para Kelemvor, 
                    seu Deus da Morte!”, ameaçou.
 “Aquela foi a minha 
                    vez de morrer, hoje será a sua!”, devolveu o 
                    paladino na mesma moeda.
 
 O drow tomou a iniciativa. 
                    Executou uma finta, fingiu um ataque, testando a velocidade 
                    de reação do paladino. Em seguida, golpeou. 
                    A lâmina, de um aço estranhamente azulado, arranhou 
                    o peito do humano. A armadura de Magnus o protegeu, mas este 
                    sentiu a dor e o impacto do golpe. Algo mais havia naquela 
                    espada, pois seu toque provocou um frio intenso, cujo efeito 
                    só não fora prejudicial graças a proteção 
                    que Hadryllis lhe conferia. Logo depois veio o revide. Com 
                    a guarda aberta pelo movimento feito ao golpear, Marckarius 
                    recebeu Hadryllis. Também foi protegido pela sua cota 
                    de malha, mas sentiu dor idêntica a que havia infligido 
                    ao paladino. Este combate seguiu equilibrado.
 
 Do outro lado, o drow 
                    chamado Torrellan decidiu demonstrar sua agilidade. Deu um 
                    salto da beira da sacada, executando uma difícil e 
                    impressionante proeza física: um salto mortal. Caiu 
                    de pé, pouco a frente de Arthos e próximo de 
                    Sirius. Arthos o encarou, esperando pela iniciativa do oponente, 
                    mas o mesmo não fez seu amigo. Sirius, procurando com 
                    a lâmina o sucesso que não conseguiu com as flechas, 
                    avançou, mas foi detido, não por um movimento 
                    do adversário, mas por um gesto do braço do 
                    próprio companheiro.
 
 “Sirius... deixe-me 
                    lutar sozinho contra ele.”, pediu Arthos.
 “Não seja 
                    tolo! Vamos derrotar logo estes drows!”
 “Espero que entenda. 
                    É uma questão de honra.”
 “O que é 
                    isto!?”, disse Torrellan sorrindo. “Estão 
                    sedentos para morrer? Que venham os dois!”, desafiou.
 
 Mas somente Arthos assumiu 
                    a postura de combate, ficando Sirius recuado, respeitando 
                    a vontade do amigo. Sabe ele que o drow em questão 
                    já havia derrotado Arthos, tempos atrás, por 
                    isso compreendeu o confronto. Arthos então apontou 
                    o seu sabre para Torrellan e avançou. O drow defendeu 
                    o golpe com sua arma, mas um outro ataque veloz arranhou seu 
                    flanco esquerdo.
 
 Do alto da sacada, a sacerdotisa 
                    Narcelia, viu o combate se desenvolver e um de seus aliados 
                    morrer entre Kariel e Bingo. Lançou então um 
                    outro feitiço. Desta vez, Mikhail não pôde 
                    impedi-la. O encanto, gerado de uma oração à 
                    deusa Lolth, abateu-se sobre o mago elfo e o pequeno. Os dois 
                    imediatamente perderam a capacidade de raciocinar. Ficaram 
                    de pé, estáticos, e suas bocas balbuciavam palavras 
                    incompreensíveis e incoerentes. Estavam fora de combate.
 
 Naquele momento, Torrellan 
                    buscava revidar o golpe recebido por Arthos. Tentou acertá-lo 
                    no peito e o espadachim esquivou-se. Tentou feri-lo no pescoço, 
                    mas o sabre de Arthos aparou o golpe. Torrellan então 
                    afastou-se um passo e deu um leve sorriso.
 
 “Nada mal!”, 
                    disse. Olhou também para a roupa e a arma do homem 
                    que combatia, muito similares às suas. Trajes finos, 
                    um chapéu e um sabre. Se não fosse pelas cores 
                    e diferenças raciais, seriam muito parecidos. “É... 
                    você tem um estilo semelhante ao meu, mas não 
                    gosto de imitadores!”, disse, pouco antes de avançar 
                    novamente com o sabre em riste. Tentou uma estocada no peito, 
                    Arthos defendeu-se. Em seguida fez algo mais aprimorado. Deu 
                    um forte e rápido golpe no punho do sabre do herói. 
                    Obteve sucesso. A arma caiu das mãos do espadachim 
                    no chão de pedra. Torrellan sorriu.
 
 “Pode pegar seu 
                    sabre!”, disse com ironia.
 “Já que é 
                    assim!”, disse Arthos, abaixando-se rapidamente, apanhando 
                    sua arma.
 
 Enquanto esta cena se 
                    desenrolava, Marckarius e Magnus trocavam seus golpes. Ao 
                    contrário do que acontecia com Arthos, as investidas 
                    eram menos graciosas e mais poderosas e ambos os lados já 
                    estavam bastante feridos. As armaduras que usavam exibiam 
                    marcas e havia sangue dos dois em seus trajes. Os músculos 
                    desenvolvidos dos guerreiros, vez ou outra, davam sinais de 
                    cansaço ao erguer suas espadas. Os próximos 
                    golpes seria decisivos. Marckarius respirou profundamente 
                    e colocou toda sua força em uma investida no flanco 
                    esquerdo de Magnus. O paladino, felizmente, conseguiu defender, 
                    brandindo sua espada na direção da arma do drow. 
                    Em um rápido, movimento, aproveitou-se da guarda aberta 
                    e colocou um ataque no peito de Marckarius. Se estivesse a 
                    cota de malha que usava em perfeito estado, talvez o golpe 
                    pudesse ser absorvido, mas a armadura estava danificada pelo 
                    choque do aço e a lâmina penetrou. Estando seu 
                    peito descoberto Magnus não teve clemência ao 
                    atravessar o coração de Marckarius que largou 
                    sua espada, caiu de joelhos, e tombou morto. Magnus agradeceu 
                    em silêncio ao seu deus Helm, pois se o combate durasse 
                    mais tempo, poderia ter sido ele o derrotado, tais eram seus 
                    ferimentos naquele momento.
 
 Mikhail percebeu o estado 
                    de Magnus ao aproximar do companheiro. O clérigo de 
                    Mystra então gesticulou e rezou uma rápida prece, 
                    liberando um de seus encantos divinos. Após isto, a 
                    graça da Deusa da Magia afetou todos os da Comitiva, 
                    fechando boa parte de seus ferimentos.
 
 Sirius, que havia deixado 
                    o combate de honra de Arthos, avançou em direção 
                    a uma das sacerdotisas subindo rapidamente as escadas. Limiekki 
                    voltou a disparar setas tentando atingir a outra. Disparou 
                    várias flechas sendo que algumas tiveram êxito. 
                    Carcelen havia sido finalmente ferida, com duas flechas espetadas 
                    na altura do ombro. Porém não ficou assim por 
                    muito tempo. Narcelia, percebendo que sua irmã estava 
                    ferida, arrancou as flechas de seu corpo e lançou um 
                    encanto curativo. Em seguida, em revide, pronunciou algumas 
                    palavras incompreensíveis para os ouvidos dos homens 
                    e apontou para Sirius. O guerreiro então ficou firme 
                    e parado, tal qual uma estátua.
 
 Limiekki decidiu então 
                    abdicar do arco e subir até a sacada. Poderia ter uma 
                    chance melhor em um combate corpo a corpo e não queria 
                    ficar ali, para ser alvo de algum outro sortilégio 
                    nefasto. Correu e no caminho passou bem perto de Kariel e 
                    de Bingo, que continuavam confusos, falando coisas incompreensíveis. 
                    Limiekki viu o estado dos companheiros, e então parou 
                    rapidamente. Segurou nos ombros do elfo e o sacudiu.
 
 “Kariel? O que está 
                    acontecendo com você!? Acorde!”
 
 O elfo, porém, 
                    não reconheceu o amigo, nem recobrou o raciocínio. 
                    Apenas empurrou o companheiro e usou sua espada para atacá-lo. 
                    O golpe rápido atingiu de raspão o braço 
                    do ranger, que conseguiu esquivar-se evitando um dano maior. 
                    Limiekki, por alguns instantes, não sabia o que fazer. 
                    Fugir, arriscando dar oportunidade para outra investida, ou 
                    atacar o amigo e feri-lo? Preferiu dar-lhe um chute, com a 
                    intenção de afastá-lo. Kariel desequilibrou-se 
                    e caiu ao chão. O empurrão e a queda fizeram 
                    algum efeito. Ele balançou a cabeça, como para 
                    reencontrar o a sanidade de sua mente, levantou-se e em seguida 
                    perguntou ao amigo.
 
 “Limiekki? O que 
                    aconteceu?”
 “Não sei... 
                    você estava aí parado, falando. Até me 
                    atacou! Acho que estava encantado. Veja... como Bingo, atrás 
                    de você!”, disse apontando para o pequeno.
 “Humm... como você 
                    me libertou do encanto?”
 “Bem... desculpe, 
                    mas tive que lhe dar um chute!”, disse, um tanto sem 
                    graça.
 
 Kariel virou-se para trás 
                    e deu um chute em Bingo também. O pequeno também 
                    caiu e também se ergueu, saindo do transe. Olharam 
                    então para frente, para a sacada. Além das duas 
                    drows, viram surgir das sombras de uma entrada ao fundo um 
                    outro elfo das trevas que até então só 
                    observava o combate, em um robe negro e prata. Era um mago 
                    e logo que deixou a escuridão que lhe servia da camuflagem 
                    foi imediatamente executando um feitiço. Após 
                    os gestos e palavras arcanas, surgiu em suas mãos uma 
                    esfera flamejante, que deixou suas mãos e caiu em meio 
                    aos heróis, em uma explosão de fogo. O feitiço 
                    causou ferimentos no já combalido Magnus, e em Mikhail, 
                    Limiekki e Kariel. O mago da Comitiva, mesmo ferido, manteve 
                    sua concentração e buscou o revide. Sabia que 
                    alguns de seus amigos, principalmente Magnus e Mikhail, não 
                    sobreviveriam a outro ataque como este. Fez o elfo os mesmos 
                    gestos e pronunciou as mesmas palavras que o inimigo e das 
                    suas mãos também partiu uma esfera de fogo, 
                    que explodiu na sacada. Ao contrário dos aventureiros, 
                    a explosão de fogo fez tombar, sem vida, o mago drow, 
                    que chamava-se Karelist Millithor.
 A Origem dos Millithor       Lendas 
                    antigas revelam que há muitos milênios atrás 
                    o panteão élfico vivia tranqüilo até 
                    que Araushnee, a consorte de Corellon Larethian, líder 
                    do Seldarine, o traiu na tentativa de compartilhar a morada 
                    celeste com espíritos malignos. Corellon não 
                    teve clemência e expulsou sua ex-amante e alguns outros 
                    que compartilharam de seus ideais. Assim nasceu Lolth e o 
                    panteão drow. Outros milhares de verões depois, 
                    durante as sangrentas Guerras da Coroa, muitos elfos que eram 
                    devotos de Lolth foram banidos para o Subterrâneo ao 
                    qual assim transformaram-se em drows.
 Menzoberranzan 
                    é considerada a cidade mais famosa da raça drow. 
                    Há um pouco mais de um século atrás fora 
                    feita uma reunião entre as casas da cidade para discutir 
                    um plano concebido pelos Baenre. O objetivo era retornar e 
                    dominar a superfície. A antiga matrona da casa Baenre 
                    fez um discurso e apresentou o estratagema. Muitos concordaram 
                    com o intento e outros acharam-no perigoso. De qualquer forma, 
                    Ki’Willis, matrona da casa Millithor, estava remoída 
                    por uma dúvida, ela não sabia quanto tempo a 
                    sua casa poderia agüentar até sucumbir ante as 
                    outras. Nos ditames da sociedade drow regida por Lolth era 
                    comum a busca incessante pelo poder fazendo com que houvesse 
                    sempre uma disputa entre as casas e entre os próprios 
                    drows para saber quem eram os melhores. Ki’Willis, respeitando 
                    este aspecto cultural, pronunciou a todos se oferecendo para 
                    executar o plano numa missão avançada. Como 
                    os Millithor eram a vigésima primeira casa de Menzoberranzan 
                    ela teria de aproveitar uma oportunidade dessa para ser melhor 
                    em outro local, e a superfície era uma boa escolha.
 
 Visando 
                    obter a localização na região das Terras 
                    dos Vales, Ki’Willis se ofereceu para executar o plano 
                    da criação de portais dos quais os drows usariam 
                    para um deslocamento em massa. Portanto os Millithor pegaram 
                    tudo que puderam levar e deixaram Menzoberranzan na promessa 
                    de preparar parte do esquema para as outras casas da cidade. 
                    Assim aconteceu o deslocamento dos Millithor para o subterrâneo 
                    dos Vales.
 
 De 
                    tempos em tempos eles puderam enviar mensagens aos seus semelhantes 
                    de Menzoberranzan. Um grande relatório fora feito para 
                    ser entregue, e ironicamente ele foi levado por uma embarcação 
                    de um humano chamado Norde Laife e entre seus tripulantes 
                    estavam algumas pessoas que posteriormente fariam parte de 
                    um grupo de aventureiros chamado Comitiva da Fé. Eles 
                    foram a Menzoberranzan, mas apenas fizeram uma tentativa frustrante 
                    de ameaçar a casa dos Del’Armgo. Anos depois 
                    deste evento um grupo formado por alguns heróis, entre 
                    eles um que já tinha ido a Menzoberranzan, descobriu 
                    uma base avançada de drows abaixo do Vale das Sombras. 
                    Eles enfrentaram Torrellan que se mostrou um oponente formidável, 
                    porém os drows foram rechaçados e o lugar foi 
                    inundado por um lençol subterrâneo do Rio Ashaba. 
                    Não sabiam os heróis mas a verdadeira base da 
                    casa Millithor se encontrava no Monte da Adaga, localizado 
                    um pouco ao norte de Cachoeiras da Adaga. Mais alguns anos 
                    se passaram até que os mesmos heróis retornaram 
                    para um ajuste final de contas.
 Que Sucumba a 
                    Casa Drow       Narcelia 
                    percebeu que aqueles invasores eram mais poderosos do que 
                    havia avaliado e que, com três de seus aliados mortos, 
                    a melhor alternativa seria recuar. Deu então a ordem, 
                    no idioma drow. Sua irmã encaminhou-se ao um corredor 
                    atrás da sacada, seguida por ela, que antes de correr. 
                    Torrellan, também percebendo a superioridade de seus 
                    inimigos, de forma surpreendente, conjurou um feitiço 
                    sobre si que o fez ficar invisível. O drow espadachim 
                    abandonou a luta com Arthos e correu em direção 
                    a rota de fuga. Os heróis correram atrás dos 
                    inimigos. Mikhail atrasou-se um pouco. Ficou para lançar 
                    um encanto que eliminou a paralisia de Sirius.
 Arthos 
                    foi na frente, seguido de Magnus, Limiekki, Kariel e Bingo. 
                    Passaram pelo corredor estreito, iluminado por archotes com 
                    o mesmo fogo púrpura que havia em todo aquele complexo, 
                    e chegaram em outra câmara, ligeiramente maior. Haviam 
                    nela três escadarias: uma a frente, outra a esquerda 
                    e uma a direita. Após cada escada, havia uma passagem 
                    aberta em forma de arco. Na escada a frente estavam as drows 
                    fugitivas, só que naquele momento elas tinham uma nova 
                    aliada para o combate, era nada mais nada menos que a Matrona 
                    da Casa Millithor, a drow de nome Ki’Willis. Ela trajava 
                    uma roupa sacerdotal que era permeado por jóias presas 
                    por tecidos que se assemelhavam a teias de aranha. Seus longos 
                    cabelos chegavam até a sua fina cintura. As três 
                    estavam conjurando encantos voltadas para os heróis.
 
 Arthos, 
                    que estava bem a frente, corria para tentar alcançar 
                    as drows. Pretendia o espadachim atingir alguma delas. Se 
                    acertasse com sua lâmina aquelas sacerdotisas, talvez 
                    conseguisse fazer com que perdessem a concentração 
                    e errassem o feitiço. Porém, não houve 
                    tempo para tanto. O primeiro encanto acabou indo na direção 
                    dele, que acabou paralisado, tal qual Sirius, há alguns 
                    minutos atrás. Em se falando em Sirius, foi este guerreiro 
                    o próximo alvo, porém algo falhou na conjuração 
                    e o combatente não chegou a ser afetado. O terceiro 
                    encanto, que partiu das mãos de Carcelen, criou uma 
                    escuridão a frente dos heróis que, a exceção 
                    de Arthos, que se projetava a frente da área de efeito 
                    do sortilégio, não conseguiam ver mais nada 
                    do que estava adiante.
 
 Mikhail 
                    contra-atacou. Lançou o clérigo um encanto capaz 
                    de criar uma luz fulgurante. Sabedor dos mecanismos da magia, 
                    considerou que as naturezas opostas dos encantos anulariam 
                    seus efeitos. E, de fato, assim aconteceu. A escuridão 
                    foi varrida e a visão dos inimigos foi devolvida aos 
                    heróis, que avançaram.
 
 Naquela 
                    batalha, o lance novamente pertencia aos drows. Torrellan, 
                    que havia fugido invisível, reapareceu próximo 
                    a Sirius e começou com ele uma batalha. Enquanto a 
                    Arthos, por estar mais próximo da Matrona, foi a escolha 
                    mais óbvia para ela, que o tocou e transmitiu-lhe um 
                    encanto cuja intenção era matar. O toque da 
                    morte, porém, não atingiu a força desejada 
                    e o homem paralisado não morreu, mas sentiu muita dor 
                    e fraqueza no corpo, como se parte de sua energia vital tivesse 
                    sido arrancada de si.
 
 Kariel 
                    conjurou novamente uma esfera incandescente que formou-se 
                    do nada nas mãos do elfo, e como um cometa, riscou 
                    a sala, caindo próximo às drows, provocando 
                    a característica e ruidosa explosão de fogo. 
                    As chamas causaram ferimentos, e Narcelia Millithor gritou 
                    pela última vez e caiu. Magnus se movimentou, com o 
                    intuito de aproximar-se do indefeso Arthos e protegê-lo, 
                    já que as duas inimigas estavam bem próximas 
                    a ele e uma delas, a Matrona Ki’Willis, já conjurava 
                    um encanto. O paladino antecipou-se, invocou a ajuda de seu 
                    deus e com toda a força que lhe restava, aplicou um 
                    golpe com Hadryllis em direção ao peito da drow. 
                    A lâmina entrou na carne e sua ponta rasgou o manto 
                    nas costas da clériga, que gritou. Magnus puxou a espada 
                    e o corpo da líder da Casa Millithor caiu inerte, para 
                    o desespero de sua aliada, a também clériga 
                    Carcelen, e do guerreiro Torrellan, que lutava contra Sirius.
 
 Torrellan 
                    reagiu desistindo da luta. Guerreava pela sua Casa e por honra, 
                    mas ao ver a sua líder perecer, tudo o que queria era 
                    salvar a sua pele e viver para lutar um outro dia. Virou as 
                    costas para Sirius e correu para as escadas. Não se 
                    sabe se foi a morte da drow ou a vitória de vontade 
                    de Arthos, mas o fato é que, naquele momento, o homem 
                    ruivo se libertou da paralisia mágica e viu Torrellan 
                    fugindo. Deixou tudo mais para trás e pôs-se 
                    a persegui-lo. O mesmo fez Kariel, seguindo o amigo. Entraram 
                    na passagem, acima da escada e sumiram das vistas dos outros.
 
 Somente 
                    um inimigo restava naquela sala. Era Carcelen. A devota de 
                    Lolth sentia raiva, desespero, dor. Retirou das profundezas 
                    de sua mente a pior das maldições que conhecia 
                    e invocou sobre Magnus, mas nada aconteceu. Ela espantou-se. 
                    A deusa a quem servia havia lhe negado a seu poder divino. 
                    Tentou então um encanto para evitar a morte de sua 
                    Matrona, mas também nada. Não sentia mais a 
                    energia divina que circula no corpo dos clérigos dos 
                    deuses faerûnianos. Não sentia coisa alguma a 
                    não ser o silêncio. Então gritou.
 
 “Lolth! 
                    Deusa minha! Porque de repente me abandonou!? Porquê!”. 
                    Em um último ato, sacou uma adaga oculta e golpeou 
                    o próprio ventre, dando fim a sua vida.
 
 Entre 
                    os que testemunharam o fato, Magnus e Mikhail eram que tinham 
                    achado mais estranho o suicídio e as palavras da sacerdotisa. 
                    Mikhail, ele próprio um sacerdote de Mystra, observou 
                    atentamente a cena e sentiu que durante as tentativas de realizar 
                    os encantos, nenhuma energia divina havia sido liberada pela 
                    drow, como se sua ligação com a Deusa Aranha 
                    houvesse sido interrompida. Perguntava-se o que havia acontecido. 
                    Teria a Deusa deixado a clériga a própria sorte 
                    por ela ter permitido a morte de sua Matrona? Estranho seria, 
                    mesmo para uma deusa maligna como o caso de Lolth, abandonar 
                    uma valorosa servidora, que lutou até a morte em nome 
                    de sua Casa. Mas não havia mais tempo para perguntas 
                    ou divagações. Todos correram escada acima, 
                    na mesma direção em que haviam ido Torrellan, 
                    Arthos e Kariel.
 
 Arthos 
                    e Kariel correram pelo largo corredor, ainda ouvindo os passos 
                    apressados de Torrellan. Terminado o vão, havia uma 
                    bifurcação. Um caminho a direita e outro a esquerda. 
                    Seguiram o ruído e foram a esquerda, passaram uma porta, 
                    que estava fechada, mas prosseguiram, pois ainda ouviam os 
                    passos. Viram outra porta, desta vez aberta e ainda correndo 
                    sobre suas dobradiças. Entraram por ela e correram 
                    por outro caminho estreito. Chegaram a uma imensa área. 
                    O piso se projetava mais alguns metros a frente e depois havia 
                    um abismo, que se estendia até desaparecer na escuridão. 
                    O local, além do piso, deveria ter quilômetros 
                    de extensão. Havia uma tênue luz branca vindo 
                    de algum ponto superior que permitia ver Torrellan , próximo 
                    a beira do precipício. Olhou para trás, viu 
                    os dois inimigos e em seguida pulou. Para morte certa, pensaram 
                    Arthos e Kariel. Pelo menos até virem emergir do abismo 
                    um estranho veículo flutuante de madeira, em forma 
                    de aranha. Ergueu-se e sumiu, caverna a dentro. Mais uma vez, 
                    Torrellan fugira.
 
 “Não 
                    acredito! Maldito! Eu queria me revanche!”, bradou Arthos 
                    em um grito que ecoou na caverna.
 “Não 
                    adianta, Arthos!”, Disse Kariel. “Não temos 
                    como persegui-lo... mas veja... que lugar será este? 
                    Parece ser enorme. Bem... de qualquer forma, temos que voltar 
                    e ver como estão nossos amigos.”
 Explorando o Covil       Não 
                    precisou o elfo dar um passo para tanto. Um instante depois 
                    estava lá o restante da Comitiva, todos de pé, 
                    feridos mas vivos, para alívio de Kariel e Arthos.
 “Onde 
                    está Torrellan?”, perguntou Mikhail a Kariel.
 “Fugiu. 
                    Pulou no abismo, sobre um tipo de veículo voador, semelhante 
                    a uma aranha. Desapareceu na escuridão desta enorme 
                    caverna.”
 “O 
                    que faremos agora?”, perguntou Bingo.
 “Temos 
                    um complexo inteiro para explorar. Precisamos ver se achamos 
                    os seqüestrados em algum lugar por aqui.”, respondeu 
                    Mikhail.
 “Sugiro 
                    que nos dividamos. Antes de retornar pelo corredor, vamos 
                    ver o que há aqui.”, colocou Limiekki.
 “Mikhail, 
                    Sirius, Limiekki... venham comigo para a esquerda”, 
                    o restante pode ir a direita. Nos encontraremos aqui depois.”
 Concordaram 
                    com Arthos e assim partiram.
 
 Foram 
                    então eles para um lado beirando o Abismo. Andaram 
                    por poucos minutos até chegarem até uma parede 
                    que encerrava o caminho. A frente dela havia um grande arco 
                    de pedra, com diversas inscrições em língua 
                    drow. Acima dele uma fenda, em formato hexagonal. Haviam ferramentas 
                    de no chão e um caldeirão negro.
 
 “O 
                    que será isto?!”, perguntou Limiekki, tocando 
                    a pedra entalhada.
 “Um 
                    portal, certamente”, concluiu Mikhail. “Mas parece 
                    desativado.”
 
 Sirius 
                    ajoelhou e examinou as ferramentas. Eram martelos, pregos 
                    de entalhe e outros instrumentos que nunca havia visto antes. 
                    Olhou também para o caldeirão. Dentro dele havia 
                    uma grande jóia vermelha facetada, do tamanho de um 
                    punho fechado. Limiekki expôs o seu achado para os colegas.
 
 “Uau. 
                    Que bela jóia, hein?! Deve valer um bocado de dinheiro!”, 
                    espantou-se Arthos.
 “Na 
                    verdade...”, disse Mikhail, “...não acredito 
                    que a utilidade desta pedra seja servir como moeda. Está 
                    vendo aquela fenda lá em cima”, apontou o elfo 
                    de cabelos dourados o topo do arco, “Ela parece se encaixar 
                    ali. Talvez seja uma espécie de chave para acionar 
                    o portal.”
 “Vamos 
                    colocar lá para ver onde isto irá nos levar?”, 
                    sugeriu Arthos.
 “Não, 
                    Arthos.”, falou Mikhail em tom de reprovação, 
                    colocando a jóia em sua bolsa.       “Não 
                    sabemos como isto funciona e nem aonde pode nos levar. É 
                    melhor termos com Storm antes de tentarmos acionar este portal. 
                    Ela possui mais conhecimento sobre a magia do que nós 
                    e por certo irá nos dar alguma informação 
                    útil. Sejamos prudentes.”
 “Então 
                    vamos retornar e ver se o outro grupo encontrou algo. Ainda 
                    temos que explorar o restante do local.”
 
 Do 
                    outro lado da plataforma, Kariel, Magnus e Bingo se aproximavam 
                    do limite. Este lado era visivelmente mais claro, alguns raios 
                    de luz branca que vinham de cima iluminavam, ainda que fracamente, 
                    aquele trecho, o que indicava, talvez, uma abertura superior 
                    no alto teto cavernoso. A medida que avançaram, viram 
                    uma espécie de atracadouro de madeira, rumo ao abismo 
                    e, ao lado dele, uma estranha embarcação que 
                    surpreendeu a todos. Era uma nau voadora. Feita de madeira 
                    clara, tinha da proa a popa cerca de dezoito metros, sua aparência 
                    era de um peixe, com velas brancas que lembravam grandes barbatanas 
                    ventrais e dorsais.
 
 A 
                    nau possuía três andares, um convés externo, 
                    um inferior, e um compartimento de carga ao fundo. Havia uma 
                    grande e ornamentada poltrona na cabine do convés, 
                    mas não viram nenhum timão ou alavanca... enfim, 
                    nada que pudesse indicar claramente como se pilotava tal coisa. 
                    Kariel lembrou-se da investigação que havia 
                    feito na nau voadora evereskana, em que havia embarcado quando 
                    estavam na Fortaleza Élfica. Havia visto naquela ocasião 
                    um capacete e um compartimento, onde uma jóia mística, 
                    que impulsionava a embarcação estava guardada. 
                    No entanto, em sua rápida vistoria pela nau diante 
                    dele, não havia visto nenhum capacete ou compartimento 
                    especial, mas não estava com o tempo de procurar mais 
                    detalhadamente. Ainda precisavam localizar os humanos, e tinham 
                    ainda muito o que olhar. Logo depois chegou Arthos, que ao 
                    ver a embarcação, exclamou:
 
 “Pelas 
                    barbas de Elminster! Não acredito... não acredito... 
                    uma nau voadora!” Ele sempre desejou ter um destes barcos. 
                    Já havia visto deles muitas vezes, mas nunca conseguiu 
                    realizar o sonho de possuir, ou ao menos pilotar, uma embarcação 
                    daquele tipo.
 
 Os 
                    dois grupos se encontraram na saída do corredor e trocaram 
                    informações. Decidiram que Storm seria a pessoa 
                    certa para dar-lhes alguma orientação tanto 
                    a respeito do portal, quanto sobre a nau voadora. A contatariam 
                    quando terminassem esta missão. Entraram então 
                    pelo corredor e retornaram ao grande salão das escadas, 
                    onde decidiriam como iriam fazer a exploração.
 
 “São 
                    três as escadas. Podíamos formar três grupos 
                    e investigar estes caminhos. Ganharíamos tempo.”
 “Porém, 
                    Sirius, se houverem mais drows, estaremos enfraquecidos.”, 
                    ponderou Kariel.
 “Então 
                    vamos juntos! Escada por escada.”, colocou Limiekki. 
                    “Vamos pegar esta da esquerda e depois a do centro e 
                    a da direita.
 “Para 
                    mim está certo. Concordam?”, quis saber Kariel 
                    a opinião dos outros.
 “Porque 
                    não!?”, falou Arthos, resumindo a decisão 
                    do grupo.
 
 Então 
                    foram pela escada a esquerda. Logo após entrarem na 
                    passagem após os degraus, viram um pequeno trecho de 
                    corredor fechado a esquerda e um outro maior a direita que 
                    se prolongava. Haviam portas nas paredes. No trecho esquerdo 
                    eram quatro. Cercaram-se de cuidados, armas preparadas, enquanto 
                    Bingo abria a fechadura, colocada em uma bela porta de madeira 
                    escura, quase azulada. A ferramenta de Bingo, introduzida 
                    no buraco da chave, fez um clique e a porta se abriu. Viram 
                    uma cama, uma estante, um baú, uma mesa e ganchos para 
                    pendurar roupas. Era um dormitório, muito confortável 
                    por sinal. Bingo se aproximou do baú e o abriu. Não 
                    estava trancado. Haviam algumas moedas de ouro nele. Nos outros 
                    dois cômodos haviam banheiras que evidenciavam de que 
                    ali eram quartos de banho. Num outro quarto foram encontrados 
                    uma despensa e uma quantidade boa de armas e utensílios 
                    de combate. Seguiram então pelo lado direito, abrindo 
                    as portas que encontram. Mais quatro cômodos semelhantes 
                    aos outros dormitórios encontrados. O próximo 
                    cômodo possuía uma porta diferente, metálica 
                    e alta, haviam nela figuras de aranhas em entalhes ornamentais. 
                    Abriram também este portão e encontraram uma 
                    sala maior, em piso de mármore negro, com muitos bancos 
                    em madeira voltados para o fundo da sala, onde erguia-se, 
                    em um altar, a estátua de uma enorme aranha com cabeça 
                    de uma drow. Logo a frente da figura, havia uma pedra quadrangular 
                    branca, manchada de um líquido vermelho escuro.
 
 “Um 
                    santuário a Deusa Lolth!”, exclamou Magnus, aproximando-se 
                    da estátua. Viu a pedra do sacrifício e temeu 
                    pelo destino dos homens desaparecidos.
 “Limiekki...”, 
                    chamou Kariel, “Este líquido é sangue? 
                    Pode dizer-nos se é fresco ou antigo?”
 O 
                    ranger se aproximou, cheirou e tocou no liquido, quase seco.
 “Deve 
                    ser de muitos dias, Kariel. É realmente sangue, mas 
                    está bastante coagulado e seco.”
 “A 
                    cada momento que passa, é mais difícil encontrar 
                    estes homens vivos. Tymora nos ajude!”, pediu Kariel.
 
 Estavam 
                    deixando o santuário, quando Sirius e Magnus amarraram 
                    uma corda na imagem de Lolth e puxaram-na. A figura da deusa 
                    maligna caiu no chão e espatifou-se.
 
 Viram 
                    um corredor e uma escada que descia. Aquela era a passagem 
                    para o mesmo lugar que haviam entrado para perseguir Torrellan. 
                    Constatado isto, concluíram que as passagens acima 
                    das escadas se interligavam em um mesmo caminho, em forma 
                    de “U”. Ultrapassaram então o corredor 
                    e chegaram na próxima porta, que era, como as primeiras, 
                    em madeira. Ao se abrir revelou um outro dormitório, 
                    maior e mais luxuoso que o primeiro. Além dos móveis 
                    do tipo encontrado nos demais quartos, havia um pequeno oratório 
                    instalado e sobre ele repousava uma estatueta de ouro maciço, 
                    representando Lolth. Em um guarda-roupa, encontraram os trajes 
                    da Matrona. Arthos decidiu pegar a estátua e enfiar 
                    algumas jóias nos bolsos.
 
 “Arthos...”, 
                    chamou Mikhail, “Deixe isto para depois. Dividiremos 
                    as jóias que estão aqui em um momento oportuno. 
                    Se andar com isto tudo nas roupas será mais difícil 
                    lutar!”
 “Tem 
                    razão, Mikhail. Me desculpe!”, disse o espadachim 
                    tirando todas as jóias dos bolsos.
 “Você 
                    esqueceu a estátua, Arthos!”, lembrou Kariel, 
                    sorrindo levemente.
 “É 
                    claro! Perdão!”, respondeu Arthos, repousando 
                    a estatueta numa mesa.
 
 Prosseguiram 
                    a exploração. O próximo cômodo 
                    foi aberto. Viram mesas e cadeiras. Alguns livros em uma prateleira 
                    e um biombo de madeira. Por trás dele, a Comitiva encontrou 
                    um laboratório alquímico, com muitos frascos 
                    de vidro com ervas, pós e líquidos coloridos, 
                    além de porcelanas e caldeirões.
 
 Seguindo 
                    o corredor, encontraram uma passagem estreita, de pouco mais 
                    de quatro metros. Após ela uma sala circular e no centro 
                    dela uma mesa redonda com alguns documentos e livros dispostos 
                    irregularmente, rodeada por sete confortáveis cadeiras 
                    de madeira com estofado púrpura. Na parede um enorme 
                    mapa, de um lugar completamente desconhecido. Havia uma escada 
                    também, que levava a um nível superior. Subiram 
                    os degraus e viram uma razoável biblioteca, com muitos 
                    volumes, infelizmente todos em língua drow.
 
 “Amigos. 
                    Gostaria de ficar aqui e investigar. Vão adiante. Tentarei 
                    ler o máximo possível destes documentos.”
 “Sabe 
                    ler drow, Kariel?”
 “Não 
                    Limiekki, mas tenho em meu repertório um encanto que 
                    pode me auxiliar! Me encontrem aqui depois.”
 
 A 
                    Comitiva então continuou e deixou Kariel sentado em 
                    uma cadeira, examinando os documentos na mesa. O mago Escolhido 
                    de Mystra executou um feitiço e o idioma drow ficou 
                    claro em sua mente. Passou a ler tudo que podia sobre aqueles 
                    planos. A Comitiva prosseguiu e havia apenas uma última 
                    porta a ser aberta e dela ouviram-se ruídos. O estado 
                    de tensão, amenizado pelo abandono dos cômodos 
                    encontrados, retornou aos heróis, que estavam preparados 
                    para o ataque, quando o pequeno Bingo usou suas ferramentas 
                    mais uma vez para destrancar a fechadura. Mas não haviam 
                    inimigos, mas dois humanos, sujos e magros, que arrastavam-se 
                    no chão e erguiam as mãos em busca de auxílio.
 
 “Nos 
                    ajudem... nos ajud...”, disse um deles, pouco antes 
                    de desmaiar. Aqueles homens, desidratados e subnutridos, estavam 
                    a beira da morte.
 
 Mikhail 
                    pediu a Bingo que lhe trouxesse de imediato água e 
                    um pouco de comida da despensa e feito isto, deu aos cativos, 
                    em pequena quantidade. Em seguida foram removidos para os 
                    dois dormitórios mais próximos. Tendo revelado 
                    todos os cômodos, foram novamente até a sala 
                    de reuniões onde se encontrava Kariel. O elfo estava 
                    de pé, pronto para sair da sala. A duração 
                    do encanto terminara e ele havia lido tudo o que o tempo permitira.
 
 “O 
                    que encontrou, Kariel ?”, perguntou Arthos ao amigo.
 “Mapas 
                    desconhecidos, planos de movimentação de tropas, 
                    localização de portais. Uma operação 
                    chamada Retomada estava ou está em curso.”
 “O 
                    Grande Carvalho disse que seres que representam as sombras 
                    queriam retomar o que era seu.”, lembrou Limiekki.
 “Então 
                    deve se tratar de uma manobra para invadir a superfície. 
                    Sei que os drows habitavam o Vale das Sombras, há séculos 
                    atrás.”, colocou Magnus.
 “Acho 
                    que o intuito dos drows parece estar claro, mas levaremos 
                    todos estes documentos a Storm. E vocês... o que descobriram?”, 
                    quis saber Kariel.
 “Alguns 
                    outros dormitórios e uma cela. Libertamos dois homens.”, 
                    comunicou Mikhail.
 “São 
                    os Harpistas desaparecidos?”, perguntou o elfo à 
                    Mikhail.
 “Não 
                    sabemos ainda, Kariel. O estado daqueles pobres coitados não 
                    nos permite fazer perguntas neste momento. Vamos esperar que 
                    se recuperem um pouco. Estão descansando agora.”
 “Sugiro 
                    que façamos o mesmo. Descansemos por algumas horas 
                    para recuperar nossas forças.”
 “Concordo, 
                    Mikhail. Usaremos os dormitórios vagos e nos revezaremos 
                    na guarda e nos cuidados com os seqüestrados.”
 “Amigos... 
                    antes de vocês se dispersarem, já pensaram algo 
                    sobre este lugar?”, perguntou Magnus de maneira enigmática.
 “Já. 
                    Pensei em cair fora daqui!”, respondeu Bingo.
 “Não... 
                    Não é isso. Vejam... temos dormitórios, 
                    sala de reuniões, biblioteca, um laboratório 
                    e até uma nau voadora! Podíamos fazer disto 
                    aqui nossa base de operações! A Comitiva nunca 
                    teve algo assim!”
 
 Pararam 
                    por uns instantes pensando na sugestão do paladino.
 
 “Bom... 
                    não gosto muito de cavernas, mas se não houverem 
                    mais drows pode ser uma boa idéia!”, ponderou 
                    Kariel.
 “Sei 
                    não... e se aquele drow fujão voltar?”
 “Nós 
                    acabamos com ele, Bingo!”, respondeu Sirius.
 “Vamos 
                    deixar isto para mais tarde. Vamos descansar por agora!”, 
                    finalizou Mikhail.
 
 Então 
                    a Comitiva se dispersou, fez uma rápida alimentação 
                    com os itens da despensa, e escolheu seus quartos. Magnus 
                    e Arthos revezaram com Sirius e Mikhail, zelando pela segurança 
                    do repouso dos demais e nos cuidados com os homens. E assim 
                    se passariam oito horas dentro do Monte da Adaga. Do lado 
                    de fora, o céu se apagava e cedia vez para o manto 
                    negro e cravejado de diamantes da noite.
 
 
 
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