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  A Última Batalha Contra os Phaerimns Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
 
 Personagens principais da aventura:
 Os 
              Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), 
              Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian; 
              Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. O Anão: 
              Windolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata. Participação 
              Especial:  O Coronal Eltargrim Irythil, Khelben 'Bastão 
              Negro' Arunsun, Laeral Mão Argêntea, Ájax Felonte, 
              Storm Mão Argêntea, Dove Garra de Falcão, Florin 
              Garra de Falcão, Sir Brian Mestre das Espadas, Aubric Nihmedu 
              e a Regente Alusair Obarskyr.
 
  A Última Batalha Contra os Phaerimns
       A 
              grande batalha seguia dura e intensa. O ruído do metal, gritos 
              de dor e urros inumanos chegavam aos ouvidos e o odor ferruginoso 
              do sangue no ar completava aquele cenário de morte. Orcs, 
              homens e elfos, vindo de quatro reinos diferentes lutavam contra 
              os phaerimns naquele campo de batalha, em meio às florestas 
              cormyrianas, em um local do qual, nem eles, nem seus inimigos poderiam 
              escapar, por conta do efeito mágico do artefato conhecido 
              como o Dodecaedro Definitivo. Somente a vitória sobre os 
              tenebrosos monstros os libertariam. E esta estava difícil 
              e longínqua. Os phaerimns eram inimigos velozes, selvagens, 
              mortais. Mesmo lutando em desvantagem numérica, as criaturas 
              conseguiram eliminar boa parte dos seus oponentes. Á medida 
              em que a contenda se equilibrava em número, iam-se as esperanças 
              dos soldados. Porém, em um alento, chegou ao campo de batalha, 
              montada em um cavalo, a Regente de Cormyr, Alusair Nacacia Obarskyr. 
              A Princesa de Aço agora participava do combate.
 A Comitiva da Fé destacava-se 
              na batalhava pela sua perícia. Seus membros estavam dispersos, 
              formando equipes com seus aliados. Haviam perdido Galtan, o cavaleiro 
              de Águas Profundas, que se transformou em pó, devido 
              a um sortilégio mortal.
 
 Magnus e Mikhail combatiam, 
              com um grupo que mesclava soldados de Águas Profundas e alguns 
              orcs de Nova Gondyr, um phaerimm. Em geral, era assim a distribuição 
              das lutas: quatro combatentes contra um inimigo. Desta maneira conseguia-se 
              algum equilíbrio. O paladino de Helm estava ferido. Pretendia 
              afastar-se para, em uma prece, pedir para que seu deus o curasse 
              de parte dos seus ferimentos. Porém Mikhail, que sabia da 
              importância do braço e da espada do companheiro, não 
              permitiu que este deixasse a peleja. Como tinha poder semelhante, 
              dádiva concedida pela deusa Mystra, tocou o aliado e imediatamente 
              sanou parte de suas injúrias. Magnus, agradeceu com um rápido 
              aceno, e golpeou novamente com potência o monstro, abrindo 
              um corte profundo, que fez vazar seu sangue verde e ácido. 
              Em troca, recebeu um golpe com a ponta do ferrão venenoso 
              da cauda do phaerimm, que lhe cortou o braço.
 
 Sirius e Limiekli formavam outra 
              dupla da Comitiva. Combatiam junto com evereskanos e cormyrianos. 
              Porém, demasiado ferido, o primeiro teve que deixar a luta 
              para se salvar. Encontrou um cavalo, que vagava pelo campo e o montou. 
              Foi até um ponto mais distante do centro do combate, onde 
              se reuniam alguns magos de guerra e clérigos. Pensava em 
              conseguir alguma cura. Um sacerdote de Tyr o salvou e ele retornou 
              na direção do seu amigo ranger, para retomar o combate. 
              Quando saltou de sua montaria, viu que as coisas não corriam 
              bem para o seu companheiro. Um dos soldados cormyrianos jazia morto 
              e Limiekli, Sirius chegou a tempo de ver, fora mordido pelo phaerimm 
              e vertia sangue de seu ombro. Como em uma troca de guarda, Sirius 
              tomou o seu lugar e o companheiro cambaleante, subiu no cavalo. 
              Mas não teve sorte o ranger, escorregou e caiu do animal.
 
 Kariel lutava junto com soldados 
              de Águas Profundas e de Evereska, e não tinham nenhum 
              rosto amigo ao seu lado. O mago elfo de cabelos azuis, que no momento, 
              graças a um de seus encantos, possuía o dobro do seu 
              tamanho normal, valia-se de sua espada para o combate. Seu repertório 
              de sortilégios não era adequado para lutar um combate 
              tão próximo. Poderia ferir algum de seus aliados e 
              então, por prudência, resolveu evitá-los. O 
              Escolhido de Mystra golpeava e era golpeado, mas, por outro efeito 
              mágico conjurado sobre si, os ataques sofridos não 
              atingiam sua pele. Mas aquela proteção não 
              duraria para sempre.
 
 O grupo do qual faziam parte 
              Magnus e Mikhail obteve uma vitória. Após golpes certeiros 
              dos soldados, o paladino matou o phaerimm com sua Vigilante Sagrada. 
              Porém, apesar de ser uma vitória, era momentânea. 
              Logo havia outro monstro para substituir o que havia caído. 
              Sirius combatia e Limiekli levantou-se e procurou o cavalo. Não 
              achou e, sendo igualmente perigoso percorrer o campo a pé, 
              decidiu voltar a carga com as forças que lhe restavam. Por 
              ironia, um de seus golpes eliminou a criatura que batia-se contra 
              Sirius. Ficou então com este, lutando contra outro monstro 
              que se aproximou. Kariel, após o grupo em que lutava matar 
              o phaerimm, viu ao longe Sirius e Limiekli e correu para unir-se 
              a eles.
 Uma Intervenção 
              Divina        Em 
              uma proporção desigual, o combate prosseguiu durante 
              longos minutos. Os phaerimns eram mortos, mas outros tomavam o lugar 
              dos tombados, coisa que, infelizmente, não poderia ocorrer 
              com os homens dos Reinos, que iam sucumbindo. Em pouco tempo, os 
              grupos que, ao início combatiam no número de quatro 
              homens para um dos monstros, agora tinham que lutar em dupla. A 
              situação se delineava para uma tragédia.
 “Pelos Deuses! Kariel... 
              não dá pra me tirar daqui?”, pediu Limiekli.
 “Deuses...”, pensou 
              o mago em um instante, vasculhando sua mente. Uma lembrança 
              lhe veio. Uma lembrança que poderia salvar o dia. Inexplicavelmente, 
              deixou o combate e saiu correndo em direção à 
              Magnus, que combatia com Mikhail a alguns metros. Até pensou 
              Sirius que o elfo havia fugido.
 
 “Magnus!”, gritou 
              Kariel para o amigo. “Lembra-se de Érix, deus Pai dos 
              Humanos, que libertamos do cativeiro? Ele prometeu nos ajudar quando 
              precisássemos. A hora é agora! Invocarei o auxílio 
              dele. Faça o mesmo. Você é um humano e ele o 
              ouvirá melhor do que a mim.”
 “Bem lembrado.”, 
              disse Magnus que ainda golpeava.
 “Érix, Deus dos 
              Humanos, envie seu auxílio!”, bradou Kariel.
 “Sim! Cumpra sua promessa!”, 
              gritou também Magnus.
 
 Os soldados e os companheiros 
              que ouviram os gritos não compreenderam. Estariam os dois 
              desesperados, privados da sanidade por conta da inevitabilidade 
              da morte que se aproximava lentamente? Não sabiam eles que 
              somente aqueles dois, dentre os outros no campo de batalha, haviam 
              libertado um deus cativo e que este estava em dívida. E débitos 
              divinos costumam ser pagos. O dia claro e azul, cobriu-se repentinamente 
              de nuvens brancas. Uma voz grave então estrondou, ecoando 
              por toda a parte, acima dos gritos, acima do clangor do aço.
 
 “A Comitiva da Fé 
              clama por mim?”
 “Sim Érix”, 
              respondeu Magnus olhando para o alto. “Nos ajude!”
 
 Uma figura humanóide 
              podia ser vista, agora pequena, saltitando de uma nuvem para outra. 
              Naquele instante, o combate parou. Mesmo os phaerimns, em sua fúria, 
              observaram a divindade que agora descia do firmamento em um salto. 
              Pousou ao solo causando grande impacto. Era um homem atlético, 
              cabelos castanhos encaracolados, uma roupa branca e sandálias. 
              Possuía quarenta metros de altura.
 
 “O que querem de mim? 
              Falem agora ou nunca mais.”, disse a voz de trovão.
 “Os phaerimns são 
              nossos inimigos. Precisamos vencê-los!”, respondeu Magnus.
 
 Os monstros percebiam que tinham 
              agora a frente um novo e poderoso inimigo e partiram para atacá-lo. 
              Um deles voou e quis acertar Érix com suas garras, mas o 
              titânico ser o esmagou como se um inseto fosse. Outro tentou 
              o mesmo, mas transformou-se em pedra com um simples olhar do deus.
 
 “Que assim seja. Que seus 
              mais valorosos aliados mortos voltem a viver. Retornem à 
              batalha!”
 
 Ao comando do deus, metade dos 
              aliados que haviam morrido na luta contra os phaerimns levantou-se 
              do solo, perplexos. Até mesmo Galtan, cujo corpo havia se 
              desintegrado em poeira, recompôs-se do nada e olhava ao redor 
              e depois para o deus de sua raça.
 
 “Sou Érix, Pai 
              dos Humanos!”, disse novamente a divindade, “Durante 
              grande tempo estive ausente, mas agora retornei. Humanos, retornei 
              para salvá-los. Dei-lhes a capacidade de raciocinar, mas 
              não o fazem com sabedoria. Sigam meus ensinamentos e alcançarão 
              a redenção! Comitiva da Fé, minha promessa 
              foi cumprida. Retorno para meu reduto.”. Dito isto, deu um 
              enorme salto até uma nuvem e desta pulou para outra mais 
              alta e para outra, até desaparecer. O céu aos poucos 
              foi novamente tornando-se azul e límpido. Abaixo, o cenário 
              se modificara. Agora combatiam novamente os aliados em boa superioridade, 
              de seis contra um, os phaerimns. A Comitiva novamente se dividiu. 
              Kariel e Galtan juntaram-se a alguns soldados. Mikhail e Magnus 
              fizeram o mesmo. Sirius foi o único, desta vez, que não 
              tinha um companheiro da Comitiva por perto, pois Limiekli, que o 
              acompanhava, decidiu aproveitar a confusão causada pela aparição 
              de Érix para fugir e tentar ter suas chagas curadas. Por 
              sorte, o ranger encontrou um sacerdote cormyriano de Tempus, deus 
              da Guerra. Estes, geralmente, ficavam mais próximos das lutas. 
              Pediu e foi atendido. Com uma prece, parte de suas feridas se fecharam. 
              Quando voltou, recuperado, para a companhia de Sirius, viu o pequeno 
              Bingo, que em meio à batalha, atirava flechas. O halfling 
              havia sido imobilizado em algum lugar daquele campo de batalha por 
              Galaeron, mas agora se desvencilhara e unira-se novamente aos seus 
              companheiros.
 
 A súbita vantagem dada 
              por Érix começou a mudar o rumo daquela refrega. Os 
              phaerimns agora pensavam em outra estratégia. Muitos deles 
              abandonaram a área de combate, indo o mais distante que o 
              encanto de confinamento do Dodecaedro poderia permitir. Naquele 
              ponto distante, já eram trinta que se colocavam reunidos. 
              Havia a clara intenção de isolarem-se de seus inimigos. 
              Ergueram pelo caminho três barreiras mágicas: uma muralha 
              de luz, cujas cores variavam entre as matizes do arco-íris, 
              uma de pedra, que se ergueu do chão e outra feita de energia. 
              Kariel deixou o combate e procurou por Khelben ‘Cajado Negro’ 
              Arunsun. Encontrou o homem e falou.
 
 “Khelben... os phaerimns 
              estão tramando algo. Irei tentar distraí-los!”
 “Havia percebido. Tentarei 
              dissipar as muralhas erguidas!”, respondeu o arquimago.       “Deve 
              ficar, será perigoso se aproximar deles!”
 “Tenho que tentar alguma 
              coisa. Não será necessário anular a muralha 
              de energia. Eu mesmo farei isto. Obrigado pelo aviso.”, disse 
              o elfo correndo em direção aos inimigos.
 
 Kariel passou incólume 
              pela muralha de espectro colorido, contornou a de pedra e atravessou 
              a de energia, dissipando-a. O que viu foi um grande agrupamento 
              de phaerimns, agrupados em três esquadrões, cada um 
              composto de cerca de trinta monstros. Dois grupos protegiam o terceiro, 
              que pareciam concentrados em uma espécie de ritual coletivo. 
              Era desejo do mago da Comitiva lançar qualquer sortilégio 
              que os atrapalhassem e sair dali o mais rápido possível, 
              antes que fosse vítima dos encantos que aquelas criaturas 
              poderiam lançar sobre ele. Porém, o ataque foi imediato. 
              Contra ele foram conjuradas magias mortais, raios, projéteis 
              arcanos e poderosas esferas de magma. Por pura sorte, o elfo possuía 
              proteções contra a maioria daqueles encantos, seja 
              pela benção de ser um Escolhido de Mystra, seja pelos 
              itens mágicos que portava consigo. Feriu-se e sabia que talvez 
              não suportasse outra carga como aquela, mas queria tentar 
              impedir o que os phaerimns estavam tramando. Fez um gesto para conjurar 
              um encanto de bola de fogo, e explodi-la em meio aos inimigos, mas 
              antes que completasse o rito, sofreu novos ataques. Evitou alguns, 
              mas um outro o converteu-se em uma doninha, e recuou indefeso para 
              a direção de onde viera, triste por ter falhado e 
              buscando uma maneira de voltar ao normal.
 
 Laeral Mão Argêntea, 
              maga esposa de Khelben, em um ponto mais próximo ao combate, 
              estava intrigada. Ergueu-se ao ar em um encanto de levitação 
              para enxergar além das barreiras. Viu o que Kariel estava 
              observando e além. Notou que no firmamento estava se abrindo 
              em uma fenda, que crescia em tamanho. Lançou sobre si outro 
              sortilégio, que lhe deu o dom de melhorar sua visão. 
              Mirou no que havia na fenda e descobriu: era uma passagem para um 
              outro mundo, outra dimensão. E pela fenda, viriam outros 
              phaerimns.
 
 “Os phaerimns estão 
              usando sua energia vital para abrir uma fenda entre dimensões. 
              Por aquela passagem estão vindo mais! Temos que detê-los!”, 
              gritou a maga em advertência para seus companheiros.
 
 Khelben ouviu a mulher, ao tempo 
              em que conjurava uma magia que dissipou as barreiras mágicas 
              erguidas pelos phaerimns. Gritou o arquimago:
 
 “Membros da Comitiva, 
              Dove, Storm, Laeral...Venham até mim! Tenho um plano”.
 
 Sirius, que estava mais próximo, 
              deixou o combate e procurou os companheiros. Foram à volta 
              de Khelben e lá também estavam outros poderosos aliados 
              do mago de Águas Profundas.
 
 “Temos que nos dividir 
              em dois grupos: um irá destruir os phaerimns que estão 
              aqui e o outro irá até a fenda para impedir a chegada 
              de mais ameaças até que consigamos fechá-la. 
              Precisamos de guerreiros poderosos para isto. Vamos administrar 
              alguns feitiços para ajudá-los nesta missão”
 
 Magnus ofereceu-se. Sirius, 
              Galtan, Ájax, Dove e Florin completaram o grupo que iria 
              a fenda.
 
 “Pois, bem. Conjurarei 
              um encanto que os permitirão voar. Minha esposa lançará 
              outro e poderão sobreviver á atmosfera da dimensão 
              dos phaerimns. E por fim Dove os tornará mais velozes e ágeis! 
              Eu acompanharei vocês até as proximidades da fenda 
              e os protegerei até lá.”
 
 Explicado isto, os conjuradores 
              aplicaram seus feitiços naqueles voluntários e Khelben, 
              com um impulso, alçou vôo. Os demais o imitaram e voaram, 
              um pouco desajeitadamente no princípio, mas logo se concentraram 
              e conseguiram seguir o mago com desenvoltura. Enquanto partiam para 
              a fenda, os phaerimns abaixo deles disparavam encantos diversos, 
              mas Khelben havia erguido um escudo mágico invisível, 
              que os amparou frente as ameaças, até chegarem a frente 
              do rasgo dimensional.
 
 “Vão. Agüentem 
              o máximo que puderem. Vamos tentar eliminar os phaerimns 
              deste lado! Rápido!”, pediu o mago. Os heróis 
              obedeceram.
 
 Entraram Magnus, Sirius, Galtan, 
              Ájax, Dove e Florin naquela outra realidade, na dimensão 
              dos phaerimns. Estavam se movendo em um céu vermelho. Estavam 
              eles em um céu de um planeta avermelhado. No horizonte localizavam-se 
              duas luas orbitando o planeta. Mas algo de proporções 
              imensuráveis pairava no espaço sideral atrás 
              dos dois astros, uma criatura maior do que as duas luas com uma 
              infinidade de tentáculos. Ela possuía também 
              olhos por todas as partes de seu corpo disforme. Ao observarem esta 
              aberração, os aventureiros foram tomados por um terror 
              tenebroso que percorreu suas mentes, no entanto, eles conseguiram 
              evitar a visão a tempo libertando-se do pânico, com 
              exceção de Sirius que com o olhar perdido, começou 
              a gritar e atacar o ar, em um acesso sobrenatural de loucura. Porém 
              os heróis não tinham mais tempo de preocuparem-se 
              com o amigo. Vinham crescendo ao longe as silhuetas bestiais dos 
              inimigos e uma outra bem maior, um phaerimm imenso se aproximava. 
              Deveria ter oito ou dez metros, da sua bocarra até a extremidade 
              do ferrão.
 
 As primeiras criaturas chegaram 
              rápido à vizinhança da fenda, onde estavam 
              os heróis. Eram seis deles e isto possibilitou uma divisão 
              exata. Diferentemente dos combates anteriores, a batalha fora bem 
              mas rápida. Graças ao encanto lançado por Dove 
              antes de partirem voando, eram muito velozes. Desviavam das garras 
              dos inimigos e, no tempo em que dariam uma investida, faziam duas, 
              três. Não que os monstros não tivesse chance, 
              visto que acertaram alguns golpes e uma ou outra magia, mas os heróis 
              conseguiram eliminá-los sem baixas.
 
 Veio então o phaerimn 
              gigantesco e todos rumaram contra ele. Atacaram com violência. 
              Tentavam matar a criatura antes que esta tivesse a chance de revidar. 
              Galtan, porém, foi atacado. A boca arredondada e cheia de 
              dentes pontiagudos como adagas prenderam o cavaleiro e tentavam 
              parti-lo em dois. O guerreiro então transferiu a força 
              que tinha para seus braços, conseguiu superar a pressão 
              e sair voando daquela armadilha mortal. Ájax também 
              foi imobilizado, desta vez pela cauda. O Herói de Arabel 
              tentou, mas não conseguiu libertar-se e agora sentia a força 
              do monstro apertar-lhe os ossos. Florin, Magnus e Dove, em especial, 
              conseguiram aplicar poderosos golpes e o monstro sangrava, bastante 
              ferido, porém não derrotado. Lançou sobre Galtan 
              um encanto e um frio intenso percorreu o corpo do homem, ferindo 
              sua pele. Ájax, ainda sendo esmagado pelo monstro, pegou 
              seu gládio e, com toda a força, enterrou-a no dorso 
              do phaerimm. A criatura emitiu um grito medonho e passou a flutuar 
              inerte. Comemoram a aniquilação da besta, mas somente 
              até verem ao longe mais inimigos. Se tivessem tempo de contar, 
              concluiriam ser cerca de trezentos. Era a hora certa de retornar. 
              Voaram em direção à fenda dimensional, que 
              começava a se fechar. Se não fossem rápidos, 
              ficariam naquele estranho mundo para sempre. No caminho, puxaram 
              Sirius, que ainda estava fora de si.
 
 Ao passar pela abertura, pouco 
              antes dela desaparecer, viram abaixo a luta aberta e uniram-se a 
              ela. A vitória para o exército aliado estava clara, 
              mas os phaerimns ainda resistiriam por mais quarenta minutos, até 
              que um elfo de Evereska, um humano de Cormyr e um orc cercaram o 
              último phaerimm. Os três golpearam com fúria 
              ceifando o último dos oponentes. Com o bicho no chão, 
              o soldado cormyriano cumprimentou o elfo como um irmão de 
              guerra. Depois ambos fitaram o orc, um instante de silêncio 
              se fez entre eles e os que estavam observando o combate. Até 
              que eles apenas acenaram para o orc com gratidão pela ajuda. 
              Assim, com a luta terminada, cessou-se o encanto do Dodecaedro Definitivo.
 
 Houve uma comemoração 
              discreta, pois os mortos espalhados pelo campo de batalha não 
              permitiam que a alegria do triunfo superasse a dor da perda de tantos. 
              Os guerreiros de Cormyr e Nova Gondyr entreolharam-se. Continuariam 
              a ser inimigos, mas não por agora. O general Gilfein, líder 
              dos gondyrianos, aproximou-se da regente Alusair.
 
 “Regente. Em face de nossas 
              perdas, pedirei a Vorik uma trégua de três meses. Aproveite.”
 
 Alusair assentiu e cada lado 
              reuniu seus homens. Mikhail lembrou aos líderes dos exércitos 
              a necessidade de observar as feridas nos homens atingidos pelos 
              ferrões dos phaerimns. As criaturas poderiam ter colocado 
              ovos na carne aberta e, neste caso, sua larvas deveriam ser extirpadas 
              e destruídas.
 
 Ainda ficaram no campo de batalha 
              durante o restante do dia, recolhendo os mortos e curando os feridos, 
              entre eles Sirius, cujo estado mental foi restaurado por um sacerdote 
              cormyriano. Os corpos dos combatentes foram enterrados ou queimados, 
              conforme o rito fúnebre de cada reino e raça, após 
              orações aos deuses. Os cadáveres dos phaerimns 
              foram empilhados e arderam em chamas.
       Vendo 
              ao longe as labaredas estava Laeral, tristonha. Seu marido aproximou-se 
              e percebeu o abatimento em sua face.“Querida, 
              eu... eu entendo o que está sentindo, mas eu não tive 
              escolha. Eu não poderia contar-lhe que o Dodecaedro poderia 
              consumir a quem o usasse, pois alguém teria de ativá-lo. 
              Não poderia compartilhar este fardo com ninguém, principalmente 
              a você a quem amo tanto.”
 “Eu 
              sei meu amor, o que me entristece é justamente o que nos 
              mantém unidos: nosso vínculo com Mystra. Você, 
              ao se tornar um dileto dela, sabia que haveria conseqüências 
              pesadas para a dádiva que carregamos. A responsabilidade 
              muitas vezes me faz pensar que esta condição é 
              um fardo para nós, mas é algo que talvez não 
              tenhamos escolha. Tenho inveja de Dove, ela não mais tem 
              dúvidas quanto a isso.”
 “Mesmo 
              assim, peço teu perdão. Muitos perderam a fé 
              em mim neste últimos anos, apenas você não me 
              abandonou.” Disse Khelben abraçando-a. E ali permaneceram 
              vendo o Sol nascer no horizonte.
  Despedidas no Campo 
              de Batalha        No 
              outro dia, ao raiar do sol, os exércitos exaustos preparam-se 
              para voltar para suas nações. Os soldados arrumavam 
              seus pertences e agrupavam-se. A Comitiva estava também de 
              pé. Ninguém havia conseguido dormir. Foram chamados 
              por Ájax até a tenda armada para a Regente. Alusair 
              queria falar-lhes.
 “Comitiva”, 
              iniciou a Princesa de Aço, “Perdoem-me por relutar 
              em enviar ajuda quando me pediram. Queria dizer que Cormyr está 
              à disposição de vocês quando precisarem. 
              Lamento não puder dar-lhes nada em retribuição 
              da bravura que tiveram...”
 “A 
              amizade do reino de Cormyr é o nosso maior presente.”, 
              respondeu Kariel, sintetizando o pensamento dos companheiros.
 “Sim, 
              alteza. Espero que nossas nações se aproximem mais 
              no futuro.”, complementou Laeral.
 “E 
              parabéns pela presença e destreza na batalha, Regente. 
              É tão corajosa quando foi Azoun IV, seu pai.”
 “Obrigada, 
              Magnus. Esta batalha foi muito importante... minha espada já 
              estava enferrujando e meu traseiro estava ficando quadrado de tanto 
              sentar neste trono.”, disse Alusair, da forma que falava quando 
              estava entre amigos. “Agora vão, antes que apareça 
              mais alguma encrenca. Que Tyr os acompanhe!”, finalizou sorrindo.
 
 A 
              Comitiva deixou a tenda real e despediu-se de Ájax e do anão 
              Windolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata.
 
 “Até 
              a próxima Comitiva. Vejam, Magnus e Kariel... nossa aventura 
              anterior pelos reinos com a Orbe de Orgor nos salvou. Se não 
              fosse por ela, o deus Érix estaria preso e não nos 
              teria salvado desta vez.”
 “Está 
              certo, Ájax! Se olhar por um outro ângulo, o próprio 
              Bane nos ajudou indiretamente, ao indicar o caminho do cativeiro 
              de Érix.”
 “Tem 
              razão, Magnus. Ele deve estar neste momento se amaldiçoando 
              por isto em algum lugar nos planos divinos e isto me deixa muito 
              feliz.”, colocou Kariel.
 “Érix... 
              Bane... Depois vocês têm que me contar esta história!”, 
              disse Limiekli, que estava curioso com aquela intimidade dos companheiros 
              com os deuses.
 
 Terminada 
              esta conversa, foram para o agrupamento onde se reuniam os soldados 
              de Evereska e de Águas Profundas, que juntos retornariam 
              para o reino élfico. Antes, foram abordados por Florin e 
              Dove.
 
 “Comitiva, 
              viemos nos despedir. Eu e Florin ficaremos aqui. Vamos ajudar Cormyr 
              durante algum tempo.”
 “Agradecemos 
              toda a ajuda que nos deram.”, disse Mikhail.
 “Foi 
              um prazer.”, respondeu Florin. “Enquanto a vocês...”, 
              disse olhando para Sirius e Limiekli, “...espero encontrar 
              mais irmãos de combate tão bons no futuro. Formam 
              uma bela dupla!”
 Limiekli 
              e Sirius sorriram e todos se abraçaram e se despediram.
 
 Cormyr 
              cedeu cavalos e mantimentos e à caravana de homens e elfos 
              de Águas Profundas e Evereska partiu para o oeste. Foram 
              quatro dias de viagem, pelos Picos do Trovão e entre florestas. 
              Não foram molestados, mesmo sendo este território 
              uma zona de guerra.
 
 Na 
              hora do alto sol, no último dia da viagem de volta, avistaram 
              novamente as muralhas brancas de Evereska. Nas cercanias da Fortaleza 
              Élfica, indícios de um grande combate travado. Odor 
              de fumaça, árvores calcinadas, um ou outro foco de 
              fumaça, cadáveres gigantescos de dragões vermelhos. 
              Mais tarde saberiam pela boca de testemunhas de uma batalha nesta 
              guerra entre dragões que seria cantada pelas canções 
              élficas dos evereskanos ao longo dos séculos: a luta 
              de um gigantesco dragão vermelho conhecido como Klauth contra 
              um ancião dourado chamado Palandarusk e o Coronal Eltargrim. 
              Juntos, expulsaram o gigante vermelho e com ele foram embora seus 
              seguidores.
 
 Entraram 
              na cidade e viram que, apesar de um ou outro dano, Evereska permanecia 
              de pé. Seus habitantes saudaram os recém-chegados, 
              e celebraram em especial Aubric Nimehdu e seu exército. Seu 
              retorno significava que o plano havia dado certo e que os phaerimns 
              enfim haviam sido vencidos. Porém, o comandante dos Espadas 
              de Evereska não estava eufórico: havia perdido muitos 
              dos seus subordinados e o seu irmão Galaeron, que sacrificou 
              sua vida ao acionar o Dodecaedro Definitivo. Quando as mortes foram 
              anunciadas, não houveram tantas celebrações.
  Conversas em Evereska        A 
              Comitiva dispersou-se. Os heróis estavam muito cansados e 
              com preocupações na cabeça. A de Kariel era 
              ter com Arthos, seu grande amigo, que se encontrava preso em uma 
              masmorra no Parlamento Élfico. Queria contar-lhe sobre as 
              vitórias e levar-lhe um pouco de esperança. Foi autorizado 
              e rapidamente já estava a falar com o desafortunado elfo 
              de cabelos escarlates.
 “Arthos. 
              É bom revê-lo, amigo!”
 “Kariel! 
              Você precisa fazer algo... tenho que sair daqui. Diga-me que 
              tenha boas notícias!”, disse, nervoso, o prisioneiro.
 “Tenho. 
              Os phaerimns e seus aliados foram derrotados. Vencemos, apesar de 
              muitas baixas.”
 “Alguém 
              da Comitiva morreu?”, perguntou preocupado.
 “Não, 
              graças ao deus Érix, Pai dos Humanos. Lembra-se dele? 
              Nós o libertamos de sua prisão, meses atrás.”
 “Lembro-me 
              bem. O que houve. Ele surgiu no combate?”
 “Sim, 
              e ressuscitou boa parte de nossos soldados. Ele cumpriu sua promessa. 
              Agora, meu amigo, que tudo isto terminou, espero que os evereskanos 
              sejam mais propensos a rever a sua pena e libertá-lo, quem 
              sabe.”
 “Se 
              isto acontecer, juro que agradecerei aos deuses!”
 “Devo 
              retornar agora, Arthos! Vim apenas tranqüilizá-lo. Aguardaremos 
              o desenrolar dos acontecimentos.”
 “Obrigado, 
              Kariel. Mantenha-me informado.”
 
 Kariel 
              deixou Arthos, mas não o Parlamento. Carregava consigo o 
              medalhão dado por Laurë, a meia-elfa que tinham encontrado 
              há muitas luas atrás. Havia prometido procurar por 
              pistas sobre a Casa de seu pai desaparecido e, agora que as urgências 
              haviam terminado, era hora de cumprir sua palavra. Encontrou Anskalar 
              Duorsena, Diretor do Parlamento, que passava pelos corredores.
 
 “Diretor... 
              preciso falar com o senhor, agora que todas estas batalhas cessaram...”, 
              chamou o mago.
 “Caso 
              o assunto seja o seu amigo...”, interrompeu a autoridade antes 
              que o mago terminasse, “... estive com os Anciões agora 
              há pouco e eles discutirão hoje a noite o veredicto 
              final, em uma reunião particular. Vocês serão 
              informados da decisão amanhã, pela manhã.”, 
              disse o elfo de cabelos dourados, que parecia apressado e já 
              afastava-se novamente de Kariel, para cuidar de outras tarefas.
 “Um 
              momento, senhor. Fico feliz em saber sobre a decisão do Conselho 
              dos Anciões, mas o assunto que tenho a falar-lhe é 
              outro.”
 Anskalar parou e voltou-se para Kariel, agora com mais atenção, 
              curioso com o que seria lhe inquirido.
 “Quando 
              aqui cheguei, carregava uma demanda, que por ser menos urgente do 
              que a questão dos phaerimns, teve que ser adiada até 
              agora. Uma guerreira que encontramos, procura o pai, um elfo de 
              origem nobre, cuja única pista é este medalhão, 
              com o símbolo de sua Casa.”, disse Kariel, sacando 
              do bolso o colar de prata. “Não reconheço este 
              brasão, mas acredito que em Evereska alguém poderá 
              identificá-lo.”
 Anskalar 
              olhou a figura gravada na prata, pôs a mão no queixo 
              e disse.
 “Com 
              certeza não é nenhuma das Casas Élficas de 
              Evereska, mas procure o sábio Aliran, na biblioteca do Parlamento. 
              Ele poderá dar um parecer abalizado sobre o assunto.”
 
 Então 
              Kariel agradeceu e partiu pelos corredores do Parlamento. Encontrou 
              a biblioteca. Esplêndida, diga-se de passagem, com um enorme 
              salão e prateleiras decoradas que iam do chão até 
              quase o teto. Havia uma estátua do deus élfico dos 
              professores, Labelas Enoreth, em uma posição de destaque 
              no centro O ambiente era agradável e claro, cheio de mesas. 
              Naquele momento, havia somente um elfo, de meia idade, que lia um 
              grosso tomo.
 
 “Perdoe-me 
              interrompê-lo, senhor. Procuro por Aliran.”
 “Sou 
              eu, meu jovem. O que deseja?”
 “Tenho 
              este brasão, com o símbolo de uma Casa Élfica 
              desconhecida. Procuro pistas que levem à sua origem. O Diretor 
              Duorsena disse-me que talvez pudesse ajudar-me nisto.”
 O 
              elfo examinou o medalhão de prata e o devolveu. Pediu para 
              Kariel aguardar. Sumiu em um corredor em meio a estantes e em seguida 
              voltou com um livro aberto.
 
 “Neste 
              livro existe uma figura muito semelhante. Veja!”, mostrou 
              o sábio.
 “De 
              onde vem a Casa descrita neste livro?”, perguntou Kariel.
 “Infelizmente, 
              meu jovem, de Myth Drannor. Como deve saber, aquele reino foi destruído 
              por demônios, tempos atrás.”
 “Sim, 
              mas algum sobrevivente pode ser encontrado, talvez, na floresta 
              de Cormanthor. Já é algo para seguir. Agradeço 
              a informação.”
 
 E 
              assim o jovem mago de cabelos azuis deixou o Parlamento, com uma 
              pista para Laurë. Enquanto isto, além dos portões 
              da cidade, Galtan estava com seu superior, o comandante Brian. Organizavam 
              a desmobilização das tropas. Algumas dúvidas 
              pairavam em sua mente.
 
 “Lorde 
              Brian. Estive pensando... ultimamente nunca participei de tantas 
              batalhas importantes quanto agora que segui este grupo chamado Comitiva 
              da Fé. Começo a achar que talvez seja mais valioso 
              estar com eles ao invés de retornar à Águas 
              Profundas.”
 “Galtan, 
              entendo que estas aventuras o tenham empolgado e sei que sua vida 
              de soldado e de nobre é repleta de normas que não 
              existem para estes aventureiros, que podem correr livres os reinos 
              em busca de justiça, diversão e riquezas. Mas apesar 
              de tudo, temos uma função importante: defendermos 
              nossa pátria. Se não estivéssemos sempre em 
              prontidão, como no episódio da batalha no Monte Águas 
              Profundas, meses atrás, talvez nossa cidade não mais 
              existisse. Defendemos com a vida nossos conterrâneos. Mas 
              a decisão é sua. É um nobre e não precisa 
              de minha autorização para nos deixar e partir.”
 “Antes 
              de ser um nobre, sou seu soldado, Lorde Brian, e o respeito como 
              comandante. Suas palavras me fizeram refletir. Agradeço.”, 
              disse com um aceno de cabeça.
 “Que 
              Tyr ilumine sua decisão.”
  Um Elfo a Menos       À 
              noite a Comitiva reuniu-se novamente. Estavam em um belo jardim, 
              iluminado por luzes mágicas colocadas nas árvores 
              e alimentadas pela energia do mythal evereskano. Além dos 
              heróis, estavam centenas de cidadãos. Era a cerimônia 
              fúnebre dedicada aos mortos no conflito contra os phaerimns. 
              Galaeron foi o principal homenageado, pelo sacrifício que 
              permitiu o que o artefato conhecido como Dodecaedro Definitivo fosse 
              acionado. Aubric, á maneira dos elfos, tomou a palavra e 
              falou das realizações do irmão durante sua 
              longa vida. O ritual, que foi rápido para os padrões 
              élficos, durou cerca de quatro horas. Após o término 
              das homenagens, a Comitiva foi pernoitar na casa da família 
              Velian. Lá, Kariel comunicou-lhes o que ouviu do diretor 
              do Parlamento Élfico sobre a definição da sentença 
              de Arthos. Dormiram então com esperanças de que o 
              companheiro fosse libertado finalmente.
 Pela 
              manhã, bateu a porta um mensageiro do Parlamento que procurava 
              pela Comitiva. Uma audiência especial seria realizada e os 
              aventureiros eram convidados. Arrumaram-se com roupas limpas e foram 
              em uma carruagem até o prédio do Parlamento Élfico. 
              Nas proximidades notaram uma grande aglomeração. Viram, 
              além do povo de Evereska, muitos soldados de Águas 
              Profundas e à frente, no alto das escadas do Parlamento, 
              Anskalar Doursena, que cumprimentava Brian, Khelben e Laeral. Era 
              a despedida dos soldados de Águas Profundas, um momento de 
              agradecimento e de aproximação entre aqueles reinos 
              tão distantes e tão diferentes. Um rápido discurso 
              foi feito pelo Diretor do Parlamento, que falou em élfico 
              e depois em comum. Exaltou os feitos de coragem e a cooperação 
              daqueles humanos nas batalhas recentes. Ao encerramento, Anskalar 
              Doursena pregou nas roupas de Khelben, Laeral e Brian uma pequena 
              flor de prata, que significava a amizade conquistada entre as duas 
              nações. O governo evereskano também ofereceu 
              mantimentos e cavalos para o retorno dos soldados a sua terra natal.
 
 Encerrada 
              a cerimônia, os homenageados se dispersaram e encontraram 
              a Comitiva que assistia. Khelben e Laeral foram os primeiro a aproximarem-se.
 
 “Temos 
              que lhes agradecer mais uma vez. O auxílio da Comitiva foi 
              decisivo. Se passarem por Águas Profundas ou tiverem algum 
              tipo de problema, terei prazer em ajudar no que estiver ao meu alcance. 
              Agradeço em meu nome e do governo de Águas Profundas.”
 “Também 
              agradeço por terem salvado meu reino.”, disse Mikhail
 “E 
              se encontrar Elminster, Khelben, diga-lhe que ele perdeu uma grande 
              batalha.”, pediu Magnus, em um sorriso.
 “Não 
              se preocupe... direi isto a ele!”, respondeu, devolvendo o 
              sorriso ao paladino.       “Kariel... 
              posso lhe falar?”, continuou o arquimago, chamando o elfo 
              a parte.       “Continue 
              o caminho que está trilhando e será um grande mago.”
 “Obrigado 
              pelas palavras, mas sinto que há tanto a aprender...”, 
              disse o elfo.
 “Talvez 
              nem tanto, mas continue atento. Ah... se encontrar Westingale, diga 
              a ele que pode ir, se desejar, à minha torre. Não 
              cobrarei mais o prejuízo que ele me deu!”,       Khelben 
              sorriu junto com Kariel, lembrando juntos o episódio em que 
              Kelta, amigo de Kariel e antigo companheiro de andanças da 
              Comitiva, pôs fogo na torre do arquimago em Águas Profundas 
              devido a conflitos pessoais.
 
 Khelben 
              e Laeral então subiram em seus cavalos, rumo aos portões 
              da cidade. Brian e Galtan também foram até a Comitiva. 
              Foi o cavaleiro que iniciou a despedida.
 
 “Amigos, 
              agradeço as grandes aventuras que vivi ao lado de vocês. 
              Estou retornando à Águas Profundas, mas se precisarem 
              de mim, basta mandar um aviso e virei em meu cavalo.”
 “Obrigado. 
              É bom saber que temos mas um amigo na Cidade dos Esplendores. 
              Boa viagem a vocês!”, desejou Magnus em nome de todos.
 
 Os 
              homens de Águas Profundas então partiram todos da 
              Fortaleza Élfica. Agruparam-se do lado de fora das muralhas 
              brancas e de lá partiram em uma jornada longa até 
              o norte da Costa da Espada. Kariel voltou-se para o amigo paladino 
              de Helm, lembrou de uma despedida que talvez fosse dolorosa para 
              o guerreiro.
 
 “Magnus... 
              agora só restou Storm. Nossa missão aqui já 
              terminou, mas certamente teremos outros assuntos a tratar. Ela e 
              você seguirão juntos?”
 “Não 
              sei, Kariel. Ela disse que iria pensar no assunto. Também 
              não sei se irei. Tenho uma catedral para construir no Vale 
              das Sombras.”
 “Espero 
              que qualquer que seja a decisão, vocês partam unidos 
              pelo caminho da felicidade.”
 “Obrigado, 
              amigo.”
 “Perdoem-me, 
              senhores!”, interrompeu um elfo de Evereska. “Acompanhem-me 
              até o auditório do Parlamento. Há uma sessão 
              especial em honra da Comitiva da Fé e são aguardados.”
 
 Então 
              a Comitiva seguiu o enviado por corredores já familiares, 
              até um auditório, onde sentados à espera da 
              Comitiva, estavam representantes das Casas Élficas evereskanas. 
              Foram levados ao palco. Para alguns deles, notadamente o pequeno 
              Bingo, estar em frente a uma platéia era mais difícil 
              do que brandir uma espada contra o inimigo. Os pequenos eram tímidos 
              e naquele momento tinha vontade de esconder-se. O Diretor Doursena 
              anunciou:
 
 “Iniciamos 
              agora a homenagem ao grupo de heróis conhecido como Comitiva 
              da Fé. Espero que aceitem nossos agradecimentos e alguns 
              presentes, em nome do povo de Evereska.”
 
 Então 
              vieram por trás de algumas cortinas ao fundo, dois elfos, 
              em túnicas brancas, com caixas de madeira trabalhadas nas 
              mãos. Foram entregues a Sirius, que imediatamente as abriu. 
              Em uma delas havia uma belíssima espada, obra dos ferreiros 
              evereskanos e na outra, uma armadura com escamas, feita do mesmo 
              mitral que haviam conseguido e deixado na Casa Velian para ser forjado. 
              O elfo voltou e trouxe mais duas caixas e desta vez as entregou 
              à Limiekli. O ranger abriu e encontrou um machado de guerra, 
              e um par de lindas botas, eram mágicas, praticamente eliminavam 
              os ruídos feitos pelos pés daqueles que as calçavam. 
              Os próximos presentes foram para Magnus, uma outra armadura 
              de mitral, com um o símbolo do Deus Vigilante gravado no 
              peito e um tubo contendo um pergaminho. Era uma permissão, 
              assinada pelo Coronal Eltargrim, para que o paladino pudesse adentrar 
              a Floresta de Cormanthor e retirar de seu território as pedras 
              necessárias para erguer a catedral que tanto sonhava em honra 
              a seu deus. Kariel, em seguida, recebeu também uma caixa. 
              Havia dentro delas duas braçadeiras encantadas, feitas de 
              couro e pintadas de branco e prata, que lhe forneceriam proteção 
              extra nas batalhas, e um tubo enfeitado, contendo pergaminhos repletos 
              de magias arcanas, as quais estudaria com afinco. Bingo não 
              foi esquecido. Recebeu um belo gládio, uma espada curta e 
              um belo manto encantado. Mikhail foi o último agraciado. 
              Foi lhe entregue uma caixinha bem pequena, que o clérigo 
              abriu com curiosidade. Era um anel mágico, que ofereceria 
              alguma resistência contra o fogo. Também recebeu uma 
              cota de malha de mitral.
 
 “Esta 
              é a nossa maneira de agradecer. Agora lhes peço que 
              me acompanhem a uma outra sala, onde ouvirão o veredicto 
              final sobre os crimes de seu amigo Arthos Fogo Negro.”, declarou 
              Doursena, retirando-se e sendo acompanhado pelos aventureiros.
 
 Foram 
              até o salão principal do Parlamento, onde já 
              haviam estado, em momentos mais desagradáveis. Esperavam 
              que este não fosse mais um deles. Acomodaram-se nas primeiras 
              cadeiras, enquanto na mesa do Parlamento, estavam sentados os Anciões 
              da Colina. No púlpito, acompanhado do Coronal Eltargrim, 
              Anskalar lia um parecer:
 
 “Depois 
              de muito ponderarmos sobre os crimes do elfo Arthos Fogo Negro, 
              de adentrar a câmara do mythal e por em risco a vida dos nossos 
              cidadãos, nós o condenamos à duas penas: ao 
              Akh’Faen’Tel’Quess e ao banimento de Evereska. 
              As penas serão executadas imediatamente. Peço que 
              se dirijam ao Templo de Corellon. O companheiro de vocês já 
              está lá.
 
 “Akh’Faen’Tel’Quess?! 
              Vocês que são elfos, sabem que diabos é isto?”, 
              cochichou Limiekli perto de Kariel e Mikhail.
 “Não 
              sei ao certo. É difícil de traduzir, mas soa como 
              ‘expulsar da comunidade’ em língua comum. Também 
              não sei o que quer dizer.”, respondeu Kariel, tão 
              ignorante como os seus companheiros humanos.
 “Também 
              não sei do que se trata!”, colocou Mikhail. “Talvez 
              seja algum ritual que antecede o banimento...”
 “Bem... 
              seja lá o que for, Arthos não irá morrer. Não 
              se pode banir quem já está morto. Vamos descobrir 
              de qualquer forma do que se trata no templo.”, colocou Sirius.
 
 Seguiram 
              então o Diretor e alguns elfos que o acompanhavam. Foram 
              até a imensa torre e percorreram seus caminhos até 
              a Câmara do Mythal. Acomodaram-se em assentos colocados na 
              sala, em uma área delimitada. Estavam distantes, mas puderam 
              ver o cristal poderoso que jazia há alguns metros à 
              frente, brilhante. Arthos estava próximo ao artefato, vigiado 
              por dois soldados e ao redor de alguns clérigos de Corellon. 
              Havia a sua frente uma estranha cadeira escura, com amarras presas 
              à sua madeira. Quando o Diretor cruzou a porta, acenou e 
              deu início ao ritual. Foi pedido à Arthos que se sentasse 
              na cadeira e ele o fez, ainda que temeroso. Não haviam alternativas. 
              As amarras foram atadas a ele e então os clérigos 
              começaram a recitar orações à Corellon. 
              Aquilo durou cerca de duas horas, quando então Arthos foi 
              desamarrado e levado da sala. O que havia acontecido, os companheiros 
              da Comitiva não souberam precisar, pois a distância 
              não permitia uma avaliação mais detalhada. 
              Anskalar então pronunciou-se.
 
 “O 
              colega de vocês está sendo levado em uma carruagem 
              para além de nossos portões. Lá aguardará 
              por vocês. O Akh’Faen’Tel’Quess está 
              terminado. Agora devo me retirar. Agradeço novamente a ajuda 
              e que Corellon os acompanhe!”
 
 A 
              Comitiva estava ansiosa por encontrar Arthos, mas decidiu antes 
              reunir seus pertences e fazer as últimas despedidas para 
              aproveitar e deixar Evereska. Encontraram Storm e Mikhail trouxe 
              seu cavalo Burgos e juntos saíram da Fortaleza Élfica. 
              Ao cruzar os portões viram a carruagem. Aproximaram-se e 
              a porta foi aberta. Um clérigo retirou Arthos de dentro, 
              devolveu seus pertences e o libertou das algemas. Olharam atentamente 
              para o amigo. Estava muito diferente do que era. Parecia mais alto 
              e seu cabelo não estava mais vermelho escarlate, e sim um 
              ruivo acastanhado. Em sua pele, outrora lisa, cresciam finos pêlos 
              e sua orelha... não era mais pontiaguda. Arthos não 
              era mais um elfo, e sim um humano.
 
 “Arthos! 
              O que houve com você!?”, perguntou Mikhail, perplexo.
 “Seu 
              amigo foi condenado ao Akh’Faen’Tel’Quess, um 
              antigo ritual. Ele foi expulso da raça élfica e agora 
              é um humano.”, explicou o clérigo, que deixou 
              a Comitiva com Arthos, entrou na carruagem e voltou para a cidade.
 “Que 
              tragédia! Mas somos amigos e o ajudaremos a superar isto.”, 
              abraçou Kariel o amigo.
 “Tragédia?! 
              Espere... não é tão ruim assim ser um humano, 
              Kariel!”
 “Não 
              quis ofender, Limiekli, mas Arthos é meu amigo e agora viverá 
              muitos anos a menos do que poderei acompanhá-lo. Terá 
              que viver mais intensamente cada segundo de sua curta vida.”
 “Não 
              diz isto a ele não Kariel. Ele já era um elfo inconseqüente. 
              Imagine agora!”, brincou Sirius.
 “Pelo 
              menos, ele agora está mais de acordo com o seu comportamento.”, 
              colocou Mikhail.
 
 Arthos 
              por momentos somente ouviu seus amigos e olhava seu reflexo no escudo 
              polido de Sirius. Tocava no rosto, nas orelhas. Sentia-se mais pesado 
              e estranho. Então disse.
 
 “Bem, 
              amigos. Terei que me acostumar. Pelo menos estou vivo.”
 “Comitiva!”, 
              interrompeu Storm, “Lamento interromper, mas existe um assunto 
              para resolver no Vale da Adaga. Lembram-se dos harpistas que desapareceram 
              por lá. É hora de nos preocuparmos com eles. Podem 
              vir comigo?”
 “Ora... 
              porque não!? Vamos!”, falou Arthos. “Para uma 
              nova aventura!”.
       Seus 
              companheiros sorriram e concordaram com o recém chegado à 
              raça humana. Então Storm conjurou um encanto e todos 
              desapareceram das cercanias de Evereska, rumo a mais um capítulo 
              a ser contado na história de suas lendas.
 
 
 Este foi o último capítulo da saga “O Retorno 
              dos Arquimagos” e também a última partida jogada 
              pelo sistema Advanced Dungeons and Dragons. A partir de agora, os 
              jogos serão realizados com base no sistema Dungeons and Dragons 
              3.5.
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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