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  O Arquiteto da Destruição Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
 
 Personagens principais da aventura:
 Os 
              Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), 
              Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas. 
              Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. Participação 
              Especial: Khelben Arunsun, Laeral Mão Argêntea, 
              Storm Mâo Argentêa, Florin e Dove Garra da Falcão.
 
  O Arquiteto da Destruição 
 A Gênese do Império da Magia
      Em 
              uma época muito distante na história de Faerûn existiam sete vilas 
              pesqueiras que um dia resolveram se unir. O rei xamã de uma das 
              vilas foi eleito o líder, ele era conhecido por Nether o Ancião. 
              Sendo o rei das sete vilas, nomeou aquele novo reino de Netheril, 
              que significa 'As Terras de Nether'. Com isso ele também criou um 
              calendário onde os anos eram referenciados aos Anos de Netheril. 
              Anos depois foi implantada em Netheril uma democracia onde os líderes 
              das cidades empregavam o poder do voto para as decisões do reino 
              criando assim o Conselho de Sete-Cidades. Quarenta anos depois da 
              formação de Netheril, os elfos de Earlanni aproximaram-se do povo 
              do reino e criaram laços de amizade. Até então os elfos eram uma 
              das únicas criaturas dos reinos que abrigavam o conhecimento da 
              magia. Portanto o amigo mais novo de Nether, o Ancião, Therion Gers, 
              se tornou o primeiro mago humano de Netheril.
 No ano 326 de Netheril 
              ocorreu algo que mudaria totalmente a história do mundo, a descoberta 
              dos Pergaminhos Nether. Era uma coleção de 100 pergaminhos que possuíam 
              um conhecimento inimaginável sobre a magia. Após este evento, Netheril 
              transformou-se em um império de magia que se consolidou na Era Mythalar 
              quando Ioulaum, um dos grandes arquimagos da história, desenvolveu 
              uma técnica que possibilitou armazenar a mais pura energia mágica 
              em cristais resistentes. Assim, mais tarde, para evitar a invasão 
              de orcs em sua cidade, Ioulaum usou seus conhecimentos com o mythalar 
              e colocou sua cidade aos céus fazendo-a flutuar. Anos mais tarde 
              outros arquimagos repetiram o feito de Ioulaum e levantaram suas 
              cidades de modo que ficassem seguros contra ameaças de invasão por 
              parte de criaturas hostis. Deste modo Netheril passou a ser um país 
              de cidades flutuantes as quais eram denominadas Enclaves, onde cada 
              uma delas tinha como dono o arquimago que a colocou no céu. Mas 
              ainda assim continuavam obedecendo ao Conselho de Sete-Cidades.
 
 Séculos 
              depois nasceu um homem que talvez tenha sido o arcano mais poderoso 
              dos reinos. Ele, assim como Ioulaum, revolucionou as artes místicas. 
              Seu nome era Karsus, e já aos dois anos de idade começara a conjurar 
              magias. Aos 22 anos, elevou-se a arquimago quando ao criar um mythalar, 
              desenvolveu seu próprio enclave nos céus. A nova cidade, além das 
              residências e estabelecimentos tinha como característica as academias 
              de magia onde o próprio Karsus era um professor.
 Em 
              Busca dos Mythalares       A 
              equipe de heróis composta por Khelben Arunsun, Laeral Mão 
              Argêntea, Dove e Florin Garra de Falcão, Storm Mão 
              Argêntea, Brian o Mestre das Espadas, Galtan e a Comitiva 
              da Fé haviam conseguido adentrar em Obscura, o Enclave dos 
              Vultos. Disfarçados de vultos pelo sortilégio de Khelben 
              eles se esconderam no lar do 'obtuso' Nessen. Mas agora teriam de 
              partir. Como fora feito antes, mais uma vez aqueles aventureiros, 
              que muitas batalhas haviam travado juntos, novamente se separariam, 
              divididos por diferentes missões e destinos. Partiam para 
              destruir os mythalares, pedras carregadas da mais pura energia mágica, 
              e mantinham a cidade inimiga de Obscura flutuando, inatingível 
              e ameaçadora, acima dos céus e das nações 
              de Faerûn.
 Antes que os três grupos 
              se afastassem, quis Khelben Arunsun, arquimago de Águas Profundas, 
              fazer uma derradeira preleção:
 
 "Lembrem-se, Escolhidos 
              da Deusa: concentrem-se e usem a dádiva do Fogo Prateado 
              para afastar temporariamente a magia da área onde estão 
              os mythalares. Em seguida, com os poderes do cristal desativado, 
              os destruam o quanto antes e usem seus encantamentos para fugir. 
              Os magos, ao combaterem, devem usar magias baseadas na luz, fraqueza 
              dos vultos."
 "Khelben...", interrompeu 
              Kariel, incomodado como uma dúvida. "...quando os mythalares 
              falharem, a cidade cairá. Desta forma mataremos assim todos 
              os seres vivos que aqui habitam! Segundo sei, os enclaves da época 
              de Netheril ruíram de forma semelhante e seus habitantes 
              assim pereceram."
 "Obscura não cairá 
              de vez, Kariel. Além disto, creio que os vultos têm 
              artifícios para evitar que sua cidade seja destruída. 
              Eu mesmo estarei atento para evitar uma catástrofe, que não 
              é o nosso objetivo. Não temos tempo para aulas de 
              História agora, mas saiba que nem todos os enclaves de Netheril 
              pereceram. Alguns ainda existem como cidades comuns, ainda que não 
              mais possuam traços da sua avançada cultura ancestral."
 "O que me preocupa é 
              como vamos entrar nestes complexos. Não creio que qualquer 
              vulto seja admitido na Catedral, na Torre Real ou na tal Cúpula.", 
              disse Dove.
 "Observem e usem da criatividade. 
              Investiguem a melhor forma de entrar.", disse simplesmente 
              o arquimago Khelben.
 "E cuidado ao usar a magia. 
              Devem haver algum tipo de proteção. Duvido que um 
              encanto de teletransporte nos faça entrar.", advertiu 
              Laeral.
 "Mais alguma dúvida?", 
              perguntou Khelben.
 "Só quero saber 
              se podemos partir agora!", disse ansioso Galtan, o cavaleiro.
 "Bem... antes de ir gostaria 
              de dizer que foi muito bom lutar ao lado de vocês. Não 
              sou tão poderoso e experiente e não sei se vou sair 
              dessa.", disse Limiekli, despedindo-se.
 "Não se preocupe. 
              Mystra estará conosco!", disse Mikhail, clérigo 
              da Deusa da Magia
 "Vamos. Nosso tempo é 
              curto. Boa sorte a todos!", disse por fim, Khelben, encerrando 
              aquela conversa.
 
 Os heróis então 
              pediram proteção aos seus deuses e se dividiram nas 
              estreitas ruelas daquele bairro sombrio e estranho, tendo como guia 
              anotações feitas a partir do mapa conseguido por Dove. 
              Caminharam por cerca de duas horas e a medida que o faziam, viam 
              as pequenas construções serem substituídas 
              por outras maiores e as ruas alargarem-se, até chegarem em 
              uma praça central, de onde partiam três grandes caminhos. 
              Segundo o mapa, o que rumava para oeste levaria até a Catedral 
              de Shar, o caminho ao norte, à Torre Real, e o do leste iria 
              até a Cúpula dos Deterministas. E assim foram os três 
              grupos.
 A 
              Cúpula       Dove, 
              Florin, Limiekli e Mikhail andaram na direção norte, 
              depois oeste. Subiam uma íngreme ladeira, quando avistaram 
              algumas pequenas charretes, de cabines abertas, estacionadas na 
              ampla via, com obtusos como cocheiros e estranhos répteis 
              quadrúpedes, que serviam como montarias semelhante aos cavalos. 
              Ao que parecia, vendiam serviços de transporte aos que desejavam 
              percorrer com mais conforto o caminho à frente. Limiekli 
              pediu a Dove algum dinheiro e ela deu-lhe o que havia sobrado da 
              compra do mapa. O ranger, aproximou-se de um dos cocheiros.
 "Vende transporte por esta 
              ladeira?"
 "Sim."
 "Quanto me custará?"
 "Duas peças.", 
              respondeu o obtuso, que olhou para os companheiros de Limiekli mais 
              ao longe. "Sendo quatro pessoas, teremos de ir em duas charretes. 
              Somente há lugar para dois! Vocês não costumam 
              vir sempre aqui, costumam?"
 "Não se pudermos 
              evitar!", disse desconversando. "Tome as quatro peças 
              e vamos logo!"
 
 Os aventureiros se aproximaram 
              e se dividiram nos dois transportes e seguiram em frente. Após 
              alguns minutos, acabou-se a subida e as charretes pararam em uma 
              praça plana. A volta dela, haviam grandes casas muradas, 
              que ostentavam brasões em seus portais e em seu centro, monumentos 
              bizarros e plantas cinzentas formavam um estranho e triste jardim. 
              Poucos vultos andavam naquelas ruas, mas havia algum movimento de 
              charretes. Viram quando passou por eles uma levando um vulto com 
              um traje de características militares. Resolveram então 
              percorrer o mesmo caminho que este fizera e entraram em uma larga 
              rua. Após algum tempo, a rua abriu-se em outra praça, 
              maior do que a que estavam. Lá, um prédio imponente 
              dominava o ambiente: uma grande construção em forma 
              de redoma. Haviam descoberto a Cúpula dos Deterministas.
 
 Observaram vultos com trajes 
              elegantes e soldados, alguns com roupas idênticas às 
              que vestiam os aventureiros, entravam e saiam do edifício. 
              Répteis alados voavam e pousavam na parte superior de uma 
              construção próxima. Havia também alguns 
              outros vultos, com armaduras, que entravam pelo portão principal 
              da Cúpula. Como o aceso parecia livre, resolveram entrar.
 
 Ao entrarem na Cúpula, 
              encontraram uma grande sala e dela partiam corredores. Existiam 
              muitas estantes, livros e papéis. Em algumas mesas, vultos 
              despachavam demandas de outros vultos e alguns deles escreviam. 
              Foram pelos corredores, guiados por Dove, que como Escolhida de 
              Mystra, podia sentir a poderosa emanação mística 
              do mythalar, que parecia vir de algum lugar nos subterrâneos 
              do edifício. Desceram algumas escadas e andaram até 
              chegarem em um corredor, que terminava em um portão guardado 
              por dois sentinelas. Saíram das vistas dos guardas e pararam 
              para planejar a melhor maneira de entrar.
 
 "Podíamos simplesmente 
              matar aqueles guardas e entrar!", sugeriu Limiekli.
 "Isto poderia causar muito 
              barulho, atraindo a atenção. Temos que pensar em algo 
              mais seguro.", ponderou Mikhail.
 "Você poderia ir 
              invisível e imobilizá-los, Limiekli.", sugeriu 
              Dove. "...e nós então nos aproximaremos e os 
              eliminaremos."
 
 Acordaram que esta seria a melhor 
              solução. Assim o ranger foi encantado pelas artes 
              de Dove e seguiu invisível, sem fazer ruído, até 
              estar bem próximo dos sentinelas. Repentinamente, então, 
              conseguiu prender os vultos com seus braços, ficando novamente 
              visível. Enquanto os soldados se debatiam para libertarem-se 
              de Limiekli, surgiram Dove e Florin, e com suas lâminas precisas 
              e rápidas, atingiram mortalmente os vultos, que caíram 
              inertes no chão. Florin vasculhou os pertences dos soldados 
              mortos e encontrou a chave que abria o portão. Penduraram 
              os cadáveres dos vultos pelas suas vestes em pinos de escalada 
              fixados na parede, de modo que aqueles que passassem ao longe, pensassem 
              que estes ainda estavam de pé. Em seguida, abriram o portão 
              e desceram outras escadas. Lá embaixo havia mais um corredor 
              que levava a uma outra porta guardada por mais dois vultos. Dove 
              não poderia executar mais encantamentos como fez com Limiekli, 
              então conjurou outro feitiço que a fez se movimentar 
              com bastante rapidez. Ele foi em disparada em direção 
              aos dois sentinelas vultos e desferiu golpes mortais com sua espada. 
              Atravessou o coração do primeiro enquanto o restante 
              do grupo chegou e neutralizou o outro, ceifando suas vidas. Novamente 
              encontraram outra chave e abriram o portão. Após ele 
              havia um outro corredor, mas logo após ele uma outra porta, 
              mas em guardas.
 
 Neste momento, Dove ouviu em 
              sua mente, palavras de uma voz familiar
 
 "Dove! Você está 
              próxima ao objetivo?"
 "Khelben... ainda estamos 
              tentando localizar a sala do mythalar.", respondeu.
 
 Um instante depois, uma surpresa. 
              Abriu-se no piso um fosso. Mikhail e Limiekli, que iam à 
              frente, caíram uma altura de 4 metros. Machucaram-se levemente. 
              Em seguida, um estranho gás saiu das paredes daquele fosso, 
              Limiekli e Mikhail caíram desacordados. Dove e Florin fizeram 
              um grande esforço para carregar os corpos dos dois. A guerreira 
              abriu a outra porta e assim todos entraram em uma ampla câmara 
              circular, iluminada fracamente. Podia-se ver no chão cinzento, 
              desenhos geométricos e desconhecidos, marcas de um ritual 
              ou apenas uma decoração bizarra. No centro da sala, 
              cristais partiam do chão como espinhos voltados para cima. 
              Um deles se iluminava com uma energia azulada.
 
 "Por Mystra! Que energia 
              poderosa! É o mythalar, sem dúvida!"
 "Faça o que tem 
              que fazer logo, Dove. Vamos protegê-la!", disse Mikhail, 
              pegando o seu martelo e colocando-se a frente da heroína. 
              Os demais também sacaram de armas: Florin tomou sua espada 
              e Limiekli o arco e a flecha.
 O 
              Estudo das Sombras       Certa 
              vez, um jovem, adentrou uma das academias de magia de Karsus obstinado 
              a se tornar um grande mago. Nos anos que se decorreram ele foi aprendendo 
              a arte arcana com muito afinco de modo que não houve algo 
              difícil de se assimilar. Diferente dos outros estudantes 
              que se interessavam muito pelas descobertas de Ioulaum, o jovem 
              desenvolveu um estranho fascínio por algo comum até 
              mesmo para as pessoas não-arcanistas, as sombras. Ele tinha 
              uma idéia sobre as sombras que não era explorada por 
              outros magos, por isso desde cedo iniciou uma importante pesquisa 
              que resultou na descoberta de uma dimensão onde só 
              haviam sombras. Ele a denominou Semiplano das Sombras. Devido a 
              sua obsessão pelas sombras o jovem ficou conhecido como Lorde 
              Sombra.
 Após 
              muitos anos de pesquisa, Lorde Sombra publicou seu trabalho, porém 
              muitos arquimagos acharam este tipo de pesquisa muito perigoso assim 
              como qualquer outro estudo sobre os Planos. Deste modo Lorde Sombra 
              foi exilado da academia, assim como outros pesquisadores dos Planos. 
              Entretanto, Karsus leu o trabalho de Sombra e o chamou:
 "Meu jovem, este trabalho 
              é seu?" Perguntou Karsus logo depois que Sombra entrara 
              em seu gabinete.
 "Sim, isso é resultado 
              de minhas pesquisas sobre as sombras. Mas infelizmente os arquimagos 
              não gostaram e me expulsaram da academia."
 "Eu achei muito interessante, 
              porque não discutimos sobre ..." Disse Karsus quando 
              foi interrompido por seu servo.
 "Milorde, o senhor Ioulaum 
              deseja falar-lhe."
 "Espere aqui Lorde Sombra, 
              tenho que resolver algo."
 
 Na 
              ausência de Karsus, Sombra apreciava as obras de arte que 
              estavam no gabinete até que algo lhe chamara a atenção 
              em cima da mesa. Haviam muitos papéis, eram em sua maioria 
              documentos. Um deles falava sobre os Pergaminhos Nether. Sombra 
              ficou muito nervoso quando viu aquele nome, pois sabia ele que os 
              Pergaminhos Nether são a chave para o conhecimento supremo 
              da magia. Ele leu o documento e descobriu que se tratava de uma 
              mensagem de Karsus para o Conselho de Sete-Cidades pedindo emprestado 
              os Pergaminhos Nether remanescentes. Muitos desses pergaminhos foram 
              roubados nos últimos séculos. Sombra leu toda a mensagem 
              e colocou o documento de volta no lugar. Assim que Karsus retornou 
              ele mencionou seu interesse nas pesquisas de Sombra.
 "Como eu estava dizendo, 
              eu achei interessante suas pesquisas em outros planos. Acho que 
              posso ajudá-lo de alguma forma."
 "Como deseja me apoiar?"
 "Vou patrocinar sua pesquisa 
              em troca dos resultados dela. Concorda?"
 "Sim, não me importo 
              em compartilhar esse conhecimento com o senhor."
 
 Sombra 
              entrou em acordo com Karsus e retornou a sua morada. Dias depois 
              todos em Netheril receberam a notícia de que foram roubados 
              os últimos Pergaminhos Nether. Apesar de serem levados por 
              uma caravana de 100 guerreiros e alguns magos os pergaminhos desapareceram 
              misteriosamente. Após alguns anos, Lorde Sombra, já 
              com seu enclave erguido ao qual ele denominou de Obscura, finalmente 
              fez suas primeiras viagens aos outros planos. Em especial ao Semiplano 
              das Sombras.
 A 
              Catedral       Storm, 
              Kariel, Magnus e Sirius percorreram as ruas na direção 
              leste da cidade de Obscura, orientados pelo mapa, decalcado no diário 
              do mago elfo da Comitiva. Chegaram também a uma ladeira, 
              mas como nesta não havia serviço de transporte, seguiram 
              andando. Viram poucos vultos, porém um bom número 
              de obtusos andando nas ruas. Chegaram também a uma ampla 
              praça, onde avistaram um prédio grandioso, de formato 
              quadrangular, sustentado por diversas colunas. Acima do grande portão 
              de entrada, que se encontrava aberto e por onde entravam diversos 
              vultos, jazia imenso um símbolo: um círculo negro 
              de bordas púrpuras.
 "O símbolo de Shar!", 
              reconheceu Kariel.
 "Esta deve ser a Catedral.", 
              concluiu Sirius.
 "Parece não haver 
              impedimentos à entrada. Então vamos ver o que há 
              por dentro!", disse Storm.
 
 Entraram na Catedral de Shar. 
              Centenas de vultos estavam no amplo prédio. Alguns guardas, 
              armados com alabardas, também foram avistados, porém 
              pareciam somente observar a multidão, como prevenção 
              à algum tipo de tumulto. Os quatro heróis seguiram 
              por um corredor que os levaram a um grande salão lotado de 
              vultos fiéis à Deusa da Escuridão e da Noite. 
              No centro, em um alto pedestal, estava à discursar para multidão 
              um vulto com roupas sacerdotais, que bradava a glória do 
              retorno de Obscura a Faerûn. Atrás dele havia uma estátua 
              de uma figura feminina e sombria, que simbolizava sua deusa.
 
 Os heróis, em meio à 
              multidão, procuravam uma porta, um corredor, algo que os 
              levasse ao interior daquele edifício. Notaram, em uma parede 
              ao fundo, uma sacada sustentada por colunas. Talvez este fosse o 
              caminho para um nível superior.
 
 "Storm... Criarei uma ilusão 
              e poderemos subir por aquela sacada .", disse Kariel, em um 
              sussurro que ecoou na mente de Storm, graças às dádivas 
              da deusa Mystra, que ambos compartilhavam.
 
 A Barda do Vale das Sombras 
              aproximou-se então do mago da Comitiva e perguntou-lhe, em 
              voz baixa.
 
 "Como seria esta ilusão?"
 "Farei com que vejam aquela 
              parede justamente como está agora, sem as nossas imagens. 
              Enquanto isto, subiremos e alcançaremos aquele nível 
              superior."
 "Está bem. Faremos 
              isto quando o culto estiver terminando e nossa movimentação 
              puder ser menos percebida."
 
 Os aventureiros ficaram nas 
              proximidades da sacada e quando a celebração terminou, 
              Kariel aproveitou e lançou seu encanto silenciosamente. Ocultos 
              pela ilusão, Storm e Kariel usaram de encantos de levitação 
              e levaram para cima junto consigo Magnus e Sirius. A sacada era 
              na verdade parte de uma sala cujo centro era vazado e de onde se 
              via o piso de outra sala localizada no andar inferior. Havia também 
              um corredor que seguia a direita.
 
 "Está sentindo a 
              mesma coisa que eu, Kariel?", perguntou Storm.
 "Sim. Existe uma forte 
              emanação mágica abaixo e outra bem menor por 
              este corredor."
 "Sugiro investigarmos as 
              duas e nos encontramos aqui. Irei para baixo, você pode verificar 
              o corredor."
 "Feito, Storm. Por favor, 
              Sirius e Magnus, aguardem nossa volta!"
 
 Storm pulou para a abertura 
              no centro da sala e caiu suavemente no piso do aposento inferior, 
              enquanto Kariel tocou o seu elmo, acionando um encanto de invisibilidade, 
              e foi percorrendo o corredor.
 
 O mago da Comitiva encontrou 
              um portão, guardado por dois vultos armados. Aproximou-se 
              silenciosamente em direção àquela entrada. 
              Sentia que era dali que emanava a magia detectada anteriormente. 
              Tocou a mão na porta e tentou perceber mais sobre os encantamentos 
              que agiam naquele lugar. Existiam proteções contra 
              encantamentos na porta e além dela, muito provavelmente, 
              um portal. O elfo então resolveu voltar para informar os 
              demais, antes de tomar quaisquer atitudes. Chegando nas proximidades 
              da sacada, encontrou os três companheiros e dirigiu-se à 
              Barda do Vale das Sombras, que também já havia retornado.
 
 "Storm. Descobri uma porta 
              neste corredor, guardada por dois sentinelas. Ao que parece, dentro 
              da sala que ela protege existe um portal."
 "Eu desci e senti a emanação 
              do mythalar mais forte abaixo de nós, mas não encontrei 
              nenhuma entrada."
 "O portal! Ele deve nos 
              levar até lá.", conjecturou o elfo de cabelos 
              azuis. "Teremos que passar pelos sentinelas!"
 "Não se preocupe, 
              Kariel. Nós acabaremos com eles!", afirmou Magnus, confiante.
 "Um momentinho. Lutar com 
              estes caras vai chamar a atenção. Daqui a pouco estaremos 
              cercados!", comentou Sirius.
 "Poderei ajudar. Após 
              o meu sinal, vocês podem atacar!", disse Storm.
 
 Storm tocou na fivela de seu 
              cinto e acionou suas propriedades mágicas e, com as mãos 
              deu o sinal para que Sirius e Magnus avançassem. Os dois 
              surpreenderam os sentinelas e rapidamente conseguiram derrotá-los. 
              Tudo isto sem que se fosse ouvido um passo, ruído de metal 
              ou grito, graças ao encanto conjurado pela aventureira. Magnus 
              encontrou a chave do portão com um dos guardas mortos e cuidadosamente 
              abriu a fechadura.
 
 A câmara revelada era 
              circular, desprovida de móveis ou decoração, 
              iluminada por um globo preso ao teto, de onde partiam a luz púrpura 
              comum em Obscura. No centro, como se houvesse uma fenda na realidade, 
              havia um portal mágico acionado que brilhava em várias 
              tonalidades de energia.
 
 "Vou experimentar o portal.", 
              ofereceu-se Kariel. "Se houver algum problema, me comunicarei 
              com você, Storm! Se não retornar ou não responder, 
              procurem outro acesso ao mythalar e não percam tempo tentando 
              me encontrar."
 
 E o elfo entrou no portal. Desaparecendo 
              das vistas de todos. Storm ouviu uma voz em sua mente. Aguardava 
              a mensagem do companheiro que acabava de deixar a sala, mas a conversa 
              vinha de outro mago.
 
 "Storm! Como estão 
              as coisas aí na Catedral?"
 "Khelben. Encontramos um 
              portal que poderá nos levar ao mythalar."
 "Storm!", desta vez 
              era Kariel. "Estou em um corredor e não há perigo 
              aparente."
 
 Storm pediu que Magnus e Sirius 
              entrassem no portal e em seguida o atravessou. Do outro lado, encontraram 
              o mago elfo. Estavam em um pequeno corredor de pedras cinzentas, 
              recortadas em imensos blocos. Andaram pouco e chegaram à 
              uma sala circular. No centro dela, em meio a desenhos no chão, 
              cristais despontavam do piso. Um deles brilhava em azul celeste.
 
 "Este é o mythalar!?"
 "Sim, Magnus! É 
              este. Posso sentir!", confirmou Kariel.
 "Não pode ser assim 
              tão fácil! Nunca é tão fácil 
              assim.", disse Sirius sacando sua espada, desconfiado.
 
 Sirius tinha razão. Um 
              porta mágica se abriu perto do mythalar e dele saiu um vulto 
              com trajes sacerdotais.
 
 "Infiéis! Essa sala 
              é proibida! O preço dos seus pecados é a suas 
              vidas!". Depois dito, um outro portal se abriu e dele saiu 
              um vulto guerreiro, de bela armadura e uma grande espada de metal 
              negro.
 "Invasores! Serão 
              punidos!", bradou o inimigo recém-chegado.
 "Kariel!", voltou-se 
              Sirius para o amigo. "Se você sobreviver, diga a minha 
              irmã que eu a amo!". E assim correu, espada em punho, 
              na direção ao vulto armado, começando a batalha 
              para destruir o mythalar.
 A 
              Salvação Antes do Desastre       Onze 
              anos haviam se passado desde que Karsus resolveu financiar as pesquisas 
              de Lorde Sombra. Este último publicou o resultado de seu 
              trabalho em um livro chamado Sombras: A Coesão Palpável 
              de Realidades Corporais Sem Formas. Uma semana depois, Karsus 
              convidou vários arquimagos de outros enclaves para uma festa 
              celebrando a publicação do livro."Lorde Sombra, suas pesquisas 
              foram fascinantes. São muito melhores que as anteriores." 
              Disse um dos arquimagos que outrora repudiou o trabalho de Sombra.
 "Sugiro iniciarmos viagens 
              a outros planos imediatamente. Devem haver muitos conhecimentos 
              à nossa espera." Disse outro arquimago.
 
 Lorde Sombra sentou-se à 
              mesa, pegou uma taça de vinho, bebeu um gole e pensou "Idiotas 
              pomposos! Antes renegaram meus trabalhos porque tinham medo do desconhecido. 
              Agora dão tapinhas nas minhas costas. Tolos! Não sabem 
              eles que estão prestes a serem destruídos.". 
              Lorde Sombra deu um sorriso no canto da boca recordando-se do acontecimento 
              incrível que lhe ocorrera quando viajava no Semiplano das 
              Sombras. Anos antes, ele e mais alguns assistentes, em um spelljammer, 
              se transportaram magicamente ao Semiplano das Sombras. Era um lugar 
              onde a luz não existia, apenas brumas negras que vagavam 
              em um cosmo negro sem limite. Após dias de viagem, no tempo 
              cronal do Plano Material, o Lorde, através de feitiços 
              que lhe permitiam ver na escuridão, avistou um imenso vórtice 
              à frente. Ele conjurou vários encantamentos para determinar 
              o que era aquilo mas nada descobriu. Parecia um tornado negro com 
              tons de cinza e púrpura. De repente a nau mágica começou 
              a ser tragada pelo vórtice. Os tripulantes ficaram bastante 
              assustados com aquilo e foram sugados para fora da embarcação 
              dando gritos tenebrosos como se algo os tivesse devorados. Apenas 
              o Lorde Sombra conseguiu permanecer na nau até que ela foi 
              atraída para o centro daquele tornado. Ao chegar lá, 
              o spelljammer parou e uma presença surgiu. Era uma essência 
              sombria com olhos púrpuras. Sombra a vislumbrou para tentar 
              entender do que se tratava. A figura então disse em um voz 
              feminina suave:
 "Lorde Sombra, aquele que 
              ama as sombras, eu o convoquei aqui."
 "Mas quem é você?" 
              Perguntou o arquimago ainda muito assustado enquanto energias indefiníveis 
              circulavam em uma tremenda velocidade ao redor da nau e da figura 
              sombria.
 "Logo você saberá. 
              É um amante das sombras. Faça o que eu disser e será 
              o primeiro a ser agraciado pelo poder das sombras."
 "Poder das sombras? Sim, 
              por favor! Qual é o segredo das sombras?"
 "Siga meus desejos e será 
              o primeiro a controlar o poder da Ondulação Negra."
 Lorde Sombra, muito emocionado como se tivesse esperado por aquele 
              momento em toda sua vida, ajoelhou-se e clamou "Eu te obedeço 
              a partir de agora. Diga-me, como posso adquirir tal poder?"
 "Antes, você deve 
              saber o que vai acontecer. Aquele que é considerado o mais 
              poderoso arcano em seu povo desencadeará a destruição 
              de todos. Portanto, Lorde Sombra, traga todo seu reduto para este 
              plano antes da catástrofe, mas antes, para assegurar que 
              seus inimigos serão realmente destruídos mate o profeta."
 "Mas quem é o profeta?"
 "Aquele que tentará 
              avisar o causador da destruição de seu erro. Agora 
              retorne e cumpra minhas ordens."
 
 Após 
              essas lembranças, Lorde Sombra terminou de beber seu vinho 
              e se levantou. Pegou seu manto, despediu-se de todos e falou com 
              Karsus.
 "Eu gostaria de lhe agradecer 
              mais uma vez por ter acreditado nas minhas idéias."
 "Não precisa. Todos 
              nós lucramos com isso não é mesmo?"
 "Sim. Karsus, eu queria 
              avisar, eu ..."
 "Quer me dizer algo Lorde?"
 "Não, não 
              era nada. Nos veremos em breve."
 
 Ao 
              chegar em Obscura, Lorde Sombra iniciou seus preparativos para cumprir 
              as ordens da misteriosa entidade sombria. Isso levou dois anos até 
              que finalmente Sombra construíra um mythalar que levaria 
              todo seu enclave para o que agora ele denomina de Plano das Sombras. 
              Ele poderia partir quando quisesse, mas tinha de fazer algo antes 
              de ir embora. Anteriormente, Lorde Sombra, ordenou que um dos seus 
              alunos vigiasse todos aqueles que iam em direção ao 
              Enclave de Karsus. Num certo dia, seu aluno lhe informou que alguém 
              de nome Terraseer tinha enviado uma mensagem a Karsus combinando 
              uma visita urgente. Lorde Sombra imediatamente rumou para o Enclave 
              de Karsus através de magia e lá ficou esperando. Terraseer 
              havia chegado e Lorde Sombra o abordou dizendo que era um amigo 
              pessoal de Karsus. Terraseer estava muito nervoso e queria falar 
              com Karsus imediatamente. Sombra o conduziu a uma sala reservada 
              e disse:
 "Por favor acalme-se Terraseer. 
              Karsus está um pouco ocupado agora. Por que não diz 
              o que está acontecendo?"
 "São estes últimos 
              acontecimentos, eles precedem uma grande tragédia." 
              Disse o velho.
 "Você fala do desaparecimento 
              de Ioulaum?"
 "Também, mas existem 
              outras coisas. Os phaerimns, eles.."
 "Terraseer, Karsus disse 
              que resolverá o problema dos phaerimns. Não tema. 
              Conte-me o que está havendo.", pediu Lorde Sombra e 
              ordenou que um criado trouxesse chá ao convidado.
 "Muito bem, eu contarei 
              a você e espero que me ajude a convencer Karsus. Eu vi algo 
              em minhas visões, elas mostram a imagem de Karsus fazendo 
              alguma coisa que vai nos destruir a todos. É algo relacionado 
              com a deusa Mystril. Nós temos de avisá-lo."
 "Mas você tem certeza 
              disso?"
 "Absoluta, eu nunca errei 
              em minhas precognições."
 
 A 
              face de Lorde Sombra mudou de repente. Sabia que aquele era o profeta 
              ao qual a essência sombria havia mencionado e tinha de fazer 
              algo. Sombra conseguiu manter Terraseer ali até que o criado 
              voltara com uma bandeja com duas xícaras de chá. O 
              Lorde pegou a bandeja colocou em cima de uma mesa e, sem que Terraseer 
              visse, ele colocou um veneno que estava em seu anel em uma das xícaras 
              e a ofereceu ao velho. Demoraram só poucos segundos até 
              que o veneno começou a fazer efeito. Terraseer teve espasmos 
              e tentou gritar, mas Lorde Sombra o sufocou até que o velho 
              parasse de respirar. Instantes depois o criado voltara e presenciou 
              o crime, mas antes que pudesse fazer alguma coisa o Lorde conjurou 
              um feitiço que o desintegrou. Depois disso desintegrou também 
              o corpo de Terraseer. Tendo limpado a cena do crime Sombra voltou 
              para seu enclave via mágica.
 
 Alguns 
              dias de passaram, Lorde Sombra comunicou a Karsus sua pretensão 
              em levar Obscura para o Plano das Sombras. Portanto, em um dia claro, 
              alguns arquimagos uniram-se em Obscura e, usando um mythalar como 
              conduíte para um ritual, eles abriram uma enorme fenda entre 
              os planos. Podia-se ver por trás do portal um véu 
              negro que parecia faminto. Karsus e outros arquimagos assistiram 
              de um spelljammer todo o processo. A cidade flutuante foi vagarosamente 
              movimentada para dentro da fenda até ser tomada completamente 
              pelas sombras. A única coisa em que o Lorde Sombra pensou 
              no momento foi "Eu consegui.". Obscura ficaria no Plano 
              das Sombras por milhares de anos.
 
 Dias 
              depois, percebendo que os phaerimns, um tipo de criatura que surgira 
              há tempos, representavam um problema grave, Karsus resolveu 
              usar um feitiço que estava preparando há anos. Ele 
              foi até o alto de uma de suas torres do enclave e conjurou 
              o encantamento. O feitiço, de forma incrível, fez 
              com que o controle de toda a Ondulação passasse para 
              Karsus. Isso acarretou na destruição da deusa Mystril, 
              que antes de perder o controle sobre toda a magia, ela se reencarnou 
              criando assim uma nova entidade, Mystra a Deusa da Magia. Enquanto 
              isso Karsus tentava controlar a Ondulação sem sucesso, 
              pois além de tudo era um mortal e não possuía 
              sabedoria para tal. Por alguns instantes a magia não mais 
              existia no mundo. Karsus viu todo o Império de Netheril despencar 
              dos céus rumo à morte. O pânico tomou conta 
              de todos, inclusive dos arquimagos que inutilmente tentavam conjurar 
              feitiços para escapar da morte iminente. Karsus lamentou, 
              mas era tarde demais, seu corpo foi transformado em pedra e caiu 
              junto com seu enclave. Mystra, recém criada, devolveu a magia 
              ao mundo e conseguiu salvar três cidades flutuantes. A deusa, 
              para evitar que um desastre semelhante ocorra no futuro, vetou o 
              uso de feitiços poderosos como o que Karsus realizara. Esse 
              foi o fim de Netheril.
 A 
              Torre       Khelben, 
              Laeral, Brian e Galtan andaram pelo caminho que os levaria a Torre 
              Real. Notaram a diferença do cenário a sua volta: 
              ao invés de pequenos prédios, torres. No lugar de 
              casas, mansões. Haviam poucos vultos na rua, porém 
              muitos dos obtusos. A cem metros de distância, já era 
              bastante nítido o objetivo: uma torre escura e reta, que 
              partia para o alto como um gigantesco espinho encravado no coração 
              de Obscura. Quando se aproximaram da Torre Real viram que esta era 
              rodeada por um grande pátio murado. Pelo portão aberto 
              do pátio podia-as penetrar livremente, mas a entrada do prédio 
              era guardada por dois sentinelas armados com espadas negras e armaduras. 
              Alguns vultos, após trocarem rápidas palavras, passavam 
              pelos soldados e penetravam na Torre. Os visitantes possuíam 
              vestimentas requintadas, diferentes das que os aventureiros convertidos 
              em vultos vestiam, baseadas que foram nos soldados que haviam combatido 
              antes de entrarem em Obscura.
 Galtan, disfarçou e se 
              aproximou de um par destes vultos que adentravam na imponente construção; 
              um parecia ostentar algum tipo de importância e o outro, em 
              trajes mais simples, deveria ser uma espécie de servo. Tentou 
              ouvir uma senha ou coisa do gênero, mas apenas ouviu um dos 
              sentinelas dizer o nome do vulto, Lorde Tenebras, e avisar que estavam 
              sendo aguardados. Retornou então Galtan para perto de seus 
              companheiros, que analisavam ao longe o ambiente.
 
 "Um nobre chamado Tenebras 
              acabou de entrar.", anunciou. "Podemos dizer que somos 
              seus serviçais e tentar entrar...."
 "Seria arriscado! Poderiam 
              nos descobrir rapidamente se fossemos confrontados com o tal nobre.", 
              concluiu Khelben.
 "Esta torre possui dentro 
              de si uma forte magia, especialmente no seu último andar.", 
              analisou Laeral, que olhava fixamente para a construção. 
              "Existem também diversas proteções agindo 
              ao redor do prédio. Como suspeitava, teletransporte e invisibilidade 
              não devem funcionar, mas existe um encanto que poderei usar 
              para entrarmos. Preciso de cobertura e um lugar longe dos olhares 
              dos vigias".
 
 Circundaram com cuidado a parede 
              da torre, até chegarem em um lugar ermo. Laeral então 
              gesticulou e proferiu algumas palavras arcanas. Na parede então 
              surgiu uma fenda, uma passagem grande suficiente para que passassem 
              sem demora os heróis. A abertura, em um comando de Laeral, 
              novamente se fechou e estavam agora dentro de uma pequena sala, 
              dentro da Torre Real.
 
 A tênue e fraca iluminação 
              púrpura vinda de um globo no teto revelava que o cômodo 
              era uma espécie de depósito, onde haviam, principalmente, 
              vestimentas. Um ruído de passos e logo a porta foi aberta. 
              Os invasores esconderam-se. Era um vulto, que depositou sobre um 
              gancho a capa de um nobre que havia acabado de entrar, e saiu logo 
              em seguida. Por sorte dos heróis, ocultos atrás de 
              estantes e roupas penduradas, o vulto não prestou atenção 
              em detalhes. Com as roupas agora tinham um disfarce eficaz. Poderiam 
              vasculhar os corredores, em direção do mythalar.
 
 "Apesar dos disfarces, 
              o ruído das armaduras que usam podem denunciá-los.", 
              disse Khelben para Brian e Galtan. "Sugiro um artifício: 
              os levarei em tamanho reduzido!"
 
 Brian e Galtan olharam-se. Ser 
              reduzido não era algo confortável, mas sentiam que 
              o arquimago tinha razão e o deixaram executar o encanto. 
              Ficaram pequeninos e foram cuidadosamente colocados, um em bolso 
              do manto de Khelben, outro no de Laeral.
 
 O casal, com os dois guerreiros 
              no bolso, andaram pelo complexo. Usando suas habilidades para detectar 
              a direção na qual emanava a forte radiação 
              mística do mythalar, foram percorrendo os corredores e escadas. 
              No trajeto, encontraram alguns poucos vultos, porém, os disfarces 
              que vestiam, pela sorte de Tymora, os conferiam grande 'status' 
              e ninguém tencionou pará-los. Chegaram até 
              um corredor, protegido por vários vultos em armaduras, que 
              seguravam suas alabardas e montavam guarda de costas para as paredes. 
              Havia no final da passagem, um portão sem trancas, feito 
              com de um metal escuro. Mesmo à distância, Khelben 
              e Laeral o examinaram, detectando as emanações mágicas 
              que agiam sobre ele. Parecia que por trás daquela porta estava 
              o objetivo, porém a passagem possuía inúmeras 
              proteções, que impediam as maneiras comuns de invasão 
              e mesmo a maioria das investidas utilizando magia.
 
 "Laeral... não há 
              maneira de entrar, exceto pela utilização de um encanto 
              poderoso. O executarei, mas esteja atenta. Creio que haverá 
              muito mais do que proteções além deste portão..."
 "Antes, executarei um encanto 
              para passarmos ilesos pelos guardas!", acrescentou.
 
 Laeral então lançou 
              seu feitiço e o tempo naquele corredor parou, menos para 
              ela e seu esposo. Puderam passar calmamente pelos guardas, que permaneciam 
              imóveis como estátuas. Aproximaram-se do portão 
              e, em seguida, Khelben gesticulou e articulou um mantra de frases 
              em língua arcana. O portão distorceu-se e os dois 
              passaram através dele como se o metal escuro fosse líquido.
 
 Havia uma escada neste novo 
              lugar. Era em forma de espiral, feita do mesmo metal negro do portão 
              e subia para um aposento superior. Khelben e Laeral não perderam 
              tempo e galgaram os degraus em passos rápidos. Ao final das 
              escadas revelou-se uma sala redonda. Khelben suspeitou que aquele 
              era o topo da Torre Real. Não havia muita luz, mas podiam-se 
              ver algumas janelas grandes e finas com vitrais escuros. No centro 
              da sala haviam desenhos estranhos no chão e um espelho d'água. 
              No meio da pequena piscina, havia muitos cristais, porém 
              um deles brilhava em especial.
 
 "O mythalar, Khelben!", 
              disse Laeral.
 "Não estou gostando 
              disto. Está fácil demais!", desconfiou o arcano 
              de Águas Profundas. O arquimago retirou então do bolso 
              Brian e o colocou no chão, sendo acompanhado pela esposa, 
              que fez o mesmo com Galtan., e em seguida devolveu os dois a seus 
              tamanhos normais.
 
 "Dove! Você está 
              próxima ao objetivo?", perguntou o mago, usando uma 
              dádiva da deusa Mystra para comunicar-se à distância.
 "Khelben... ainda estamos 
              tentando localizar a sala do mythalar."
 "Storm! Como estão 
              as coisas aí na Catedral?"
 "Khelben. Encontramos um 
              portal que poderá nos levar ao mythalar.", respondeu 
              a Barda fazendo sua voz ecoar na mente de Khelben!"
 
 O diálogo do arquimago 
              foi interrompido por uma voz vinda de um canto pouco iluminado da 
              sala.
 
 "Faerunianos! Admito que 
              me surpreenderam com esta audácia. Você dever ser o 
              tal Khelben de Águas Profundas!"
 "Sim.", respondeu 
              Khelben, deu uma pausa e continuou "Diga-me, porque retornou 
              ao Plano Material, Telamont Tanthul, ou devo dizer... Lorde Sombra!"
 "Como sabe deste título?", 
              surpreendeu-se o Alto-Príncipe de Obscura, enquanto dava 
              alguns passos em direção à Khelben. Revelou-se 
              um homem alto e forte, careca em cima da cabeça mas com cabelos 
              longos nas laterais. Seus ombros bastante largos seguravam uma bonita 
              capa. Estava trajado em uma antiga armadura dos tempos de netheril.
 "Estudei os registros de 
              Netheril. Você, Lorde Sombra, organizou um ritual para transportar 
              Obscura para o Plano das Sombras dias antes de Karsus provocar a 
              queda do império. Porque fez isso?"
 "Não é óbvio?"
 "Você sabia. Você 
              de algum modo sabia do desastre que iria ocorrer e então 
              protegeu seu domínio da destruição iminente."
 "Espero que seja tão 
              poderoso quanto perspicaz, Khelben. Antes de medirmos forças, 
              gostaria de lhe agradecer por seus subordinados terem se livrado 
              de Gothyl. Ela já não mais me servia. Obrigado também 
              pela sua vinda e desta fêmea ao seu lado. Dissecarei seus 
              corpos e descobrirei os segredos deste tal Fogo Prateado!"
 "Não prometa o que 
              você não pode cumprir!" , desafiou Laeral, um 
              segundo antes do combate começar.
 
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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