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  O Lorde Supremo Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
 
 Personagens principais da aventura:
 Os 
              Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), 
              Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas. 
              Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: 
              Bingo Playamundo. Participação Especial: Khelben 
              "Cajado Negro" Arunsun, Laeral Mão Argentêa, 
              Storm Mâo Argentêa, Florin e Dove Garra da Falcão.
 
  O Lorde Supremo 
      A 
              Comitiva da Fé dividiu-se em dois grupos, em missões diferentes 
              para tentar salvar Evereska e o restante de Faerûn das ameaças dos 
              phaerimns e dos vultos de Obscura.
 Um dos grupos era formado por 
              Florin e Dove Garra de Falcão, Limiekli, Sirius e o halfling Bingo. 
              Eles haviam partido para o norte, cruzando florestas, no intuito 
              de investigar o súbito decréscimo do nível do rio Estrela Crescente, 
              que abastecia Evereska. Encontraram uma represa, soldados orcs, 
              armas e um dos terríveis phaerimns, tudo parte de um ardil, enfraquecer 
              a fortaleza élfica e atacá-la. Naquele momento planejaram uma investida 
              para evitar que o plano dos inimigos fosse levado a cabo.
 
 A outra equipe, composta pelos 
              aventureiros Storm Mão Argêntea, Brian Mestre das Espadas, Sir Galtan, 
              Magnus, Kariel e Mikhail foram ao sul, atravessando uma região montanhosa, 
              em busca de pistas sobre os vultos. Encontraram uma emboscada montada 
              por homens-lagartos em um desfiladeiro e fizeram um prisioneiro, 
              mas não haviam descoberto nada de novo e prosseguiam a jornada em 
              meio trilha pedregosa.
 
 Além destes esforços, havia 
              o de Khelben. O arquimago de Águas Profundas penetrou em um dos 
              mais perigosos (senão o mais perigoso) covis dos Reinos para obter 
              informações preciosas. Mesmo deuses temeriam ao empreender tal tarefa 
              que no momento era realizado pelo poderoso arcano.
 Em Algum Lugar na Costa da 
              Espada       Existência, 
              um conceito extraordinário, é ainda um mistério para os seres viventes, 
              presenteia aqueles considerados amantes da vida, e amaldiçoa outros, 
              encarcerados em destinos terríveis. Khelben Arunsun, apesar de viver 
              por muitos séculos, ainda não sabia qual era sua posição no esquema 
              cósmico, mas descobriu que ainda estava vivo quando despertou. Percebeu 
              algo estranho, enxergava apenas com sua vista direita. Tentou abrir 
              o olho esquerdo, foi inútil. A parte esquerda de sua face estava 
              um tanto dormente, mas foi suficiente para que ele sentisse um pouco 
              de sangue escorrendo da sua órbita ocular esquerda. Foi então que 
              deduziu que não possuía mais o olho esquerdo, provavelmente 
              deve ter saltado para fora com o golpe devastador do golem. Receber 
              um soco de alguém feito de aço não foi uma experiência agradável.
 A questão mais intrigante era 
              o porquê de ainda estar vivo. Tentou mover a cabeça. Em vão. Estava 
              preso por um encantamento, num trono feito em rocha. O ambiente 
              estava escuro, exceto por uma luz que iluminava a área do trono 
              num raio de quatro metros. O arquimago esboçou um sorriso, pensou 
              ele ter conquistado a atenção do anfitrião. Talvez suas preces estivessem 
              atendidas, pois naquele momento ele ouviu passos de alguém que se 
              aproximava lentamente. Chegou aos limites da luminosidade de modo 
              que Khelben só conseguia ver botas e o final de uma capa negra por 
              trás delas.
 
 "Acha que eu devo me surpreender 
              com sua perseverança? Se sim, então é um tolo, sua existência nada 
              significa para mim." Disse uma poderosa voz.
 "Não, não imaginei esta reação, 
              mas resolvi explorar esta pequena possibilidade. Deve admitir que 
              existe um motivo para eu estar vivo ainda, não é mesmo, Larloch?"
 O Veneno do Xamã       O 
              grupo do norte estava reunido ainda no alto do morro e planejava. 
              Sabiam que tinham pouco tempo. A presença de um general orc e a 
              quantidade de armas avistadas por Florin e Limiekli davam a entender 
              que um outro batalhão se juntaria aos trezentos goblinóides que 
              guardavam e trabalhavam naquele local.
 "Podíamos atear fogo nos galpões 
              dos orcs. Isto criaria uma distração para que alguns de nós pudesse 
              destruir a represa.", sugeriu Sirius.
 "Pode ser uma boa idéia.", opinou 
              Florin.
 "Minha preocupação é sobre como 
              vamos fugir. Se não fosse a forte correnteza e o fluxo de água que 
              será liberado da represa poderíamos escapar pelo rio..."
 
 O debate foi interrompido, pois 
              uma movimentação ocorreu no acampamento abaixo. Novos orcs, seis 
              deles, montados em cavalos, chegaram da estrada nas montanhas. Eles 
              desmontaram e, mesmo ao longe, foi possível para os aventureiros 
              identificarem pelas vestes de um deles, que se tratava de um xamã, 
              um goblinóide com artes de feitiçaria. Coisa boa não deveria ser. 
              Logo que estes chegaram, os orcs que estavam no acampamento se movimentaram. 
              Entraram em galpões e retiraram grandes caldeirões de cobre enegrecidos. 
              Os colocaram em cima de pilhas de lenha, encheram com água e ingredientes 
              exóticos e começaram uma fogueira. Os heróis olharam de seu 
              esconderijo elevado.
 
 "Dove. Você que conhece magia, 
              sabe que diabos estes orcs estão fazendo?", perguntou Limiekli.
 "Espere.", Florin retirou da 
              bainha a sua espada, apontou em direção aos caldeirões e concentrou-se. 
              A magia de sua lâmina agiu e em seguida ele anunciou.
 "Não tenho muita certeza, mas 
              aquilo que estão produzindo me parece veneno. Litros e litros de 
              veneno."
 "Eles vão envenenar o rio e 
              a cidade! Temos que ser ainda mais rápidos.", constatou Limiekli.
 "Minha sugestão é a seguinte: 
              Florin, Bingo e Limiekli, que são os mais furtivos entre nós, podem 
              descer e atear fogo nos arsenais. Eu me encarrego de destruir a 
              represa, e Sirius pode nos dar cobertura disparando flechas daqui 
              mesmo. Vamos deixar nossos cavalos em locais estratégicos para a 
              fuga.", arquitetou Dove.
 "Tem certeza que pode destruir 
              a represa sozinha?"
 "Sim Sirius, não se preocupem 
              quanto a isso. Apenas não fiquem perto dela."
 "E enquanto aos generais? E 
              o veneno?"
 "Limiekli, não sei se haverá 
              tempo para tudo isso. Vamos fazer o que pudermos", disse Florin.
 "Talvez consigamos derrubar 
              os caldeirões na fuga.", colocou Sirius.
 "Mas somos cinco. Já teremos 
              feito muito se conseguirmos colocar em prática este plano."
 "Bom. Então vamos atacar estes 
              orcs!", falou Limiekli, retirando da bainha sua espada.
 Uma Caverna nas Montanhas       Storm, 
              Brian, Galtan, Magnus, Kariel e Mikhail, que formavam o grupo que 
              percorria as montanhas em busca de vestígios dos vultos seguiam 
              pela trilha encravada entre paredões rochosos. Levavam um prisioneiro, 
              um homem-lagarto do qual não conseguiram extrair nenhuma informação. 
              O dia estava muito quente e o sol castigava especialmente aqueles 
              que usavam armaduras.
 O caminho terminou na entrada 
              de uma caverna ao pé de uma imensa montanha, o que deixou os heróis 
              com duas possibilidades para continuarem o seu percurso em direção 
              ao norte: entrar naquele lugar, ou realizar uma escalada longa e 
              muito difícil na íngreme rocha.
 
 "Será que dentro desta caverna 
              existe uma passagem para o outro lado da montanha?", perguntou aos 
              demais Sir Galtan.
 "Devemos investigar!", disse 
              Magnus.
 "Confesso que estou cansado 
              de entrar em cavernas. Entramos em uma delas na Floresta das Aranhas, 
              no Vale da Adaga e na Floresta Alta. Desta maneira, acabarei me 
              transformando em um drow!", comentou Kariel.
 "Fico imaginando o que pode 
              sair deste buraco.", Mikhail refletiu.
 "Vamos fazer um reconhecimento", 
              falou Storm, a primeira a entrar.
 
 Storm acendeu sua lanterna e 
              afastou parte das trevas que envolviam aquele ambiente. Agachou-se 
              e analisou o terreno. Em seguida, levantou-se e retirou do bolso 
              um pequeno pedaço de tecido. Levantou a proteção de vidro da lanterna, 
              jogou o trapo no fogo e observou a direção tomada pela fumaça. Em 
              seguida fechou novamente a lanterna e foi falar com os demais que 
              aguardavam na entrada.
 
 "Podemos ir, mas os cavalos 
              não poderão seguir. O terreno é muito acidentado."
 "Vamos deixá-los aqui. Burgos 
              poderá tomar conta deles.", disse Kariel, se referindo a montaria 
              encantada de Mikhail.
 "Sim. Burgos, cuide dos cavalos. 
              Em caso de algum ataque, conduza-os para um lugar seguro."
 "O que está fazendo? Está falando 
              com o cavalo? Seu cavalo pode compreendê-lo?", perguntou Storm espantada.
 "Pergunte ao próprio Burgos, 
              Storm.", brincou Kariel com a situação.
 "Digamos que este é um cavalo 
              especial, Storm."
 "Ainda bem que sabe disso, Mikhail!", 
              falou Burgos sarcasticamente com sua voz grave para o olhar ainda 
              mais supresso de Storm.
 "Bem... err... então Burgos... 
              tome conta dos cavalos.", pediu uma Storm encabulada, que nunca 
              havia falado com um cavalo antes. Entretanto fez um carinho no animal 
              como gratidão.
 "Ainda bem que não trouxe meu 
              unicórnio. Detestaria tê-lo que deixar aqui.", disse Magnus.
 "Um tem um cavalo falante, outro 
              um unicórnio? Como é intrigante essa Comitiva! Cheia de segredos!"
 "Não somos um grupo comum de 
              aventureiros, Storm."
 "Estou percebendo isto, Kariel. 
              Queria ter estado com vocês durante a batalha contra Bane."
 "Não deveria querer. Aqui foi 
              uma luta terrível."
 "Eu sei, mas já enfrentei o 
              filho de Bane, Xvim, tempos atrás, quando ele não tinha status divino. 
              Soube que foram vocês que o aniquilaram. É verdade?"
 "Sim. Graças a espada Hadryllis, 
              que infelizmente foi destruída.", respondeu Kariel.
 "Vocês derrotaram Xvim, a divindade? 
              A cada dia esta Comitiva me surpreende mais!", disse Sir Galtan, 
              impressionado.
 
 Terminada a conversa, entraram 
              na caverna. O ambiente era iluminado pela lanterna de Storm, que 
              havia sido passada para as mãos de Galtan, e pelo brilho esverdeado 
              da espada de Kariel. Seguiam pelo corredor principal, que era inclinado 
              e lentamente descia.
 
 "Será que este corredor não 
              nos levará a um lugar sem saída?", perguntou Kariel.
 "Já fiz uma verificação e existe 
              uma corrente de ar vindo do interior da caverna, o que significa 
              que existe uma passagem em algum lugar", disse Storm.
 "Então, prossigamos!"
 
 Desceram o corredor e encontraram 
              uma ampla câmara de formato mais ou menos circular. Havia, no nível 
              dos exploradores, uma fenda no chão que separava parte do salão 
              de outra passagem. Nesta falha havia uma rústica ponte feita de 
              madeira e cordas. Mas as paredes do salão também chamavam atenção. 
              Eram altas e cheias de buracos e níveis.
 
 "Que Helm nos julgue! Isto aqui 
              é um labirinto!"
 "Se não nos cuidarmos nos perderemos. 
              Vamos marcar a nossa passagem nas rochas, assim poderemos encontrar 
              novamente a saída!"
 
 Mikhail retirou um pino metálico 
              de escalada e, com golpes de seu martelo, gravou em uma rocha próxima 
              ao corredor de onde vieram, uma seta e um caracter élfico, que simbolizava 
              a saída. Havia então a ponte e os heróis puseram-se diante dela. 
              Existia o receio de que as madeiras e cordas não suportassem o peso 
              daqueles que trajavam armaduras, principalmente a ostentada por 
              Sir Galtan, feita com pesadas placas de metal. Mikhail e Kariel, 
              elfos que eram e portanto mais leves que os seus companheiros humanos, 
              foram os primeiros a passar e certificaram que o caminho oferecia 
              segurança. Em seguida, atravessaram os humanos. Foram pela passagem 
              logo após a ponte e percorreram mais uns doze metros de corredor, 
              até chegarem em outra câmara, bem semelhante a anterior.
 
 Haviam muitas passagens e de 
              pronto uma dúvida surgiu sobre que direção seguir. Porém, não houve 
              tempo de se tomar uma decisão. Kariel, por sorte, olhava para o 
              alto quando percebeu uma enorme pedra cair do alto na direção de 
              Sir Galtan de Águas Profundas. O elfo de cabelos azuis então deu 
              um salto sobre o humano. O impulso foi suficiente para deslocá-lo 
              da trajetória mortal da rocha e para fazê-los cair a salvo do impacto. 
              Mas outras pedras foram arremessadas do alto. Homens-lagartos se 
              posicionavam nos níveis superiores da câmara, em nichos escavados 
              nas rochas, e atacavam os heróis. Uma verdadeira avalanche se precipitava 
              sobre a Comitiva. Mikhail, percebeu a pedra que foi arremessada 
              contra ele e conseguiu se desviar, mas a mesma sorte não teve Magnus, 
              que foi salvo no último segundo por Storm que, em uma atitude desesperada, 
              atirou-se na frente do paladino e recebeu o impacto do pedregulho. 
              Kariel, Galtan e Mikhail, que agora procuravam ficar encostados 
              na parede para evitar serem atingidos, puderam ouvir o som de alguns 
              ossos de Storm se partirem. Brian Mestre das Batalhas, o comandante 
              das forças de Águas Profundas, também desapareceu em meio aquele 
              desabamento. Os três companheiros que se salvaram das pedras não 
              puderam acudir os amigos, pois as rochas permaneciam caindo e, fatalmente, 
              também seriam atingidos.
 
 Como se não bastasse a armadilha 
              covarde dos inimigos, passos eram ouvidos nas passagens e, pouco 
              tempo depois, uma multidão de homens-lagartos começou a invadir 
              a câmara. Kariel, Galtan e Mikhail tiveram que tomar uma difícil 
              decisão: como não poderiam lutar contra todo aquele contingente, 
              teriam que fugir e abandonar seus amigos. Então entraram em uma 
              das passagens e correram. Seus corações eram oprimidos pela dor 
              de deixar seus companheiros naquela situação incerta, mas era claro 
              que, caso ficassem, morreriam. Restava-lhes a esperança de que eles, 
              no último instante, tivessem conseguido se esgueirar por algumas 
              daquelas passagens e que estivessem vivos em algum lugar.
 
 Enquanto fugiam por um estreito 
              corredor, eram perseguidos pelos homens-lagartos, que arremessavam 
              lanças. Algumas delas atingiram Mikhail e Galtan, causando-lhes 
              ferimentos. Kariel também foi atingido, mas sob a proteção de um 
              sortilégio, não chegou a se ferir. Ele pediu para que seus companheiros 
              continuassem correndo, enquanto invocava um encanto. O elfo Escolhido 
              de Mystra então voltou-se para trás, recitou algumas palavras arcanas, 
              gesticulou e apontou para o início do corredor. De suas mãos partiu 
              uma poderosa rama de eletricidade que atingiu seis oponentes. Quatro 
              deles morreram carbonizados e outros dois saíram com ferimentos. 
              Porém, além dos dois sobreviventes, haviam outros e cada vez mais 
              homens-lagartos entravam no corredor.
 
 "Kariel !, chamou Galtan." Não 
              posso correr com esta armadura e tirá-la requer tempo. Este corredor 
              nos dá vantagem. Vamos lutar e ver se o inimigo desiste."
 "Vamos resistir. Se conseguirmos, 
              poderemos voltar e procurar pelos outros."
 "Podemos tentar, Mikhail!", 
              disse o elfo aproximando-se de seus companheiros.
 
 Então sacaram suas armas. Haviam 
              cinco inimigos armados com alabardas que vinham na direção dos heróis, 
              e em seguida, mais cinco despontaram do corredor. Entre os primeiros, 
              um bateu-se contra Kariel, dois atacaram Mikhail e os dois restantes 
              investiram contra Galtan. O primeiro réptil desceu sua arma contra 
              Kariel, que além de magia entendia um pouco da arte dos combates. 
              O Escolhido de Mystra desviou-se do golpe do adversário e com sua 
              espada Goliath atingiu o flanco da criatura que, já ferida pelo 
              feitiço lançado anteriormente, não suportou o ataque e tombou. Mikhail 
              tentava utilizar seu martelo para aparar os golpes que recebia dos 
              adversários. Aproveitou o clérigo da natural dificuldade dos homens-lagartos 
              no manejo de suas armas de grande tamanho em um espaço tão exíguo, 
              e revidou bem os golpes. Foi ferido, mas conseguiu abater os dois 
              oponentes. Galtan também venceu o seu combate. Matou o outro homem-lagarto 
              sobrevivente da magia de Kariel e usou seu corpo como escudo improvisado. 
              Defendeu alguns golpes desta forma, conseguindo o revide e a derrota 
              do adversário.
 
 Os cinco estavam mortos, mas 
              vinham mais seis. E agora, no início do corredor, apontavam mais 
              dez criaturas. Mikhail usou de um de seus encantos divinos e dois 
              homens-lagartos foram imobilizados. Dois foram abatidos pela espada 
              de Galtan, um pela Kariel e outro pelo martelo de Mikhail. Os outros 
              dez oponentes que se aproximavam de repente pararam e encostaram-se 
              nas paredes do corredor rochoso. Eles abriram passagem para uma 
              criatura que acabava de entrar: um grande lagarto, avermelhado, 
              com cerca de sete metros de comprimento, que preenchia a largura 
              do corredor e rastejava na direção dos três aventureiros.
 
 "Que coisa é aquela!?"
 "Não sei, Mikhail, mas acho 
              que vamos descobrir."
 
 Kariel lançou um outro encanto. 
              Desta vez, o ar no corredor tornou-se frio e o teto na área onde 
              estavam os homens-lagartos e o monstro enviado por eles tornou-se 
              coberto de uma neblina densa. Em seguida, despencaram violentamente 
              sobre os répteis grandes pedras de granizo, causando-lhes traumatismos 
              que mataram sete inimigos. Três escaparam e avançavam juntamente 
              com o lagarto titânico.
 
 O grande réptil então mostrou 
              seu poder. Abriu sua bocarra cheia de dentes pontiagudos e de suas 
              entranhas saiu um jato de fogo em direção aos desafortunados aventureiros. 
              Galtan conseguiu esquivar do jato de chamas, mas o mesmo não ocorreu 
              com seus companheiros. Kariel e Mikhail foram atingidos e este último 
              foi quem mais sofreu ferimentos. Após o ataque, mais cinco homens-lagartos 
              entravam pelo corredor. Os heróis, com o acumular da injúrias sofridas 
              pelos seus corpos e com os incessantes reforços dos inimigos, começavam 
              a achar que aquela batalha talvez não pudesse ser vencida. Esperavam 
              que, talvez morto o lagarto, os inimigos se acovardassem e enfim 
              recuassem e por isto decidiram investir contra a criatura gigante, 
              porém antes tinham que vencer os três homens-lagartos que estavam 
              próximos. Cada um lutou contra um adversário e levaram relativa 
              vantagem, pois os répteis estavam já consideravelmente feridos, 
              devido a tempestade de gelo invocada poucos minutos atrás por Kariel. 
              Conseguiram derrotá-los, mas o grande lagarto lançou-lhes outra 
              rajada de fogo. Desta vez, Kariel e Galtan foram os mais atingidos. 
              O cavaleiro não suportou o ataque e caiu ao solo, a beira do fim. 
              A situação era desesperadora e não iria demorar muito até que as 
              garras da morte alcançassem aqueles membros da Comitiva da Fé. Sabiam 
              que havia o momento de lutar, mas também o de recuar. Este último 
              era o que se apresentava para eles e então planejaram rapidamente.
 
 Mikhail invocou uma das propriedades 
              de seu martelo encantado e um raio fulgurante de luz deixou a arma 
              e preencheu o corredor na direção dos inimigos. Os répteis ficaram 
              temporariamente cegos devido a intensidade daquela luminosidade. 
              Foi então que o clérigo de Mystra aproximou-se de Galtan e usou 
              uma oração que fechou alguns ferimentos e o fez recobrar a consciência. 
              Ao mesmo tempo que o amigo curava o cavaleiro de Águas Profundas, 
              Kariel fez surgir magicamente no corredor um dos cavalo que estava 
              do lado de fora da caverna. Subiram os três na montariam e partiram 
              a todo galope em fuga pela estreita passagem.
 Uma Imortal à Beira da Morte       No 
              momento do desmoronar de pedras, apesar de Storm ter salvo Magnus, 
              o paladino não ficou isento do perigo, uma segunda rocha o atingira 
              na cabeça e outra na face machucando-o bastante. Ambos, com o violento 
              impacto, foram jogados em um dos inúmeros buracos que ali haviam, 
              dali desceram rolando por estreitos túneis verticais.
 Minutos depois, havia apenas 
              escuridão, Magnus lentamente acordou, levou a mão a face e logo 
              tirou, pois sentira uma dor lancinante. Isso ao mesmo tempo estava 
              sentindo o sabor de seu sangue nos lábios, começou a tatear ao redor 
              e disse "Storm! Storm! Você está aí?". Uma voz muita baixa e engasgada 
              respondeu "Aq... aqui."
 "Storm! Você está bem? Mal consigo 
              ouvi-la."
 
 Não sabia o paladino mas Storm 
              estava a poucos metros dele. Ela não conseguia se mover, com exceção 
              de sua mão direita. Em desespero, fez um esforço tremendo e conseguiu 
              pronunciar algumas palavras arcanas e então surgiu uma luz no ambiente. 
              Magnus agora podia enxergar, no entanto, ver era um recurso doloroso 
              naquele momento, pois quando surgiu a luz, o paladino viu o corpo 
              de Storm. A guerreira e harpista se encontrava com o corpo quase 
              todo quebrado. Era perceptível ver ossos saindo de suas pernas, 
              o mesmo ocorria com seu braço esquerdo. A face dela estava quase 
              que completamente desfigurada com a pouca carne que tinha.
 "Por Helm! Storm!" Espantou-se 
              o paladino aproximando-se dela, "Tenho que fazer alguma coisa o 
              quanto antes."
 
 Queria a harpista poder falar 
              naquele momento, mas seu último esforço a impedira, sua mandíbula 
              estava partida. Ia dizer a Magnus que não fizesse nada, pois era 
              favorecida de Mystra e uma de suas dádivas era recuperar-se de uma 
              forma incrível, contudo existiam limites até mesmo para os Escolhidos. 
              Seus ferimentos pioravam mais rápido do que se recuperavam. Tentou 
              ela dizer mais alguma coisa, mas seu esforço piorou a situação, 
              vomitou uma grande quantidade de sangue. Seus pulmões estavam perfurados 
              por suas próprias costelas. Ao ver isso, Magnus ficou apavorado. 
              Ela mais ainda, naquele momento muita coisa passava em sua mente. 
              Lembrou-se de sua mãe antes de partir, absorveu recordações de quando 
              recebeu seus primeiros ensinamentos arcanos e da época em que resolveu 
              ostentar o símbolo dos Harpistas, depois de tanto desespero, começara 
              a aceitar a morte. Mas foi naquele instante que o Paladino colocou 
              a mão no tórax dela e disse:
 "Helm! Peço clemência! Não leve 
              esta jovem para os portões da morte! Era a mim que a morte queria! 
              Ó Vigilante, cura as enfermidades desta donzela e devolve sua beleza."
 
 Como um guerreiro sagrado, Magnus 
              usou seu dom divino mais uma vez, dom este que sempre salvou a ele 
              e seus companheiros, e naquela circunstância era a única coisa a 
              se fazer. Uma luz irradiou de sua mão e de forma fantástica, as 
              mazelas de Storm começaram a se fechar, se renderam a fé do paladino. 
              Os ossos voltaram para seus lugares, a carne se prendia novamente 
              e sua pele se fechava. No fim, apenas contusões e pequenos hematomas 
              ficaram, embora incomodassem pouco diante da situação.
 
 O esforço fora brutal para Magnus, 
              pois ele também estava ferido, havia usado suas últimas energias, 
              portanto caiu de lado. Storm, ainda assustada com tudo, disse angustiada 
              "Não! Não pode ser!" Se lembrara que ainda tinha uma poção mágica 
              de cura, então não pestanejou em derramá-la na boca de Magnus. Ela 
              o apoiou abraçando-o e despejou o recipiente, um milagre acontecera, 
              o ferimento na face e na cabeça do paladino sumira, sortilégio dos 
              alquimistas. Apesar disso ele permaneceu inconsciente e com alguns 
              ferimentos pelo corpo. Storm levou a cabeça do guerreiro ao seu 
              colo e ali o deixou adormecido. Por um momento ficou apreciando 
              sua beleza, fez um carinho nos seus cabelos e ali ficou.
 O Ataque ao Acampamento       Os 
              últimos raios de sol abandonavam aquele dia na floresta. O ataque 
              estava planejado e agora era o momento de agir. Limiekli, Florin 
              e Bingo iam atear fogo aos arsenais dos goblinóides no acampamento, 
              enquanto Dove destruiria a represa e Sirius ofereceria distração 
              e cobertura com suas flechas. Antes que os três descessem morro 
              rumo o acampamento, Dove os chamou.
 "Posso usar encantos que farão 
              dois de vocês invisíveis. Mas um deverá ir sem esta ajuda."
 "Pode usar neles, Dove. Eu posso 
              me virar!!", respondeu Florin à esposa.
 
 Dove então executou alguns gestos 
              e Limiekli e Bingo desapareceram. Em seguida, os três começaram 
              a descer o morro em direção as cabanas de madeira montadas pelos 
              goblinóides.
 
 Limiekli chegou próximo a um 
              galpão de madeira, cuja porta era guardada por um goblin. Aguardou 
              até que o sentinela, por poucos minutos, se ausentasse de seu posto. 
              Entrou e fechou a porta novamente. Haviam dentro do depósito vários 
              sacos com mantimentos e armas, acomodados sobre um forro de palha 
              que cobria o chão e protegia contra a umidade do solo. Limiekli 
              então agachou-se e retirou do cinto suas pederneiras. Bateu as pedras 
              e uma fagulha saltou em direção a palha seca. Com um sopro do ranger, 
              a pequena fagulha cresceu e tornou-se chama. O incêndio então começou. 
              Limiekli pôs-se a fugir por uma janela que havia. Do lado de fora 
              pôde observar que haviam outras duas cabanas que começavam a se 
              iluminar pelas labaredas. Seus amigos Florin e Bingo também haviam 
              conseguido levar a cabo a missão.
 
 Logo o acampamento se alvoroçou. 
              Orcs e goblins gritavam e corriam. Também viram riscar no céu flechas 
              incendiárias, que atingiam as construções e matavam alguns inimigos. 
              Era Sirius, que do alto do morro disparava o seu arco, aumentando 
              a balbúrdia. Em meio a confusão, Limiekli pôde ver que um contigente 
              de guerreiros orcs se aglomerava em um determinado ponto do acampamento. 
              Aproximando-se, observou que os inimigos lutavam contra Florin e 
              Bingo, que já estava novamente visível. Tirou então a besta que 
              carregava nas costas, armou-lhe flechas e pôs-se a dispará-las contra 
              as criaturas, tornando-se, ao primeiro ataque, também visível.
 
 No alto do morro, Dove havia 
              desaparecido para surgir bem próximo a represa que estava sendo 
              construída. A aventureira aproximou-se da estrutura de madeira e 
              cordas e tocou em um grande tronco, que servia de sustentação para 
              a construção e afastou-se. Em seguida, sem motivo aparente, a madeira 
              desapareceu e sua ausência fez arruinar o restante da obra, que 
              foi levada pela força das águas represadas. Dove observava a represa 
              sendo destruída quando aproximou-se pela suas costas o phaerimm, 
              que havia sido visto no acampamento na noite passada. Pretendia 
              a maléfica criatura mágica um ataque furtivo. Dove percebeu e magicamente 
              desapareceu para surgir em seguida no alto, acima do inimigo e, 
              com o efeito de outro encanto, acertar-lhe seis golpes certeiros 
              com sua espada bastarda, em uma velocidade impossível de ser atingida 
              por meios comuns. O orc xamã, vendo a situação, também tentou acertar 
              a ranger com um feitiço, mas esta, muito experiente, deu um salto 
              acrobático esquivando-se e o feitiço direcionou-se ao phaerimm, 
              que por sua vez o ignorou. Dove aproveitou o impulso e aplicou dois 
              potentes golpes fazendo o monstro cair inerte ao chão, inerte para 
              sempre. Foi em direção ao xamã e o impalou, jogou seu corpo ao lado 
              como uma carcaça velha. Em seguida, a aventureira correu, ainda 
              sob o efeito da velocidade invocada pela magia, para o centro do 
              acampamento. Estava preocupada com o marido e com os outros e queria 
              ajudá-los.
 
 Os goblinóides perceberam de 
              onde vinham as flechas incendiárias que se abatiam sobre eles e 
              cerca de vinte deles rumaram na direção onde Sirius estava. O aventureiro 
              então direcionou seu arco para os novos alvos: orcs e goblins que 
              corriam a toda velocidade, morro acima, para alcançá-lo. As flechas 
              de Sirius eram rapidamente disparadas e quase sempre eram certeiras. 
              Os corpos iam caindo, mas os sobreviventes chegavam cada vez mais 
              perto. Até que dois goblins e um orc restantes chegaram a distância 
              curta, onde o arco era inútil. Sirius então trocou de arma e sacou 
              sua espada para enfrentar os adversários. Esquivou-se do ataque 
              de um machado e aproveitou o movimento para atingir as costas do 
              seu agressor, um robusto orc. A lâmina penetrou fundo e logo foi 
              retirada para ser usada contra os goblins. O orc, que já possuía 
              algumas flechas espetadas no corpo tombou. Sirius lutou contra os 
              goblins e após alguns poucos minutos de combate, conseguiu também 
              derrotá-los. Sem demora, olhou para o campo do alto de sua posição 
              privilegiada, procurando seus amigos. Viu a multidão de orcs em 
              torno de Florin e Bingo. E mais. Viu também quando o general orc 
              que chamava-se Numoz afastou-se da luta, subiu em um cavalo, seguido 
              por alguns soldados e quando um deles capturou o pequeno Bingo, 
              levando-o embora na garupa de sua montaria. Dezenas de outros orcs 
              e goblins seguiram seu líder e deixaram o acampamento cavalgando, 
              reduzindo consideravelmente o número de adversários. Desceu então 
              o morro Sirius, espada em punho, pois seus olhos não encontraram 
              Limiekli e temia que ele não estivesse mais vivo.
 
 Porém, o ranger vivia. Não usava 
              mais a besta, e valia-se agora de sua espada. Combatia corpo-a-corpo 
              contra três inimigos. Sua habilidade na arma, fruto de seus anos 
              de combate no exército de Zenthil, fizeram a diferença e os goblinóides 
              tombaram, ainda que tivessem conseguido provocar alguns ferimentos. 
              Limiekli não via mais Bingo. Não sabia o que tinha acontecido com 
              o pequenino, mas sabia que ele era esperto e podia ter se ocultado 
              em algum lugar. Entrou em uma cabana, próxima ao combate. Reconheceu 
              o lugar em que ouvira, na noite passada, a conversa entre os generais 
              orcs. Não achou Bingo, mas encontrou algo: o cadáver de Ortz, o 
              general que liderava o acampamento, jazendo em seu leito. Não havia 
              marcas nem cortes, o que fez Limiekli suspeitar de magia ou veneno. 
              Havia um prato de comida e Limiekli procurou sentir algum odor conhecido. 
              Reconheceu um tipo de veneno, retirado de uma erva que tinha familiaridade 
              em sua vida na floresta. Os orcs eram traiçoeiros e, de vez em quando, 
              provavam eles próprios de sua maldade. Limiekli então subiu no parapeito 
              da janela e de lá escalou até o telhado, conseguindo assim um bom 
              posicionamento para atirar com sua besta nos inimigos que enfrentavam 
              Florin.
 
 A ajuda era bem vinda, mas Florin 
              saía-se bem, condizente com sua fama e experiência de herói conhecido 
              e membro dos Cavaleiros de Myth Drannor. Lutava em grande desvantagem, 
              mas aos seus pés jaziam dezenas de corpos de orcs. Dove também vinha 
              a seu socorro e conjurou um encanto poderoso. Uma bola de fogo surgiu 
              em suas mãos e voou em direção de um grupo de inimigos, incinerando-os. 
              Em seguida, sacou sua espada e começou a lutar.
 
 Com a debandada dos soldados 
              de Numoz, a fuga de outros tantos e as baixas proporcionadas pelos 
              heróis, especialmente Florin e Dove, existiam agora pouco mais de 
              uma dezena de orcs. Destes, os que não foram abatidos correram em 
              direção a floresta. Os vitoriosos então puderam abaixar suas espadas 
              e respirarem.
 
 "E agora. O que faremos com 
              veneno?", perguntou Sirius, apontando para os caldeirões colocados 
              a céu aberto.
 "Podem derramá-los no chão!", 
              respondeu Florin, sendo atendido por Sirius, que com forte pontapé, 
              virou a gigantesca panela de cobre.
 "Eu encontrei o tal de Ortz, 
              o general orc. Ele está morto naquela cabana.", disse Limiekli apontando, 
              "Parece que foi envenenado!"
 
 Então foram todos a cabana do 
              desafortunado general e viram seu corpo. Também coletaram alguns 
              papéis que estavam em um móvel do quarto.
 
 "Havia uma proteção mágica agindo 
              sobre esta área. Quando chegamos ela foi ativada e nossa presença 
              foi revelada. Por isto eu e Bingo fomos cercados. Mas antes disto, 
              Numoz envenenou Ortz.", disse Florin
 "Talvez ele quisesse ficar com 
              o controle de todos os orcs e atacar Evereska!", sugeriu Limiekli.
 "Não creio. Numoz foi claro. 
              Ele quer levar seus soldados para se unir a Aris."
 "E Bingo!? Para onde foi levado?"
 "Existe um lugar onde podemos 
              procurá-lo. Ouvi Numoz mencionar quando passei por perto da barraca... 
              chama-se Urgithor. É uma nação de orcs no norte daqui. Devem ter 
              rumado para lá. Temos que partir o quanto antes."
 "Certo, Florin! Vou pegar os 
              cavalos. Talvez consigamos alcançá-los.", disse Limiekli.
 "Eles estão a nossa frente e 
              não sabemos que caminho tomaram. Não iremos encontrá-los facilmente. 
              Teremos que nos infiltrar em Urgithor e encontrar Bingo."
 "Entrarmos em uma cidade de 
              orcs não será uma tarefa fácil!". "Mas teremos que tentar, Sirius. 
              Florin está certo.", disse Dove, "Mas alguns de nós precisam de 
              cuidados antes de continuar!"
 
 De fato, todos a exceção de 
              Sirius tinham ferimentos de batalha. Dove então ministrou algumas 
              curas e alguns minutos depois, ainda que não completamente refeitos, 
              pegaram seus cavalos, alguns mantimentos dos depósitos dos orcs 
              e partiram. Deixaram o campo que ainda ardia em chamas e seguiram 
              um caminho indicado por Florin.
 Um Objetivo Alcançado       Na 
              parte ocidental dos reinos, Khelben, o arquimago de Águas Profundas, 
              enfrentava provavelmente seu maior desafio. Ainda tinha dúvidas 
              se sobreviveria a isso. Seu único refúgio era permanecer veemente.
 "Sim, há um motivo para você 
              não ter atravessado o Tênue Véu ainda. Eu chamaria isso de uma probabilidade 
              feliz, vocês mortais a chamam de sorte." Continuou o esqueleto, 
              trajado em uma roupa ornada com jóias e feito do material mais fino, 
              embora Khelben pudesse apenas ver suas botas.
 "Neste caso você provavelmente 
              sabe porque eu vim aqui."
 "Correto, existem poucas coisas 
              neste e em outros mundos que eu não saiba. Você está aqui compelido 
              pela ameaça dos phaerimns e pelo retorno de Obscura. Logicamente 
              deduziu que alguém da época de Netheril teria algum tipo de informação 
              e então adentrou meus portões." Respondeu a figura circundando o 
              trono.
 "Larloch, escute. Independente 
              do que representamos, os phaerimns são uma ameaça iminente a todos 
              os seres de Toril. Se não nos unirmos agora, poderemos estar presenciando 
              o início da extinção dos povos deste mundo."
 "Você disse duas inverdades. 
              Primeiro, os phaerimns não representam nenhuma ameaça para mim. 
              Segundo, não há porque eu me aliar a você, suas capacidades são 
              inócuas comparadas a uma possível retaliação minha."
 "Como pode ser tão arrogante 
              numa situação como essa? Não entende que estou procurando uma solução 
              cabível para o problema?"
 "Não me ofenda com estas comparações 
              mundanas. Estou além destas fraquezas mortais. E não precisa entrar 
              em desespero, favorecido pela deusa. Eu irei ajudá-lo. Fornecerei 
              as informações adequadas para derrotar os phaerimns." Continuou 
              Larloch a circundar o arquimago.
 "Será que devo ficar feliz com 
              isso? A tentação é uma das piores ruínas para a alma."
 
 "Os phaerimns não são ameaça 
              para mim ou meu reduto, contudo, não posso ignorar o mundo exterior. 
              Em suma, não quero vê-lo destruído. Se algum dia eu decidir controlá-lo, 
              não almejarei um reino de cinzas e desolação. Por isso, Khelben 
              de Águas Profundas, eu o usarei para resolver esta questão para 
              mim. Apenas escute. Os seres conhecidos por phaerimns surgiram milênios 
              atrás no império de Netheril. Por algum tempo causaram grandes problemas. 
              Foi então que apareceram os sharn, seres que aprisionaram os phaerimns 
              numa imensa barreira que não mais existe. Pensaram alguns que os 
              sharn foram uma espécie de transformação sofrida pelos arquimagos 
              de Netheril. Isso não é verdade, os tolos pereceram na busca de 
              um solução. Tolos como Karsus, que tinha um grande poder mas nenhuma 
              sabedoria. Ambos, phaerimm e sharn, vieram de uma outra dimensão. 
              Lá, eles representam duas forças opostas da natureza, como o caos 
              e a ordem, por isso, através de um acidente mágico provocado pelos 
              arquimagos de Netheril, ambas as raças foram jogadas ao nosso plano."
 "Suponho então que deveríamos 
              atrair estes nêmesis dos phaerimns para que eles se destruam?" Opinou 
              Khelben se esforçando muito para falar.
 "Não, correria o risco de atrairmos 
              mais phaerimns. Eles são seres de extrema inteligência. Após conhecer 
              nosso plano eles desejam dominá-lo, portanto, esperam uma forma 
              de invadi-lo mais uma vez. Acredito que nesta nova tentativa virá 
              um contingente maior deles. Você não percebeu porque eles querem 
              tanto o mythal élfico de Evereska?"
 "Eu imaginava que isso fazia 
              parte da cadeia alimentar deles."
 "Eles querem descobrir o segredo 
              do mythal, pois esse artifício é uma boa alternativa em relação 
              a falta de um mythalar. Eles precisam de um excelente conduíte mágico 
              que possibilite criar uma fenda entre os dois mundos."
 "Por Mystra, não podemos esperar 
              mais. Diga, o que posso fazer para evitar este desastre?"
 "Eu construí algo que pode aprisionar 
              todos os phaerimns num determinado local", disse Larloch mostrando 
              a Khelben um cristal, "Este é o Dodecaedro Definitivo. É 
              um artefato mythalar que possui energia suficiente para criar um 
              campo de aprisionamento para os pherimns, basta que ele seja acionado 
              de uma forma muito simples. Você deve conhecer o ritual de enclausuramento. 
              Qualquer arquimago sabe disso."
 "Sim, eu conheço. Então é assim? 
              Simples?"
 "Seria, se o artefato não retirasse 
              a vida do conjurador. Isso mesmo. Para que ele seja acionado é necessário 
              a vida do conjurador. É uma viagem ao mundo dos mortos sem 
              retorno, Khelben. Imagino que para você seja um sacrifício justo."
 
 Khelben não disse nada, prefiria 
              não acreditar naquela afirmação.
 
 "Depois do Dodecaedro ser acionado, 
              os phaerimns serão aprisionados num grande campo de energia, área 
              suficiente para que os seres sejam eliminados pois, se não forem 
              destruídos, podem descobrir como criar a fenda dimensional. Não 
              se preocupe, a fenda só aprisiona os phaerimns, qualquer outro ser 
              pode sair e entrar livremente nela, e lá os criaturas não poderão 
              conjurar feitiços, embora mantenham suas defesas naturais. E por 
              último, só direi uma coisa em relação a Obscura, seu rei, o Lorde 
              das Sombras, voltou para dominar os reinos. Ele não é tão poderoso 
              e tão paciente como eu, mesmo assim pode representar um grande problema 
              para você."
 "Larloch, eu gostaria de fazer 
              outras perguntas..."
 "Não, seu tempo acabou. Vá, 
              favorecido pela deusa. Salve os reinos novamente, e depois leve 
              consigo a lembrança de que um dia esteve na presença do Lorde Supremo, 
              leve esta recordação para o túmulo."
 
 Antes que Khelben pudesse dizer 
              alguma coisa, Larloch fez apenas um pequeno gesto com a mão e o 
              arquimago de Águas Profundas surgiu dentro da barraca designada 
              para ele e sua amada Laeral no acampamento nos arredores de Evereska. 
              Logo que chegou, exausto e bastante ferido, tombou fazendo barulho, 
              o que atraiu a atenção de Laeral e Galaeron, que conversavam fora 
              da tenda. Ambos entraram e acudiram Khelben. Ministraram um elixir 
              mágico que melhorou suas condições.
 Por Um Calor Humano       Magnus 
              dormira por algumas horas. Ao despertar percebeu o lindo corpo de 
              Storm Mão Argêntea abraçado ao seu. Olhou ao redor. Estavam no mesmo 
              lugar de antes. Olhou para a guerreira para ver se ainda estava 
              ferida. Storm então também acordou, afastou-se lentamente dele dizendo 
              "Você estava muito ferido, precisava se manter aquecido, por isso 
              ...""Eu entendo, muito obrigado 
              Storm."
 "Não, eu é que devo agradecer, 
              não fosse sua benção divina, talvez estaria ao lado de minha falecida 
              irmã Syluné. Eu jamais esquecerei isso. Mas por ora, vamos ver seus 
              ferimentos. Tire a armadura por favor."
 
 Magnus aos poucos foi tirando 
              as placas de sua esplendorosa armadura, Storm o ajudou. Ficou ele 
              apenas de calça, portanto a harpista o examinou e viu alguns talhos 
              abertos. Teve de passar as mãos no corpo viril do paladino para 
              identificar as partes doloridas, suas mãos foram percorrendo seu 
              grande tórax até chegar aos ombros quando sua face ficou junto com 
              a dele, seus olhares se cruzaram e num ímpeto, se beijaram calorosamente 
              com um abraço forte e confortante que durou bastante tempo. Magnus 
              ignorou completamente as dores que sentia com o abraço, sentiu apenas 
              prazer. Foi então que depois de alguns minutos voltaram a si e Storm 
              pegou linha e agulha de sua sacola e fechou os cortes dele. Resolveram 
              descansar para decidir que rumo tomariam.
 Nos Labirintos da Caverna       Kariel 
              conduzia velozmente a montaria onde também estavam Mikhail e Galtan. 
              Fugiam dos homens-lagartos e já haviam aberto boa distância de seus 
              perseguidores, que não mais podiam ser vistos. Repentinamente, apresentou-se 
              no corredor rochoso um grande buraco que interrompia o caminho. 
              Desmontaram e começaram a analisar a situação. O fosso não era profundo, 
              devia ter uns três metros, mas sua largura era considerável, cerca 
              de quatro metros. No fundo do buraco passava um outro caminho, que 
              fazia parte do labirinto que era o interior daquela montanha. Haviam 
              então duas possibilidades: tentar um perigoso salto sobre o fosso 
              e prosseguir no caminho em que estavam ou descer e continuar por 
              baixo. A última opção foi descartada por conta do animal. Descer 
              o cavalo poderia se tornar uma tarefa difícil. Então decidiu-se 
              pelo salto, mesmo que parecesse arriscado com um corredor tão apertado.
 Kariel, que era o mais leve, 
              iria conduzir o cavalo, que ia sem equipamentos ou mesmo sela, para 
              ficar mais leve. Além de seus pertences o elfo levava uma corda 
              que seria jogada para os seus companheiros, a fim de que pudessem 
              alcançá-lo do outro lado. Então subiu no cavalo, tomou distância 
              e saltou. O animal desequilibrou-se e acabou caindo no fosso, junto 
              com seu cavaleiro. O mago não sofreu nada de sério, mas o animal 
              havia quebrado a pata, uma sentença de morte para os da sua espécie. 
              Kariel então levantou-se e chamou pelos amigos que estavam acima.
 
 "Desçam! Mikhail... o cavalo 
              quebrou a pata. Precisa ajudá-lo", disse jogando o rolo de corda.
 "Já vamos até aí!", disse o 
              elfo de Evereska.
 
 Mikhail e Galtan desceram. O 
              clérigo de Mystra então usou uma de suas orações que proporcionavam 
              cura e a pata do animal se recuperou. Também aproveitou para curar 
              alguns ferimentos ainda abertos de Galtan.
 
 "E agora? Prosseguimos por este 
              caminho aqui em baixo?", perguntou Galtan.
 "Sim. Estávamos perdidos antes. 
              Pior do que isto não ficaremos. Mas o cavalo não poderá prosseguir. 
              O terreno é muito acidentado. Porém minha magia somente dispersará 
              daqui a várias horas."
 "Posso tentar dissipar o seu 
              encanto e mandá-lo de volta.", sugeriu Mikhail.
 "Ótimo. Então faça isto, meu 
              amigo."
 
 Mikhail recitou algumas palavras 
              divinas e concentrou-se. Sua prece deu resultado: o encanto de Kariel 
              se desfez e o animal voltou para o local de onde viera.
 
 "Precisamos descansar e refazer 
              nossas forças."
 "Sim, Kariel, mas não aqui. 
              É muito perigoso. Vamos prosseguir e tentar encontrar um local mais 
              seguro.", sugeriu Mikhail.
 
 Então os três puseram-se a andar 
              pelo estreito corredor rochoso, iluminados por uma lanterna carregada 
              por Mikhail e pela brilho azulado emanado da espada de Kariel. Quarenta 
              minutos depois encontraram a frente quatro passagens. Escolheram 
              uma cujo caminho levava para o alto, pois não desejavam descer às 
              profundezas da montanha. Caminharam por seis horas, procurando por 
              algum abrigo, um nicho entre as rochas onde pudessem repousar, mas 
              foi em vão. Sendo assim resolveram parar no meio do caminho para 
              recobrar suas energias. Sentaram no chão e recostaram-se na parede 
              de pedra. Mikhail recitou outra de suas orações e um encanto divino 
              agiu, fazendo-os dormir. Repousaram por uma hora, mas era como se 
              houvessem deitado por oito. Em seguida levantaram e recomeçaram 
              a caminhada.
 
 Andavam com a mente preocupada 
              em achar uma saída e no destino de seus companheiros Magnus, Storm 
              e Brian. Kariel, que sabia ser Storm Escolhida de Mystra como ele 
              era, tentou comunicar-se pronunciando o nome da guerreira, mas não 
              obteve resposta. O elfo então quis acreditar que a aventureira havia 
              apenas desativado este dom, coisa que um Escolhido podia fazer para 
              não interferir na concentração. Era um pensamento mais reconfortante 
              do que julgar que Storm havia morrido no desabamento.
 
 Caminharam por mais três horas 
              até Galtan observar algo para os seus companheiros.
 
 "Amigos... notaram que o chão 
              deste caminho é bastante liso e tem pouca poeira acumulada? Esta 
              trilha deve ser bastante usada. Devemos ter cuidado."
 "Ativarei o encanto de meu elmo 
              e irei a frente como batedor."
 
 Kariel tocou o seu elmo e desapareceu. 
              Seguiu a frente de seus companheiros e logo ouviu passos. Haviam 
              criaturas caminhando e o ruído estava cada vez mais forte. Por um 
              instante, o elfo de cabelos azuis tornou-se visível e com um gesto 
              pediu que os companheiros tentassem se ocultar nas paredes. Com 
              as fontes de luz apagadas apenas os elfos puderam, com sua visão 
              superior, notar as formas que se aproximavam. Eram as silhuetas 
              de cinco homens lagartos e uma outra mais alta, de um ser diferente 
              que, ao invés de pernas, arrastava-se sobre uma cauda de serpente. 
              Kariel não esperou muito e assim que o grupo passou por ele, conjurou 
              uma bola de fogo que explodiu, matando dois homens-lagartos e ferindo 
              os outros inimigos. O clarão do fogo iluminou a caverna e revelou 
              Galtan e Mikhail. Haviam agora três homens lagartos e a criatura 
              serpente, cujos mais sábios ou experientes conhecem pelo nome de 
              yuan-ti. Dois homens-lagartos atacaram Mikhail, outro Galtan e o 
              yuan-ti partiu em direção a Kariel. O fogo mágico invocado desapareceu 
              e a escuridão era agora afastada somente pelo brilho azulado de 
              Goliath, a espada de Kariel.
 
 Galtan conseguiu desviar de 
              um golpe da alabarda do homem-lagarto que combatia contra ele. O 
              cavaleiro de Águas Profundas, aproveitou bem a falha do oponente 
              e desferiu-lhe um ataque fulminante com sua espada. Mikhail também 
              teve sorte, coisa que em muitas ocasiões costumava faltar nas suas 
              lutas. Esquivou-se das investidas dos dois monstros e com seu martelo, 
              rachou o crânio de um deles. Kariel invocou um encanto que o fez 
              dobrar de tamanho e correu contra o homem-serpente. Galtan, que 
              havia se livrado do inimigo, investiu também contra o yuan-ti. O 
              cavaleiro chegou primeiro e desferiu o primeiro golpe. O monstro 
              mostrou sua agilidade e inclinou seu corpo para trás, escapando 
              da espada. Em seguida, com a lâmina de formato curvo que empunhava, 
              tirou um pouco de sangue do aventureiro. Kariel, usou sua Goliath, 
              que agora estava do tamanho de uma lança, e provocou um ferimento 
              no ser rastejante, abrindo-lhe um rasgo diagonal no peito. O yuan-ti 
              revidou, mas seu ataque foi anulado por uma proteção mística que 
              agia sobre o elfo. Neste momento, Galtan tentou outro golpe e desta 
              vez atingiu o coração da criatura, que tombou inerte. Quase neste 
              mesmo instante, Mikhail terminava o combate derrotando o inimigo 
              que restava. Arrastaram os corpos e os ocultaram nas paredes rochosas.
 
 "Que criatura era aquela?", 
              perguntou Galtan.
 "Não conheço este homem serpente.", 
              respondeu Kariel.
 "O ar parece mais fresco vindo 
              da frente.", analisou Mikhail. "Talvez haja uma saída!".
 "Vou à frente novamente. Se 
              houver um perigo eminente, acenderei minha espada duas vezes! Aguardem 
              aqui."
 
 Kariel foi como batedor e, novamente 
              invisível e de volta ao seu tamanho normal, percorreu alguns metros 
              a frente. A medida que avançava viu o final do corredor. A saída 
              levava para uma câmara maior e uma iluminação vinha de lá. Kariel 
              aproximou-se e pôde ver uma imenso salão rochoso, tão grande que 
              serviu para que os homens-lagartos construíssem nele uma aldeia. 
              Haviam casas rústicas, feitas com amontados de pedra, iluminadas 
              por tochas e dezenas de habitantes, de todos os tamanhos. Do outro 
              lado da aldeia podia se avistar outra passagem, que iniciava outro 
              corredor. Kariel então retornou e foi contar o que viu aos amigos.
 
 "Existe uma aldeia de homens-lagartos 
              a frente e além dela existe uma passagem."
 "Uma aldeia! De quantas criaturas 
              estamos falando?"¸ quis saber Mikhail.
 "Vi cerca de setenta!"
 "Não podemos enfrentar todos 
              eles! Você, com seus artifícios de mago, poderia promover uma distração 
              para permitir que passemos sem sermos notados?", perguntou Galtan.
 "Poderia criar uma distração, 
              mas mesmo assim eles são muitos. Com certeza algum deles iria percebê-los.. 
              Farei o seguinte: continuarei invisível e prosseguirei no próximo 
              corredor.       Quando perceber um 
              local seguro, conjurarei um portal. Vocês poderão atravessá-lo e 
              me encontrarão do outro lado."
 "Está certo. Mas tenha cuidado!", 
              alertou Mikhail.
 
 Kariel então prosseguiu. Andou 
              com muito cuidado para evitar ruídos e procurou caminhos onde não 
              precisasse cruzar com os habitantes da aldeia. Chegou a entrada 
              do novo corredor, onde pôde respirar profundamente. Prosseguiu por 
              mais vinte minutos no túnel rochoso e chegou a outra câmara, um 
              pouco menor que a anterior. Para a sua surpresa, havia nela também 
              uma vila e outro corredor. O elfo então novamente encheu-se de cuidado 
              e percorreu os caminhos entre as rústicas casas. Alcançou a passagem 
              após a nova vila. Desta vez, o corredor parecia muito mais escuro 
              e profundo. Andou um pouco mais e não encontrou sinal de que existisse 
              outra vila próxima. Então concentrou-se, tentou calcular a distância 
              que havia percorrido e conjurou seu encanto. Um brilhante portal 
              circular de energia mágica se abriu e, segundos depois, passaram 
              por ele Mikhail e Galtan.
 A Comitiva de Orcs       Florin, 
              Dove, Limiekli e Sirius cavalgaram durante um dia em direção ao 
              norte e agora faziam uma refeição. Estavam em uma colina e, sentados 
              ao redor de uma pequena fogueira, conversavam.
 "Sinto que falhei com vocês 
              ao não proteger Bingo. Deixei que ele fosse levado. Se desejarem, 
              posso seguir sozinho. Não precisam se arriscar!", falou Florin, 
              sentindo-se culpado.
 "Não. Viemos todos juntos e 
              assim vamos ficar!", colocou Sirius.
 "Um daqueles documentos que 
              estavam no quarto de Ortz era um mapa de Urgithor. Segundo ele, 
              poderemos encontrar várias patrulhas antes de chegarmos a cidade.", 
              continuou Florin, segurando o documento.
 "Então precisaremos de um disfarce."
 "Sim, Limiekli. Tenho um encanto 
              especial que poderá nos auxiliar.", revelou Dove.
 "Posso tornar nossas aparências 
              a semelhança dos orcs. Assim poderemos passar pelas patrulhas sem 
              que sejamos descobertos. O feitiço ainda nos dará a possibilidade 
              de entender a língua orc."
 "Ótimo. Mas ainda me intriga 
              o porquê de Numoz ter envenenado Ortz. É certo que os dois divergiam, 
              mas se Ortz tivesse êxito em Evereska ainda assim seria boa coisa 
              para os orcs."
 "Não sei, Florin.", disse a 
              esposa Dove, "Mas talvez possamos encontrar as respostas em Urgithor."
 
 Dove então levantou-se, e seus 
              companheiros fizeram o mesmo. A bela heroína começou o seu encanto 
              e recitou algumas palavras arcanas. Aos poucos, os corpos de humanos 
              dos aventureiros foram se transformando: a pele se tornou esverdeada 
              e suja, seus rostos se projetaram para frente e duas enormes presas 
              cresceram na mandíbula, seus braços tornaram-se mais longos e seus 
              cabelos ficaram grossos como pêlos de animais. Suas posses também 
              mudaram: as vestes se tornaram rústicas e de tons escuros, armas 
              de metal reluzente ficaram foscas e perderam toda a beleza. E agora 
              exalavam também desagradáveis odores. Após a transformação ser completada, 
              Sirius fez uma observação sobre esta característica: levantou os 
              braços e com suas novas e grandes narinas tentou sentir algo.
 
 "A transformação foi perfeita, 
              mas não estamos fedendo como orcs!"
 "Devemos estar", disse Limiekli, 
              "Mas com estes narizes de orcs não iremos nos incomodar com nosso 
              próprio cheiro."
 "E então meus amigos? Estão 
              prontos!?"
 "Sim, Florin!", respondeu Limiekli.
 "Então vamos! Vamos salvar Bingo!"
 
 E assim, apagaram a fogueira 
              e subiram nos cavalos rumo a estrada. Em direção a Urgithor.
 
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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