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                        Culto Secreto Descrita 
                        por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ricardo 
                        Costa.
  Personagens
                            principais da aventura: 
 Os 
                        Humanos: Arthos Fogo Negro;Magnus de Helm; Sigel O'Blound 
                        (Limiekki); Danicus Gaundeford; Klerf Maunader. Os 
                        Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Grimlock: 
                        Loft Moft Toft Iskapoft. O Halfling: Bingo 
                        Playamundo.
 
 
  
  O Culto Secreto
 Portadora 
                        da Vingança       A 
                        Comitiva da Fé estava cercada pelo alto. Seis imaskaris 
                        mascarados, dois homens e quatro mulheres, flutuavam ao 
                        seu redor. Valin, o companheiro imaskari dos heróis da 
                        Superfície, jazia preso em uma rede erguida por uma armadilha 
                        e somente podia observar o resultado da emboscada.        Uma 
                        dos Portadores da Vingança conjurou uma magia, que fez 
                        brotar do solo, aos pés dos heróis, tentáculos negros, 
                        que se ergueram e envolveram Kariel, Bingo e Limiekki, 
                        imobilizando-os. Arthos correu de onde estava e, usando 
                        Limiekki como apoio, executou um salto acrobático, conseguindo 
                        altura suficiente para agarrar um dos oponentes pela perna. 
                        Em resposta, um inimigo conjurou uma esfera de fogo, que 
                        arremessada contra os heróis, explodiu em chamas, causando 
                        algumas queimaduras, sobretudo nos que estavam imobilizados. 
                        Magnus, que possuía a poderosa espada Hadryllis, estava 
                        impotente. Nada podia fazer para golpear aqueles inimigos 
                        ao alto. Resolveu auxiliar Kariel a escapar dos tentáculos. 
                        Já Mikhail decidiu falar.        “Porque 
                        nos atacam!? Não têm provas que fizemos algo e agem como 
                        juiz, júri e executores!”“Há anos não existem 
                        crimes em nossa cidade e logo quando chegam vocês, estrangeiros, 
                        um atentado ocorre. Além disso, foram identificados em 
                        atitude suspeita pelo secretário Radatan Mahederin, um 
                        alto funcionário do governo”.
 “Eles são inocentes!”, 
                        gritou Valin.
 “Talvez seja verdade...”, 
                        disse uma das mascaradas. “Os estrangeiros podem ter sido 
                        incriminados! Eu acredito neles!”.
 “Está deixando suas 
                        emoções a guiarem. Você está se arriscando a ser também 
                        alvo do nosso julgamento!”, disse outra mascarada.
 “Que seja! Concedam-me 
                        um prazo para provar a inocência deles. Se eu falhar, 
                        que o destino deles seja compartilhado comigo!”
 
 Ouve um momento de 
                        segundo e de pausa nos combates. Uma das mulheres então 
                        falou com a misteriosa defensora dos aventureiros.
        “Têm 
                        até a hora do pronunciamento da Dama Executora para provar 
                        que os suspeitos são inocentes, senão todos vocês serão 
                        eliminados!”.        Em 
                        seguida, os mascarados desapareceram, valendo-se de uma 
                        magia, deixando somente a sua companheira rebelde. A mulher 
                        mascarada flutuou até a rede que prendia Valin e a puxou 
                        até o solo. Em seguida, também pousou no chão pedregoso. 
                        A Comitiva logo a cercou.        “Quem 
                        é você? Eles são mesmo inocentes, mas porque os defendeu?”, 
                        perguntou o imaskari amigo da Comitiva.“Acho que sei!”, disse 
                        Limiekki. “Hoxxa, não? Senti que possuía alguma familiaridade 
                        com armas quando examinou as nossas armas. E Valin disse-nos 
                        que esta gruta de onde saímos era um local onde se escondiam 
                        quando crianças. Você sabia onde poderíamos estar”.
 “Você é observador. 
                        Então não preciso me esconder!”, retirou a máscara púrpura, 
                        revelando a imaskari de cabelos negros e olhos azuis.
 “Hoxxa! Como?”, espantou-se 
                        o irmão.
 “É uma longa história, 
                        Valin, e não temos tempo! Comitiva da Fé... conte-me o 
                        que aconteceu!”.
        A 
                        Comitiva fez então o relato de como foram abordados e 
                        conduzidos para a armadilha no ninho das aranhas. Hoxxa 
                        ouviu atentamente. Após o relato, Mikhail comentou.        “Aqueles 
                        que nos mandaram para a armadilha devem pensar que estamos 
                        mortos. Não devem estar procurando por nós.”.“Sim, porém os condestáveis 
                        estão. Foi decretado um toque de recolher e as ruas estão 
                        desertas. Devemos evitar a guarda e procurar por suspeitos. 
                        Devemos ser muito discretos. Não podemos ser descobertos!”.
 “Podemos retornar 
                        a caverna onde fomos enganados!”, sugeriu Kariel. “Certamente 
                        devem enviar alguém para se certificarem de que estamos 
                        realmente mortos e poderemos seguir o agente até o seu 
                        esconderijo”.
 “É um bom plano!”, 
                        disse Limiekki. “Porém não devemos ir todos para não levantar 
                        suspeitas!”.
 “Posso ir sozinho, 
                        Limiekki. Vou segui-lo invisível!”.
 “As palavras em roushoun 
                        para abrir o portão de pedra são khour rashina nekaputrus. 
                        Já, para ultrapassar as grades, terá que utilizar magia”, 
                        informou Valin.
 “Aguardaremos aqui, 
                        na gruta, então!”, disse Hoxxa. “Cuide-se!”
        O 
                        elfo príncipe do distante reino de Kand tocou em seu elmo 
                        mágico e desapareceu. Valendo-se de sua memória, retornou 
                        cauteloso pelo caminho que havia feito anteriormente. 
                        Chegou então até as barras de aço enferrujadas, início 
                        do corredor para a caverna mortal. Kariel então conjurou 
                        um sortilégio e seu corpo, na forma de gás, atravessou 
                        a grade e ele então prosseguiu. Diante do maciço portão 
                        de pedra, proferiu as antigas palavras ensinadas por Valin 
                        e a pedra moveu-se para o alto, abrindo a passagem. O 
                        elfo conjurou mais um encanto e formou uma ilusão, que 
                        mostrava ele próprio e seus amigos, mortos, ao chão. Kariel 
                        então sentou nas pedras e esperou.        Apenas 
                        vinte minutos se passaram até a porta ranger o arrastar 
                        da rocha e entrar na sala um encapuzado. Andou o imaskari 
                        até a ilusão de Kariel. Estava convencido de que a missão 
                        estava feita, porém, ao invés de apenas observar, resolveu 
                        tocar os corpos e, para sua surpresa, sua mão passou através 
                        do engodo ilusório do mago da Comitiva. Nervoso e agitado, 
                        deu a volta e correu em passos rápidos. Kariel ativou 
                        novamente seu elmo, presente do falecido rei de Cormyr, 
                        Azoun IV, e, invisível, seguiu o misterioso enviado.        O 
                        imaskari fez seu caminho pelos ermos rochosos, pelo cinturão 
                        verde em volta da cidade, e por fim pela área urbana, 
                        deserta graças ao toque de recolher imposto pelas autoridades. 
                        O encapuzado ficou de pé em frente a uma casa simples. 
                        Ia bater a porta, quando Kariel o imobilizou pelo pescoço, 
                        e o arrastou para um beco. O imaskari se debateu, mas 
                        perdeu o fôlego e desmaiou. O mago arrastou o inimigo, 
                        escondendo-se de tempos em tempos das patrulhas, com o 
                        coração batendo forte. Com dificuldade, deixou a zona 
                        urbana, passou pelo bosque do contorno e chegou até a 
                        caverna que abrigava seus amigos, que logo se aproximaram.        “Kariel! 
                        Quem é este?”.“Este... foi... o 
                        enviado para certificar nossa morte!”, disse o mago, resfolegando 
                        do cansaço.”Consegui capturá-lo!”
 “Por Mystra... é um 
                        dos soldados que nos levou até a armadilha. Ele seguia 
                        instruções do secretário do Alto Lorde!”, reconheceu Mikhail.
 “Será que o tal Alto 
                        Lorde está envolvido? O lorde que sumiu tinha uma posição 
                        adversa à dele”, perguntou Limiekki.
 “Se o Alto Lorde estivesse 
                        envolvido, provavelmente já estaríamos mortos!”, respondeu 
                        Hoxxa. “Ele é o mago mais brilhante e poderoso que nossa 
                        cidade já concebeu!”.
 “Minha irmã tem razão”, 
                        completou Valin. “Além disso, o Alto Lorde Illis Khendarhine 
                        sempre foi um imaskari contrario a violência!”.
 “Talvez seja o Secretário 
                        o culpado”, sugeriu Arthos.
 “Acho que devemos 
                        interrogá-lo.”, colocou Magnus. “Depois Hoxxa e Valin 
                        podem levá-lo até os seus governantes, enquanto nos infiltramos 
                        no lugar onde ele estava se dirigindo e tentamos encontrar 
                        o Lorde desaparecido”.
 “Posso conduzir o 
                        interrogatório!”, ofereceu-se Limiekki. “Não é nada agradável, 
                        mas já fiz isto antes, quando estava nas fileiras de Forte 
                        Zenthil.”
        Os 
                        companheiros de Limiekki olharam para o mateiro, relutantes, 
                        mas acabaram concordando. Então ele, Mikhail e Kariel 
                        levaram o cativo para um canto da pequena gruta de onde 
                        estavam. Valin foi junto, para agir como interprete. Despertaram 
                        o inimigo, atirando-lhe uma caneca da água gelada que 
                        brotava de uma fonte na parede.        “O 
                        quê? Quem são vocês?”, o imaskari disse em roushoun, ao 
                        ser despertado.“Somos nós que faremos 
                        as perguntas!”, respondeu Limiekki, que contava com a 
                        tradução quase simultânea de Valin. “Quem é você? O que 
                        seu grupo pretende? Onde está o Lorde Mantenedor”.
 “Não sei de nada! 
                        Sou um cidadão honesto! Soltem-me”, pediu.
        Limiekki 
                        alcançou os dedos da mão do imaskari e torceu um deles 
                        fortemente, causando uma imensa dor, fazendo gritar o 
                        esguio humanóide.        “Não!!! 
                        Você quebrou meu dedo!”, ele gritou. “Eu falo!!”“Então diga o que 
                        queremos saber!”, insistiu o mateiro.
 “Meu nome é Kahandras. 
                        Fui verificar se estavam mortos, em nome da Célula dos 
                        Necromantes! Não sei onde está o Lorde Mantenedor Naramixa!”.
 “E o local onde iria 
                        entrar? Quero um mapa do lugar!”, exigiu Kariel, que retirou 
                        do seu diário uma página em branco e a pena e a tinta 
                        que usava.
 “Está certo, mas não 
                        me machuquem mais!”, concordou o imaskari.
        Limiekki 
                        soltou o braço direito, mas manteve o esquerdo imobilizado. 
                        O imaskari rabiscou uma espécie de planta baixa da casa. 
                        Em seguida foi novamente imobilizado. Os três da Comitiva 
                        retornaram para os demais.        “Foi 
                        mais fácil do que eu pensei. Acho que estes imaskaris 
                        não estão muito acostumados a sentir dor!”, disse Limiekki 
                        para os companheiros.“Necromantes... pensei 
                        que estes malditos estivessem enterrados nas areias do 
                        tempo!”, comentou Valin.
 “Vamos invadir a casa! 
                        Não podemos perder tempo!”, comentou Mikhail.
 “Você tem razão!”, 
                        comentou Magnus. “Se o Lorde for assassinado, as coisas 
                        se complicarão ainda mais!”.
 “Valin e Hoxxa... 
                        por favor, levem este traidor até os seus representantes. 
                        Ele possui um grimório onde existem magias necromânticas. 
                        Talvez acreditem em nós. Enquanto isto, iremos até aquela 
                        casa!”, traçou Kariel o plano.
 “Está certo! Boa sorte 
                        a vocês!”, desejou a mulher imaskari, de pele cor de mármore.
 Um Culto Secreto        Arthos, 
                        Kariel, Limiekki, Magnus e Bingo deixaram a caverna, rumo 
                        ao bairro ermo onde o mago da Comitiva havia rastreado 
                        o imaskari chamado Kahandras. Usavam um manto, providenciado 
                        por Valin, e estavam magicamente disfarçados como imaskaris, 
                        graças a uma magia conjurada por Kariel. Passavam pelos 
                        prédios em silêncio, aproveitando-se de qualquer sombra 
                        que pudessem encontrar. Passou por eles uma patrulha com 
                        sete imaskaris, que felizmente não os perceberam escondidos.        Alguns 
                        minutos depois, chegaram às proximidades da pequena casa, 
                        simples e desprovida de ornamentos. Arthos e Bingo chegaram 
                        à porta e auscultaram. Não ouviram nada. Experimentaram 
                        bater, esperando atacar aquele que atendesse, porém ninguém 
                        veio. Bingo usou então sua perícia com trancas e retirou 
                        seu pequeno estojo de ferramentas. Depois de algumas tentativas 
                        a porta se abriu com um “clique”.        Estavam 
                        em uma sala bem ampla. Novamente ficou evidente a magia 
                        com que as construções imaskaris eram feitas: o cômodo 
                        parecia ser bem maior por dentro do que por fora. Não 
                        havia móveis ou decorações, a exceção de um tapete e uma 
                        cadeira solitária. Uma porta fechada estava do outro lado. 
                        Os aventureiros então entraram, fechando a porta de entrada 
                        atrás de si. Arthos e Bingo se posicionaram novamente 
                        sobre a folha de madeira e aço negros. Também não havia 
                        barulhos. Resolveram arrombar, mas desta vez não foi necessário 
                        nenhuma ferramenta: a porta estava aberta.        O 
                        ar no novo cômodo era fresco. Era também uma grande sala, 
                        mas possuía uma fonte de água no centro, com uma macabra 
                        estátua de um imaskari segurando um crânio, que vertia 
                        água pelos olhos. O líquido cristalino se acumulava em 
                        uma pequena piscina. Não havia móveis e a decoração se 
                        restringia a uma tapeçaria de motivos geométricos nas 
                        paredes. Havia duas portas de bronze à esquerda e outra 
                        à direita. Em silêncio, os aventureiros gesticularam. 
                        Decidiram se separar. Arthos, Limiekki explorariam uma 
                        das portas a esquerda, Bingo e Mikhail a outra e Magnus 
                        e Kariel a da direita. A Exploração de 
                        Arthos e Limiekki        Arthos 
                        ainda sabia alguma coisa sobre abertura de trancas e usou 
                        algumas ferramentas que ainda possuía, dos seus tempos 
                        em que vivia em Portal de Baldur. Conseguiu abrir a porta 
                        e entrou com Limiekki. Viram um lugar repleto de prateleiras 
                        com vidros de diversos tamanhos, formas e conteúdos. Havia 
                        balcões de pedra com carvão e barris. No centro, uma mesa 
                        retangular e sobre ela algo coberto com uma toalha branca. 
                        Um tomo estava aberto bem em frente a ela. Uma nova porta, 
                        na parede à direita de quem entra, levava para outro lugar. 
                        Arthos aproximou-se do tomo e tentou ler a capa, aproveitando-se 
                        da propriedade da magia de similaridade que agia sobre 
                        ele.        “Golen 
                        de Carne”, leu o espadachim.“Hum... então não 
                        quero descobrir o que tem debaixo deste lençol! Vamos 
                        dar o fora daqui!”, disse o mateiro.
 “Podia levar este 
                        livro para Kariel... quem sabe ele não o aproveita?”, 
                        pensou Arthos.
 “Kariel fazendo cadáveres 
                        ambulantes? Isto não parece combinar muito com ele. Além 
                        do mais, este livro é enorme. Deixa esta porcaria aí!”.
 “Está bem, está bem... 
                        vamos para a próxima porta!”
        Arthos 
                        e Limiekki puseram a orelha encostada na folha de madeira 
                        negra e lisa, reforçada com cobre. Não ouviram nenhuma 
                        voz ou ruído. Arthos abriu também a tranca. O novo cômodo 
                        era uma biblioteca, com as paredes forradas de tapeçarias 
                        vermelhas e douradas, com os mesmos motivos geométricos 
                        já vistos antes. Havia mesas e cadeiras e uma estátua 
                        de um imaskari segurando um livro. Depois de verificar 
                        que não havia ninguém no lugar, Arthos se dirigiu logo 
                        para examinar a estátua. Olhou por diversos ângulos e 
                        decidiu tocar, empurrar e puxar a figura de mármore branco. 
                        Foi quando forçou o livro de pedra, que ouviu o arrastar 
                        de algo.        “Eu 
                        sabia! Uma passagem secreta! Limiekki... procure para 
                        ver se alguma estante saiu do lugar!”.        O 
                        mateiro olhou, mas nada havia de estranho. Então levantou 
                        a tapeçaria que cobria a parede e estava lá. Uma abertura 
                        para um novo cômodo. Então chamou Arthos.        O 
                        novo lugar era pequeno, de paredes feitas com grandes 
                        blocos de pedra. Havia somente duas coisas. Uma estátua 
                        enorme de um lmaskari que se erguia sobre uma pilha de 
                        crânios e um conjunto de três alavancas, engastadas em 
                        uma das paredes. Arthos, a exemplo da sala anterior, correu 
                        para verificar a estátua, mas desta vez teve menos sorte.        “Não 
                        achei nada! E agora!? Será que existe outra passagem?”, 
                        perguntou o espadachim.“Sei lá! Pode haver 
                        uma armadilha também”, respondeu Limiekki. “Vamos chamar 
                        os outros!”
        Enquanto 
                        conversavam, começaram a notar um som, uma espécie de 
                        cântico, que escapava de baixo dos seus pés. Deitaram 
                        e colocaram os ouvidos contra o solo.        “Pela 
                        Dama da Floresta! Parece um cântico de ritual!”, exclamou 
                        Limiekki.“Isso não é nada bom! 
                        É melhor que os outros venham logo”, disse Arthos.
 “Kariel. Achamos uma 
                        passagem. Parece haver um ritual acontecendo abaixo!”, 
                        pronunciou o ex-soldado o nome do companheiro da Comitiva, 
                        que era um dos Escolhidos de Mystra e por conta disto 
                        podia ouvir as próximas nove palavras de alguém que chamasse 
                        o seu nome, onde quer que estivesse.
        Poucos 
                        minutos depois, ouviram um arrastar de pedra, e uma parede 
                        se abriu, revelando novos ocupantes para a reduzida sala. A Exploração de 
                        Kariel, Mikhail, Magnus e Bingo        Kariel, 
                        Magnus estavam à frente da porta. Decidiram arrombá-la 
                        e o jovem e musculoso paladino de Helm fez o serviço. 
                        A tranca partiu-se e viu-se um dormitório, onde havia 
                        guarda-roupas, três camas e, do lado de cada uma delas, 
                        uma arca de madeira, couro e ferro, trancada. Um quadro 
                        grande, com a figura do secretário do Alto Lorde, Radatan 
                        Mahederin. Uma pequena porta, de material simples, estava 
                        na parede, ao lado oposto das camas.        “Parece 
                        que está claro que nos colocou nesta aflição!”, disse 
                        o mago elfo, fitando o retrato sombrio do imaskari.“Vamos fazer uma busca! Não é possível que este lugar 
                        esteja vazio!”, comentou Magnus, que agachava seu corpo 
                        de quase dois metros de altura para olhar embaixo das 
                        camas.
        Enquanto 
                        seus amigos vistoriavam o cômodo, o mago da Comitiva ergueu 
                        a mão e a direcionou pelo quarto, buscando emanações mágicas. 
                        Sentiu que sobre as arcas agia algum tipo de magia guardiã, 
                        o que tornaria um risco abri-las. O paladino nada mais 
                        encontrou nos guarda-roupas, além de robes negros de mago. 
                        Abriu também a leve porta de madeira, que revelava um 
                        banheiro. Por fim, encontrou algo interessante: atrás 
                        da moldura do quadro parecia haver algum tipo de mecanismo.
 “Tem algo aqui atrás... 
                        um buraco ou algo assim!”, disse o jovem.
 “Vamos aguardar Bingo!”, 
                        ponderou Kariel. “Pode ser um tipo de armadilha e ele 
                        conhece destas coisas”.
 
 Curiosamente, Bingo 
                        e Mikhail entraram pela porta do cômodo neste mesmo instante.
 
 “Já voltaram? Não 
                        iam verificar a outra porta?”, perguntou Magnus.
 “A porta estava apenas 
                        encostada. Era uma cozinha. Tinha farinha, vinho, restos 
                        de algum assado e uns biscoitos... estes últimos eu provei 
                        e estavam gostosos!”, respondeu o halfling.
 “Não havia nada de 
                        mais por lá!”, completou Mikhail.
 “Então será útil aqui, 
                        Bingo!”, disse Kariel aproximando-se do quadro. “Atrás 
                        deste quadro existe alguma coisa. Pode verificar se podemos 
                        removê-lo em segurança?”.
        O 
                        halfling subiu em uma das camas próximas ao retrato. Após 
                        examinar o que havia entre a parede e a moldura, a retirou, 
                        jogando-a no chão. Havia um buraco circular na parede, 
                        do tamanho de um punho, e que parecia profundo.        “O 
                        que será isto?”, perguntou, curioso, Mikhail.        Kariel 
                        parou por um instante. Uma voz familiar ecoou em sua mente. 
                        Em seguida disse aos companheiros:        “Amigos... 
                        Limiekki acabou de me avisar que ele e Arthos descobriram 
                        uma passagem e que há um ritual acontecendo em algum lugar 
                        abaixo de nós!”.“Será que este buraco 
                        abre uma passagem também?”, perguntou Bingo.
 “Ou aciona uma armadilha?”, 
                        colocou Mikhail.
 “Vou descobrir! Fiquem 
                        atentos!”, disse Kariel, que enfiou o braço no buraco 
                        circular aberto na parede.
        O 
                        coração do jovem elfo batia forte enquanto os seus dedos 
                        alcançavam uma chapa de ferro, que parecia móvel, ao fundo. 
                        Mesmo temendo alguma lâmina mortal, o mago arriscou e 
                        empurrou a placa. Após alguns ruídos de pedra arrastando, 
                        uma passagem revelou-se na parede a sua esquerda. Na nova 
                        sala, podiam ver, além de uma grande estátua, estavam 
                        os amigos Arthos e Limiekki. Logo, todos entraram no novo 
                        e pequeno cômodo.        “Estão 
                        ouvindo!?”, chamou a atenção Limiekki.“Sim... parece um 
                        coral entoando uma canção macabra!”, disse Mikhail.
 “As vibrações vem 
                        de algum lugar abaixo de nós!”, falou Arthos.
 “Deve haver uma maneira 
                        de descer!”, pensou Bingo. “Estas alavancas aí ?! Vamos 
                        puxá-las!”
 “E se for uma armadilha, 
                        Bingo?”.
 “E vamos ficar parados 
                        aqui? Vamos experimentar!”, respondeu o halfling.
 “Devo concordar com 
                        o pequeno”, completou Magnus. “Não temos muitas opções”.
 “Está certo... porém, 
                        antes, lançarei sobre nós algumas proteções, dádivas da 
                        Deusa!”, disse Mikhail.
        O 
                        clérigo pronunciou algumas orações que tornaram os heróis 
                        mais fortes e em seguida Limiekki, com o consentimento 
                        de todos, puxou para baixo a alavanca ao centro. Imediatamente 
                        após o ruído de correntes, duas paredes de pedra desceram 
                        do teto, lacrando as passagens pelas quais os heróis haviam 
                        entrado. Do alto, um gás esverdeado começava a sair das 
                        frestas dos blocos de pedra.        “Puxa 
                        outra! Puxa outra!”, gritou Bingo.
 Limiekki puxou a da 
                        esquerda. Tentáculos negros brotaram do solo e envolveram 
                        o mateiro. O gás começava a preencher o cômodo, fazendo 
                        os heróis tossirem e encherem o pulmão de algo que lhes 
                        ardia o peito. Arthos, em medida desesperada, pulou sobre 
                        a alavanca da direita. Pela sorte de Tymora, a combinação 
                        fez cessar os gases, os tentáculos se recolheram e a grande 
                        estátua correu para o lado, revelando um poço com uma 
                        escada de marinheiro, que levava para o nível inferior. 
                        O cântico estava mais alto e claro agora.
 
 “Vou invisível primeiro. 
                        Investigarei e chamo vocês em seguida!”, disse Kariel, 
                        já se dirigindo pela escada.
        O 
                        elfo ativou o elmo de invisibilidade mais uma vez e começou 
                        a descer as escadas. Saiu em um espaço rústico, escavado 
                        na rocha e iluminado por uma tocha. Na esquerda e na direita 
                        havia duas escadas de pedra que desciam e, na parede que 
                        surgiu à frente, uma espécie de janela, de onde escapava 
                        uma iluminação bruxuleante.        Kariel, 
                        da abertura, viu um platô dividido por um rio de lava, 
                        por onde passava uma ponte de pedra. Do lado mais próximo 
                        a onde estava, seis imaskaris em mantos negros cantavam 
                        e miravam um altar, do outro lado da ponte, onde outro 
                        imaskari estava voltado para eles. Acima de um bloco de 
                        mármore branco, estava o corpo amarrado do Alto Lorde 
                        Mantenedor. O imaskari à frente dele era Radatan Mahederin. 
                        O cântico encerrou-se e o traidor pôs-se a falar de um 
                        púlpito negro, com a figura de um crânio sem mandíbulas, 
                        com um pergaminho enrolado desenhado abaixo dele.        “Conseguimos 
                        semear o ódio à Superfície e com o desaparecimento do 
                        Lorde Mantenedor Ebrul Naramixa ficarei mais próximo de 
                        um lugar de poder. Hoje somos poucos, mas cresceremos 
                        e em breve o governo dos necromantes voltará, seja pelo 
                        convencimento, seja pela força. Não retornaremos para 
                        Superfície hoje, pois não iremos como iguais, mas como 
                        conquistadores e as nações serão nossas vassalas! Daremos 
                        o Lorde em sacrifício a Jergal, o Deus da Morte, para 
                        que ele nos mande sorte em nossos planos”.        Kariel 
                        afastou-se e, abaixo do poço de entrada, chamou os companheiros, 
                        que desceram, fazendo o maior silêncio possível.        “Eles 
                        vão matar o Lorde! Vou surpreendê-los e vocês descem em 
                        seguida!”, disse o mago invisível.        Então 
                        desceu as escadas cuidadosamente até o nível inferior. 
                        O arcano invisível posicionou-se, aproveitando-se de que 
                        os seis inimigos estavam um ao lado do outro, e conjurou 
                        um relâmpago, que partiu de suas mãos em linha reta, atingindo 
                        todos os oponentes severamente. Dois deles caíram mortos. 
                        Ao ouvir o ruído, desceram os demais aventureiros pelas 
                        escadas, dando início ao combate.        Limiekki, 
                        Magnus e Arthos sacaram suas espadas. Cada um confrontava 
                        dois imaskaris. Enquanto isto, na retaguarda, os demais 
                        se preparavam para o alvo mais além: o secretário do Alto 
                        Lorde, que, apressado pelas circunstâncias, ergueu a adaga 
                        cerimonial de pedra, na intenção de desferir logo o golpe 
                        fatal contra o imobilizado Lorde Mantenedor Naramixa.        Mikhail, 
                        também rapidamente, proferiu uma prece a Mystra e, graças 
                        a ela conseguiu moldar a pedra do altar onde repousava 
                        o corpo da autoridade imaskari, criando um casulo de mármore 
                        que protegeu seu corpo do golpe fatal. Kariel gesticulou 
                        e uma nova rama elétrica partiu de si em direção ao inimigo, 
                        que sofreu com um choque poderoso, porém o suportou e 
                        permaneceu firme e de pé. Devolveu o ataque com a mesma 
                        moeda, atingindo o paladino Magnus. Bingo também atacou 
                        o imaskari, mas suas flechas erraram o alvo.
 A batalha se desenrolou 
                        com inesperada facilidade para aqueles da Comitiva que 
                        estavam usando das lâminas. Os magos necromantes que os 
                        combatiam não possuíam familiaridade com os bordões que 
                        usavam para se defenderem e atacarem, e também não conseguiam 
                        tempo e concentração suficiente para usar suas armas mais 
                        poderosas: as magias destrutivas. Logo, vitimados pelas 
                        armas dos heróis, tombaram ao chão, deixando o líder Radatan 
                        Mahederin sozinho para combatê-los.
        O 
                        traidor não pensava em se entregar. Não temia a morte. 
                        Tudo que passava em sua mente era fazer o máximo para 
                        levar consigo alguns destes “invasores” que perturbaram 
                        seus planos. O imaskari de cabelos negros vestia um robe 
                        de mago, decorados de forma macabra, com figuras de esqueletos. 
                        Radatan tocou nestas figuras e as destacou do tecido. 
                        Arremessou-as contra o chão e delas brotaram três esqueletos 
                        humanos, que de pé, e portando escudos e cimitarras, foram 
                        na direção dos heróis. O imaskari também fez mais: puxou 
                        uma alavanca e um nicho no altar se abriu. Dele saiu uma 
                        armadura animada, de aparência antiga e da cor do cobre, 
                        com uma ameaçadora espada flamejante nas duas mãos.        “Mate-os!”, 
                        comandou, em um grito!”.        A 
                        armadura e os esqueletos seguiram pela ponte de pedra, 
                        sendo barrados pelas armas de Limiekki, Magnus, Mikhail. 
                        Kariel atacou com magia. Lançou uma esfera flamejante 
                        na direção do mago das trevas, mas este, imediatamente, 
                        conjurou uma magia similar e os dois projéteis de fogo 
                        se encontraram no ar e se anularam. Em outro momento, 
                        Kariel novamente fez surgir um raio de eletricidade, e 
                        desta vez atingiu o seu alvo. Radatan agora estava visivelmente 
                        ferido. Bingo atirou flechas, mas estas ficaram a poucos 
                        centímetros do pescoço do necromante.        Arthos 
                        tentou algo inusitado. Tomou distância e deu um salto 
                        sobre o precipício. O calor da lava corrente logo abaixo 
                        esquentou sua pele por breves segundos, mas o espadachim 
                        conseguiu a proeza: estava do outro lado, próximo ao ferido 
                        Radatan.        “Que 
                        Jergal o amaldiçoe!”, praguejou o imaskari.“Seu deus está morto, 
                        assim como você também estará!”, respondeu, atacando o 
                        mago, que se defendia com uma espada curta.
        Radatan 
                        atacava sem perícia, no misto de ódio e desespero. Em 
                        um certo instante, sua inabilidade deixou-lhe vulnerável 
                        o peito e a Lâmina das Rosas o perfurou. O traidor estava 
                        morto.        Na 
                        ponte, os esqueletos haviam sido destruídos pela força 
                        da Comitiva e todos agora lutavam contra a forte armadura 
                        animada. O constructo revidou, atingindo Magnus e Mikhail, 
                        que se machucaram, mas permaneciam firmes no uso de suas 
                        armas. Após receber dezenas de golpes, a armadura cessou 
                        de se movimentar e enrijeceu. O fogo de sua espada também 
                        se extinguiu.        “Vamos 
                        empurrá-la para o fosso!”, sugeriu Kariel.
 Assim foi feito e 
                        o pesado constructo caiu no poço de lava incandescente, 
                        metros abaixo. Após isto, a Comitiva respirou fundo. Foram 
                        até o Alto Lorde Mantenedor, e o estavam retirando da 
                        proteção de pedra criada por Mikhail, quando ouviram o 
                        ruído de muitos passos se aproximando. Colocaram o imaskari 
                        inconsciente atrás do púlpito e retornaram à prontidão 
                        de combate.
        Imaskaris 
                        desceram apressados as escadas que ficaram atrás de Comitiva, 
                        mas para o alívio dos heróis, não eram necromantes, mas 
                        sim representantes dos Lordes, que deram crédito às narrativas 
                        de Hoxxa e Valin. Os dois também desciam e estavam acompanhados 
                        pela Dama Executora Furyma Selovan. A imaskari de vestido 
                        vermelho aproximou-se dos heróis e disse-lhes, utilizando 
                        o idioma comum:        “Então 
                        é verdade! Um culto de necromantes! Espero que o Lorde 
                        esteja bem!”.“Ele está vivo!”, 
                        disse Mikhail. “Mas parece estar sob o efeito de alguma 
                        droga entorpecente!”.
 “Não se preocupe! 
                        Cuidaremos bem dele!”, disse, gesticulando para que dois 
                        imaskaris erguessem o Lorde e o levassem para cuidados. 
                        “Devo agradecê-los. Salvaram o Lorde e, mesmo que indiretamente, 
                        talvez tenham salvado também o futuro desta cidade. Gostaria 
                        que fossem até o Palácio, descansassem e participassem 
                        da sessão de votação. Serão nossos convidados”.
        Os 
                        heróis concordaram. No caminho, acompanhados por Valin 
                        e Hoxxa, foram aplaudidos pelo povo e finalmente se sentiam 
                        tranqüilos. A Decisão dos Imaskaris        A 
                        Comitiva aguardava o momento da votação final. Estavam 
                        no mesmo luxuoso apartamento coletivo que haviam estado 
                        antes, mas desta vez, também na companhia de Hoxxa e Valin. 
                        Desfrutavam de comodidades como banho quente, confortáveis 
                        camas e uma grande e frugal refeição, disposta em uma 
                        mesa ao meio do quarto. Alguém então bateu à porta. Era 
                        um oficial condestável.        “Senhores. 
                        O Alto Lorde Illis Khendarhine deseja vê-los!”.“Estamos logo atrás 
                        de você!”, disse Limiekki, que havia aberto a porta.
        Foram 
                        conduzidos à sala do Alto Lorde e novamente estavam com 
                        o idoso imaskari de barbas brancas.        “Saudações, 
                        superficiais! Estive agora a pouco com o Lorde Mantenedor 
                        Ebrul Naramixa e os informo que ele está completamente 
                        refeito do veneno ao qual foi submetido. Chamei-lhes aqui 
                        para pedir-lhes humildemente minhas desculpas, em nome 
                        de nossa nação. Radatan nos enganou e aproveitou-se de 
                        um momento delicado para nos manipular e promover o ódio. 
                        Todos pensávamos que o Culto a Jergal não mais existia 
                        e para nossas mentes era mais fácil desconfiar daqueles 
                        que não conhecíamos. Mais uma vez, minhas desculpas!”, 
                        disse o ancião dirigindo o olhar para o chão.“Suas desculpas estão 
                        aceitas, Alto Lorde”, falou Kariel. “Por nossa conta, 
                        não há mais ressentimentos!”.
 “Ótimo, senhor elfo! 
                        Gostaria de convidá-los agora para acompanhar a votação 
                        final e, logo após, terei algumas novidades sobre a solução 
                        do vosso problema com a embarcação netherese para compartilhar!”.
 “Agradecemos!”, disse 
                        o mago, em uma pequena reverência com a cabeça.
        Em 
                        seguida, o Alto Lorde se despediu e veio um oficial, que 
                        os conduziu até as cadeiras do grande auditório do Conselho 
                        dos Lordes. Ocuparam as mesmas cadeiras nas fileiras da 
                        frente e receberam os tradutores mágicos, os quais colocaram 
                        nos ouvidos. O mestre de cerimônias começou o anúncio:        “Senhores! 
                        Estamos aqui para o veredicto final sobre a abertura ou 
                        não de Imaskar das Profundezas ao mundo exterior e o destino 
                        do Grande Selo. Ouviremos o julgamento da Dama Executora 
                        Furyma Selovan. Porém, antes, o Alto Lorde Illis Khendarhine 
                        e o Lorde Mantenedor Ebrul Naramixa, desejam falar a todos, 
                        a respeito dos últimos acontecimentos!”.        Entraram 
                        no palco as duas autoridades, trajando robes vermelhos 
                        de mago. Foi o ancião que fez uso da palavra:        “Lordes! 
                        Na última noite levantou-se contra nós uma ameaça que 
                        julgávamos esquecida: o Culto de Jergal, ligado as aspirações 
                        dos antigos necromantes, nossos algozes do passado. Aproveitando-se 
                        do acirramento dos ânimos, causado pelos debates, o secretário 
                        Radatan Mahederin, na verdade o líder das seita perversa, 
                        seqüestrou o Lorde Mantenedor aqui presente, culpando 
                        os superficiais da Comitiva da Fé. Porém, os estrangeiros 
                        foram bravos: provaram sua inocência, derrotaram o insidioso 
                        inimigo e libertaram o Lorde...”“Sim!”, interrompeu 
                        Ebrul Naramixa. “Se não fosse por eles, provavelmente 
                        não estaria aqui e nossa cidade poderia seguir mais uma 
                        vez um destino obscuro. Em nome de todos os imaskaris, 
                        ofereço nossas desculpas públicas e a nossa gratidão!”.
        Neste 
                        momento, os presentes se levantaram e aplaudiram. A Comitiva 
                        agradeceu com acenos (e beijos, jogados por Arthos). Em 
                        seguida, os dois líderes deixaram o palco, para o retorno 
                        do mestre de cerimônias:        “Chamo 
                        ao palco, para proferir o seu voto, a Dama Executora Furyma 
                        Selovan!”.        A 
                        imaskari, em seu vestido vermelho e exótico, aproximou-se 
                        da frente do palco, e começou o seu discurso:        “Caros 
                        presentes! Utilizei-me do tempo que tinha direito para 
                        refletir e as circunstâncias do dia de hoje por várias 
                        vezes fizeram o meu julgamento se modificar. No entanto, 
                        à luz da verdade e das considerações já feitas, decidi 
                        pelo meu voto. Imaskar das Profundezas é um orgulho para 
                        nós e fruto das realizações maravilhosas da nossa cultura. 
                        Porém, apesar de tudo que criamos, é uma ilusão pensarmos 
                        que somos perfeitos. Erramos e também somos assolados 
                        pelo mal. Não somos diferentes dos outros povos e por 
                        isso não temos porque nos isolar. Devemos prosseguir nossa 
                        história sem temores. Iremos, aos poucos, conhecer o que 
                        há além de nossos limites e aprender com os outros a lidar 
                        com nossas adversidades. Meu voto é pelo fim do isolamento 
                        da cidade!”.        A 
                        platéia ergueu-se mais uma vez, em uma comemoração entusiasmada. 
                        Desta vez, não parecia haver divisão de opiniões tão clara. 
                        Era realmente a vontade da maioria que o Grande Selo fosse 
                        abandonado e que Imaskar das Profundezas se abrisse para 
                        o mundo. Após a euforia, o auditório foi se esvaziando. 
                        As pessoas iriam comemorar.        Até 
                        a Comitiva, veio um oficial, que os chamou. Os três líderes 
                        da cidade queriam falar com o grupo. Foram levados à uma 
                        sala, onde estavam, além dos Lordes, um imaskar idoso, 
                        e uma mesa, onde repousavam uma cesta, uma arca e uma 
                        caixa de madeira. Illis Khendarhine tomou a palavra.        “Senhores 
                        da Comitiva da Fé! Este ao meu lado é Jhubal Tetisjenja, 
                        um grande mestre do conhecimento. Estive com ele logo 
                        após nosso encontro de ontem. Jhubal disse-me que conhece 
                        a tecnologia de construção das antigas naus nethereses, 
                        saber obtido pela leitura de antigos tomos. Diz que, muito 
                        provavelmente, poderá ajudá-los. Em debate com os Lordes, 
                        concordamos em disponibilizar todos os materiais e pessoal 
                        que se fizerem necessários para a realização dos reparos. 
                        Em cima desta mesa, estão alguns presentes, ofertados 
                        em nome de nossa cidade!”. O Alto Lorde, em um gesto suave, 
                        pediu para que a Comitiva analisasse o conteúdo.        Arthos 
                        abriu a arca e os seus olhos brilharam: havia jóias, esculturas 
                        de ouro e prata, anéis e colares. Na cesta, Bingo viu 
                        atentamente garrafas de licores e vinhos exóticos, além 
                        de doces, geléias e compotas de frutas, muitas delas nunca 
                        vistas antes pelos aventureiros. A caixa de madeira foi 
                        aberta por Kariel, e continha pergaminhos, provavelmente 
                        arcanos.        “As 
                        jóias simbolizam nossa arte, as bebidas e os doces à diversidade 
                        de nossos frutos, e os pergaminhos a geração de conhecimento 
                        arcano”.        “Obrigado, 
                        senhores, mas... não querendo ser indelicado... será que 
                        podiam nos arranjar um daqueles tradutores que usamos 
                        no auditório? Pode nos ser bastante útil!”, pediu o espadachim 
                        de cabelos ruivos.“Arthos!”, repreendeu 
                        Mikhail.
 “Aquele item somente 
                        pode traduzir o idioma roushoun, mas tentaremos conseguir 
                        algo melhor para vocês!”, disse sorrindo o Alto Lorde. 
                        “Agora nós três precisaremos sair. Temos que começar os 
                        preparativos para montarmos a equipe que irá até a Superfície!”.
 “Podemos contribuir 
                        com informações que ajudarão nesta missão. Podemos falar-lhes 
                        sobre as nações mais amistosas, os lugares perigosos, 
                        os cultos e os povos que conhecemos!”, ofereceu Kariel.
 “Senhor elfo, isto 
                        será de boa ajuda! A nau demorará alguns dias para ficar 
                        pronta e teremos algum tempo para isto. Agradeço a cooperação. 
                        Agora temos que ir. Fiquem livres para desfrutarem de 
                        nossa hospitalidade. Até breve”.
        Os 
                        três saíram, deixando na sala o imaskari de longos bigodes 
                        brancos.        “Bem! 
                        E agora? Que posso fazer?”, perguntou o sábio Jhubal.“Vamos verificar a 
                        nau para dimensionar o que será necessário para os reparos!”, 
                        respondeu Magnus.
 “Ei... esperem! Haverá 
                        uma festa em homenagem a abertura de nossa cidade!”, disse 
                        Hoxxa.
 “Festa? Oba!”, exclamou 
                        Arthos.
 “Estou dentro!”, completou 
                        Limiekki.
 “Mas temos muito trabalho 
                        a fazer. Não devemos perder tempo com...” falava Mikhail, 
                        quando Kariel o interrompeu.
 “Nos encontramos na 
                        nau! Bebam em nossa homenagem! Nós merecemos!”
        E 
                        assim foi a Comitiva. Passariam dias agradáveis em Imaskar 
                        das Profundezas. Uma merecida pausa, talvez oferecida 
                        pelos deuses, antes de continuarem a difícil e perigosa 
                        missão que cumpriam nos locais sombrios do Subterrâneo.
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