| A 
                    Última Traição Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
  Personagens principais da aventura: 
 Os 
                    Humanos: Arthos Fogo Negro [Torrellan Millithor]; Magnus 
                    de Helm [Marckarius Millithor]; Sigel O'Blound (Limiekki) 
                    [Dariel Millithor]. Os Elfos: Mikhail Velian [Narcélia 
                    Millithor]; Kariel Elkandor [Karelist Millithor]. O Halfling: 
                    Bingo Playamundo [Quertus Millithor]. Participação 
                    Especial: Storm Mão Argêntea [Ki'Willis 
                    Millithor].
 
 
  
  A 
                    Última Traição
 Dois 
                    Caminhos       A 
                    Comitiva da Fé se refazia do combate contra o líder mago da 
                    Casa Aercelt e seus asseclas. Enquanto os seus membros mais 
                    enfraquecidos descansavam, Magnus e Arthos, vasculhando o 
                    salão onde estavam, encontraram um pequeno depósito. Dentro 
                    dele, havia algumas ferramentas, provavelmente usadas para 
                    dar os acabamentos finais na confecção das runas talhadas 
                    na pedra do portal. Os três pegaram martelos e usaram alguns 
                    pinos metálicos para começar a ferir a rocha do arco negro, 
                    que repousava no inicio do corredor irregular que deixava 
                    a sala. Demorou ainda cerca de meia hora para as primeiras 
                    rachaduras se abrirem com os golpes poderosos dos três guerreiros. 
                    Fissurada a pedra, amarraram-na a uma corda e derrubaram o 
                    arco de sua posição vertical no pedestal. O objeto místico 
                    chocou-se com as paredes e partiu-se em grandes pedaços. Feito 
                    o trabalho de demolição, os dois retornaram, depois, ao local 
                    onde estavam os demais companheiros.       “O 
                    portal está destruído. Vou verificar o que há no final do 
                    corredor para onde os ogros pretendiam levá-lo!”, disse Arthos.“Irei 
                    com você, Arthos!”, ofereceu-se o paladino de Helm.
 “Nós 
                    não podemos ir, pelo menos não agora. Non ainda está catatônico 
                    e Limiekki e Kariel mal recobraram a consciência”, falou Mikhail.
 “Não 
                    iremos entrar em nenhuma briga. Vamos só investigar! É somente 
                    o tempo em que nossos companheiros se recuperam”, colocou 
                    Arthos.
 “Está 
                    bem... mas tomem cuidado!”
 “Ei... 
                    eu também vou com vocês”, falou o pequeno Bingo, levantando-se 
                    do chão e correndo em direção dos dois amigos.
       Então 
                    os três rumaram pelo corredor que saía da grande sala. Era 
                    diferente dos outros pelos quais haviam passado. Não mais 
                    parecia uma construção, mas sim um caminho natural escavado 
                    na pedra.       “Acho 
                    que esta torre se comunica com a rocha do teto da caverna!”, 
                    supôs acertadamente Arthos.       Andaram 
                    em silêncio por vários minutos. O corredor inclinou-se levemente 
                    para a esquerda. Depois de alguns passos, a parede esquerda 
                    terminou e um abismo era a única paisagem que podiam ver daquele 
                    lado. Tomaram mais cuidado e continuaram avançando. Percorreram 
                    cerca de cento e vinte metros daquela maneira, até chegar 
                    numa plataforma maior e quase circular, cercada de pedras.       “Parece 
                    que o caminho acaba aqui!”, disse Bingo, olhando para os lados.“Mas 
                    porque os ogros viriam para cá?”, perguntou-se Magnus.
 “Vou 
                    escalar estas pedras para ver se há algo além!”, falou Arthos, 
                    apoiando suas mãos nos vãos entre as rochas.
       O 
                    ágil espadachim subiu até o limite daquela parede natural, 
                    formada por toneladas de pedregulhos. Quando colocou os olhos 
                    por cima da murada, não viu nada além de um abismo que rodeava 
                    a plataforma onde estavam. Quando começou a descer, notou 
                    algo inusitado. O cabo de sua espada emanava um brilho avermelhado. 
                    Quando pôs os pés no solo, desembainhou a arma.       “Vejam!”, 
                    exibiu a Lâmina das Rosas.       Magnus 
                    imediatamente sacou sua espada.       “Hadryllis 
                    também está emitindo esta luz! Algo aqui afeta os itens encantados!”, 
                    exclamou Magnus.“Durante 
                    a época da crise dos avatares encontrei lugares onde a magia 
                    se comportava de maneira estranha. Talvez o que ocorra aqui 
                    seja algo semelhante!”, lembrou-se Arthos.
 “Kariel 
                    pode saber de mais alguma coisa! De qualquer forma, não há 
                    nada mais aqui. Vamos retornar!”
 O 
                    Dilema da Armadilha       Alguns 
                    minutos haviam se passado desde que Arthos, Bingo e Magnus 
                    haviam saído. Kariel e Mikhail conversavam, preocupados.       “Kariel... 
                    não podemos ficar aqui parados. Se Welveryn Mallakar conseguir 
                    curar-se dos ferimentos estaremos perdidos!”, disse Mikhail. 
                    “Não suportaremos um outro combate com um mago poderoso como 
                    ele da maneira como estamos!”“Poderíamos 
                    procurar nos cômodos pelos quais passamos. Ele pode estar 
                    escondido em um deles, esperando para se refazer... mas enquanto 
                    a Non? Não podemos deixá-lo aqui neste estado”.
 “Vão. 
                    Eu fico aqui com ele!”, ofereceu-se o ainda abatido Limiekki.
 “Está 
                    certo. Não pretendemos demorar!”, disse Mikhail, deixando 
                    a sala com o amigo mago.
       Os 
                    dois começaram a fazer o caminho de volta, olhando atentamente 
                    cada canto, cada quarto e sala por onde haviam passado, mas 
                    não havia sinal do mago líder da Casa Aercelt. Detiveram-se 
                    somente no longo corredor que ligava os últimos andares das 
                    duas altas torres do castelo Maerymidra. O corredor da armadilha 
                    que quase os esmagou.       “Bem... 
                    eis o corredor. O que faremos? Não tenho idéia de como fazer 
                    para desarmar esta armadilha”, admitiu Kariel.“Precisaríamos 
                    de Bingo. Poderia chamá-lo com o encanto de comunicação que 
                    você conjurou?”, sugeriu Mikhail.
 “Não. 
                    Ele está fora do alcance para ouvir algum pedido”, informou 
                    o mago. “Acho que devemos retornar e trazê-lo ou mesmo Non. 
                    O efeito do feitiço que o atingiu já deve estar em vias de 
                    expirar e o drow parece saber alguma coisa sobre mecanismos!”
 “Então 
                    vá e veja se ele pode vir!”, concordou o clérigo da Mystra. 
                    “Estarei aqui aguardando!”
       Kariel 
                    concordou e retornou o longo caminho de volta ao salão onde 
                    a sangrenta batalha contra Welveryn Mallakar havia sido disputada. 
                    Reencontrou o amigo Limiekki e o aliado Non, que acabara de 
                    retornar a consciência.       “Encontrou 
                    Mallakar?”, perguntou Limiekki ao amigo recém chegado.“Ainda 
                    não. Ficamos detidos na armadilha do corredor!”, respondeu 
                    Kariel, voltando-se em seguida para Non.“Você está bem?!”.
 “Sim. 
                    Mas para onde foram todos? Onde está Welveryn Mallakar?”, 
                    perguntou o drow, ainda desnorteado.
 “Mallakar 
                    foi ferido, mas fugiu utilizando-se de um encanto. Estamos 
                    vasculhando o castelo para descobrir onde ele escondeu-se. 
                    Observei que, assim como Quertus, você possui uma certa familiaridade 
                    em desarmar trancas. Também é hábil em encontrar e desarmar 
                    armadilhas?”, questionou Kariel.
 “Sim. 
                    Acredito que possa encontrar algo...”.
       Non 
                    olhou ao redor. Viu os corpos das criaturas mortas e, dentro 
                    do corredor irregular que deixava a sala, os pedregulhos resultantes 
                    do esfacelamento do portal de pedra negra, destruído por Arthos 
                    e Magnus.       “O 
                    que era aquilo?”, perguntou, curioso.“Era 
                    um objeto que nos pertencia”, disse Kariel.
 “Era 
                    por causa dele que vieram aqui?”, insistiu o drow.
 “Sim. 
                    Era um dos motivos!”, respondeu novamente o mago.
 “Para 
                    que servia?”, quis saber Non.
 “Lamento, 
                    mas a informação sobre para que serve, ou servia, não é para 
                    seus ouvidos, Non!”, respondeu Kariel, com o propósito de 
                    encerrar aquele incômodo interrogatório.
 “Está 
                    bem. Leve-me até a tal armadilha!”, finalizou o guerreiro 
                    da casa D’vaer.
 “Vou 
                    com vocês!”, ofereceu-se Limiekki, erguendo-se do chão onde 
                    estava. “Chega de descansar!”
       Os 
                    três percorreram novamente as salas, escadas e corredores, 
                    até encontrar Mikhail, que aguardava olhando pensativo para 
                    o caminho pelo qual não podia seguir.       “Acho 
                    que devemos colocar algo para impedir que esta porta se feche. 
                    Algum obstáculo... senão correremos o risco de ficarmos novamente 
                    presos e a mercê da armadilha!”, ponderou o clérigo.“Podemos 
                    colocar o pedestal do altar do santuário a Vhaerun, no andar 
                    debaixo. Ele é de pedra maciça. Deve servir!”, colocou o mateiro.
       A 
                    idéia foi aceita e retornaram ao pequeno santuário. O objeto 
                    retangular de pedra regra e lisa era bastante pesado e exigiu 
                    os esforços conjugados de Non, Limiekki e Kariel. Mikhail 
                    resolveu não carregar, visto que, como representava uma matrona 
                    drow, aquele trabalho não se adequaria ao seu disfarce. Depois 
                    de alguns minutos e muito esforço, depositaram o bloco marmóreo 
                    no vão da porta. Em seguida, Non adentrou o corredor. O drow 
                    pisava cuidadosamente e, vez ou outra, se agachava, verificando 
                    as ranhuras das pedras que formavam o piso. Levantou-se e 
                    agachou-se mais vezes, até que, ao chegar no meio do corredor, 
                    descobriu algo.       “O 
                    mecanismo está abaixo das pedras desta área!”, anunciou.“Pode 
                    desarmá-lo?”, perguntou Kariel.
 “Infelizmente, 
                    não! Teria que remover a pedra do piso para isto, o que seria 
                    difícil e arriscado!”
       Repentinamente, 
                    ouviram passos apressados vindo da escadaria anterior a sala 
                    de onde o corredor examinado se projetava. Experientes guerreiros 
                    que eram, sacaram suas armas e voltaram-se para a escada. 
                    Felizmente viram surgirem seus companheiros Bingo, Arthos 
                    e Magnus.       “Viemos 
                    correndo... vocês podiam estar em apuros com esta armadilha!”, 
                    disse Bingo, respirando fortemente.“Não 
                    acionamos a armadilha. Non encontrou o mecanismo, mas ele 
                    não pode ser desativado. Não consigo imaginar uma maneira 
                    segura de passarmos”, informou Mikhail, pensativo. “E vocês? 
                    Encontraram algo?”
 “O 
                    corredor segue até uma plataforma arredondada. Não havia nada 
                    por lá, mas nossas armas imbuídas com magia brilharam estranhamente”, 
                    disse Magnus.
       A 
                    informação deixou Kariel pensativo por um instante. Arthos, 
                    no entanto, interrompeu a meditação, contando uma idéia que 
                    tinha acabado de lhe ocorrer.         “E 
                    se escalássemos a parede? Chegaríamos ao outro lado sem perigo”.“Bem... 
                    é possível, mas aqueles que usam armaduras e equipamentos 
                    mais pesados teriam dificuldades!”, disse Non.
 “Quanto 
                    a mim...”, disse Kariel, “... tenho que verificar o lugar 
                    que vocês encontraram. Quero descobrir mais sobre o efeito 
                    mágico que afetou a armas de vocês. Acredito que deva ser 
                    o faerzer”, disse Kariel.
 “Sigam 
                    em frente. Marckarius e eu...”, falou Mikhail, referindo-se 
                    também ao amigo Magnus, “... que estamos mais carregados, 
                    ficaremos com Kariel e nos reencontraremos aqui. Tentem encontrar 
                    Mallakar antes que seja tarde.”
       Sentindo 
                    a urgência nas palavras do clérigo, os companheiros concordaram 
                    e mais uma vez o grupo foi repartido. Enquanto Kariel, Mikhail 
                    e Magnus rumavam para a plataforma, Bingo, Arthos, Limiekki, 
                    Non seguiam pelo corredor. Encontros 
                    Inesperados       Os 
                    quatro companheiros que ficaram no corredor conseguiram escalar, 
                    com alguma dificuldade, o trecho da parede sobre o mecanismo 
                    que acionava a armadilha, aproveitando-se das reentrâncias 
                    da rocha. Estavam agora diante da porta metálica aberta, que 
                    ligava o corredor a uma sala da torre, local onde anteriormente 
                    haviam visto a ilusão do rosto de Welveryn Mallakar, conjurada 
                    pelo mago da Casa Aercelt para assustar os invasores. Entraram 
                    no aposento, que estava vazio e de onde partiam duas portas, 
                    uma dupla e metálica e outra de folha simples de madeira.       “Shhh! 
                    Ouviram algo?’, sussurrou Bingo, enquanto dava os primeiros 
                    passos dentro da sala.“Um 
                    ruído... Ouvi sim!”, disse Limiekki. “Fiquem de prontidão!”.
       Arthos 
                    e Limiekki aproximaram-se da porta dupla e empurraram suas 
                    folhas destrancadas. Estavam novamente na biblioteca. Arthos 
                    ia na frente, seguido poucos passos atrás pelo seu companheiro 
                    mateiro. Bingo e Non ficaram na sala anterior. Iam tentar 
                    abrir a outra porta. Poucos minutos após, quando Arthos se 
                    aproximou do centro da sala, duas portas que existiam no cômodo 
                    e que estavam fechadas abriram-se repentinamente. Surgiram 
                    dois drows, com escudos ovalados, grandes e negros nos braços 
                    esquerdos e segurando bestas nas mãos direitas. Foram rápidos 
                    e dispararam contra Arthos. O ágil espadachim deu um salto 
                    e pulou em cima de uma das mesas de leitura da biblioteca, 
                    evitando os projéteis inimigos. Em um movimento tão rápido 
                    quanto inesperado, muito digno de sua característica audácia 
                    e inconseqüência, Arthos correu alguns centímetros sobre a 
                    mesa e saltou por sobre os adversários, de sabre em punho, 
                    os surpreendendo. Caiu o aventureiro no cômodo seguinte, pronto 
                    a atacar os dois inimigos pelas costas. Porém, quando ia desferir 
                    os golpes, viu mais oito soldados, com bestas armadas apontando 
                    contra ele. Aceitando a inevitável superioridade, baixou o 
                    sabre. Estava rendido.       Limiekki 
                    não podia ver a situação que seu colega enfrentava no cômodo 
                    em frente. Sua preocupação ainda era os dois soldados da porta. 
                    O acrobático salto de Arthos, deu-lhe tempo suficiente para 
                    mover-se até o centro da sala e virar uma das mesas, conseguindo 
                    cobertura contra novos disparos. Preparava-se Limiekki para 
                    atacar os dois desnorteados oponentes, quando pela porta pela 
                    qual havia entrado, surgem mais três drows, que lhes apontavam 
                    bestas. Non e Bingo também entraram. O halfling disfarçado 
                    de drow estava com as mãos erguidas e uma espada apontada 
                    nas costas. Vinha acompanhado por Non, porém o drow, estranhamente, 
                    não estava oprimido por uma arma ou rendido. Por fim entrou 
                    na sala um guerreiro drow, robusto e de armadura imponente. 
                    Seu nome era Vorn e seu escudo exibia o símbolo dos D’vaer. 
                    Foi quando tudo ficou mais claro.       “Obrigado 
                    por eliminarem os Aercelts para nós, forasteiros. Daremos 
                    a vocês a opção de uma morte rápida ou lenta, se quiserem 
                    resistir! O que preferem?”, falou, arrogante, o Mestre das 
                    Armas da Casa D’vaer.“Gostaria de uma explicação!”, disse 
                    Limiekki, também desistindo de um combate que seria inútil. 
                    Neste mesmo instante, um Arthos também subjugado, retornou 
                    à sala, acompanhado de uma guarnição.“Darei uma explicação. Deixe suas armas sobre a mesa e sente-se.”, 
                    disse para Limiekki.
       O 
                    mateiro depositou seu machado pequeno, a adaga e o arco sobre 
                    uma das mesas de leitura e sentou-se em outra, junto com os 
                    companheiros, que foram forçados a fazerem o mesmo.       “Onde 
                    estão os outros? Existem outros três de vocês, não é?”, interrogou 
                    o drow guerreiro.“Estão 
                    em outro aposento!”, respondeu Limiekki.
       Vorn 
                    ordenou a alguns dos guardas que fossem vasculhar os cômodos 
                    em busca dos companheiros da Comitiva.       “Não 
                    tínhamos certeza sobre as intenções de vocês, então resolvemos 
                    tomar algumas precauções para garantir nossa vitória. Pessoalmente, 
                    não desejo matá-los, mas minha matrona parece ter uma opinião 
                    divergente. Espero que ela não me ordene fazer isto, pois 
                    tenho que obedecê-la. Este é o momento adequado para rezarem!”, 
                    disse Vorn.       Enquanto 
                    aguardava seu destino, Arthos observou uma porta de madeira 
                    que partia de biblioteca, justamente a que não haviam aberto 
                    quando da primeira passagem neste local. Ela estava entreaberta 
                    e, no chão do novo cômodo revelado, o espadachim pode ver 
                    parcialmente um corpo estendido. Pelas características das 
                    vestes, não havia dúvidas. Welveryn Mallakar havia encontrado 
                    seu destino final nas mãos dos D´vaer.       Passaram-se 
                    alguns demorados minutos sem que houvesse o retorno dos soldados 
                    enviados por Vorn. O Mestre das Armas da Casa Aercelt decidiu 
                    amarrar seus prisioneiros e colocá-los na sala anexa a biblioteca, 
                    vigiados por dois soldados. Os três foram jogados no canto 
                    do pequeno cômodo, quase triangular.       “Espero 
                    que os outros estejam bem!”, disse Bingo.“Posso 
                    entrar em contato com Kariel! Pelo menos para avisar da nossa 
                    situação!”, comentou Arthos. “Ele me disse uma vez que o fato 
                    de ser Escolhido da Deusa Mystra lhe dava a capacidade de 
                    ouvir nove palavras após seu nome ser pronunciado, caso não 
                    esteja atarefado demais para escutar!”
 “Que 
                    Mielikki o faça escutar suas palavras!”, rogou Limiekki, pedindo 
                    a Deusa Rainha da Floresta.
 “Kariel... 
                    estamos presos, próximos à biblioteca. Existem soldados! Tenham 
                    cuidado!”, pronunciou pausadamente o espadachim da Comitiva 
                    da Fé.
       Enquanto 
                    aguardavam, Bingo, o halfling em forma de drow, conseguiu 
                    uma proeza. Atritou a corda de seda branca em uma saliência 
                    da rocha da parede onde estava encostado. O pequeno estava 
                    quase conseguindo cortar suas amarras, quando a porta do cômodo 
                    foi aberta e dela saiu uma figura conhecida, desta vez envolta 
                    em um manto negro, adornados com fios prateados.       “Non! 
                    Maldito traidor!”, praguejou Limiekki para o drow, ao reconhecê-lo.       O 
                    ex-aliado da Comitiva nada respondeu. Pediu apenas aos sentinelas 
                    que aguardassem do lado de fora da sala. Queria tratar em 
                    particular com os prisioneiros.       “Tem 
                    sorte de estarmos presos!”, esbravejou Arthos.“Shhh!”, 
                    disse o drow, fazendo um sinal para que falassem mais baixo. 
                    “Trouxe algo para vocês!”.
       Non 
                    abriu o manto e os aventureiros da Comitiva da Fé puderam 
                    ver suas armas. O drow as depositou, ocultas, atrás dos prisioneiros, 
                    que estavam juntos e encostados à parede.       “Porquê 
                    está fazendo isto?”, perguntou Limiekki.“Vocês 
                    têm coragem e força superiores aos meus companheiros de Casa! 
                    Admiro isto e acho que devem ter uma chance de viver! Boa 
                    sorte!”, disse, deixando a sala, para o retorno dos dois sentinelas.
       Bingo, 
                    Limiekki e Arthos surpreenderam-se com a atitude do drow, 
                    mas agora, mesmo que estivessem fracos e em desvantagem, tinham 
                    uma oportunidade. Bingo alcançou a lâmina da sua espada curta 
                    e terminou mais rápido o que a pedra tinha começado.       “Estou 
                    livre!”, sussurrou para os seus companheiros.“Veja 
                    se consegue cortar minhas amarras!”, disse Limiekki, que estava 
                    logo ao lado do halfling.
       E 
                    assim Bingo, devagar e disfarçadamente, libertou os amigos, 
                    sem que os sentinelas percebessem. Os três permaneceram no 
                    mesmo lugar onde estavam, esperando pelo melhor momento de 
                    agir. Exploração 
                    Interrompida       Kariel, 
                    Arthos e Magnus percorriam o início do corredor estreito e, 
                    no momento, se esgueiravam para ultrapassar os destroços do 
                    portal mágico de pedra, destruído momentos antes. Com o caminho 
                    mais livre, iam reiniciar a caminhada, quando Mikhail interrompeu 
                    o silêncio.       “Um 
                    momento! Ouvi passos!”, disse o clérigo.“Podem 
                    ser os nossos colegas retornando!”, comentou Magnus. “Devem 
                    ter eliminado Mallakar!”.
 “Não!’, 
                    colocou Kariel. “São passos pesados, talvez de alguém que 
                    use armaduras”, completou, valendo-se da apurada audição élfica.
 “Vamos 
                    nos esconder nos restos do portal e observar!”, decidiu Magnus, 
                    agachando-se em meio às pedras. Mikhail fez o mesmo e Kariel 
                    tocou o elmo mais uma vez, tornando-se invisível.
       O 
                    ruído aumentou na sala que antecedia o corredor e vozes podiam 
                    ser ouvidas.       “Não 
                    estão aqui! Vocês! Verifiquem aquele corredor!”, comandou 
                    um oficial para dois dos quatro soldados que o acompanhavam.       Os 
                    militares drows, de espadas e escudos nas mãos, adentraram 
                    o corredor e poucos metros depois se depararam com os grandes 
                    pedaços de granito negro, olhando-os com curiosidade. O momento 
                    de distração foi a oportunidade de Magnus. O guerreiro consagrado 
                    por Helm, o Deus Guardião, saltou das sombras com Hadryllis 
                    em punho e surpreendeu os soldados. Desferiu um potente golpe, 
                    atingindo o pescoço e decapitando um dos inimigos. Depois 
                    surgiu Mikhail que trocou alguns golpes e por fim acertou 
                    o drow com seu martelo Destruidor de Tempestades, fazendo-o 
                    cair ao solo, desacordado.       “Veja 
                    o escudo!”, apontou Mikhail.“O 
                    símbolo da Casa D´vaer!”, observou o ainda invisível Kariel.
 “Malditos 
                    traidores! Podem ter pegado os outros! Temos que retornar!”
       Antes 
                    que o paladino de Helm conseguisse se movimentar, os outros 
                    três drows, atraídos pelos sons da batalha, entraram correndo 
                    pelo estreito túnel adentro. Kariel agiu rápido e, gesticulando 
                    e pronunciando palavras na língua dos arcanos, invocou uma 
                    magia e uma parede de chamas surgiu à frente dos inimigos. 
                    Os drows, em sua corrida desabalada, não conseguiram parar 
                    a tempo e acabaram atravessando o fogo mágico, ferindo-se 
                    e gritando, mas ainda chegaram de pé do outro lado. Magnus, 
                    Mikhail e Kariel sacaram então suas armas e ouviu-se o ruído 
                    de metal contra metal ecoando nas paredes de pedra. Os três 
                    soldados drows estavam abatidos demais para proporcionar uma 
                    luta demorada com os três experientes aventureiros da Comitiva 
                    e caíram mortos, minutos após.        Mikhail, 
                    Kariel e Magnus, assim que encerraram o combate, deixaram 
                    o corredor, retornando, rumo à direção onde haviam visto seus 
                    amigos pela última vez: o traiçoeiro corredor da armadilha. 
                    Foram lá que novamente se detiveram.       “E 
                    agora? Como iremos passar? Escalando?”, perguntou Magnus de 
                    Helm.“É 
                    perigoso, mas parece ser a única alternativa... Agora... essa 
                    parede que surge do início do corredor deve ser empurrada 
                    por algum mecanismo, deve se mover por algum trilho, ou algo 
                    assim. Se descobríssemos, poderíamos bloquear o avanço do 
                    bloco de pedra, mas não vejo nada!”, refletiu Mikhail, tentando 
                    encontrar uma maneira de anular o perigo.
 “Não 
                    vemos nada...” repetiu Kariel “Sim... excelente observação 
                    Mikhail... o que não vemos não necessariamente não existe!”
       O 
                    mago abriu a mão espalmada, colocando-a em direção das paredes. 
                    Percebeu algo que fez os seus lábios contraírem-se em um leve 
                    sorriso. Depois anunciou aos colegas.       “Existe 
                    uma ilusão agindo em um trecho das paredes!” Kariel tocou 
                    em um determinado ponto da parede e sua mão desapareceu dentro 
                    da área ilusória. “È uma grande corrente”, sentiu o mago pelo 
                    tato. “Ela deve se estender até o início do corredor!”“Essa 
                    corrente é que deve puxar o bloco na direção da porta oposta!”, 
                    concluiu Mikhail.
 “Podemos 
                    então nos apoiar na corrente e escalar com segurança!”, disse 
                    Magnus, já colocando as mãos no vão descoberto por Kariel 
                    e apoiando-se com os pés na parede.
       Assim 
                    foram os três. Percorreram o corredor pelas paredes e desceram, 
                    após passarem a área onde se escondia o mecanismo que acionava 
                    o ardil mortífero. Kariel, poucos momentos após descer, parou 
                    imóvel por um instante. Em sua mente ecoou a voz de seu amigo 
                    Arthos: “Kariel... estamos presos, próximos à biblioteca. 
                    Existem soldados! Tenham cuidado!”       “O 
                    que houve, Kariel?”, perguntou Magnus.“Recebi 
                    uma mensagem de Arthos. Estão presos em algum cômodo próximo 
                    a uma biblioteca neste andar. Existem mais soldados. Devemos 
                    ficar atentos”, advertiu o mago.
       Os 
                    três penetraram na grande sala com muito cuidado. Viram a 
                    porta dupla metálica que levava a biblioteca e outra de madeira 
                    negra que rumava para a área de circulação. Ouviram passos 
                    e em seguida a porta de folha simples se abriu. Dela saíram 
                    três soldados drows da casa D´Vaer. Mikhail e Magnus prepararam 
                    suas armas e Kariel, que estava no limite de suas forças, 
                    tocou o seu elmo e tornou-se invisível mais uma vez.       Dois 
                    dos soldados partiram para atacar Magnus e o outro correu 
                    em direção à Mikhail. Os três usavam espadas e grandes escudos 
                    de metal negro. Um deles, que batalhava contra o paladino, 
                    teve habilidade para acertar-lhe um golpe, na altura do abdômen. 
                    Apesar de sua armadura proteger sua carne, Magnus sentiu uma 
                    dor aguda e um hematoma formou-se sobre sua pele. Defendia 
                    as investidas com a sua lâmina sagrada e contra-atacava. Muitos 
                    de seus ataques, que eram poderosos apesar do cansaço e dos 
                    ferimentos acumulados do paladino, esbarravam no aço negro 
                    do escudo, mas quando acertavam causavam danos profundos. 
                    Numa investida de sucesso, atingiu um dos drows com violência, 
                    perfurando a armadura justa de cota de malha e fazendo o inimigo 
                    cair. Mikhail, que havia se ferido menos no combate, possuía 
                    ainda vigor o suficiente para sobrepujar o adversário. Desviou 
                    de um golpe que visava sua cabeça e, com seu martelo de batalha, 
                    devolveu o ataque na mesma moeda, esmagando o crânio do adversário. 
                    O mago Kariel, que estava invisível, decidiu não entrar em 
                    combate. Estava muito debilitado e sabia ele que não duraria 
                    muito em um embate físico. Decidiu aproveitar-se da sua condição 
                    oculta para abrir cuidadosamente uma das folhas da porta metálica 
                    que dava acesso à biblioteca. Conseguiu ver algo, porém, ao 
                    menor sinal de movimento, virotes de bestas foram disparados 
                    de dentro. Um deles atravessou seu braço, provocando-lhe grande 
                    dor. O mago fechou a porta novamente e se conteve em um dos 
                    cantos da sala onde seus amigos lutavam.       As 
                    forças combinadas de Magnus e Mikhail deram cabo do último 
                    drow. Após a batalha se encerrar, Kariel desativou o encanto 
                    que agia sobre si, tornando-se novamente visível. Seus amigos 
                    foram até ele.       “Por 
                    favor! Retirem esta flecha!”, pediu o elfo mostrando o virote 
                    encravado em sua carne, com o rosto destorcido pela dor.       Magnus 
                    quebrou a ponta do virote e puxou sua haste. O elfo gritou. 
                    Depois, refazendo-se, falou aos amigos.       “Tentei 
                    entrar na biblioteca. Vi pelo menos quatro drows com bestas 
                    apontadas para a porta. O Mestre das Armas dos D´vaer, Vorn, 
                    que conhecemos no jantar no esconderijo deles, também está 
                    lá. Tenho um plano, mas acho que posso não durar muito, então 
                    peço que aproveitem. Assumirei uma forma etérea e entrarei 
                    na biblioteca, atraindo os disparos dos virotes e atacarei 
                    Vorn com alguns poderes mágicos que ainda me restam e o enfraquecerei. 
                    Entrem em seguida!”, disse o mago, erguendo-se com dificuldade.       Mikhail 
                    e Magnus, apesar de preferirem ir á frente, cederam à lógica 
                    do plano e concordaram com o elfo. Ouviram Kariel pronunciar 
                    palavras arcanas e gesticular e, ao final do ritual, viram 
                    seu corpo assumir um aspecto translúcido e pouco definido, 
                    como se fosse o de um fantasma. O mago foi até a porta e passou 
                    por uma fresta, entrando na biblioteca.       Assim 
                    que entrou, os drows com bestas disparam. Os virotes atravessaram 
                    o corpo de Kariel, sem causar-lhe mal. Vorn, o guerreiro supremo 
                    dos D´Vaer, estava em um ponto distante da sala, mas logo 
                    que viu o invasor correu, com uma bela espada negra e prata, 
                    para rechaçá-lo. O mago da Comitiva, mais rápido que pôde, 
                    conjurou uma magia poderosa e uma rama de eletricidade partiu 
                    de suas mãos em direção ao guerreiro, que por um instante 
                    gritou, tremeu e sentiu sua carne arder. Porém, era o mais 
                    vigoroso dos D´Vaer e ainda estava de pé e pronto para o ataque. 
                    O ódio por ser atingido o fez correr ainda mais depressa. 
                    Kariel ainda recorreu para um último encanto, um que costumava 
                    guardar como último recurso e que havia sido uma dádiva da 
                    deusa da magia Mystra, que o fez um de seus Escolhidos.  Ergueu 
                    a mão direita espalmada para Vorn. Seus cabelos se agitaram 
                    e seus olhos tornaram-se brancos. Uma energia prateada percorreu 
                    seu corpo e fluiu através da sua mão estendida atingindo Vorn. 
                    O guerreiro mais uma vez gritou de dor e tremeu. Feridas se 
                    abriram em sua carne, mas ele ainda estava vivo. Prosseguiu 
                    em seu caminho e com a espada, desferiu um golpe no mago. 
                    A lâmina atravessou o corpo de Kariel e não teria causado-lhe 
                    nenhuma injúria, não fosse a arma imbuída de magia. O elfo 
                    sentiu dor e caiu ao solo, inerte.       O 
                    estrondo dos raios conjurados por Kariel foi a deixa para 
                    que Magnus e Mikhail entrassem na sala e, para a surpresa 
                    deles, que também Arthos e Limiekki também fizessem o mesmo. 
                    Os dois aproveitaram-se de um momento de distração dos sentinelas, 
                    provocado pelo início dos combates e os confrontaram. Os soldados, 
                    surpreendidos, foram eliminados rapidamente. Arthos, inclusive, 
                    afeito a entradas espetaculares, surgiu na biblioteca em um 
                    salto acrobático, aproximando-se de dois soldados que ainda 
                    seguravam as bestas. Limiekki, portando sua adaga e o pequeno 
                    machado, foi em direção dos outros dois. Já Bingo, entrou 
                    discretamente na biblioteca e, engatinhando, percorreu o espaço 
                    por baixo da mesa. Estava muito fraco e ferido para um combate, 
                    mas nem por isto deixava de ter algo em sua mente astuta. 
                    Foi na direção do corpo sem vida de Welveryn Mallakar.       Magnus 
                    engajou-se contra Vorn, no momento que o Mestre das Armas 
                    da Casa D´Vaer pretendia cravar um golpe no corpo do moribundo 
                    Kariel, evitando a morte imediata do amigo. Os dois combatentes 
                    estavam muito feridos e seus golpes eram mais fracos, seus 
                    reflexos, mais lentos. O paladino de Helm tentava, em uma 
                    seqüência de golpes, encurralar Vorn contra a parede, diminuindo 
                    sua capacidade de esquiva, porém, o drow guerreiro defendia 
                    e contra-atacava com a mesma força, impedindo o guerreiro 
                    da Comitiva de alcançar o seu intento. Vorn conseguiu vencer 
                    a guarda de Magnus e talhou profundamente o seu braço esquerdo.       Arthos 
                    manejava com rapidez e agilidade seu sabre. Em uma estocada 
                    certeira, atravessou o peito de um dos drows, que não havia 
                    sacado a espada a tempo, com o seu aço encantado, lançando 
                    sobre ele o manto escuro da morte. Continuava o combate, travando 
                    um duelo de espadas. Limiekki geralmente era muito feroz no 
                    combate, quando usava em conjunto suas armas preferidas, a 
                    adaga e o machado. O mateiro rasgou o peito de um dos inimigos 
                    que combatia, mas seus ferimentos cobraram o preço. Não conseguiu 
                    desvencilhar-se de uma investida de espada e, de repente, 
                    emitiu um grito agudo e caiu ao chão. Era a segunda baixa 
                    da Comitiva. Mikhail, que pretendia prestar assistência à 
                    Kariel, correu em direção aos dois soldados, protegendo o 
                    corpo de Limiekki.       Bingo 
                    continuava sua travessia. Em um dado momento, passou correndo 
                    e agachado, por debaixo das lâminas de Vorn e Magnus, até 
                    que chegou até a pequena sala onde jazia o mago morto dos 
                    Aercelt. O pequeno vasculhou com suas mãos ágeis as vestes 
                    do arcano, e o seu tato encontrou o objeto que procurava: 
                    uma grande jóia alaranjada multifacetada. A chave para abrir 
                    o portal para o mundo da superfície.       Magnus 
                    travava o equilibrado combate. Havia conseguido ferir Vorn 
                    algumas vezes, mas nada que provocasse um recuou ou debilidade 
                    significativa no inimigo. Pela graça de Tymora, Deusa da Sorte 
                    e dos Aventureiros, o guerreiro drow errou uma investida, 
                    devido a um desequilíbrio, talvez atribuído a um de seus muitos 
                    ferimentos. Magnus aproveitou a chance e acertou um golpe 
                    mortal contra o seu oponente, cortando o flanco e dilacerando 
                    seu tórax. Foi o último corte que o drow pôde receber. Caiu 
                    morto.       Ouviu-se 
                    algo e o chão tremeu ligeiramente, mas os combates não foram 
                    interrompidos. Arthos, apesar de sua habilidade na esgrima, 
                    não estava tão rápido quanto o de costume, o que lhe custou 
                    um corte no antebraço esquerdo. Porém conseguiu o espadachim 
                    uma investida certeira, matando o adversário. Mikhail também 
                    conseguiu sucesso. O clérigo acertou dois pesados golpes com 
                    seu martelo de guerra: um quebrou a perna do adversário e 
                    o outro lhe partiu o crânio. A luta estava terminada, o que 
                    não significava, ainda, uma vitória para a Comitiva da Fé.       O 
                    clérigo correu até Limiekki. O mateiro estava desacordado 
                    e sangrava muito, porém, pelo que pôde averiguar o elfo evereskano 
                    disfarçado de sacerdotisa drow, seu estado ainda era estável. 
                    Foi rápido até Kariel. O mago estava mais ferido, quase sem 
                    pulso e sua respiração não passava de um leve sopro, que de 
                    repente desapareceu. Rápido e tenso, Mikhail administrou um 
                    encanto, através de uma oração à Deusa Mystra. O corpo de 
                    Kariel brilhou um rápido segundo, em uma luminosidade tênue 
                    e azulada.       “Kariel... 
                    ele está morto?!”, perguntou Bingo, que vinha da sala com 
                    a jóia mística nas mãos..“Ele 
                    está morrendo! O encanto que administrei ainda não foi suficiente”. 
                    Tentarei novamente.
       Mikhail 
                    então recitou mais uma vez uma oração encantada. Neste momento, 
                    ouviu-se mais ruídos e o chão da sala novamente estremeceu, 
                    agora com mais força.        “O 
                    que será isso!?”, perguntou o pequeno.“Por 
                    Mystra! Os escravos... os gigantes devem ter vencido a batalha 
                    e estão invadindo o castelo!”, disse Mikhail com um terrível 
                    tom desesperador na voz.
 “Estamos 
                    mortos! Não iremos resistir a mais um combate!”, concluiu 
                    Arthos, que carregava o corpo desacordado do amigo mateiro, 
                    falando a verdade.
       Kariel 
                    abriu os olhos e voltou à consciência. Viu o rosto de mulher 
                    drow do disfarce mágico que seu amigo usava, mas uma voz, 
                    também de mulher, agora ecoava em sua mente. “Kariel... 
                    responda-me!”       “Storm!”, 
                    respondeu o mago.“Kariel 
                    ainda está delirando!”, disse Bingo, vendo o amigo.
 “Kariel... 
                    Graças a Mystra... Vão para parede da torre! Rápido!”, 
                    comandou com urgência a voz da Barda do Vale das Sombras, 
                    na mente do mago.
       O 
                    elfo então se ergueu com dificuldade, o mais rápido que pode, 
                    e gritou para os amigos!       “Storm 
                    pediu para que fossemos em direção da parede! Rápido!”       Os 
                    seus amigos não entenderam o motivo, mas, imediatamente, atenderam 
                    ao amigo. Kariel não era afeito a dizer coisas que não fizessem 
                    algum sentido. Logo se ouviu um novo barulho e uma das folhas 
                    da porta metálica da biblioteca foi arrancada com um violento 
                    impacto. Duas cabeças de minotauros começavam a sair da porta.       “Foi 
                    bom conhecer vocês!”, despediu-se Arthos, momentos antes de 
                    um trecho da parede onde se agrupavam derreter e escorrer 
                    como lama. Viram a nau voadora, com o convés encostado à torre. 
                    Danicus e Storm estavam próximos e ofereciam as mãos para 
                    apoiar os aventureiros.“Pulem! 
                    Depressa!”, apressou a Barda.
       Os 
                    heróis da Comitiva saltaram, bem no momento em que os escravos 
                    furiosos invadiam a sala. Arthos, que havia deixado o desacordado 
                    amigo Limiekki no assoalho de madeira da embarcação, observava 
                    a cena e pôde ver, descendo a torre pelo lado de fora, através 
                    de uma corda, Non. O drow da Casa D´Vaer olhou para nau e 
                    acenou em despedida, sendo respondido por Arthos.       E 
                    assim, a nau afastou-se em direção aos túneis enormes e escuros 
                    do Subterrâneo, e a Comitiva da Fé deixou a cidade de Maerymidra, 
                    consumida pelo ódio e violência de seus habitantes, rumo aos 
                    seus próximos desafios naquele mundo eterno de trevas, em 
                    sua missão de destruir os portais mágicos e impedir a invasão 
                    da superfície.
 
 |