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  Ataque ao Templo de Sseth Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
 
 Personagens principais da aventura:
 Os 
              Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), 
              Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas. 
              Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. Participação 
              Especial: Storm Mâo Argentêa, Florin e Dove Garra 
              da Falcão.
 
  Ataque ao Templo de Sseth 
      A 
              Comitiva permanecia dividida em duas, uma ao norte de Evereska, 
              entre a Floresta Alta e a margem ocidental do deserto de Anauroch 
              , e outra, ao leste do reino élfico, na fronteira sul do mesmo deserto.
 O primeiro grupo, formado por 
              Florin, Dove, Sirius e Limiekli, estava na cidade-reino orc de Urgithor 
              e haviam conquistado a aliança de um bruxo orc chamado Marut. Agora 
              dormiam no esconderijo do feiticeiro, enquanto se preparavam para 
              cumprir uma nova tarefa que poderia colocá-los mais próximos de 
              encontrar Bingo, que jazia prisioneiro em algum lugar daquela cidadela 
              sinistra.
 
 Já o segundo, composto por Storm, 
              Brian, Galtan, Magnus, Kariel e Mikhail, foi obrigado a submeter-se 
              a um acordo com um sacerdote do deus Sseth, chamado Nalab. Em troca 
              de guiá-los para fora daquele labirinto de cavernas, o sombrio humano 
              pediu que matassem um outro sacerdote, um yuan-ti de nome Vandenspujo, 
              que no momento estava para conduzir um ritual de sacrifício de três 
              jovens humanas à Grande Naga. Além disso, queria o homem que lhe 
              entregassem uma certa jóia que estava em poder de seu inimigo. Percorriam 
              neste momento uma estreita passagem, indicada pelo guia.
 Marut Tem Uma Surpresa       Quando 
              os primeiros raios de sol rompiam as nuvens e iluminavam a floresta 
              próxima de Urgithor, os aventureiros começavam a acordar na caverna 
              de Marut. Ainda estavam como orcs, devido ao efeito do encanto proferido 
              por Dove. Porém, nem todos haviam dormido. Dove permanecera desperta, 
              lendo um dos livros de Marut durante toda a noite. Limiekli, dentre 
              os outros heróis, foi primeiro a levantar e ver a ranger.
 "Bom 
              dia, Dove... Não me diga que não dormiu?"
 "Não 
              Limiekli. Não dormi."
 "Você 
              é uma elfa ou algo assim? Parece que os elfos é que nunca dormem..."
 "Vê 
              minhas orelhas?", disse a ranger apontando. "Não são orelhas de 
              elfo. E além disto, os elfos também precisam dormir..."
 "Conheço 
              um que não dorme: Kariel. Sempre que a nos deitamos ele fica lá, 
              lendo ou escrevendo."
 "Isto 
              é, digamos, um pequeno segredo arcano que temos!"
 "Vocês 
              são misteriosos. Desde que me uni a esta Comitiva da Fé só faço 
              apanhar e ver estranhezas!"
 
 O 
              ranger então levantou e foi à cozinha, onde encontrou o goblin Pukto, 
              que fazia um chá. Perguntou por Marut. Segundo o assistente, o feiticeiro 
              havia saído para recolher algumas ervas e vegetais para a refeição 
              matinal. Limiekli decidiu ir caçar para complementar o desjejum.
 
 Marut 
              chegou minutos depois, com algumas folhas e batatas, quando os heróis 
              já estavam sentados, bebendo o chá feito por Puktos. Assim que o 
              bruxo orc entrou, Dove o abordou.
 
 "Marut... 
              sabe falar a língua comum dos humanos?"
 "Sim, 
              sei. Porque pergunta?"
 "Vamos 
              precisar desta sua habilidade em breve"
 "Não 
              entendi? Algum problema?"
 "Não, 
              mas algo irá nos acontecer em breve. Não deve assustar-se."
 "O 
              que há? Já sei! Decidiram voltar atrás e me matar!"
 "Não! 
              Não tema. Apenas sente-se e aguarde!"
 
 O 
              feiticeiro sentou em uma pedra e olhava para Dove, bastante tenso 
              e curioso. Depois de alguns minutos, uma transformação se operava. 
              Os pelos grossos de orc começaram a desaparecer dos aventureiros, 
              as presas salientes diminuíram e tornaram-se novamente dentes normais 
              e a pele esverdeada voltava para o tom róseo, característico de 
              boa parte dos humanos de Faerûn. As roupas e equipamentos também 
              voltaram às suas características originais.
 
 "Humanos!? 
              Que feitiço é este?", disse espantado, ainda em língua orc.
 "Será 
              que dá para falar nossa língua?", pediu Sirius.
 "Como 
              vocês conseguiram se transformar em humanos?", perguntou Marut, 
              falando agora a língua comum.
 "Não 
              nos transformamos em humanos, mas voltamos ao que éramos!", explicou 
              Sirius.
 "Procuramos 
              um amigo nosso que foi capturado e que deve estar prisioneiro aqui. 
              Ele foi levado por Numoz, que lutou conosco e também matou muitos 
              de sua espécie. Entre eles um general chamado Ortz.", relatou então 
              Florin.
 "Ele 
              matou Ortz? Ele era um dos principais generais do rei Jodrus!"
 
 Limiekli, 
              também em sua aparência verdadeira, retornou ao esconderijo neste 
              ponto da conversa. Colocou as caças, uma lebre e um porco do mato, 
              na cozinha e entrou na sala. Entendeu a reunião que acontecia e 
              integrou-se a ela.
 
 "Dias 
              atrás, veio a Urgithor uma legião de orcs..."
 "Pode 
              ser a de Numoz! Vi alguns rastros deixados pelos cavalos deles vindo 
              na direção da cidade...", disse Limiekli sentando-se.
 "Se 
              ele matou Ortz, sugiro a vocês investigarem mais sobre a Ambição 
              da Shargrass. Já que concordaram em me auxiliar na fuga daqui, farei 
              o possível para ajudá-los."
 "Obrigado.", 
              Florin falou levantando e se aprumando-se. "Vamos Limiekli, temos 
              que ir agora atrás de Gurdun."
 "Vamos!"
 "Ei, 
              esperem... Não esqueceram de nada!? O encanto! Não podem sair como 
              humanos!", avisou Sirius, sorrindo da precipitação dos dois companheiros.
 "É, 
              claro... Dove, será que pode..."
 "Daqui 
              a alguns minutos, meu amado.", disse a bela ranger. "Daqui a alguns 
              minutos!"
 Uma Estratégia a Ser Traçada       O 
              túnel cavernoso dentro de uma montanha na borda de Anauroch, por 
              onde passavam os aventureiros era muito baixo e incômodo. Até mesmo 
              Mikhail e Kariel, que eram elfos e não possuíam grande estatura, 
              tinham que abaixar suas cabeças para não batê-las no teto. O quer 
              dizer então dos humanos. O paladino Magnus de Helm, por exemplo, 
              muito alto e robusto, caminhava bastante curvado e devagar. Após 
              andarem nestas condições por cerca de quarenta minutos, notaram 
              que os nativos do deserto não conseguiam mais prosseguir. Além da 
              penosidade da tarefa, a trilha consumira suas poucas energias. Os 
              mais velhos e as crianças cambaleavam e alguns, exaustos, já haviam 
              sentado ao chão.
 "Nalab...", 
              falou Kariel para o guia, "Os humanos libertados estão cansados. 
              É seguro que descansemos aqui?"
 "Qual 
              é o problema? Os deixem aí! Eles são inúteis."
 "Responda 
              o que perguntei!"
 "Sim... 
              este caminho é um túnel secreto. Poucos sabem de sua existência."
 "Mas 
              não podemos parar! Existem três jovens que podem ser levadas ao 
              sacrifício!", lembrou Mikhail.
 "Não 
              poderia ajudar de alguma forma, Mikhail? Teria alguma benção que 
              possa aliviar o sofrimento destes homens?", perguntou Magnus.
 "Infelizmente, 
              não. Teria que descansar para conseguir invocar algum auxílio divino..."
 "Temos 
              que continuar para salvar as mulheres seqüestradas." Kariel falou 
              e em seguida pediu aos homens do deserto. "Por favor, levantem-se! 
              Temos que prosseguir!"
 "M-mas... 
              não agüentamos mais, senhor!. Deixe-nos descansar!", disse um senhor 
              idoso em tom de súplica.
 "Vamos 
              descansar, Kariel.", interferiu Storm, pondo a mão no ombro do elfo.
 "Eles 
              não irão resistir se não pararmos. Não podemos trocar tantas vidas 
              por apenas três."
 "Posso 
              recitar uma oração de Mystra que livrará você e seu povo do cansaço.", 
              sugeriu Mikhail para o homem.
 "N-não... 
              não queremos magias e truques. Por causa da magia de seu amigo, 
              um de nossos companheiros está morto!", falou o ancião.
 "Como? 
              Isto é verdade, Kariel?", perguntou Storm.
 "Sim. 
              Infelizmente sim.", respondeu o mago cabisbaixo.
 "O 
              prolongamento de um relâmpago que conjurei atingiu acidentalmente 
              um destes humanos, que estava longe de meu campo de visão. Hoje 
              sujei minhas mãos com sangue inocente."
 "Foi 
              uma fatalidade. Mas tem que tomar mais cuidado com este tipo de 
              encanto, principalmente em lugares fechados. Vamos parar. Aproveitaremos 
              para discutir uma estratégia."
 
 O 
              grupo então acomodou-se como pôde no estreito e desconfortável corredor 
              pedregoso. Os aventureiros fizeram um círculo e procuraram saber 
              mais de Nalab para montarem uma estratégia.
 
 "Pode 
              nos dar mais informações sobre este templo?", perguntou Mikhail.
 "Após 
              sairmos deste corredor encontraremos Zaartikan e, além dela, uma 
              passagem guardada. Seguindo por ela, encontraremos a câmara onde 
              está o templo. Além de seus portões, está a guarda pessoal de Vandenspujo, 
              composta de yuan-tis, muito mais fortes e habilidosos do que aqueles 
              que enfrentaram, além da Grande Naga, e o próprio Vandenspujo, que 
              além de ser um sacerdote, usufrui dos conhecimentos arcanos também. 
              Já a saída para onde os conduzirei se localiza atrás do templo, 
              em um outro túnel."
 "Quando 
              estivermos dentro do templo nos dividiremos. Eu e Kariel, que temos 
              habilidades arcanas, combateremos o sacerdote e vocês que são mais 
              afeitos a batalha, poderão atacar os yuan-tis e esta tal Grande 
              Naga.", planejou Storm.
 "Deixem 
              que eu derroto esta cobra. Com um golpe de minha espada ela cairá!", 
              disse, confiante, Galtan.
 "Não 
              devemos subestimar os inimigos. Precisamos ser rápidos ou os répteis 
              chamarão reforços.", alertou Magnus.
 "Magnus. 
              Cuide para que os humanos fiquem ocultos durante os combates.", 
              pediu Kariel.
 "Não 
              se preocupe. Um bom seguidor de Helm primeiro protege e depois ataca!"
 "Obrigado. 
              Não quero que hajam mais mortes.", disse o elfo de cabelos azuis, 
              lembrando-se do infeliz incidente de horas atrás.
 "Lamento 
              pelo que ocorreu com você, Kariel. Não queria estar passando por 
              isto."
 "Acrescente 
              meu nome em suas orações e peça para Helm aliviar minha culpa, meu 
              amigo."
 "Orarei 
              por você.", respondeu Magnus.
 
 O 
              Paladino se afastou e, aproveitando que Storm estava sozinha, disse-lhe: 
              "Storm, queria ter a oportunidade de conversar com você sobre o 
              que aconteceu. Eu.. Me desculpe. Faltei com respeito."
 "Você 
              não fez nada que eu não quisesse, Magnus. Depois que estivermos 
              a salvo dessa situação, eu gostaria de falar com você sobre isso."
 "Como 
              quiser."
 
 Então 
              descansaram os heróis, a exceção de Kariel, que permaneceu despertos, 
              lendo seus livros de encantos. Oito horas se passariam até levantarem 
              novamente.
 A Segunda Missão       Dove 
              havia lançado novamente seu encanto especial de disfarce sobre seus 
              companheiros. Agora restava cumprir a missão que Kyrrus, o orc clérigo 
              de Shargrass, incumbiu a Florin e Limiekli: matar Gurdun, um delator 
              que entregava informações ao rei Jodrus sobre o movimento em apoio 
              à Nova Gondyr. A cabeça da vítima também teria um destino importante: 
              seria disfarçada como sendo a de Marut e entregue a um militar chamado 
              Bragdas, como prova do cumprimento do contrato de assassinato do 
              feiticeiro.
 Limiekli 
              e Florin rumaram para a cidade. Passaram pelo mercado, pelo templo 
              de Shargrass e chegaram no bairro sujo onde Gurdun morava. Aguardaram 
              durante quase uma hora, mas parecia não haver movimento na casa 
              do soldado. Limiekli então viu um kobold, que perambulava por um 
              dos estreitos becos do lugar. Reconheceu a figura de longe e aproximou-se 
              sem que ele o percebesse, junto com Florin.
 
 "E 
              aí? Lembra-se de mim?", perguntou Limiekli, dando um susto no pequeno, 
              que estava distraído.
 "S-sim... 
              Está procurando Gurdun? Ele não está aí. Saiu em uma missão."
 "Onde 
              ele foi?"
 "Para 
              aquele posto avançado abandonado, criado antes da fundação da cidade."
 "Sei...", 
              disse o ranger disfarçando.
 "Pode 
              nos levar até lá?"
 "Posso, 
              mas vou ganhar algo com isso?"
 "Damos 
              a você uma peça de prata."
 "Só 
              uma? Que tal duas? Estou com fome! Sabe, estou precisando mesmo... 
              sou pequeno e não tenho força para empunhar uma espada ou uma lança. 
              Não tenho mesmo um trabalho... snif...", começou a chorar o amarelado 
              goblinóide.
 "Damos 
              uma de prata agora e cinco de cobre depois de nos levar até lá.", 
              aumentou a oferta Limiekli.
 "Feito!", 
              disse sorrindo imediatamente e enxugando suas lágrimas de crocodilo. 
              "Meu nome é Ferrir. E o de vocês?"
 Os 
              dois se entreolharam, pois não haviam pensado nisto antes. Por fim 
              responderam. "Sou Graxk", disse Limiekli. "E este é Zogurth", indicou 
              com a cabeça Florin. "Se nos servir bem, poderá ser meu ajudante. 
              O que acha?"
 "Ótimo! 
              Estou nessa! Vamos... vou levá-los ao posto!"
 
 Limiekli, 
              Florin e Ferrir atravessaram a pé a cidade e foram pouco além de 
              seus limites. Entraram por um bosque de árvores esparsas e chegaram 
              em uma clareira. Havia no meio algumas ruínas do que, décadas atrás, 
              poderia ser um forte. Tudo estava tomando pelo mato e danificado 
              pelo tempo. Limiekli e Florin procuraram por rastros, mas não encontraram 
              nada que pudessem seguir. Resolveram então entrar no que sobrou 
              do posto.
 
 "Não. 
              Não vou entrar aí!", reclamou Ferrir.
 "Acho 
              melhor você ficar aqui por enquanto.", disse Limiekli, retirando 
              um rolo de corda da mochila para depois amarrar e amordaçar o pequeno 
              monstrinho em uma árvore.
 "Ótimo, 
              assim não poderá nos atrapalhar ou nos trair!"
 "Antes 
              de matar Gurdun, Florin, vamos tentar extrair informações dele. 
              Pode ser que descubramos algo de útil."
 "Certamente."
 
 Florin 
              e Limiekli entraram por uma enorme fenda em uma parede em o que 
              restou de um das construções que formavam o antigo forte. Percorreram 
              alguns salões e corredores. Tudo parecia completamente abandonado. 
              Haviam pedras, ruínas de móveis, ninhos de pássaros e alguns pequenos 
              animais silvestres que fizeram dali seus lares. Encontraram uma 
              escada rústica, que levava para um subterrâneo. Limiekli ajoelhou-se 
              e verificou que os degraus não estavam tão sujos como as outras 
              superfícies do posto abandonado e concluiu que poderia ser por ali 
              que Gurdun entrara. Desceram a escada e abriram uma porta no nível 
              inferior. Encontraram um corredor, iluminado por algumas tochas 
              e por ele seguiram. Ouviram alguns ruídos e logo após, seis orcs, 
              em armaduras e de armas em punho, se aproximaram. O maior deles 
              dirigiu-se a Limiekli.
 
 "Quem 
              são vocês? Para quem trabalham?"
 "Nós 
              trabalhamos para Gurdun.", respondeu Limiekli.
 "Acha 
              que sou estúpido? Eu sou Gurdun! Ouvi dizer que espalharam por aí 
              que sou um caloteiro..."
 Naquele 
              momento viram por trás dos orcs o pequeno Ferrir, que pulava e apontava 
              para os dois invasores. "Foram eles, Gurdun! Foram eles! Ainda chamaram 
              sua mãe de porca!"
 "Chega 
              desta conversa.", disse Florin. "Viemos saber para quem você trabalha... 
              E não pense que você e seus orcs são páreos para nós!"
 "Pode 
              ser.", respondeu tranqüilamente. "Mas ainda assim vocês terão uma 
              lição: Gronks!"
 
 Do 
              fundo do corredor saiu um ogro, um humanóide, vestido em peles, 
              com quase três metros de altura, e com uma maça de madeira, incrustada 
              de espinhos de ferro. Limiekli concentrou-se em um encanto que conhecia 
              e após recitar algumas palavras, raízes romperam o chão e prenderam 
              três inimigos pelos pés, tal qual cobras.
 
 Os 
              orcs também atacaram. Florin desembainhou sua espada e Limiekli 
              retirou o arco das costas para disparar uma única flecha, antes 
              que o contato corpo-a-corpo impossibilitasse a utilização desta 
              arma. A seta, tinha endereço certo: atingiu o kobold traiçoeiro.
 
 Florin 
              investiu contra um orc que se aproximou. Deu-lhe dois golpes rápidos 
              nos flancos. Sofreu também um ataque, mas sua armadura reduziu o 
              impacto do machado agressor. Em seguida, com mais dois golpes, decapitou 
              o inimigo. Limiekli já havia deixado o arco de lado e lutava francamente. 
              Tinham sorte os heróis, pois o corredor de estreita largura impedia 
              que os inimigos usassem com eficiência sua superioridade numérica. 
              Limiekli aplicou um golpe de machado no crânio de seu oponente, 
              fazendo voar sangue e miolos. A situação de Florin era um pouco 
              pior. Depois de haver abatido seu segundo adversário batia-se com 
              Gurdun e Gronks. O ogro acertou-lhe um pesado golpe, e desta vez 
              seu sangue foi derramado. Porém, como não era um homem comum, ainda 
              haviam lhe restado muitas forças para lutar. Esquivou-se com um 
              golpe de machado aplicado por Gurdun e ergueu sua espada e numa 
              investida certeira, acertou o coração do ogro, que caiu morto. Com 
              seu maior trunfo perdido e dois soldados mortos e três fora de combate, 
              Gurdun resolveu render-se e baixou sua espada. Foi amarrado por 
              Florin e Limiekli.
 
 "O 
              que querem? Quem enviou vocês aqui?", perguntou Gurdun.
 "Para 
              quem você trabalha?", perguntou Florin.
 "Para 
              o rei Jodrus. E se for para trair o rei não responderei nada. Se 
              não eu retornar a Urgithor, em pouco tempo virá uma tropa procurar-me."
 
 Florin 
              então apertou com força o braço de Gurdun, justamente em um local 
              onde havia um rasgo feito por sua própria espada. O orc gritou de 
              dor.
 
 "Responda 
              o que perguntarmos. O que sabe sobre Kyrrus e a Ambição 
              de Shargrass."
 "Kyrrus... 
              deve ter sido o maldito que mandou vocês aqui para matar-me. 
              Vou queimar aquela igreja! E enquanto a Ambição de 
              Shargrass, devem saber mais do que eu."
 "E 
              sobre Numoz?", perguntou Limiekli. "Sabe alguma coisa 
              dele? Ele veio a esta cidade após matar o general Ortz . 
              Onde está ele e o prisioneiro que trouxe?"
 "Ortz 
              está morto? Não sabia. Nada sei sobre Numoz e não 
              tenho notícias de prisioneiros. Os que temos estão 
              no forte em Urgithor e nos outros postos avançados, um ao 
              norte e outro ao sul, onde estamos construindo uma represa."
 "Esta 
              último não existe mais.", disse Limiekli com 
              satisfação.
 "Parece 
              que ele não sabe muita coisa que nos ajude, Limiekli."
 "Só 
              precisa de uma motivação para falar mais."
 
 Limiekli 
              então com sua lâmina fez um corte na perna do orc, e depois puxou 
              a pele cortada provocando uma dor lancinante no orc. Este não resistiu 
              a mais injúrias e caiu morto. Neste momento, o encanto que prendia 
              os três últimos orcs terminava seus efeitos e as raízes voltaram 
              para as profundezas da terra, liberando os soldados. Estes pegaram 
              suas armas e atacaram os dois aventureiros, mas também foram derrotados, 
              minutos depois. Os corpos foram empilhados e uma cabeça, a mais 
              parecida com a de Marut, foi recolhida e colocada em um saco de 
              tecido. Limiekli também lembrou de levar algumas armaduras e a peça 
              de prata que havia pago a Ferrir.
 Uma Deusa Que Surge       Dentro 
              do estreito corredor, o descanso estava chegando ao fim. Depois 
              de repousar e de comerem alimentos providenciados por um encantamento 
              divino de Mikhail, executado longe das vistas dos aldeões do deserto, 
              o grupo preparava-se para prosseguir. Kariel, aproveitando-se novamente 
              da invisibilidade que seu elmo concedia, seguiu como batedor, enquanto 
              o restante aguardava por suas notícias. O elfo mago avançou lentamente 
              pelo corredor, iluminado por uma emanação tênue de sua espada. Depois 
              de pouco mais de meia hora, chegou ao fim do túnel. A abertura revelava 
              um imenso salão rochoso, tão grande que comportava uma cidadela. 
              Era Zaartikan. As construções não se assemelhavam às rústicas habitações 
              das aldeias dos homens-lagartos. Haviam casas e torres de pedra, 
              feitos com alguma arte, e estátuas de serpente. A cidade era iluminada 
              por chamas mágicas e muitos yuan-tis , assim como cobras e serpentes, 
              circulavam pelas suas ruas.
 Kariel 
              olhou mais além e viu a passagem que Nalab havia mencionado. Era 
              guardada por dois grandes yuant-tis de escamas vermelhas, bem maiores 
              que os que já haviam visto, que portavam alabardas. Para chegar 
              até eles, teriam que atravessar um trecho de Zaartikan. O elfo então 
              retornou para seus companheiros.
 
 "Segui 
              pelo corredor e ele leva para a cidade dos yuan-tis. Para chegarmos 
              na passagem teríamos que caminhar pela cidade, o que é impossível 
              de ser feito sem chamar atenção com todas estas pessoas!. Além disto 
              existem sentinelas, bem maiores e mais fortes que os outros yuan-tis...", 
              disse Kariel, ainda invisível, após se aproximar do grupo. "A única 
              forma que vejo de atravessar seria utilizar magia."
 "Estes 
              homens não irão aceitar esta alternativa.", colocou Galtan.
 "Deve 
              haver uma maneira... Eles possuem algum tipo de crença?", perguntou 
              Storm.
 "Sim. 
              Um deles me falou de uma deusa do deserto em que acreditam.", informou 
              Mikhail.
 "Sei 
              que isto não é correto, mas a única chance de levá-los daqui é enganá-los. 
              Kariel, será que poderia criar uma ilusão representando esta deusa?"
 "Sim, 
              Storm, mas para isto preciso saber a aparência da divindade."
 "Eu 
              já ouvi falar dela. Irei dar uma descrição e tentaremos."
 
 O 
              elfo e Storm afastaram-se o suficiente para que os homens de Yassur 
              não desconfiassem do plano. Conversaram e de lá Kariel operou o 
              encanto. Surgiu então a frente dos habitantes do deserto a figura 
              etérea de uma mulher de cabelos negros e véu sobre o rosto, que 
              flutuava e emitia uma pálida irradiação branca.
 
 "Meus 
              filhos!", disse a imagem.
 "El 
              Ma'ra!". Os homens imediatamente ajoelharam-se.
 "Vim 
              dizer-lhes que a vinda destes aventureiros para salvá-los não é 
              uma coincidência. Foram guiados por mim até vocês. Obedeçam suas 
              instruções e sairão para viver suas vidas no deserto."
 
 Em 
              seguida, a figura desapareceu. Muitos dentre o povo de Yassur estavam 
              impressionados, alguns choravam e um deles, o ancião de nome Nob 
              sentiu um súbito mal-estar e foi acudido por Mikhail.
 "Nos 
              perdoem!", disse para o clérigo de Mystra. "Não sabíamos que eram 
              favorecidos pela Deusa..."
 "Não 
              se preocupe", disse Mikhail. "Acalme-se e sairemos todos sair daqui."
 Brian 
              Mestre das Espadas, que não estava por perto quando da concepção 
              do plano da ilusão, aproximou-se de Mikhail. Estava bastante agitado. 
              "Viu o que houve? Uma deusa apareceu aqui!"
 "Vimos, 
              Brian!", respondeu o clérigo com tranqüilidade. "Não se espantam 
              com isto? Como podem ficar tão calmos? Realmente são incomuns!"
 
 Passada 
              a comoção, recompuseram-se. Kariel e Storm esperavam que a ilusão 
              houvesse vencido a resistência dos homens contra encantos e decidiram 
              conjurar portais, que conduzissem à passagem para o templo, em um 
              local longe da vigilância dos sentinelas e da proximidade da cidade. 
              Para encontrar um lugar seguro para determinar a saída da magia, 
              teriam os dois que atravessar Zaartikan, passar pelos grandes yuan-tis 
              que guardavam o caminho e conduzir o feitiço de dentro do novo corredor. 
              Então Kariel e Storm, sob o efeito do sortilégio da invisibilidade, 
              percorreram este perigoso percurso, ganhando o corredor, além dos 
              sentinelas. Andaram mais aliviados, durante alguns metros pela passagem, 
              que não era um simples túnel na rocha. Havia uma pavimentação de 
              tijolos e, nas paredes, desenhos de serpentes e yuan-tis formavam 
              cenas de adoração e sacrifício. Alguns archotes, onde as chamas 
              de fogo mágico bailavam, iluminavam os caminhos.
 
 Quando 
              consideraram que estavam em um trecho relativamente seguro, Kariel 
              e Storm então fizeram alguns cálculos e executaram suas conjurações, 
              fazendo surgir dois rasgos circulares no espaço. A mulher retornou 
              enquanto o elfo aguardava, pois precisava conduzir os companheiros 
              pelos portais, especialmente os aldeões de Yassur, tão arredios 
              a magia. Após alguns minutos da partida de Storm, foram surgindo 
              ao lado de Kariel todos os seus companheiros, incluindo os habitantes 
              do deserto.
 
 "E 
              agora, Nalab?", perguntou Mikhail para o guia.
 "Seguindo 
              em frente encontraremos a câmara onde está o templo. Haverão quatro 
              yuan-tis, tão fortes quanto os sentinelas. Vocês terão que abatê-los 
              rapidamente, com o mínimo de alarde, caso contrário outros virão.", 
              respondeu o sacerdote.
 "Eu 
              irei na frente.", disse Storm sacando a espada.
 "Fiquem 
              na retaguarda, desta vez! Não quero que nenhum deles escape ou dê 
              alarme."
 
 Dito 
              isto, Storm partiu em direção da saída do corredor, tendo os outros 
              aventureiros em seu encalço poucos metros atrás e os ex-prisioneiros 
              logo após estes.
 Os Falsos Orcs Progridem        Florin 
              e Limiekli tinham deixado o posto orc e carregavam espólios e a 
              cabeça de um dos soldados mortos dentro de um saco de um grosso 
              tecido. Foram em direção do templo de Shargrass, onde encontrariam 
              Kyrrus, o sacerdote que lhes incumbiu a missão de assassinar Gurdun. 
              Demoraram um pouco para chegar no sinistro templo escuro de pedra, 
              pois estavam andando a pé e tiveram que atravessar a cidade. Adentraram 
              os portões abertos, criados de maneira a se parecerem com uma mandíbula 
              de uma criatura bestial, pronta a engolir todos que ali passavam. 
              Viram novamente Kyrrus, próximo do altar, onde rendia umas homenagens 
              com alguns animais mortos em honra à Shargrass. Assim que viu os 
              dois, deixou o ofício de lado e foi ter com os seus contratados."Muito 
              bem. Fizeram o que pedi?", perguntou.
 "Sim. 
              Matamos Gurdun. Trouxemos até a cabeça dele neste saco", blefou 
              perigosamente Limiekli."...mas duvido que possa reconhecê-la." Kyrrus 
              olhou para o saco que sangrava.
 "Não 
              é necessário mostrá-la. Vocês estão se esforçando e demonstrando 
              o interesse em nossa organização, a Ambição de Shargrass. Voltem 
              amanhã à noite e lhes darei um novo trabalho. Se cumprirem este 
              também com êxito, os colocarei em uma caravana para Nova Gondyr, 
              onde responderão a uma autoridade maior."
 
 Os 
              dois balançaram a cabeça positivamente e deixaram o templo, em direção 
              a caverna de Marut. Chegaram então ao esconderijo, onde foram recepcionados 
              pelos colegas, curiosos sobre o andamento da missão.
 
 "Como 
              foi tudo?", perguntou Sirius.
 "Tivemos 
              que enfrentar um ogro, mas as coisas saíram bem. Descobrimos que 
              existe um posto avançado dos orcs ao norte e Kyrrus, da Ambição 
              de Shargrass deverá nos dar uma nova missão amanhã, antes de nos 
              colocar em uma caravana para Nova Gondyr. Trouxemos também o ingrediente 
              para criarmos o disfarce que precisamos...", disse Limiekli, erguendo 
              o saco de tecido manchado e retirando pelos cabelos a cabeça do 
              infeliz soldado orc.
 "Acha 
              que pode transformar esta cabeça na de Marut, Dove?", quis saber 
              Sirius.
 "Sim. 
              Com os preparados corretos e ervas, poderemos criar algo bem convincente.", 
              disse a mulher pegando sem receio o resto mortal da mão de Limiekli 
              e colocando em um caldeirão.
 
 Então 
              Sirius, Limiekli, Florin e o goblin chamado Pukto observaram o feiticeiro 
              orc Marut e Dove prepararem estranhos líquidos, e adicioná-los juntamente 
              com ervas no caldeirão onde estava a cabeça. Depois retiraram-na 
              e começaram a retocar o rosto com alguns ungüentos e pigmentos. 
              A cabeça aos poucos ganhava aparência quase idêntica à de Marut, 
              o que surpreendeu até mesmo o próprio bruxo, que não esperava tão 
              bom resultado. Pronta, a peça foi recolocada no saco trazido por 
              Limiekli. Sirius e Dove iriam levá-la agora para seu contratante, 
              mas não podiam partir naquele instante. O encanto que os mantinham 
              com a aparência de orcs está próximo do fim e precisaria ser renovado. 
              Como já era noite e não havia um prazo acertado, decidiram dormir 
              e partir na manhã seguinte até a taverna Caminho da Morte.
 
 Na 
              alta manhã do dia seguinte, já novamente convertidos em orcs, partiram 
              novamente para Urgithor. Poderiam ter ido mais cedo, mas não era 
              do feitio dos orcs levantarem na aurora para seus compromissos. 
              Levavam a encomenda especial: uma cópia quase idêntica da cabeça 
              do feiticeiro Marut. Após alguns minutos cavalgando no dia chuvoso 
              que se apresentava, adentraram a taverna barulhenta. Sirius encaminhou-se 
              para o balcão e chamou o taverneiro. Pediu-lhe a cerveja escura 
              dos orcs e perguntou pelo militar que contratara seus serviços. 
              O orc então deixou o balcão e saiu por uma porta aos fundos. Não 
              demorou muito para que o grande orc com armadura chegasse novamente 
              e, expulsando alguns incautos fregueses com a ameaça de seu machado, 
              sentasse em sua mesa preferida. Dove e Sirius foram fazer-lhe companhia.
 
 "Então? 
              Vocês dois fizeram o trabalho?", perguntou o militar.
 "Está 
              aqui!". Sirius entregou-lhe o saco. O soldado abriu e analisou seu 
              conteúdo. "Porém gostaria de saber o nome do orc para quem estamos 
              trabalhando.", colocou Sirius.
 "Vocês 
              estão tendo o orgulho de trabalhar para o capitão Bragdas."
 "Você 
              prometeu 10 peças para mim e para dois ajudantes se fosse necessário. 
              São trinta peças!"
 "Muito 
              bem.", disse retirando um saco da cintura e jogando para Sirius, 
              que o aparou no ar.       "Aí 
              tem 150 peças. São 50 para cada. É um bônus pelo serviço bem feito. 
              Talvez eu tenha uma outra tarefa, que pode ser feita para um aliado 
              meu, o sacerdote Kyrrus da igreja de Shargrass. Se fizerem um bom 
              trabalho serão bem recompensados. Procurem-no e diga que os mandei.", 
              disse Bragdas, que logo depois levantou-se e deixou o estabelecimento.
 "Hum.... 
              não estou gostando nada disto. Mais um serviço, desta vez com o 
              empregador de Florin e Limiekli. A única coisa que não vejo nestas 
              histórias é sobre como vamos encontrar Bingo..."
 "É 
              o que podemos fazer, Sirius. O que você queria? Que olhássemos embaixo 
              da cama de cada orc de Urgithor? Temos que nos infiltrar para ver 
              se descobrimos alguma coisa."
 
 Ficaram 
              na Caminho da Morte por mais uns vinte minutos, a fim de não levantar 
              suspeitas. Em seguida pagaram a cerveja e foram a procura da igreja 
              de Shargrass. Levaram meia hora para encontrar o templo e entraram 
              por seus portões. Poucos oravam naquele momento. Sirius aproximou-se 
              de um dos fiéis sentados em um dos bancos da igreja, um goblin que 
              vestia uma túnica preta feita com um grosso tecido, e perguntou 
              por Kyrrus. A amarelada criatura levantou e entrou em uma porta. 
              Em seguida trouxe um orc, vestido em sinistros trajes sacerdotais.
 
 "Sou 
              Kyrrus. O que vocês desejam comigo?"
 "Viemos 
              por indicação do capitão Bragdas", disse Sirius. "Ele nos disse 
              que tinha um trabalho para nós."
 "Sim. 
              Existe um de nós que está preso nos calabouços do rei Jodrus. Seu 
              nome é Dagon. Queremos que vocês o libertem de lá."
 "Entrar 
              no calabouço do rei sozinhos!", exclamou Sirius.
 "Vocês 
              terão ajuda. Dois outros orcs estarão com vocês. Venham aqui à noite. 
              Apresentarei-lhes os seus companheiros. O trabalho deverá ser feito 
              hoje mesmo, antes que haja tempo de Dagon soltar a língua para os 
              soldados de Jodrus. Então? Estamos acertados?"
 "Sim. 
              Estaremos aqui hoje a noite.", respondeu Dove.
 "Òtimo. 
              Até mais tarde, então.", disse Kyrrus, virando as costas e deixando 
              a nave da igreja pela porta pela qual havia entrado.
 
 Dove 
              e Sirius saíram do templo de Shargrass e seus cavalos rumaram de 
              volta para a caverna de Marut. Contaram aos companheiros sobre as 
              novidades.
 
 "Então 
              será esta a nossa missão?"
 "Sim, 
              Limiekli.", falou Sirius. "Quem sabe não damos sorte e encontramos 
              Bingo nestes calabouços? Daí caímos fora daqui e deixamos estes 
              orcs com suas intrigas."
 "Não 
              é bem assim, Sirius. Você não está pensando de maneira abrangente. 
              Podemos encontrar uma maneira de entregar as informações sobre esta 
              Ambição de Shargrass ao rei Jodrus e prejudicar desta maneira as 
              forças de Lorde Aris em Cormyr", colocou Dove.
 "Jogo 
              duplo. Boa idéia. Fazíamos isto muito em Forte Zenthil quando..." 
              Ao mencionar o nome da nefasta cidade do norte, Dove e Florin olharam 
              imediatamente Limiekli.
 "Eu 
              era um batedor de lá, mas não se preocupem. Estou do lado de vocês 
              agora! E não se enganem. Muita gente em Forte Zenthil não sabe das 
              maquinações de seus líderes e sofrem muito.", disse o ranger.
 "Espero 
              que nos perdoe pelo espanto, Limiekli, mas isto é um fato novo para 
              nós. Não esperávamos um aliado vindo da cidade de nossos piores 
              inimigos.", disse Florin.
 "Não 
              devemos chegar todos ao mesmo tempo na igreja de Shargaas.", voltou 
              Dove ao assunto do plano. "Sugiro que Florin e Limiekli vão primeiro. 
              Eu e Sirius iremos depois."
 
 Assim 
              planejaram e esperaram a noite cair sobre Urgithor. Com os disfarces 
              renovados, deixaram então a caverna Florin e Limiekli e, cerca de 
              uma hora depois, Dove e Sirius. Encontraram-se então em uma sala 
              reservada do templo, onde havia uma grande mesa de madeira, e estavam 
              na presença de Kyrrus. Com a presença do quarteto de 'mercenários', 
              o sacerdote do deus orc da Morte e das Trevas começou a falar.
 
 "A 
              missão de vocês é retirar Dagon do calabouço. Aqui está o mapa do 
              castelo.", falou enquanto abria o papel sobre a mesa. Era uma planta 
              rústica do edifício. "Posso providenciar equipamento e uma maneira 
              de entrar. Um de nossos agentes penetrará no castelo com uma carroça 
              de feno e poderão ir escondidos."
 "Quatro 
              invasores com equipamentos em uma carroça de feno não seria muito 
              arriscado?", perguntou Dove.
 "Vocês 
              podem usar os muros se desejarem, ou alguma outra maneira que acharem 
              melhor. A propósito... Até agora não sei o nome de vocês..."
 "Eu 
              sou Orilda e este é Gru.", introduziu Dove a si mesmo e à Sirius.
 "O 
              meu nome é Graxk. Meu amigo aqui é Zogurth.", fez Limiekli, apontando 
              para Florin..
 "Pois 
              bem...", continuou o clérigo, mostrando o mapa. "Existe uma escada 
              na cozinha que leva ao subsolo. De lá poderão alcançar os níveis 
              inferiores."
 "Então 
              vocês dois poderão ir pelos muros. Eu e Zogurth iremos nas carroças. 
              Nos encontraremos nos estábulos e entraremos na cozinha pela porta 
              dos fundos.", disse Limiekli.
 "Está 
              certo. Quando iremos?", perguntou Florin.
 "Daqui 
              a alguns minutos. Aguardem aqui. Trarei alguns equipamentos e em 
              breve sairão daqui na direção do castelo de Jodrus, na carroça de 
              feno."
 
 Então 
              o clérigo os deixou na sala e os quatros heróis em peles de orcs 
              tiveram que esperar o seu retorno. Ainda que fossem aventureiros 
              com boa experiência, penetrar em um castelo e resgatar um prisioneiro 
              era tarefa difícil e por isto não podiam evitar que uma certa ansiedade 
              percorresse seus corações.
 No Templo de Sseth        Alguns 
              minutos depois que Storm tomou a dianteira, seus companheiros passaram 
              a ouvir o ruído do choque do metal contra metal. A luta havia se 
              iniciado. Desta vez, atendendo o pedido da guerreira, os demais 
              aventureiros não interferiram no combate. A preocupação da aventureira 
              era que os yuan-tis pudessem fugir e chamar reforços, caso percebessem 
              uma ameaça maior do que uma mulher sozinha.
 Os 
              heróis avançaram até a saída do túnel e encontraram a câmara do 
              templo. Era outro imenso salão da caverna, com mais de quinze metros 
              de altura. Em seu centro foi erguida uma estrutura de pedra, um 
              prédio de formato quase circular, com uma grande cúpula e uma escadaria 
              que levava à entrada, um portão de madeira entalhada, entre duas 
              estátuas de serpentes. O fogo mágico colocado em archotes também 
              iluminava o ambiente. Viram, ocultos, Storm combater os quatro guardas 
              yuan-tis. Mikhail resolveu que lançaria um encanto divino, porém 
              escolheu um que não denunciasse sua presença. Após alguns gestos 
              e palavras, todo o som que era produzido no local da luta cessou. 
              Assim garantiu o clérigo que o ruído da batalha não levasse outros 
              inimigos aquela câmara.
 
 Storm 
              mostrava toda sua maestria com a espada bastada. Não era a toa que 
              muitos a colocavam entre as maiores heroínas de Faerûn. A Harpista 
              foi derrotando seus adversários com golpes rápidos e precisos. É 
              claro que, mesmo para ela, os yuan-tis eram oponentes capazes e, 
              por algumas vezes, os golpes das alabardas penetraram nas suas defesas, 
              fazendo-lhe pequenos arranhões em sua armadura. Mas antes que sofresse 
              qualquer dano grave, os quatro inimigos caíram mortos. A mulher 
              então guardou sua espada e os seus amigos, que a assistiam apreensivos, 
              foram juntar-se a ela.
 
 "Agora 
              vamos adentrar este portão! Acabaremos com este Vandenspujo", disse 
              Galtan.
 "Esperem!", 
              interrompeu Nalab. "Antes, deixem-me mostrar-lhes a saída da câmara, 
              conforme prometi."
 
 O 
              sacerdote guiou mais uma vez os aventureiros e juntos contornaram 
              o templo até um dos túneis que haviam na parede da câmara.
 
 "É 
              aqui. Este túnel levará vocês ao deserto além da montanha. Cumpri 
              minha parte no trato. Espero que cumpram a sua e tragam a jóia de 
              Vandenspujo para mim."
 "Como 
              vamos ter certeza que esta é mesmo a saída?"
 "Não 
              teremos, Mikhail", disse Kariel. "De qualquer forma temos que derrotar 
              este Vandenspujo para salvar a vida das três jovens. Teremos que 
              confiar neste homem e esperar que não seja um traidor."
 "Fiquem 
              aqui", pediu Magnus aos aldeões do deserto. "Vocês ficarão mais 
              seguros. Se não retornarmos em breve, sigam o túnel."
 "O 
              que estamos esperando? Vamos salvar as mulheres, antes que seja 
              tarde.", bradou Brian.
 
 Os 
              heróis então correram em direção a entrada do templo. O portão principal 
              estava aberto e Magnus o empurrou. Revelou-se um pequeno corredor 
              e, logo após, um outro portão.
 
 "É 
              aqui.", informou Nalab.
 "Preparem-se. 
              Lembrem-se... eu e Kariel atacaremos Vandenspujo e os demais tentarão 
              deter os yuan-tis.", Storm recordou o plano.
 
 Galtan 
              então empurrou os grandes portões de madeira, que abriram ruidosamente, 
              interrompendo o ritual em honra a Sseth. Vandenspujo, um yuan-ti 
              de escamas amareladas e que estava trajado de vestes sacerdotais, 
              prostrava-se frente a uma grande estátua de serpente, cuja bocarra 
              aberta projetava-se sobre ele em direção de uma piscina construída 
              no centro da sala. Dentro dela, amarradas a um poste de madeira, 
              estavam as três mulheres seqüestradas, cobertas de água até o pescoço. 
              Haviam no lado esquerdo e no direito do aposento fileiras de homens-serpentes. 
              Eram, no total, dez yuan-tis armados. Parte deles retiraram arcos 
              das costas e prepararam setas. Outros sacaram espadas e foram em 
              direção dos invasores assim que os viram. Estava armado o cenário, 
              desta que seria uma das batalhas mais dramáticas da Comitiva.
 
 Vandenspujo 
              levantou-se e olhou para os estranhos que profanaram seu local sagrado. 
              Com sua voz sibilante, o sacerdote então pôs-se a conjurar um feitiço 
              e uma bola de fogo surgiu e partiu de suas mãos para explodir no 
              meio dos heróis, causando-lhes os primeiros ferimentos. Setas disparadas 
              pelos soldados serpentes também se precipitaram. Brian foi o mais 
              atingindo neste ataque, tendo um projétil perfurado seu ombro. Storm 
              executou um encanto e como se entrasse em uma porta invisível, desapareceu, 
              para surgir em seguida próximo ao sacerdote e aplicar-lhe dois golpes, 
              sem que o adversário, porém, sentisse algum efeito. Os yuan-tis 
              guerreiros já haviam se aproximado o suficiente para um combate 
              corpo a corpo. Mesmo Kariel, que tencionava unir-se a Storm no combate 
              a Vandenspujo, foi cercado e teve que lutar com os soldados. Dos 
              que entraram na sala, apenas Nalab não combatia. Sentado calmamente 
              no chão, próximo ao portão. Esperava calmamente o desfecho da batalha.
 
 A 
              distribuição do combate era desigual: Kariel lutava contra três 
              yuan-tis, Magnus, Galtan e Mikhail contra dois cada. Brian era o 
              único que combatia em igualdade, mas como estava bastante ferido 
              devido aos primeiros ataques, era um dos que mais sofriam para se 
              manter na batalha. Kariel estava protegido por um encanto, mas frágil 
              era sua vantagem. Tal era a quantidade de golpes que recebia, que 
              em breve o Escolhido de Mystra estaria tão vulnerável quanto qualquer 
              outro naquela carnificina. Antes que o sortilégio se esgotasse, 
              o arcano aproveitou e conjurou um feitiço que fez com que um jato 
              de fogo partisse de suas mãos e atingisse dois de seus oponentes. 
              O calor da chamas fez chiar os reptéis, mas as injúrias eram insuficientes 
              para retirá-los de combate. Os outros viravam-se de maneira mais 
              comum: com o fio de suas lâminas e com o peso do martelo de guerra. 
              As coisas, porém não corriam bem. Os monstros eram rápidos e faziam 
              sangue espirrar a cada ataque acertado na carne dos heróis. Mikhail 
              sentiu os ferimentos. Os golpes dos yuan-tis o aproximava cada vez 
              mais da morte. Conseguiu abater um deles e recitar uma oração a 
              sua deusa, concedendo-lhe vitalidade adicional, mas tal ajuda não 
              tardaria muito a tornar-se nula. Tentava resistir o quanto podia. 
              Galtan também sofria. A sua habilidade de cavaleiro de Águas Profundas 
              temperada em muitas batalhas, jamais tinha provado de lâminas tão 
              velozes. Bloqueava com sua espada longa um golpe e eis que recebia 
              outro pelos flancos. Já sentia um frio percorrer seu corpo e seus 
              reflexos diminuírem. Seu superior, o comandante Brian, seguia contra 
              seu oponente e praticamente limitava-se a defender os golpes que 
              lhe eram endereçados. Sorte de Tymora, pois o homem não duraria 
              muito sem estes recursos. Magnus, dentre todos os combatentes, era 
              o que mais tinha êxito. Havia sido menos castigado e conseguira 
              acertar um golpe certeiro, rasgando o couro de um dos seus inimigos, 
              expondo-lhe as vísceras e fazendo-o tombar.
 
 Kariel, 
              estava bastante ferido, mas lançava mão de seus artifícios. Havia 
              conjurado alguns de seus projéteis arcanos e agora usava o recurso 
              que desejaria não utilizar: o perigoso feitiço de relâmpago. O raio 
              partiu das mãos do elfo, dividiu-se e acertou dois oponentes. A 
              rama elétrica após atingir os corpos dos yuan-tis chocou-se contra 
              as paredes de pedra do templo e refletiu, voltando pelo mesmo caminho. 
              Novamente encontrou os yuan-tis, que receberam outra poderosa descarga 
              elétrica, que vitimou um deles. Kariel foi também atingido, mas 
              uma graça da Deusa da Magia o protegia contra aquele encanto. Mikhail, 
              apesar de ainda estar em combate, conseguiu aproximar-se de Brian. 
              O homem já estava para cair, quando sentiu a mão do clérigo tocar 
              seu ombro, canalizando uma benção curativa. Enquanto isto, Galtan 
              derrubava um inimigo e Magnus o seu segundo. O paladino de Helm, 
              livre dos adversários correu para ajudar Brian.
 
 Como 
              se não bastasse a situação em que se encontravam os aventureiros 
              um chiado ouviu-se dentro da grande estátua de cobra. Logo após 
              uma enorme serpente saiu da bocarra da imagem e caiu dentro da piscina. 
              O réptil queria seu sacrifício. As pobres moças, amarradas e indefesas 
              gritavam e clamavam o nome de sua deusa. Storm largou o combate 
              místico com Vandenspujo e pulou também na água, na esperança de 
              matar aquela que deveria ser a Grande Naga, antes que esta apagasse 
              a chama da vida daquelas moças. O vilão, livre do combate com a 
              guerreira, não tardou a lançar de suas artes malignas novamente 
              contra os heróis. Conjurou um feitiço e fez Kariel e Magnus ficarem 
              imóveis, feito estátuas. Logo após, lançou outro sortilégio mais 
              mortal e próximo ao mago da comitiva ergueu-se uma coluna de chamas, 
              engolfando o elfo. Desaparecendo o fogo, restou Kariel caído ao 
              chão, bem próximo da morte.
 
 Storm 
              lutava contra a enorme serpente dentro da piscina. A água se agitava 
              e a guerreira, esquivava-se do corpo do réptil, ávido por envolvê-la 
              em um abraço mortal, ao mesmo tempo que tentava golpeá-lo. As mulheres 
              desesperadas, já não gritavam. Apenas choravam e aguardavam seu 
              fim. Afinal que chance teria uma mulher contra um monstro daqueles? 
              Mas Storm era mais do que pensavam. Conseguiu uma posição de vantagem 
              e, com toda a sua força empregada em uma golpe mortal de sua espada 
              bastarda, decepou a cabeça do animal medonho. Não houve tempo para 
              comemorações. Saltou da água e foi em direção de Vandenspujo. Lançou-lhe 
              uma magia que dissipou as proteções mágicas que o yuan-ti havia 
              conjurado e então fez sua espada bailar. O sacerdote de Sseth, sentindo 
              suas vestes e seu couro escamoso se rasgarem, já poderia prever 
              que em breve se encontraria com o seu deus.
 
 Mikhail, 
              com seu martelo, enviou o yuan-ti contra o qual combatia para o 
              além vida, e correu em direção ao moribundo Kariel. O elfo acumulava 
              tantas queimaduras que nem mesmo sua capacidade de regeneração, 
              outro presente de Mystra, seria rápida o suficiente para impedi-lo 
              de morrer. Então Mikhail realizou outra oração e impôs suas mãos 
              sobre o amigo. Algumas feridas se fecharam e ele, ainda bastante 
              machucado, recobrou a consciência. Porém o que viu, assim que novamente 
              abriu seus olhos, foi Brian e Galtan caírem, vítimas dos intensos 
              golpes. O arcano executou, ainda no chão, um feitiço e fez surgir 
              entre os inimigos e os colegas caídos uma muralha de fogo. Ergueu-se 
              e junto com Mikhail, lutavam contra dois yuan-tis mais próximos. 
              Porém o clérigo, que havia salvado tantos, também tombou. Naquele 
              momento somente haviam de pé Kariel, ainda muito ferido, e Magnus, 
              paralisado pelo encanto de Vandenspujo . E eram ainda quatro os 
              yuan-tis. Kariel, mesmo temendo efeitos indesejáveis, novamente 
              teve de lançar seu encanto de relâmpago. Matou dois, mas haviam 
              mais outros dois. Dificilmente resistiria, mas sabia que havia feito 
              o possível e iria lutar até o fim. Por sorte sua, viu Storm vir 
              em seu auxílio. Olhou para o final do salão e pôde enxergar o corpo 
              de Vandenspujo. A guerreira e o elfo, juntos, acabaram então pode 
              derrotar os últimos oponentes.
 
 Vencida 
              a batalha, foram verificar os feridos. Brian, Galtan e Mikhail perdiam 
              sangue e em breve estariam mortos. Porém, neste instante, o encanto 
              que prendia Magnus perdeu o efeito e o paladino usou seus poderes 
              divinos de cura para fechar as feridas de seus amigos. Assim, Brian, 
              Galtan e Mikhail, mesmo que gravemente debilitados, novamente levantaram.
 
 "Fizeram 
              um bom trabalho!" A voz era de Nalab. O pérfido seguidor de Sseth 
              já estava ao lado do cadáver de Vandenspujo e segurava uma jóia 
              vermelha em uma das mãos.
 "Não 
              deixarei que saia com nenhum prêmio, maldito!", bradou Galtan, que 
              ameaçou correr para atacar seu desafeto, mas foi segurado por Mikhail 
              e Kariel.
 "Não 
              vale a pena, Galtan! Ele irá matá-lo.", disse o clérigo de Mystra.
 "Estamos 
              muito fracos. E se morrermos aqui, não conseguiremos completar a 
              missão que nos foi confiada.", complementou Kariel.
 "Escute 
              seus amigos, dromedário.", provocou Nalab. "Podem levar as jovens 
              e considerem o acordo cumprido."
 
 O 
              sangue de Galtan ainda fervia, mas as palavras de seus amigos faziam 
              sentido e ele se resignou. Libertaram as jovens, saíram do templo 
              e encontraram os outros aldeões, que haviam sido deixados na entrada 
              do corredor indicado por Nalab. Percorreram o túnel apertado e quando 
              a demora do percurso começou a fazê-los temer por uma traição, viram 
              a luz branca dos raios de sol e uma abertura a frente. Enfim tinham 
              encontrado a saída.
 
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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