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 Érix 
 Descrita por Marcelo Piropo  
 Personagens 
              da aventura:
 Os 
              anões: Feldim Braço Forte; Fortum Barba Grande; Kragum Mata 
              Orc; Windolfin Braço de Clanggedin Barba de Prata; Dumairin Polegar 
              Sujo. Os humanos: Ajax filho de Felonte, Herói de Arabel; 
              Kantras de Shadowdale; Adom de Mystra ; A Bruxa Coral; Diana de 
              Tymora; Frogsong; Kelta Westingale; Adsartha; Iorek de Moradin, 
              Defensor de Aglarond; Magnus de Helm; Cyric, O Príncipe das Mentiras. 
              Os elfos: Arthos Darkfire; Fergal Hall; Kariel Elkendor; 
              Elder Villayette "Moonblade" Elkendor; Halaur de Evereska; Parliin 
              de Evereska; Siali de Evereska; Il'har de Evereska; Torcond de Evereska. 
 Érix
 
  Comitiva 
              da Fé partiu em viagem pelos obscuros caminhos dos Reinos.  No 
              início, em busca do construtor duma espada encantada, depois, caçando 
              um antigo artefato.  Agora, a Comitiva, após destruir o filho 
              de Bane, X'vim, conseguiu a Orbe do mago Ogor, objeto divino capaz 
              de mudar o destino de toda Tiro.
 Bane surge no caminho da Comitiva 
                     Adsartha 
              roga à Deusa:       "Ó, Grande 
              Mãe, cura a fadiga de Elder, as queimaduras de Feargal e as dores 
              de Iorek".  E de pronto a grande mãe baixou à terra em essência, 
              não sem antes pedir permissão a Kelemvor, e fez o que lhe era pedido. 
               Adsartha envolveu-se em grande energia.  Kantras amou 
              sua mulher neste momento e também teve temor.  O dorso de Feargal, 
              magoado, refez-se por encanto.  O vigor retornou aos membros 
              flácidos de Elder Villayette.  Iorek sorriu um riso largo, 
              todo contente.        Ainda sorri, 
              a Orbe à guisa de gravidez enfiada dentro da camisa, quando recebe 
              uma reprimenda de Kantras.       "Iorek de 
              Moradin, defensor de Aglarond, retira a magnífica Orbe da barriga. 
               Respeitemos o objeto divinizador".  O ranger, cheio de 
              galhofa, saí-se assim:"A seriedade é para os combates. 
              E, até nestes, há momentos de descontração.  Acabo de derrotar 
              Xvim, filho do Hades, devo poder comemorar."
       Kantras não 
              concordou.  Entretanto não fez polêmica.  Respeitava o 
              ranger mais experiente... Se bem que o respeito arrefecesse com 
              o passar dos dias.  Passou a achar esta Comitiva um agrupamento 
              de gabões.  Excetuavam poucos.       Iorek, a 
              barriga contraindo-se das gargalhadas, disse:       "Elfo Halaur 
              de Evereska, desejo reunir a Comitiva para decidirmos nosso futuro. 
               Tomaria conta da 'coisa'."  E apontou para o contrariado 
              Cyric.       Cyric matutava. 
               Planejava, mas nada, nadinha se concretizava em sua mente, 
              nenhum estratagema infalível para subtrair a Orbe mágica.  Este 
              Iorek era mesmo um velhaco, simulando patuscada, mantinha a Orbe 
              entre seus enormes braços de urso.  Viu o elfo Halaur se aproximar 
              e o restante da enorme Comitiva afastar-se.  Certamente haveria 
              reunião.
 Kelta, sempre acompanhado pela 
              sua esposa, chegou-se a Feargal enquanto caminhavam. Iam reunir-se 
              distante dos ouvidos de 'a coisa'.
       "Feargal... 
              Entende... Quero o anel mágico de volta."Respondeu Feargal:
 "Compreendo e agradeço.  Não 
              fosse seu auxílio, eu estaria em audiência com Kelemvor no reino 
              da morte."
       Sentou-se 
              a Comitiva nas úmidas pedras do charco.  Participaram da conversa: 
              Kelta, Coral, Ájax, Adon, Diana, Arthos, Villa, Kantras, Iorek e 
              o dileto de Mystra, Kariel.  Os demais ou foram despistados 
              (o tema do colóquio não os iria agradar) ou por motivos variados 
              não sentaram-se no círculo.  Foi o ranger que iniciou.
 "O elfo, Arthos 'Sem Noção' 
              Fogo Negro, disse-me desejar ofertar a Orbe para sua amada Diana. 
               Argumenta ele que..."
 Kantras interrompeu e disse 
              como um rei."Se o tema gira em torno do encantado artefato, a sacerdotisa 
              deve participar" e retirou-se.  Caminhou até Adsartha.  Ela 
              orava num sítio tranqüilo, os joelhos dentro duma poça, as mãos 
              acariciando a água, os olhos cerrados.
       "Ó, sábia 
              sacerdotisa, perdoe perturbá-la, mas a Comitiva precisa do seu saber."Adsartha pousou suas mãos molhadas 
              na face de Kantras. Disse:
 "Amado esposo..." sorriu contrariada, 
              não por haver sido interrompida, mas pelos, por ela considerados, 
              exagerados elogios.  Afagou-lhe, entretanto, a nuca enquanto 
              caminhavam. Amava-o.
 
 Fora uma discussão belicosa. 
               Ainda mais estando o bravo Ájax vestido com as fulgentes armas, 
              presentes de Tymora.  Eram uma lança, um gládio, um grande 
              escudo, uma bela armadura e no elmo uma crina encarnada.  O 
              tema girou em torno da possível deificação de Diana.  Passado 
              um tempo de ameaças e acusações, com pausas breves para idéias procedentes, 
              Diana achou melhor negar a dádiva que lhe davam.
 
 "Então, se eu ficar com a Orbe 
              e tornar-me Deusa perderei meu Arthos?"
 A esta quase súplica acudiu 
              Adon, amado de Mystra.
 "O Éter não é para os feitos 
              de carne. É para os Deuses e os espectros."
 "Assim", disse Diana, "nego 
              esta Orbe, que será um presente maldito se me separar do meu Arthos."
 
 Estavam todos exasperados de 
              tão demorada peleja verbal quando o dileto de Mystra, Kariel, erguendo-se, 
              falou:
       "O nosso 
              problema é o medo de que a Orbe do mago Ogor caia nas mãos virulentas 
              do mal.  Digo, então, que a Orbe deverá seguir nas mãos de 
              alguém apto para usá-la no momento (se este chegar) em que os nossos 
              inimigos nos tenham retirado todas as esperanças.  Caso contrário, 
              alcançar a Escada Celestial será nossa meta.  Ademais, é contra 
              a crença de Elder e de Magnus que a Orbe seja usada por um de nós; 
              para ambos isto significa blasfêmia.  O mesmo pensamento têm 
              os bravos anões, versados nos combates.  Você, Ájax, dileto 
              de Tymora, é o mais indicado para portar a chave.  E você, 
              Adon, amado de Mystra, o mais apto para guardar a Orbe sem ceder 
              as tentações ou jazer pleno de maquinações.  Repetirei, e espero 
              não o fazer em vão: morreremos todos se for preciso, lutaremos para 
              chegar a escada, faremos o possível para não cometer a blasfêmia 
              de anelar-se com os Eternos."       Calou-se. 
               A reunião havia acabado.  No céu, Selune estava quase 
              cheia.
 A Comitiva dispersou.  Fora 
              preparar os cavalos para uma nova cavalgada.  Iriam rumo ao 
              oeste, para a cidade de Águas Profundas, sítio da escada que leva 
              para a casa do Deus Pater.  Iorek esperou todos se afastarem 
              do dileto de Mystra, Kariel.  Aproximou-se.
       "Kariel, 
              Escolhido, deve saber o motivo que me levou a apoiar a idéia de 
              Arthos..." E contou o segredo de Diana: a bela humana na verdade 
              era uma dragoa, e estava magicamente transformada.  Contou 
              em voz baixa para não andarem dizendo-o fofoqueiro; antes, pelo 
              mesmo motivo, pediu a devida permissão à Diana-Dragão (não seja 
              este "Dragão" adjetivo depreciativo).  Kariel, como bom escolhido, 
              não esboçou cara de espanto, ou gargalhou qual um bufão.  Limitou-se 
              a inclinar, sutil, a cabeça.       Inesperadamente 
              nova reunião aconteceu.  Eis o poder das palavras.  Foi 
              o elfo Feargal dizer:       "Temos a 
              Orbe, correto? Vamos para a Escada Celestial.  Então, alguém 
              de mais tino do que eu me responda, para quê Mirkuls serve-nos Cyric?" 
              Disse e os partidários da execução pegaram-se com os da absolvição.Lembrava Elder:
 "Ele salvou minha vida!"
 Lembrava Kelta a Elder:
 "Por conveniência. Por pura 
              conveniência, meu caro".
 Falaram muito, disseram que 
              matavam, que aconteciam, nada, no final a coisa (não "a coisa") 
              ficou na mesma.  Antes Feargal tivesse ficado calado.  Eis 
              a inutilidade das palavras: por mais que se peça para não fazer, 
              acaba-se fazendo.  Feargal pediu para matar, ele não matou, 
              nem ninguém.
       "Cyric pode 
              sentir Bane."  Acrescentou Elder Villayette, só faltou dizer 
              coitadinho.  Ponto final.  Os enfadados aventureiros montaram 
              em seus cavalos de Evereska.Lá foi a Comitiva sem mais delongas, 
              cavalgando na noite molhada.  Amanheceram cortando uma planície 
              rochosa, habitada por gêiseres.  Paisagem craterosa, difícil 
              de seguir montando.
       Dobravam 
              uma grande rocha quando um inesperado trono tétrico se lhes apresentou. 
               Nele sentado vinha o Pai dos Demônios e Senhor da Destruição, 
              o Grande Bane de tez rubra, rutilante, refletia os surpreendidos 
              aventureiros.  Ao seu lado repousava uma espada; "ameaça" foi 
              o nome que lhe deu Kelta, e tentou fugir, sair dali, salvar sua 
              amada Coral...       "Curvem-se 
              diante de um Deus, mortais."  Fez a voz boa para gelar espinhas."Curvo-me, não por ter fé em 
              você, mas por respeitar todos os Deuses Eternos e Imortais." Pronunciou 
              Ájax.  Se bem não tenha se curvado.  Desceu sim do cavalo 
              e vez uma discreta vênia.
 "Tuas palavras, bem colocadas, 
              dão-me esperança quanto a humanidade."
 "O respeito e a honra correm 
              nas veias de Ájax, filho de Felonte."
       De todos 
              da Comitiva, apenas os anões não temiam, fiavam-se em Moradin Feito 
              de Mythril e na sua certa intervenção caso o Deus da Destruição 
              anelasse lançar fúria contra eles.  Depois, Fortum, o Pai, 
              trazia consigo o Martelo do Trovão.  Postavam-se embebidos 
              em orgulho os anões.  Mãos nos grossos cintos, olhos ardendo 
              na direção do inimigo.  Os elfos de Evereska temeram o Demônio 
              Maior, mas não demonstraram.  Dos humanos, Iorek era quem menos 
              temia.  Também em seu peito ardia o aço de Moradin.  Kantras 
              desceu do cavalo e cumprimentou a Divindade.  Mas Bane não 
              lhe deu atenção.       "Também o 
              sangue da Diva Tymora corre em tuas veias mortais, Ájax.""Se diz, Pai do Mal, então não 
              foi sonho, e à Mater Tymora dedicarei valorosas hecatombes."
       Em seguida, 
              dirigindo-se a todos, disse o Pai do Hades.       "Mortais, 
              entreguem-me a Orbe feita pelo mago Ogor e pelo ajuntador de tempestades, 
              Pater Ao.  Não percam tempo com digressões, não se esqueçam 
              que sou Bane, Deus Rei do Inferno.  Entregem-me a Orbe, não 
              me façam levantar..."       Iorek disse 
              piadas irrelatáveis.  Inenarráveis foram também as de Arthos. 
               Neste momento Kantras teve desgosto profundo pela Comitiva 
              e viu a imagem que tinha do Defensor de Aglarond, Iorek, desfazer-se. 
                   "Não!" Fez 
              Elder. "Nós levaremos a Orbe para a Escada Celestial.  Morreremos 
              se for preciso!" E segurou no cabo de sua Lâmina Lunar."Sua tolice me comove.  Entregar 
              a Orbe ao Pater Ao, ajuntador de tempestades? Pousar o artefato 
              na mão do guardador da escada? Para quê? Não pensem que sou vosso 
              inimigo, vós sois sobremodo ínfimos para importunar-me.  Quem 
              não vos queria foi Ele.  Eu não posso prosternar o Pai Ao como 
              vos fizeram crer.  É inocência dos mortais achar que um artefato 
              feito por mãos de carne pode derrotar o ajuntador de tempestades, 
              Ao.  Ele nunca os quis, humanos.  Isto tanto é verdade 
              que vós, humanos, não têm um Deus maior.  Aí está o verdadeiro 
              papel da Orbe, elevar a divindade que moldará a espécie humana, 
              assim como Moradin aos anões e Corellon aos elfos... Serei o patrono 
              dos humanos, Rei da humanidade."
       O dileto 
              de Mystra, Kariel, tomou a frente.  Disse com voz de quem está 
              pronto para uma batalha.       "Não! Não, 
              por todos os Deuses eternos!"Bane franziu os sobrolhos.
 "Dê-me a Orbe ou trarei de Hades 
              meus Balors, todos meus filhos.  Não da estirpe de Xvim, nem 
              deste Eltab, que só era bom para ser pária de magos humanos.  Trarei 
              Balors." Esteve prestes a empertigar-se.  Kariel correu a mão 
              pelo cabo da espada... Bane soergueu-se e voltou a sentar.  A 
              tensão diminuiu.  Continuou Bane "Farei melhor, pois intento 
              disseminar fúria.  Os Fados colocam tudo no mesmo lugar.  Rumem 
              para sudoeste.  Serão três sóis de jornada.  Quando chegarem 
              ao monte que chamam Monte do Destino, subam-no.  Libertem Érix. 
               Ele vos dirá verdades que farão a Comitiva rogar por meu nome. 
               Agora vão, e se tomarem outro caminho eu vos esmago."
       "A mim não 
              esmaga, minha Diva mãe não deixa."  disse Ájax."Veremos."  Fez Bane contendo 
              um sorriso.
 "Quem é este Érix, Ó Horrenda 
              Bestial?"
 "Não é outro," respondeu Bane, 
              "do que aquele que desobedeceu ao Pai."
       A Comitiva 
              correu para longe da Besta Escarlate Cara de Djim.  E durante 
              a corrida, penosa para os cavalos que escorregavam nas pedras molhadas, 
              o medo de que se tratasse de um jogo funesto de Bane habitou o íntimo 
              de todos.  O pavor de que a qualquer momento o Deus Maior do 
              Mal surgisse tomado de insana fúria matando e esquartejando.       O sol chegou 
              à metade da sua quotidiana jornada.  Os cavalos, os elfos, 
              os anões e os humanos estavam exaustos.  Não é escusado fazer 
              notar serem, o elfo Kariel e o deiforme Ájax, exceções.  Cessaram 
              a marcha para preparar acampamento.  Foi neste ponto que Iorek 
              mais uma vez incitou a morte do esquivo Cyric.  Este, mais 
              escorregadio do que nunca, após pilheriar contra a Comitiva, deitou-se 
              à sombra de Iorek que o vigiava abertamente.       "Grande Comitiva, 
              pelos Deuses abençoada.  Que Tymora vos esmague.  Agora 
              seremos párias de Bane, seguiremos os seus desmandos, as suas demandas. 
               Quanta vergonha. "Estas palavras falou Feargal Rall, elfo 
              selvagem na raça e nas ações.  Grande discórdia correu a Comitiva, 
              uns concordando com as palavras vituperiosas do elfo, outros discordando. 
               Destarte tornou-se evidente a fragmentação no seio da Comitiva. 
               Já neste tempo formavam os anões um grupo a parte, perdida 
              estava a comunhão de dias passados; os elfos de Evereska, que nunca 
              se haviam misturado, distanciaram-se.  O cerne da própria Comitiva 
              seguia desfigurado; aceitava-se como líder o jovem Kantras, marido 
              de Adsartha, príncipe do Vale das Sombras, para as atitudes sensatas, 
              Ájax, para as atitudes guerreiras, e Kariel, para os temas inumanos. 
               Kelta fez-se em ilha onde habitava Coral; tremendo desgosto 
              trazia, causado pelas atitudes pouco respeitosas da Comitiva; não 
              aceitava lideranças, mas concordava com todas as palavras de sabedoria. Cyric se livra       No anoitecer 
              do dia seguinte Iorek e Feargal tomaram tento e foram dar cabo da 
              vida de um outrora Deus das Mentiras. Excitou-lhes Ájax com estas 
              palavras guerreiras.       "Deita-se 
              um pachorrento à minha sombra e eu lhe comeria o fígado."O elfo Feargal, selvagem na 
              raça e nas atitudes, chegou-se a Cyric dizendo.
 "Tua hora chegou!"
       Mas ninguém 
              foi Deus à toa; e já dizia o antigo adágio, quem foi Deus nunca 
              perde a Divindade.  Escorregou Cyric, deixando um pé-de-cabra 
              nas partes pudendas de Feargal.  O elfo tombou praguejando. 
               Iorek de Moradin, hábil entre os arqueiros, atirou uma de 
              suas setas contra "a coisa".  Cyric, acrobata, desviou-se executando 
              piruetas.  Caiu sobre o cavalo e partiu.  Iorek, chamando 
              a sua montaria, lançou mais uma flecha.  O Príncipe das Mentiras 
              abaixou-se, quase deitando-se no dorso do cavalo.  Partiram 
              Magnus de Helm, Iorek de Moradin, e Arthos Fogo Negro.  Debalde. 
               Encontraram o cavalo de Cyric, mas d' "a coisa" não tiveram 
              notícia.Palavras de Kelta quando soube 
              da fuga do príncipe funesto.
       "Até que 
              ele seja preso ou morto, eu não dormirei em paz."       Pela manhã, 
              diante da aurora, os elfos de Evereska reverenciaram a Corellon, 
              Deus Pater Elforum.  Estavam na época dos festejos do Grande 
              Pai Élfico, e nada, nem estes dias perturbados, os impediriam de 
              render homenagens e hecatombes.  Kantras uniu-se ao canto de 
              Corellon, Ájax, temente aos Deuses todos, fez o mesmo.  Toda 
              a Comitiva deveria ter agido de modo semelhante, mas começa-se a 
              notar que esta é "da Fé" mais no nome do que nas atitudes.  Feargal, 
              além de não curvar-se diante do Deus Élfico, fez balbúrdia enquanto 
              os demais elfos o faziam. Kantras irritou-se com Feargal. 
               Disse:
       "Cuidado 
              com suas palavras. Não ofenda aqueles que têm fé.""Bha! Garoto! Vá crescer!" Respondeu-lhe 
              o elfo.
 "Desafio-lhe, agora, para um 
              combate de honra". Fez-se ouvir Kantras.
 "Que quer, garoto, puerzinho, 
              morrer? Não pode comigo." Desdenhou, Feargal.
 "Eu posso com você e defenderia 
              com muito gosto a honra do jovem príncipe."  Isto disse Ájax. 
               Feargal viu o exagero de seus atos.  Afastou-se.
 Desafio ignorado       No dia seguinte, 
              a Comitiva (que seguia viagem para o Monte do Destino) recebeu a 
              visita de um pretendente a Orbe do mago Ogor.  Vinha vestido 
              para as escaramuças, armadura completa, toda de metal negro, pesado 
              elmo escondia-lhe a face.  Vinha só, como se a confiança em 
              suas próprias armas fosse o suficiente.  Ergueu dois lábaros 
              antes da aproximação derradeira: o primeiro, uma bandeira branca; 
              o segundo, a efígie de Bhaal, Senhor da Carnagem. Pronunciou:       "Ó, Comitiva, 
              indo por caminhos ermos não conhecem o deiforme Tityrus Severus, 
              que canta aos Deuses Eternos e pretende tornar-se um deles."  Fez 
              uma breve pausa.  Continuou.  "Não há justiça em que todos 
              lutem contra mim.  Sou mortal.  Escolham dentre vós um 
              campeão e eu o farei fechar os olhos para todo sempre.  A Orbe 
              será decidida neste combate, de modo que não haja carnificina desnecessária. 
               Se recusarem, retornarei com meu exército.  Mas antes 
              de decidirem, saibam que sou filho de Bhaal, Senhor do Assassinato."       A Comitiva 
              voltou-se para Feargal.  Este fez-se de surdo.  Ainda 
              estava magoado, só não se sabe com quem, pois fora ele o ofensor. 
               Ájax, recente entre a Comitiva, e sabendo haverem grandes 
              guerreiros nesta, aguardou.  Quem não o fez foi Tityrus; não 
              escutando resposta, foi-se.       "Será que 
              fizemos certo?" Argüiu Adon.Respondeu Kelta.
 "Acabamos de somar mais um inimigo 
              a nossa lista".
 Érix, o Pai dos Humanos       O Monte do 
              Destino revelou-se um vulcão encantado, de cuja erupção era contida 
              pelas mãos dos Deuses.  A subida não era difícil, mas desaconselhada 
              para os cavalos.  Feargal subia, magoado, sendo seguido pelos 
              outros, inclusive Frogsong, a jovem que em tudo concordava com o 
              elfo, menos em deitar-se com ele, ato que só faria depois de abençoada 
              pelos Deuses.  Fora uma escalada rápida até a boca da cratera. 
               Lá o calor e cheiro do enxofre, bafo dos diabinhos residentes 
              no profundo inferno, impregnava as vestes e as narinas.  Kelta, 
              cauteloso, chegou-se a beirada e olhou para baixo.  Viu um 
              lago de lava perturbado.  Eram bolhas e rodamoinhos, arrotos 
              e flatos... Kelta retirou a face, cancelando a visão, o vento qual 
              fogo fez arder sua tez endurecida.  Neste ato, seus olhos toparam 
              com uma visão, algo que estava do outro lado da boca rochosa.  Na 
              parede interna da boca, a meio caminho entre a beirada e o magma, 
              via-se uma figura humanóide, presa por uma das mãos.
 Os elfos estreitaram sua visão 
              superior.  Descreveram a cena: um humano, disseram, sem panos 
              cobrindo o sexo; as vestes, se houveram, foram-se, consumidas pelo 
              terrível calor.  A barba é enorme e os cabelos negros, refletem 
              o rubro rio de fogo.  Tanta é a magreza que aparecem nítidas 
              as costelas sob a pele.  Embaixo dele, a lava vulcânica cozinhando-o 
              a anos.
       Os elfos, 
              todos, partem sacando suas armas, decididos a libertar o ser aprisionado. 
               Os anões não se mexeram.       "Consideramos 
              grande blasfêmia libertar um indivíduo castigado pelos Deuses.  Não 
              chegaremos até ele, nem ajudaremos."  Fez Fortum Barba Grande, 
              rei entre os anões.  Emendou Windowfim Braço de Clanggedin 
              Barba de Prata: "Nem minhas cordas, boas para as escaladas, serão 
              ferramentas de irrelatável profanação." assim afastaram-se os anões 
              do restante do grupo.       Fizeram a 
              volta na boca da cratera. Pararam sobre o ponto exato onde, no paredão, 
              Érix jazia acorrentado.       "Algo vai 
              errado.  Por que Bane nos mandaria libertar alguém? Deve haver 
              aí um ardil que nos escapa." Destarte falou Kelta.Com voz minguante, disse o dorido 
              Érix aprisionado.
 "Ó bela língua, a falada pelos 
              humanos temporais! Ó oclusivas suaves, pronunciadas por quem estava 
              destinado a mudez! Quanto tempo, quanto tempo não ouço vozes humanas"
 Arthos inclinou; colocou o rosto 
              na boca do vulcão e olhou para baixo, para o prisioneiro.
 "É Érix? Que fez para merecer 
              tão dura punição?"
 A voz fraca respondeu num sussurro:
 "Puni-me o Ajuntador de Tempestades 
              por ódio da minha criação... por ódio da minha ousadia..."
 "Qual fora seu pecado?" Instou 
              Arthos.
 "Tinha o homem boca e nada dizia, 
              e seus olhos não distinguiam as coisas do mundo... Dei à humanidade 
              as artes, tirei-lhe o pêlo de fera que lhe cobria a tez, fiz-lhe 
              caminhar ereto.  Ao Pater irou-se contra minha criação, e condenou-me 
              ao padecimento eterno.  Contudo, meu padecimento veio com o 
              conforto da predição.  Vi que um dia vós estarias aqui, ornados 
              com belas armas, para libertar-me..." As forças se foram.  Desligou-se 
              a mente do condenado.
       Enquanto 
              debatiam a liberdade do prisioneiro, e discorriam sobre a necessidade 
              de não se tomar partidos importantes de forma impensada, viram, 
              lá embaixo, juntar-se um pequeno exército.  Eram, sem dúvida, 
              seus inimigos.  Deram por perdidos os cavalos e Feargal, que 
              encontrava-se abaixo.       Disse o Dileto 
              de Mystra, Kariel.       "Tityrus 
              cumpriu a palavra dita.  Está de volta e nos sitia no alto 
              desta montanha.  Vem com ele uma força protegida dos Deuses. 
               Talvez também nos oprima Fzoul Patriarca."       Antes, Feargal, 
              sentindo a aproximação de cavaleiros, procurou sítio para ocultar 
              as montarias dos seus companheiros e, após deixar Frogsong com a 
              incumbência de proteger os animais, escalou até a boca da cratera 
              por um caminho estreito.Alegrou-se a Comitiva ao vê-lo 
              vivo.  A presença de inimigos aguardando aos pés da montanha 
              apressou a difícil decisão.  Ia Arthos preparando as cordas 
              quando se ouviu:
       "Acorda, 
              Arimera, de carne humana o cheiro eu sinto!" Era uma voz estridente 
              e vulgar, carregada de lascívia e vitupérios.  Veio do fundo 
              da cratera, dalgum ponto abaixo do Érix agonizante.       Outra voz 
              semelhante fez-se presente:       "Palomera, 
              chama Asrimera, que Teolomera nem quer acordar.  Acorda Teolomera, 
              que sinto cheiro de humano.""Ainda mais esta." Praguejou 
              Feargal.
 Kantras voltou-se para os presentes.
 "Então, devemos ou não libertar 
              este que se diz Pater Hominum?"
 "Se estamos aqui, libertemos, 
              mas antes pediria para Diana e Coral irem ter com os anões. Estas 
              vozes me parecem ameaçadoras."  Estas palavras falou Kelta. 
               As mulheres obedeceram.
       Ainda havia 
              fragmentos de discussão, quando lá embaixo algo inesperado ocorreu. 
               Inesperado podia até ser, mas era também a mais lógica.  Uma 
              aliança entre dois exércitos (o de Fzoul e o de Tityrus) que anelavam 
              a mesma coisa, um objeto único, que só poderia ser usado por um 
              dos lados.  Ninguém sabe dizer ao certo como começou.  Talvez 
              seja o que menos importa.  Entretanto crê-se que tudo iniciou 
              com uma disputa de grandeza.  Disse deste modo Tityrus, embora 
              não se possa assegurar.       "Meu ardor, 
              sendo maior que o teu, Fzoul de Bane, coloca-te abaixo de mim, no 
              comando e na fibra.  Vai-te acostumando a seguir os rastros 
              dos meus pés e a compreender os sinais das minhas mãos."A estas palavras replicou Fzoul.
 "Se falas sério, é certo que 
              Talos de ti arrebatou o juízo.  Não se diga maior do que tu 
              és na realidade.  O valor repousa nos humildes, naqueles refulgentes 
              que conseguem ocultar, da vista dos tolos, sua magnífica rútila."
 Gargalhou Tityrus.
 "Não me repreendas que tu não 
              o podes.  Não se oculta a águia que alça alto vôo, mostra-se, 
              mesmo assim o resultado é que a lebre, ocultando-se entre os ramos 
              da erva, cairá ensangüentada.  Meu ardor vem de origem Divina, 
              tu, de mortal herança, não me podes fazer frente; aceita teu destino 
              e te ofertarei esplêndidos sobejos."
 "De agora em diante Tityrus, 
              descendente de Bhaal, não há mais esperança para ti. Tuas palavras 
              enfadaram o Dileto de Bane Troco momentaneamente de inimigos.  Arma-te, 
              cão imundo, pois teu sangue tem os minutos contados."
       Assim formou-se 
              a carnagem.  E as tropas que vinham misturadas, pouparam o 
              difícil momento de transpor as lanças defensivas.  Tytirus 
              esquivou-se por entre os seus homens.  Fzoul prostrou o homem 
              de nome Vergitor.  Veio Vergitor montado, espada erguida, contra 
              o Dileto de Bane.  Fzoul vibrou a maça na cabeça do adversário, 
              rancando-lhe metade do crânio; os olhos saltaram das órbitas, os 
              miolos escorreram por toda a face do infeliz, que fez a viagem para 
              Hades.  Depois Fzoul animou seus homens com estas palavras:       "Fibra, Luanos, 
              lutem, não por suas vidas, mas por suas almas, pois se nosso inimigo 
              prevalecer, só conhecerão dores e sujidades infernais."       Depois lançou-se, 
              qual onda bravia contra condenadas embarcações, no meio da refrega. 
               Em pouco tempo, estava com a face coberta de miolos.  Note-se 
              não ser ele um guerreiro insigne, mas o temor da sua presença e 
              as dádivas divinas, faziam-no insuperável no campo de batalha.        Servus Tityrus 
              Severus, como uma pá que tranqüilamente remove a areia, removia 
              seus adversários da sua frente e do mundo dos homens.  Os golpes 
              da sua espada espalharam vísceras pelo chão, assim como cabeças, 
              fígados, costelas, mãos e pernas.  O sangue quente molhava 
              a sua face, inclinando-o mais para o combate.  Caçou então 
              Fzoul.       Fzoul parou 
              de combater.  Aguardou Tityrus.  Este veio, correndo, 
              erguendo a lâmina pelos Deuses do Éter encantada.  Do interior 
              de Fzoul brotou uma essência maligna, composta de negrume, um espectro 
              feito de sombras e pesadelos.  Tityrus estacou.  A criatura 
              fez a mão converter-se em gládio e espetou-o na boca aberta, de 
              pasmo, de Tityrus.  No percurso, o gládio quebrou os dentes 
              dianteiros da boca deste, cortou sua língua em duas.  Saiu 
              na nuca.  A força espectral segurou Tityrus pelos cabelos, 
              mantendo-o de pé enquanto a vida lhe escapava do corpo.  Então, 
              já não havia espectro, viu o moribundo, o próprio Fzoul sustentando-o 
              de modo humilhante.       "Que Bane 
              dê a tua alma, o gozo dos pederastas."       Ainda tentou 
              Tityrus pedir clemência para sua alma.  Mas Fzoul, favorecido 
              neste momento pelos Deuses da Iniqüidade com uma força superior, 
              arrancou com as mãos a cabeça do inimigo e a mostrou largamente. 
               Estava terminada a escaramuça.Assistiram estas coisas os elfos 
              do alto da cratera.  Arthos, tendo preparado as cordas, foi 
              encontrar Érix.  Escalou até o prisioneiro e viu ser a corrente 
              encantada pelas ordens Divinas.  Ocorreu-lhe uma idéia, usar 
              Hadrillys, a espada encantada.  Preparava-se para subir...
       Ájax, empertigado 
              como um Deus, viu três criaturas aladas, um pouco dragões, um pouco 
              leões, um pouco cabras, com uma cabeça de cada destas representações; 
              contudo como uma cabeça principal, a de uma górgon: face bestial 
              feminina e cabelos em forma de serpente.  Viu as três saírem 
              voando, duas até a superfície, outra contra Arthos.  Ájax, 
              veloz como um Deus, segurou a lança prateada, presente da sua Diva 
              mãe e atirou.  Matou a terrível gorgiméra no momento exato 
              em que esta preparava o derradeiro ataque contra Arthos, que viu 
              a morte de perto mais uma vez.  Tymora desceu invisível do 
              céu e fez a lança entrar mais fundo na górgon, até atravessar seu 
              coração.  A criatura caiu para a lava.  Sem que ninguém 
              visse, Tymora levou a lança de prata consigo.       Feargal reconheceu 
              a górgon e ordenou que todos olhassem para baixo.  O Dileto 
              de Mystra, Kariel, foi dando imunidade contra o olhar da górgon 
              à Comitiva.  Assim pôde a Comitiva batalhar.  Arthos subiu, 
              retirou Hadrillys da bainha de Iorek e, desesperado pelo terror 
              às criaturas, saltou na cratera.  Mirou, na queda, as correntes. 
               A lâmina mágica contra as correntes encantadas causou uma 
              explosão.  Partiu-se Hadrillys, a espada encantada, e seus 
              pedaços mergulharam na lava.  Mas agora estava livre o Divino 
              Érix.       Das nuvens 
              caíram quatro raios que fulminaram as bestas.  Haviam quatro, 
              ocorre que uma gorgiméra manteve-se afastada do combate.  Fulminou-as 
              o Pai, irado por haverem falhado em sua empresa: a de guardar o 
              prisioneiro.       Não viram 
              os aventureiros quando Helm, Deus Guardião, caminhou nas profundezas 
              do lago de lava e juntou os pedaços de Hadrillys, a espada encantada.       Kariel cobriu 
              as partes (aquelas que o pudor manda recatar) de Érix.  Emprestou-lhe 
              um manto.  Uma Deusa menor, destas das quais o nome não chega 
              aos mortais, veio às claras, do céu e deu de beber a Érix um líquido 
              revigorante.  Foi como se Érix nunca dantes houvesse padecido 
              da árdua prisão.       "Retorno 
              para o Reino Celeste, os Fados cumpriram-se.  Não tramei minha 
              liberdade, Pater Ao há de aceitar-me de volta.  Vós, bravos 
              heróis, receberão, no tempo certo, vistosa recompensa."       Com 
              um gesto fez desaparecer Fzoul e todo o seu exército, em seguida 
              subiu para o Éter.
 
 
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons. |