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              Os 
                livros, desta que podemos chamar de série, intitulada Discworld, 
                escrita pelo inglês Terry Pratchett são caracterizados 
                pelo tom humorístico e pelas constantes referências 
                a temas atuais, tudo isso dentro de um cenário de fantasia 
                medieval. A Cor da Magia, 
                primeiro livro dessa série, foi publicado em 1983 e traduzido 
                e publicado no Brasil em 2001 pela Conrad Editora, faz referência 
                principalmente ao turismo e aos tradicionais jogos de interpretação, 
                ou RPGs, já que uma das idéias com as quais o autor 
                brinca ao longo da história é o fato de os deuses 
                decidirem tudo o que acontece com lances de dados.
                
                O autor se utiliza tanto de humor, referências e trocadilhos, 
                que os editores brasileiros fizeram uma nota especial para a edição, 
                onde comentam o quanto foi difícil traduzir recriar em 
                português os mesmos trocadilhos que Terry criou para a língua 
                inglesa. Alguns trocadilhos são mais óbvios e foram 
                traduzidos, como por exemplo, Cercaferência (Circumfence, 
                em inglês) e Duasflor (Twoflower). Outros trocadilhos são 
                mais perceptíveis para quem entende inglês, como 
                o nome da capital, a pestilenta cidade de Morpork, que pode soar 
                em inglês como more pork, ou “mais porco”.
                
                Esse estilo único do autor, de misturar fantasia medieval 
                com humor, fez com que ele se tornasse um dos romancistas mais 
                vendidos na Inglaterra. No entanto, seu sucesso ultrapassa as 
                fronteiras inglesas, com a série tendo sido publicada em 
                27 línguas. Tão grande é sua popularidade, 
                que uma espécie de tartaruga gigante de 42 milhões 
                de anos que foi recém descoberta na Nova Zelândia 
                recebeu, em sua homenagem, o nome de Psephophorus terrypratchetti 
                (desculpem, isso foi comentário de biólogo :P).
                
                Um dos conceitos mais interessantes desta série é 
                de que o planeta cenário destes romances é plano, 
                um disco e não uma esfera. Este mundo-disco é sustentado 
                por quatro elefantes de proporções continentais 
                (chamados Berilia, Tubul, Grande T’Phon e Jerakeen), que 
                por sua vez, estão sob o casco de uma tartaruga gigante 
                estelar (a Grande A’Tuin) que vaga pelo espaço, uma 
                representante da espécie Chelys galáctica, 
                segundo Terry.
                
                O personagem principal deste primeiro livro é o cínico 
                e incompetente mago Rincewind, que se encontra 
                involuntariamente como guia do inocente turista Duasflor. 
                Depois de serem forçados a fugir da cidade de Ankh-Morpork, 
                que arde em chamas, eles encontram dois bárbaros, Bravd 
                e Weasel, paródias dos heróis fantásticos 
                Fafhrd and the Gray Mouser (Fafhrd e a Doninha Cinzenta), 
                de Fritz Leiber.
                
                Ambos também escapam por um fio de Bel-Shamharoth 
                – um monstro inspirado nos contos de H. P. Lovecraft, que 
                escreveu muitas histórias em um universo onde um Mal repulsivo 
                mora (Cthulhu), e onde Deuses Antigos (com nomes impronunciáveis) 
                fazem dos mortais suas peças de jogo. É interessante 
                notar que Lovecraft também escreveu uma história 
                chamada The Colour out of Space (A Cor de Fora do 
                Espaço), sobre uma cor indescritível e não 
                natural.
                
                O número oito é importante no Discworld, 
                sendo constantemente associado com a magia e os Magos, 
                que evitam dizer tal número em voz alta, e a Octarina 
                é a oitava cor do arco-íris do Disco, a cor 
                da magia, como descrito no título.
                
                Depois de visitarem a Wyrmberg, uma montanha de ponta cabeça 
                que é lar de dragões que existem apenas se você 
                acreditar neles, e de quase caírem pela beira do Disco, 
                sua jornada os conduz para o país de Krull, que fica empoleirado 
                exatamente na beira do Discworld.
                
                A história continua no seguinte livro da série Discworld, 
                intitulado A Luz Fantástica.
                
                Confira agora um pouco do que acontece durante o livro:
                
                Parte Um – A Cor da Magia
                
                No topo de uma colina, duas figuras observam enquanto a grande 
                cidade de Ankh-Morpork é consumida pelas chamas. Essas 
                duas figuras são dois bárbaros: o musculoso Bravd 
                da Centrolândia e o malandro Manhoso. Eles discutem quem 
                começou a atear o fogo na cidade e quanto dano ele vai 
                causar a mesma quando notam dois cavalos se aproximando na sua 
                direção, seguidos por algum tipo de animal. Bravd 
                adianta-se para abordar os dois cavaleiros fugitivos da cidade 
                em chamas, mas fica desapontado em saber que o líder é 
                apenas o mago chinfrim Rincewind. Junto com ele está o 
                homenzinho estranho, Duasflor, e logo atrás dele o animal 
                que se torna mais visível… uma caixa com pernas!
                
                Rincewind e Duasflor não haviam comido ainda, então 
                Bravd e Manhoso concordam em compartilhar um pouco de comida com 
                eles em troca de uma história. Dessa forma, Rincewind senta-se 
                e conta a ele como veio a conhecer Duasflor e como a cidade ruiu 
                em chamas.
                
                A cena agora retrocede até alguns dias antes, quando um 
                navio atraca no porto do rio Ankh. Um homenzinho esquisito, usando 
                uma camisa psicodélica e aparentemente com quatro olhos 
                (isto é, usando óculos) desembarca do mesmo. Ele 
                paga o Capitão do navio com ouro, o que atrai a tenção 
                do mendigo Cego Hugh e do ladrão Coxo Wa. Wa retira-se 
                para consultar o líder da Guilda dos Ladrões, Ymor.
                
                Veja a seguir uma descrição de Duasflor:
                
                “O rapaz era pequeno e franzino, e estava vestido de 
                um jeito muito estranho, com uma camisa e uma calça que 
                lhe descia até os joelhos – num contraste (…) 
                forte e violento de cores (…).”
               – (Terry Pratchett, 
                 A Cor da Magia, Conrad Editora, 2001, 
                página 20)
               Cego Hugh aproxima-se do 
                estrangeiro – que não fala Morporkiano – e 
                oferece-se para guiá-lo até a principal taverna 
                de Ankh-Morpork, a Tambor Quebrado. Hugh quase desmaia ao ver 
                que a Bagagem do estranho levanta-se, estende suas pernas e segue 
                atrás deles.
                
                Na taverna, todos os olhos se voltam para o estrangeiro, exceto 
                os olhos de Rincewind, que observava a Bagagem. Ele reconhece 
                o baú mágico como sendo feito da madeira sábia 
                de pereira, uma substância mágica e extremamente 
                rara naquele continente. Rincewind nota que o estrangeiro, que 
                carrega apenas um livro de frases feitas para auxiliá-lo, 
                está tendo problemas de comunicação com o 
                dono da taverna, Grandão. Rincewind aproxima-se do estrangeiro 
                e reconhece a língua do homenzinho, e logo saem andando 
                juntos. Ele ajuda o homenzinho, que se apresenta como Duasflor, 
                a alugar um quarto para descansar. Duasflor conta a Rincewind 
                um pouco sobre si; ele veio do Continente Contrapeso, um pequeno 
                continente que, apesar disso, contrabalanceia o Disco devido ao 
                seu volume de ouro. Sendo o ouro um mineral raro em Ankh-Morpork, 
                Duasflor se recusa a acreditar que ele seja, segundo os padrões 
                de Rincewind, insanamente rico. Duasflor dá a Rincewind 
                algumas moedas de ouro, empregando-o como guia e intérprete. 
                Duasflor vai, então, descansar em seu quarto. Rincewind 
                fica de encontrá-lo ao meio-dia. Entretanto, Rincewind 
                fica tenso de se associar com alguém tão rico, ainda 
                que tão ingênuo, e foge da taverna, com a intenção 
                de comprar um cavalo e fugir da cidade.
                
                Veja a descrição do mago chinfrim e picareta, Rincewind:
                
                “Olhe para ele. Magrelo, como a maioria dos magos, vestia-se 
                com um manto vermelho escuro em que alguns símbolos místicos 
                foram bordados com lantejoulas foscas. É provável 
                que algumas pessoas o tomassem por um simples aprendiz de feiticeiro 
                que havia fugido do mestre por rebeldia, tédio, medo ou 
                uma persistente inclinação à heterossexualidade. 
                Todavia, ele tinha no pescoço a corrente com o octógono 
                de bronze que o distinguia como ex-aluno da Universidade Invisível, 
                a grande escola de magia (…).”
              – (Terry Pratchett, A 
                Cor da Magia, Conrad Editora, 2001, página 
                27)
              Ao fugir com o cavalo, ele 
                é pego pelo Patrício da cidade, que vem trocando 
                mensagens via “albatroz-correio” com o imperador do 
                Império Agateano, que fica no Continente Contrapeso. Os 
                Agateanos são muito poderosos, e para evitar maiores problemas, 
                o Patrício ordena que Rincewind proteja Duasflor para que 
                ele venha a deixar a cidade com uma boa impressão.
                
                Rincewind retorna para o Tambor apenas para encontrar uma perigosa 
                briga de taverna em pleno andamento – uma ocorrência 
                comum em tavernas. Esquivando-se através da balbúrdia, 
                ele encontra o quarto de Duasflor e o acorda. O homenzinho, estranhamente, 
                está deliciado em ouvir a luta na taverna; aparentemente, 
                era uma das coisas que ele queria ver em sua viagem. Uma vez que 
                a briga tenha terminado, eles descem e Duasflor pega o seu iconógrafo: 
                um dispositivo que tira fotos, completamente desconhecido em Ankh-Morpork, 
                e que usa um pequeno diabinho que pinta quadros do que vê.
                
                Eles almoçam na Praça das Luas Quebradas, onde Duasflor 
                explica qual o seu trabalho: ele é um vendedor de ar-pó-lis-sim-de-sem-gol-rum 
                (apólices de seguro). Mas o seu agradável dia tem 
                um fim abrupto quando Duasflor é subitamente seqüestrado 
                e Rincewind é ameaçado por Stren Withel, o braço 
                direito de Ymor, mas é salvo pela Bagagem.
                
                O primeiro pensamento do covarde Rincewind é, mais uma 
                vez, escapar. Entretanto, a Bagagem não parece gostar daquela 
                idéia e o diabinho das fotos convence o mago chinfrim a 
                resgatar Duasflor. É nesta nobre tarefa que Rincewind tem 
                o primeiro de muitos encontros com Morte… que aparentemente 
                tem um encontro marcado com Rincewind aquela noite.
                
                Rincewind escapa de Morte de um jeito bem inusitado: fugindo mesmo! 
                Morte, então, dirige-se para a taverna Tambor Quebrado, 
                onde tem assuntos a tratar e o mago chinfrim vai até o 
                quartel general de Ymor, onde “ameaça” um guarda 
                a lhe contar onde está Duasflor; novamente, na Tambor Quebrado.
                
                Enquanto isso, o Patrício recebeu novas instruções 
                do Grande Vizir do Império Agateano. Duasflor deve ser 
                morto para não ferir o regime estrito do Império, 
                baseado em propaganda.
                
                Rumores sobre Duasflor e sua riqueza se espalharam, e os habitantes 
                de Ankh-Morpork estão ávidos por capitalizar sua 
                riqueza. Representantes da Guilda dos Ladrões, dos Assassinos 
                e Mercadores dirigem-se à Tambor em massa, onde Duasflor 
                está vendendo ar-pó-lis-sim-de-sem-gol-rum 
                para Grandão. Rincewind chega na taverna no momento em 
                que outra briga irrompe dentro do lugar, desta vez entre os membros 
                das Guildas. Ele consegue encontrar e resgatar Duasflor. No porão, 
                Grandão, com o sem-gol-rum em mente, acende um fósforo 
                dentro do seu estoque de velas e óleo…
                
                Enquanto Rincewind e Duasflor fogem da cidade em cavalos recém 
                comprados, o fogo iniciado no porão da taverna já 
                se espalhou e está consumindo a cidade.
                
                “O fogo rugia na cidade geminada de Ankh-Morpork. No 
                Bairro dos Magos, ardia uma chama azul e verde mesclada por estranhas 
                centelhas da oitava cor, a octarina. Nos tanques e nos depósitos 
                de combustível da Rua do Mercado as chamas avançavam, 
                provocando uma série de explosões de onde subiam 
                jorros flamejantes. Nas ruas dos fabricantes de perfume, a fumaça 
                era mais doce. Nos depósitos dos curandeiros, atingia molhos 
                de raras ervas secas e fazia os homens enlouquecerem e falarem 
                com Deus.”
               – (Terry Pratchett, 
                 A Cor da Magia, Conrad Editora, 2001, 
                página 15)
               Assim, a história 
                dos dois termina junto com a comida, e Rincewind e Duasflor se 
                despedem de Bravd e Manhoso e cavalgam noite adentro.
                
                Parte Dois – A Emissão 
                de Oito
                
                Em Dunmanifestin, a morada dos Deuses, um jogo está sendo 
                feito com o destino dos homens… com Rincewind e Duasflor, 
                para ser mais preciso. Existem dois jogadores principais: a Dama, 
                controlando Rincewind e Duasflor, e Destino, controlando um ser 
                bem mais perturbador…
                
                Enquanto isso, Rincewind e Duasflor cavalgam calmamente pelo caminho 
                arborizado até Chirm, com Rincewind explicando sobre a 
                natureza da magia e do por quê ele é um mago mal 
                sucedido: certa vez ele abriu o Oitavo, o texto mágico 
                mais poderoso do mundo, na época em que era estudante de 
                Universidade Invisível. Lá. Uma das oito grandes 
                magias do livro saltou para dentro da sua mente e frustrou todas 
                as suas tentativas de aprender qualquer outra magia.
                
                Neste ponto, o Deus Offler revela seu movimento final no jogo, 
                e envia um grande troll para atacá-los. Rincewind tenta 
                matá-lo, mais por sorte do que por qualquer outra coisa, 
                mas não sem antes assustar o cavalo de Duasflor e fazê-lo 
                fugir com o homenzinho em cima.
                
                Algum tempo depois, Rincewind fica preso em uma árvore. 
                Ele foi perseguido até aqui depois que seu cavalo foi morto 
                por uma ursa furiosa (enfurecida pelo cavalo em pânico de 
                Duasflor) e de ser perseguido por uma matilha de lobos (enfurecidos 
                pelo mesmo motivo que a ursa). Agora ele estava preso nos galhos 
                da árvore. Em uma ponta do galho está uma enorme 
                casa de marimbondos e na outra ponta uma enorme serpente. Morte 
                aparece novamente, tentando persuadir Rincewind a se soltar do 
                galho, mas o mago insistentemente se recusa. O galho está 
                começando a quebrar, desalojando a casa de marimbondos 
                e derrubando-o diretamente em cima da matilha de lobos. Subitamente 
                um par de braços verdes surge de dentro do tronco da árvore 
                e puxam Rincewind para dentro.
                
                Neste momento Duasflor encontra uma placa de pedra que adverte 
                sobre a proximidade do templo de Bel-Shamharoth. Ele começa 
                a procurá-lo, apesar do aviso.
                
                Rincewind está no domínio das dríades. Inicialmente 
                elas parecem amigáveis, mas logo se tornam uma ameaça 
                quando contam ao mago que ele machucou a árvore. Elas contam 
                a ele que seu amigo encontra-se no templo de Bel-Shamharoth (que 
                Rincewind sabe ser o lugar mais perigoso do Disco), bem como Hrun, 
                o Bárbaro, que seguiu a Bagagem até lá dentro. 
                As dríades demonstram a intenção de sacrificá-lo, 
                mas quando elas vêem uma das grandes oito magias na cabeça 
                de Rincewind, elas o teleportam para dentro do templo também. 
                Lá, ele encontra Duasflor, para quem explica a importância 
                de não mencionar o número oito em tal lugar.
                
                Eles acabam encontrando a câmara central do tempo e Hrun, 
                que tenta mover um enorme bloco octogonal de pedra no chão. 
                Rincewind tenta contar a ele a importância de não 
                se mencionar o número oito, mas Kring, a espada mágica 
                falante de Hrin, confusa, acaba dizendo justamente o que não 
                deveria. Imediatamente, Bel-Shamharoth, um monstro horrível 
                do Calabouço das Dimensões, foi liberado de debaixo 
                do bloco e atacou. Embora Hrun tivesse tentado segurar a criatura 
                por um tempo, ele estava lutando em uma batalha perdida, até 
                que as salamandras de Duasflor brilharam intensamente. As salamandras 
                eram acessórios fotográficos, criaturas mágicas 
                que absorviam a luz Octarina do mundo, refletindo todas as outras 
                cores. O flash de luz, mais brilhante ainda por causa da natureza 
                mágica do tempo, matou a criatura aterrorizante. O templo, 
                até aquele dia intacto em relação aos efeitos 
                do tempo, envelheceu em minutos e Hrun acabou por resgatar Rincewind 
                e Duasflor enquanto o templo ruía e se transformava em 
                pó. Rincewind e Duasflor o contrataram como guarda-costas 
                em troca de fotos de si mesmo.
                
                Parte Três – O Fascínio 
                de Wyrm
                
                Depois de várias semanas viajando juntos, Rincewind, Duasflor 
                e Hrun acabaram por parar em uma área com um campo mágico 
                muito alto, notado por um inesperado lançar de moedas, 
                pela tendência que os arbustos tinham de andar e falar, 
                e também por uma gigantesca montanha de ponta cabeça, 
                a Wyrmberg. Enquanto andavam pela região, um grupo de criaturas 
                voadoras partiu da montanha mágica e desceu na direção 
                deles. Assim que se aproximavam, eles se revelaram ser dragões 
                enormes e lendários. O trio correu para dentro do bosque 
                para se salvar, mas não foram rápidos o suficiente…
                
                Rincewind acordou no bosque, com um enorme dragão e seu 
                cavaleiro (dragoleiro) andando próximos. Ele recuou devagar 
                da dupla e escapou, acabando por encontrar a espada Kring, que 
                estava enterrada em uma árvore. Ele a libertou, mas acabaram 
                sendo encontrados pelo dragoleiro, cujo nome era K!sdra (e por 
                mais estranha que pareça a grafia, é assim mesmo. 
                Ela indica um estalo na língua, no momento da pronúncia). 
                Ameaçando-o com Kring, Rincewind descobriu que Duasflor 
                e Hrun eram prisioneiros em Wyrmberg. K!sdra levou Rincewind até 
                a montanha em seu dragão, Bronze Psepha.
                
                Eles chegaram na arena principal, onde as pessoas andavam no teto 
                de uma gigantesca caverna através de anéis fixados 
                onde enganchavam suas botas. Rincewind descobre que deve lutar 
                com Lio!rt, o senhor dos dragões, no teto da caverna, enganchado 
                de ponta cabeça. Infelizmente, Lio!rt também possui 
                uma espada mágica e Rincewind perde a luta, caindo na direção 
                do chão repleto de rochas pontiagudas lá embaixo…
                
                Enquanto isso ocorre, Duasflor está em sua cela, onde ele 
                e Hrun estão discutindo sobre dragões. Duasflor 
                está excitado, mas Hrun se recusa a acreditar que eles 
                existam. Logo a senhora dos dragões, Liessa, entra na cela 
                com uma proposta para Hrun; ela está lutando com seus dois 
                irmãos, Lio!rt e Liartes, pelo controle da Wyrmberg. Hrun 
                deveria lutar contra eles; se ganhasse, ele se casaria com Liessa 
                e se tornaria o senhor dos dragões. O bárbaro aceita 
                a proposta e é liberado da cela.
                
                Duasflor, sozinho, deseja poder encontrar um dragão. Ele 
                fica surpreso quando um dragão surge subitamente dentro 
                de sua cela, dizendo ter sido invocado por ele. Ele escapa da 
                cela e junto de seu dragão move-se pelos calabouços 
                até encontrar um velho em uma sala com um trono. O homem 
                é Greicha I, o Senhor da Wyrmberg. Ele é um morto-vivo, 
                pois havia sido morto por sua filha Liessa, mas se recusava a 
                morrer de verdade até que um de seus filhos fosse suficientemente 
                poderoso para arrancar o controle dos outros dois.
                
                Ele explica para o turista, que neste ambiente altamente mágico, 
                uma imaginação forte, tal qual a de Duasflor, é 
                capaz de criar dragões. Ele também explica que Rincewind 
                está em perigo, e que Duasflor e seu dragão devem 
                ir até a câmara central para salvá-lo. Eles 
                chegam lá no exato momento em que o mago chinfrim está 
                despencando do teto da caverna, e o pegam no ar. Lio!rt sai no 
                intuito de se preparar para a batalha com Hrun.
                
                Na grande planície no topo da Wyrmberg, Hrun está 
                preparado para lutar contra os dois senhores dos dragões, 
                Lio!rt e Liartes. Como são os desafiados, os senhores têm 
                o direito de escolherem suas armas. Naturalmente, eles escolhem 
                dragões. A luta é longa e difícil, mas os 
                irmãos subestimam Hrun e acabam nocauteados por ele, e 
                os dragões desaparecem com o desfalecimento deles. Liessa 
                vence a batalha e Morte vem para reclamar Greicha. Entretanto, 
                subitamente o dragão de Duasflor faz um rasante e resgata 
                Hrun. Liessa chama seu próprio dragão e uma perseguição 
                aérea tem início.
                
                Com a intenção de escapar de Liessa, Duasflor conduz 
                seu dragão cada vez mais para o alto. Eventualmente, o 
                ar se torna escasso e Duasflor desmaia, e por conseqüência, 
                seu dragão desaparece. Isto deixa Rincewind, Duasflor e 
                Hrun caindo direto na direção do Disco, lá 
                embaixo. Liessa salva Hrun, mas deixa Rincewind e Duasflor por 
                conta do destino. Subitamente, o intenso campo mágico mostra 
                mais um de seus bizarros efeitos, rasgando um buraco no tecido 
                da realidade e sugando os dois para dentro. Rincewind acorda dentro 
                de um avião sob o controle de terroristas, mas acidentalmente 
                consegue apreender um deles antes que a realidade retorne subitamente 
                ao normal e deixe a ele, a Duasflor e a Bagagem em algum lugar 
                do Mar Círculo.
                
                Parte Quatro – Perto da Beira
                
                Rincewind e Duasflor, depois de várias semanas ao mar, 
                encontram-se finalmente perto da morte. O navio ao qual pegaram 
                carona se perdeu e caiu nas correntes que levavam até a 
                Beira e estava preste a alcançá-la. Tempestades 
                rugiam ao redor deles, e em um momento de humanidade descaracterizada, 
                Rincewind resgatou um pequeno sapinho. Subitamente, uma enorme 
                onda caiu sobre eles, e Rincewind desmaiou.
                
                Ele acordou no mesmo navio, que, por alguma razão, ainda 
                permanecia no Disco. Na verdade, ele estava enroscado em algumas 
                cordas que estavam dispostas ao longo das margens do mundo, partindo 
                de um pequeno promontório rochoso nas proximidades. Lá, 
                eles encontram Tétis, um Troll Marinho vindo de outro mundo 
                (que chegou até este porque caiu da borda de seu próprio), 
                que patrulha a Cercaferência, uma gigantesca rede de cerca 
                de 16 mil quilômetros construída pelo Reino de Krull 
                com a intenção de segurar todas as coisas que cairiam 
                pela beira. Tétis fala sobre si mesmo e sobre seu trabalho, 
                e sobre como a Cercaferência foi construída. Os dois 
                viajantes acabam passando a noite por lá.
                
                (Vale mencionar que Tétis é o nome de uma divindade 
                marítima grega, sendo uma das filhas de Nereu, as Nereides. 
                Dentre os muitos mitos que a cercam, o principal é que 
                ela seria mãe de Aquiles, o maior herói grego na 
                Guerra de Tróia).
                
                Tétis recebe uma mensagem declarando que Rincewind e Duasflor 
                devem ser enviados para Krull, e um poderoso e mágico transporte 
                é enviado até eles. Logo, eles estão viajando 
                em um enorme e transparente disco flutuante conduzido pelos hidrófobos, 
                poderosos magos com um intenso pânico pela água. 
                Rincewind imagina porque eles são tão importantes 
                para justificar um transporte tão caro quanto uma escuna.
                
                Eles chegam em Krull e são trancados em uma sala fabulosa, 
                cheia de comidas e bebidas. O recepcionista chefe, Garhartra, 
                conta aos dois que eles foram escolhidos para serem sacrificados. 
                Então, ele parte, deixando Rincewind temporariamente incapacitado 
                por tentar atacá-lo, largando-os por conta própria.
                
                Naquele momento, o sapinho que Rincewind resgatou revela a sua 
                importância; ele nada mais é do que a Dama disfarçada. 
                Ela conta a eles que os Krullianos construíram uma nau 
                capaz de voar pela borda até o espaço para que pudessem 
                descobrir o sexo da Grande A’Tuin, a tartaruga mundo. Os 
                dois têm aborrecido Destino por muito tempo, então 
                ele fechou um acordo com o Arquiastrônomo de Krull: se Rincewind 
                e Duasflor fossem sacrificados, então ele iria garantir 
                boa fortuna à missão.
                
                A Dama ajuda-os a escapar, e então desaparece. Enquanto 
                tentam escapar dos guardas Krullianos, eles acabam entrando na 
                sala que exibe uma maquete do Disco e da nave, o Viajante Potente, 
                e os planos da missão. A sala também contém 
                dois trajes espaciais que os quelonautas iriam vestir para a missão. 
                Cientes de que não havia outra opção, Rincewind 
                e Duasflor disfarçam-se com os trajes. Então, eles 
                devem proceder até a plataforma de lançamento.
                
                Eles chegam para encontrar um gigantesco anfiteatro cheio de espectadores 
                esperando por eles, para que fossem lançados ao espaço. 
                O Arquiastrônomo os reconhece e está preste a impedi-los 
                quando a Bagagem chega, já que estava perseguindo-os por 
                algum tempo, desde o mar. Isto desvia a sua atenção, 
                e Duasflor se esconde na nave. Mas, antes que Rincewind consiga 
                escalá-la, a escotilha se fecha e a nau começa a 
                escorregar pela rampa de lançamento. Ricewind não 
                tem escolha, a não ser segurar-se firme enquanto ele e 
                a nave são lançados pela borda do mundo.
                
                Rincewind acorda em uma árvore projetada para fora da Queda 
                da Borda. Subitamente, um dos servos de Morte aparece com ordens 
                para reclamá-lo, mas como Rincewind é um mago, ele 
                diz que guarda os direitos de reclamação pela sua 
                alma para o próprio Morte. Antes que o servo demônio 
                possa argumentar, o galho onde Rincewind está pendurado 
                se quebra e cai para dentro do vazio do espaço…
                
                Veja algumas frases clássicas do livro:
                
                Turista, concluíra Rincewind, queria dizer “idiota”.
               – (Terry Pratchett, 
                 A Cor da Magia, Conrad Editora, 2001, 
                página 81)
               “Som-refletido-de-espíritos-ocultos.”
               – Explicação 
                do que significa “economia” (“eco-gnomia”, 
                mais um dos trocadilhos de Terry), segundo Rincewind, considerado 
                por ele um tipo de “feitiçaria financeira” 
                (Terry Pratchett, A Cor Da Magia, Conrad 
                Editora, 2001, página 20)
               “Digamos que, 
                se o caos completo e absoluto descesse sobre nós, ele seria 
                do tipo que, durante uma tempestade, sobe uma montanha usando 
                uma armadura de cobre e grita ‘Todos os deuses são 
                uns cretinos!’.”
               – Rincewind referindo-se 
                a Duasflor em uma conversa com Bravd e Manhoso (Terry Pratchett, 
                 A Cor Da Magia, Conrad Editora, 2001, 
                página 19)
                
                