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                |  Por Ivan Lira
 |   Os 
            Últimos Dias de Glória - Contos 
 
   
   O 
              Dom do Lich 
 
 Prólogo      Um 
              homem de aproximadamente cinqüenta anos de idade, refletia, sentado 
              em sua confortável poltrona, sobre as descobertas recentes que o 
              fariam alcançar seu grande objetivo, a vida eterna.  Cinqüenta, 
              oitenta ou até mesmo cem anos não era um período suficiente para 
              saciar a fome pelo conhecimento e pelo poder, há muito a descobrir 
              e explorar.  Sabia ele que elfos vivem por bastante tempo, possuem 
              uma grande familiaridade com a magia, a coisa mais bela de todas, 
              não era justo que apenas eles tivessem o tempo adequado para gozar 
              de tão intrigante energia do Universo.  Isso tudo pensava Celerum, 
              o negro, que se encontrava quase hipnotizado vislumbrando a chuva 
              através de sua janela que caia forte em Luskan, enquanto era aquecido 
              pelo fogo de sua lareira.  Celerum desejava não só viver para sempre 
              como um morto-vivo, mas esperava também suplantar o poder de seus 
              colegas arcanos da guilda de magos de Luskan, estes que sempre duvidaram 
              de suas capacidades.  Só que o dom do lich era agora o trunfo dele, 
              assim poderia chegar a um estágio de poder que só poucos da guilda 
              chegaram, tornar-se um arquimago.      Celerum, 
              calmamente se levanta e vai até um cômodo particular anexado ao 
              seu quarto. É um lugar pequeno e quadrado, ornamentado com pinturas 
              e esculturas que representam a essência da necromancia.  Todas as 
              imagens, principalmente uma estátua perto da parede, se referiam 
              ao antigo deus Myrkul.      Celerum 
              se ajoelha perante um pequeno altar e conversa com seu deus.      “Ó deus 
              da morte, permita que meu desejo se realize, que não dê nada errado 
              na transformação.  E dê-me um sinal de que está me ouvindo, não 
              acredito nos hereges que falam de sua destruição por um novo deus. 
              A morte é um prazer só seu, ninguém tem o direito de possuí-la, 
              é uma graça só sua!”, o mago baixa a cabeça e quando começava uma 
              oração foi interrompido por seu lacaio.      “Mestre!”“O que é, Celifan?”
 “Os mercenários foram bem sucedidos 
              na missão, eles trouxeram a vítima para nós.”
 “Muito bem meu servo. Já pagou os 
              homens?”
 “Sim, como o combinado.”
 “Ótimo, daqui a alguns dias iniciaremos 
              o ritual.”  E Celerum voltou-se a sua oração, agora com mais tranqüilidade.
 Decisões 
              a serem tomadas      Muito andaram 
              os sobreviventes do labirinto da morte até encontrarem uma pequena 
              caravana que passaria por Targos.  Magnus, o paladino de Helm; Kinuk, 
              ancião de Uthgar; Bingo Playamundo, o halfling; Lua, a elfa e o 
              pequeno Simis acompanharam então os viajantes, pois teriam de deixar 
              o garoto, que havia fugido de casa para seguir os aventureiros na 
              empreitada de destruir o lich Damien Morienus.  Foram todos dentro 
              de uma carroça com feno.  No seu interior, Magnus se lembrava dos 
              seus companheiros elfos que adentraram o portal para o Abismo, queria 
              estar com eles, na vida e na morte.  Kinuk o interrompeu dizendo: “Hum! Paladino muito calado, não dever 
              lamentar decisão de amigos.”“Mas..  Eles podem estar presos por aqueles demônios, assim como 
              eu fui encarcerado.  Ou podem estar... mortos..” Comentou o paladino.
 “Não, não pode ser, depois de tudo que fizeram.  Não é justo.” Disse 
              Lua revoltada.
 “Justiça deuses saber, nós obedecer.” Continuou Kinuk.
 “Talvez eu possa encontrá-los, é só achar o portal perto de Targos...” 
              Opinou Magnus
 “Não! Essa batalha não é de Paladino! Paladino ainda ter muitas 
              guerras, muito mal ainda destruir.” Kinuk falou.
 “Sim...Celerum.  A hora dele vai chegar.” Terminou Magnus.
      A caravana, 
              depois de alguns dias chegou a Targos, Magnus pagou os viajantes 
              com algumas peças de ouro e agradeceu a ajuda.  Todos, bastante 
              agasalhados com peles devido ao grande frio, se preparavam para 
              caminhar até a taverna de Kalas Invernus, até que Magnus disse:      “Esperem! 
              Não precisamos ir todos a taverna.  Apenas Kinuk deve ir devolver 
              o menino Simis.”“Por quê? É por causa de Taires, 
              Magnus?” Perguntou Bingo.
 “Sim, é melhor que ela não me veja.”
 
 Kinuk foi até a taverna com o menino, enquanto Lua argüia o paladino.
      “Quem é 
              Taires, Magnus? Por quê não quer vê-la?”“É uma moça que trabalha na taverna, 
              parece que gosta de mim, mas não quero fazê-la sofrer.  Ela merece 
              alguém que fique sempre com ela e não um homem que a qualquer momento 
              pode ser morto.” Explicou o seguidor de Helm.
 “Ora, mas que bobagem Magnus.  O 
              amor é assim mesmo, não se deve pensar assim.  Mesmo que ela o ame 
              por apenas um dia, esse dia jamais será esquecido.”  Disse Lua, 
              ainda abalada pela partida de Villayette, e ainda mais por saber 
              que nunca terá o coração daquele elfo
 “Claro que não é assim!  Eu não sou 
              o único homem do mundo, ela pode encontrar outra pessoa.”
 “Bom, você é quem sabe.  Espero que 
              não se arrependa disso.” Disse Lua.
      Após Simis 
              voltar para casa e receber alguns tabefes do pai, os aventureiros 
              decidem seguir até a casa de Regis, o halfling e primeiro cidadão 
              no Bosque Solitário.  Magnus esperava ter a ajuda de Drizzt para 
              destruir Celerum.  Compraram uma carroça e seguiram viagem.  Demorou 
              apenas três dias e chegaram batendo na porta de Regis.      “Vocês 
              de novo! Espero que tenham novidades!” Disse Regis abrindo a porta. Todos adentraram e se acomodaram, Owni, 
              o halfling amigo de Bingo logo diz:      “Bingo, 
              onde esteve?  Faz tempo que você sumiu.”“Estávamos batalhando contra seres 
              do mal.  Aqueles demônios voltaram a nos incomodar, mas eu e Magnus 
              demos uma lição neles.  Não foi Magnus?”  E o paladino apenas acenou 
              sorrindo, mas logo sua seriedade voltou dizendo:
 “Regis, onde está Drizzt? Quero falar 
              com ele sobre Celerum, o negro.”
 “Ele está resolvendo assuntos particulares, 
              duvido que volta tão cedo.  Porém, ele me disse que você o confundiu 
              com um tal de Nandro, pertencente à casa Do’Urden.  Então fiz uma 
              pequena investigação e descobri isso...” Disse Regis apontando para 
              o outro lado da sala onde uma figura se aproximou sem que ninguém 
              percebesse.  Era um drow com uma armadura de couro envolto em peles 
              de lobo com um sorriso amigável.
 “Nandro! É você mesmo?” Perguntou 
              Magnus surpreso.
 “Como vai paladino, vejo que sua 
              armadura não é mais a mesma, pois precisa de um polimento.” Respondeu 
              Nandro apertando a mão de Magnus e continuou:
 “Como sabia que eu estava aqui e vivo?”
 “Kelta me disse que usou um encantamento 
              para procurá-lo e o viu junto com dois anões numa colina de neve.  
              E quando vi Drizzt pensei que era você.”
      Nandro, 
              há alguns anos atrás, encontrou o elfo selvagem Feargal Rhal e o 
              mago Kelta Westingale quando chegaram em Menzoberranzan.  Pediu 
              a eles que o ajudasse no resgate de sua matrona da casa Do’Urden.  
              Terminada a missão, Nandro abandonou a cidade drow, pois sua filosofia 
              era bastante diferente dos de sua raça.  Acompanhando seus amigos 
              da superfície, ele se perdeu do grupo quando tentaram destruir o 
              líder dos Zhentarim, Manshoon.  Desde então seguiu para o Vale do 
              Vento Gélido onde vive com alguns anões e bárbaros.      “Quem são 
              seus amigos?” Perguntou o drow.“Estes são Bingo, Lua, Kinuk e vejo 
              que já conhece Owni.  Regis, você já conhecia Nandro?”
 “Não, mas eu ouvi uma história de 
              alguém parecido com Drizzt no oeste do Vale do Vento Gélido e pedi 
              para que umas pessoas investigassem para mim e encontraram ele.  
              Bom, meu estômago está começando a roncar, vamos preparar algo para 
              comermos.” Convidou Regis alisando a barriga.
      Durante 
              a refeição Magnus contou toda a história a Regis, Nandro e Owni.  
              Anunciou sua pretensão em ir à Luskan para destruir Celerum, quem 
              para o paladino era o maior responsável pela morte da mulher de 
              Villayette, Eleannor, e os bárbaros Raf e Dell, e assim impedir 
              que ele se transformasse num lich como Damien Morienus. O 
              Retorno de Kariel      Três dias 
              se passaram quando os cansados aventureiros chegaram na casa do 
              primeiro cidadão Regis, até que alguém bateu à porta.  Regis, como 
              de costume foi atender e ao abrir percebeu uma pessoa familiar.      “Você está 
              vivo! Parabéns, seus amigos ficarão felizes ao vê-lo.” Disse o primeiro 
              cidadão ao elfo Kariel que se apresentava bastante abatido e cansado.  
              Logo os amigos vieram recebê-lo.“Kariel! Que bom que está vivo! Onde 
              estão Feargal e Villayette?” Perguntou Magnus esbaforido, o que 
              não era de seu costume.  Entretanto, para surpresa de todos, Kariel 
              não respondeu nada, apenas fez um olhar cadavérico.
 “Por favor Kariel diga alguma coisa! 
              Por favor!” Implorava Lua desesperada.  Mas o resultado foi o mesmo, 
              apenas silêncio e tristeza ficaram no ar.  Magnus, vendo a angústia 
              de Lua, a abraçou confortando-a.
      Regis pegou 
              na mão de Kariel e o conduziu a uma cama e o lá deixou.  O elfo 
              é um escolhido de Mystra e nesta condição o seu corpo não precisa 
              do sono para se recompor, porém sua mente necessitou disso mais 
              do que nunca.  Portanto deitou-se numa cama confortavelmente preparada 
              por Regis e ali adormeceu.      A visão 
              de uma flor nos jardins de Kand era algo especial para Kariel, mas 
              era a hora de partir, seguir outros rumos, andar com as próprias 
              pernas.  Uma viagem árdua foi feita, horizontes foram ultrapassados, 
              um lugar subterrâneo foi encontrado, que por pouco tempo foi sua 
              prisão.  E da liberdade veio a amizade, a vida entre os humanos.  
              Muita alegria e muita tristeza viveu o elfo durante algum tempo. 
              Mas a morte persegue aqueles que andam a desafiar os perigos e, 
              no final ele viu seu tio e grande amigo ser morto covardemente por 
              um demônio. A dor era insuportável de conceber.  Quando tudo parecia 
              terminar num pesadelo, surgiu a imagem de Ênia e seu filho Zender, 
              juntos, felizes.  Ênia, tão bela e graciosa. Amou-a sem se importar 
              com conceitos pequenos de diferenças de raças, mas seus destinos 
              se separaram e ela agora pertence à Mãe Chauntea.  O que poderia 
              ser agonia se tornou tranqüilidade, então Kariel acordou após ter 
              sonhado sobre todos os caminhos que trilhou ciente de que muitas 
              coisas não foram em vão.  Abriu os olhos e viu apenas uma pequena 
              claridade através da janela,. Sua visão élfica logo percebeu que 
              era o reflexo das flores iluminadas pelo Sol.  O inverno havia cessado, 
              calou-se esperando o momento certo de voltar no próximo ano.  Aquele 
              foi um novo dia.      O elfo 
              de cabelos azuis levantou-se e caminhou até a sala. Nela, Magnus 
              dialogava em uma mesa com Lua, Kinuk compartilhava seu fumo com 
              Regis, Bingo mostrava sua habilidade com a espada para Nandro e 
              Owni apenas olhava sorrindo com um pedaço de bolo nas mãos.  Todos 
              perceberam sua aproximação. Queriam saber mais a respeito do elfo 
              e dos companheiros que deixaram, mas hesitaram por um momento em 
              questioná-lo, até que Lua irrompeu o silêncio.      “Kariel? 
              Você está bem?”“Sim, estou bem.” Respondeu com desânimo.
 “Sente-se conosco, coma um pouco.  
              Depois podemos conversar se quiser.” Convidou Magnus.
 “Não há problema, eu posso falar 
              agora.”
 “Nós queríamos apenas confirmar o 
              que aconteceu com os outros.  Seu silêncio disse quase tudo.”
 “Sim, é isso mesmo, estão mortos.  
              Mortos por Graz’zt, mas o sacrifício deles impediu que as hostes 
              demoníacas invadissem nosso plano”
      Lua, que 
              já havia chorado bastante desde o retorno de Kariel, apenas ficou 
              cabisbaixa engolindo a realidade.      “Ah sim! 
              Gostaria de dizer mais alguma coisa.” Disse o elfo.“Sim, o que é?” Perguntou Magnus.
 “Vamos destruir Celerum. Ele pagará.” 
              Decretou o Escolhido de Mystra.
      O paladino 
              deu apenas um sorriso de satisfação. A 
              Guilda de Magos      A carruagem 
              de Celerum ia sem pressa, passou pelas ruas molhadas de Luskan e 
              chegou numa torre muito bem protegida.  Os guardas, já sabendo de 
              quem se tratava, não pestanejaram e abriram os portões da pequena 
              fortaleza que circundava a torre.  No pátio, Celifan abriu a porta 
              da carruagem onde dela desceu seu mestre, Celerum.  Adentrou os 
              portões internos chegando a um grande salão principal. Deu apenas 
              uma breve olhada no ambiente e subiu as escadas para os andares 
              superiores.  Celerum estava na Torre de Hospedagem Arcana, quartel-general 
              de uma grande gulida de magos de Luskan.      Após dois 
              andares, lá estava um salão com muitas estantes e móveis adornados.  
              Sentado neles estavam dois homens, que conversavam animadamente 
              tomando uma xícara de chá.      Com a aproximação 
              de Celerum eles disseram:      “Celerum, 
              pensei que estivesse ocupado estudando artes arcanas.” Disse o mais 
              velho deles.“É, você nos disse antes que em breve 
              teríamos novidades sobre suas descobertas.” Perguntou o outro.
      O mais 
              velho dos dois é Arklem Greeth, um homem de aparência estranha, 
              unhas grandes, pele bastante enrugada e um olhar macabro.  Não andava 
              como um velho curvado, mas seu aspecto lhe envelhecia bastante.  
              O outro é conhecido por Eldeluc, um nobre com cerca de quarenta 
              e cinco anos e cabelos bem cortados, e vestido em roupas finíssimas.  
              Celerum, tentado disfarçar a insatisfação em vê-los, responde as 
              ironias.      “Meus caros 
              amigos, estudar a arte é um privilégio que deve ser degustado como 
              um banquete de fim de semana e não como um pão de todos os dias.”  
              Sentou-se junto com eles numa cadeira bastante confortável.Arklem deu duas palmas e logo surgiu 
              um criado. “Traga um chá para Celerum!” e prosseguiu “Celerum, você 
              sumiu por uns tempos, não me diga que estava procurando os segredos 
              do antigo Damien Morienus?”
 “Não, aquela pesquisa foi bobagem 
              minha, é um conto de fadas.  Viajei a negócios, somente isso.” Mentiu 
              Celerum.
 “Ora, não me engane Celerum.  Você 
              não perde tempo quando o assunto é a busca de segredos milenares.  
              Lembra daquela vez que você tentou nos convencer a realizar uma 
              grande expedição à Anauroch para procurar os segredos de Karsus, 
              o arquimago de Netheril?” Perguntou Eldeluc.
 “Sim, sim, mas aqueles eram outros 
              tempos.  Não tenho mais tanta energia como antes, o vigor está abandonando 
              meu corpo.  Mas, diga.  Era uma boa idéia, não era?” Respondeu o 
              mago sorrindo.
      Todos gargalharam 
              como velhos amigos, tomaram mais um pouco de chá.  Relembraram sobre 
              outros magos como Akar Kessel e Dendybar, antigo mestre de Celerum.  
              Ambos aniquilados pela própria ambição.  Duas horas depois, Celerum 
              já um pouco cansado, levanta-se despedindo dos companheiros de guilda.  
              No entanto, ao voltar à sua carruagem, ele pensa “Idiotas, pensam 
              que podem zombar de mim assim.  Usarei meu trunfo, terei a vida 
              eterna, e todos eles irão pagar.”      Chegando 
              em sua morada, Celerum dirige-se impaciente para os níveis inferiores 
              do seu pequeno castelo.  Após seguir alguns corredores ele chega 
              num calabouço e pára frente a ele.  Dentro da prisão estava um elfo 
              jovem, bastante machucado, faminto e cansado.      “Como se 
              chama rapaz?”  Pergunta Celerum.“Raynor.  Por que me prende? Não 
              lhe fiz nada! Solte-me!”
 “Infelizmente não posso meu jovem, 
              você será essencial para alcançar meu objetivo.  Mas não se preocupe, 
              não tenho raiva de você.  Quando isso acabar você estará entre os 
              seus deuses élficos, portanto não há o que temer.”
 “Não! Seu maníaco! Me solte!”
 
 Celerum então deu as costas friamente e subiu para outros andares.
 De 
              volta à Luskan      Enquanto 
              seguiam viagem com uma carroça , Kariel narrou tudo o que aconteceu 
              no Abismo.  Contou como conseguiram quebrar as chaves mágicas que 
              poderiam abrir uma fenda entre o Plano Material e o Abismo.  Como 
              um exército de Graz’zt chegara de repente, e como o próprio lorde 
              abissal decepou as cabeças de Elder e Feargal.  Depois o harpista 
              Caravan o salvou da morte certa, levando-o ao portal que dava para 
              o Vale do Vento Gélido.      Todos ouviram 
              a triste história de Kariel e ficaram silenciosos por um tempo, 
              mas se mantiveram obstinados a seguir para Luskan, lar daquele que 
              enganou a Comitva e levou alguns de seus companheiros para a morte, 
              entre eles, Eleannor, a esposa do elfo Villayette.      Magnus 
              ia guiando os cavalos, sempre pensativo e vigilante, durante o percurso 
              refletia sobre sua missão.  Lembrava-se do dia em que resolveu se 
              entregar a filosofia de Helm Guardião.  Seu pai fora um paladino, 
              morreu em combate.  Sua família foi para o sul, na Sembia.  Apenas 
              ele queria preservar a memória do pai, este que lhe ensinou tudo 
              sobre caráter, humildade, perseverança e o auxílio aos necessitados.  
              Se os reis e nobres não defendiam o povo, quem poderia fazê-lo senão 
              alguém obstinado a manter a paz e a tranqüilidade, mesmo que a própria 
              vida corresse risco?  Lembrou também dos seus amigos, mortos no 
              Abismo.  Será que poderia perdoar Feargal? Seu próprio assassino? 
              A confusão apenas aumentava na cabeça do paladino, estava certo 
              de uma coisa, Celerum deveria morrer.      Dias se 
              passaram, o inverno já estava quase ausente, de muito longe era 
              possível avistar Luskan.  Lugar pérfido, governado por piratas que 
              usurparam o controle da cidade.  Magnus guiou os cavalos para fora 
              da estrada e dirigiu-se a uma clareira um pouco escondida.      “Magnus! 
              Por que paramos aqui? Não vamos para Luskan?”  Perguntou o pequeno 
              Bingo.“Vamos sim, alguns irão a pé.  Não 
              podemos ir assim abertamente, teremos de usar estes trajes escuros 
              dados por Regis para não chamar suspeitas.”
 “Por enquanto, só eu, Kariel e Kinuk 
              devem ir à cidade.  Iremos fazer uma investigação.” Continuou Magnus.
 “Mas eu também quero ir Magnus!” 
              Insistiu Bingo.
 “Não pequenino, faça companhia a 
              Lua e Nandro enquanto investigamos. Voltaremos para chamar vocês.”
      Eles caminharam 
              em direção a cidade, e Magnus perguntou:      “Kariel, 
              mesmo com estas roupas os outros vão perceber que é um elfo, e não 
              há nenhum em Luskan.  Como fará?”“Não há problema, eu cuido disso.”  
              Kariel então disse algumas palavras mágicas e mudou sua aparência 
              para a de um humano de mesma altura.
      Magnus 
              trajou-se como um mercenário, era repugnante para ele esconder o 
              símbolo de Helm, mas se não o fizesse seria certamente caçado por 
              discípulos de Bane.  Kinuk apenas colocou uma capa, Kariel trajou-se 
              como um simples padre, poderia ser confundido com qualquer um.      Chegando 
              na cidade, os três aventureiros seguiram para uma taverna local, 
              era bastante movimentada àquela hora do dia.  Lá dentro havia balbúrdia, 
              beberrões para todos os lados, canecas sendo levantadas, prostitutas 
              sentadas nos colos dos mais bizarros homens.  Os três, com muita 
              dificuldade, conseguiram uma mesa.      “E agora? 
              O que poderemos fazer?” Perguntou Magnus.“Acho que devemos nos dividir.” Concluiu 
              Kariel.
 
 Kinuk continuou na mesa e pediu vinho, 
              Magnus, meio sem jeito, foi ao balcão e começou a beber,  esperando 
              por algo.  Kariel não quis perder tempo, foi a um cômodo da taverna 
              sem que ninguém notasse e usou um encantamento para ficar invisível.  
              Misturou-se aos demais com cuidado para não se esbarrar em alguém.
 O paladino ouvia uma conversa de alguns 
              homens que diziam:      “Lembram 
              de Ervak, o clérigo de Xvim?  O danado morreu, parece que enfrentou 
              um monstro, tentou usar o poder de seu deus, mas não conseguiu.  
              Que coisa estranha.”“Mas você não está sabendo? Os sacerdotes 
              de Xvim perderam seus poderes, ninguém sabe porque.”  Revelou o 
              taverneiro.
 “Será que tem algo a ver com o retorno 
              de Bane? Dizem que Xvim é filho dele.”
 “Sei não, se fosse realmente filho 
              de Bane, ele não desapareceria fácil assim.  Bane é o mais poderoso 
              dos deuses, não há ninguém como ele.  Eu amo Bane e nunca vou mudar 
              de idéia.”  Confessou o taverneiro.
      Magnus, 
              ao mesmo tempo achava hilário e nojento o debate, não sabiam eles 
              que uma das pessoas responsáveis pela morte de Xvim estava do lado 
              deles, escutando a conversa.  O paladino aproximou-se e disse:      “Algum 
              de vocês conhece Peddy  Winckle?  Soube que ele quer contratar mercenários.”“Amigo, você chegou tarde.  Celifan 
              já contratou há muito tempo um pessoal aí. Por sinal o líder deles 
              está bebendo ali no canto.  Mas se eu fosse você eu deixava ele 
              quieto, pois o homem não gosta que o incomodem.”
 “Então procurarei outro serviço.”
 “Espere, talvez queira participar 
              de uns saques a alguns navios.  O pessoal tá solicitando...”
 “Não, talvez outro dia.”
 “Você é que sabe.”
 O paladino voltou para a mesa e continuou 
              a beber junto com Kinuk.      “Paladino 
              conseguiu resultado?  Parece preocupado.” Perguntou o xamã.“Sim, parece que aquele homem ali 
              sabe de algo.  Mas vou ter que dar um jeito de falar com ele.”
 “Eu posso descobrir alguma coisa.”  
              Disse uma voz.
 “O quê? Quem é?” Surpreendeu-se Magnus.
 “Sou eu! Kariel.  Estou invisível, 
              mas escutei o que você disse.  Vou me aproximar daquele homem para 
              ver se consigo algo.”
       O elfo, 
              invisível e esguio, aproximou-se vagarosamente do mercenário esquivando-se 
              de algumas pessoas.  Foi para o lado da mesa numa posição em que 
              ninguém trafegava e ali ficou.  Ouviu um monte de baboseiras sobre 
              ficarem ricos e comprar um navio para saquear outros.  O líder dos 
              homens era Markhet, um ladrão do norte selvagem.  Tinha o hábito 
              de saquear igrejas como as de Tempus e Talona, junto com seu bando.  
              Eles fazem alguns comentários suspeitos.      “Chefe, 
              o que Celifan vai fazer com aquele elfo?”“Não sei, dizem tem gente que os 
              devoram. Sei lá, pega parte do corpo deles pra fazer poções mágicas 
              ou coisa parecida.  Eu não me importo, já recebi a grana.”
      Kariel 
              escuta com indignação e tem que se esforçar para controlar sua raiva. 
              Após ouvir a conversa, retorna para seus companheiros.      “Amigos, 
              parece que Celerum andou seqüestrando elfos durante nossa ausência, 
              temos que fazer algo.” Disse Kariel.“Vamos esperar o tal de Markhet sair 
              e então o pegamos lá fora.”
 “Seria imprudente fazer isso, poderíamos 
              chamar a atenção.  Não se esqueça que viemos aqui por Celerum e 
              isto poderia arriscar nossos disfarces.”
 “Você acha que aquele homem deve 
              ficar impune? Mesmo depois do que ele fez.”
 “Não, de jeito algum... Tudo bem, 
              mas vou dar um jeito para facilitar as coisas.”  Concordou 
              finalmente Kariel sabendo da teimosia de Magnus.
      Três horas 
              se passaram, Markhet e seu bando saíram da taverna com algumas mulheres.  
              Os heróis, ao longe, observaram.  Kariel então teve uma idéia, realizou 
              outros feitiços de invisibilidade em Magnus e Kinuk e então seguiram 
              os malfeitores.  Dobraram algumas esquinas e quando chegaram a uma 
              rua deserta, disseram:      “Ei vocês! 
              Vim em nome de Tempus, vocês pagarão por ter me roubado.” Disse 
              uma voz.“O quê! O que é isso? Quem está falando.”  
              Perguntou um dos homens assustado.
 “A hora da vingança chegou! Vocês 
              estão condenados.”
      As rameiras 
              que estavam com eles postaram-se a correr assustadas, os homens 
              ficaram apavorados sem saber o que fazer, e Markhet sacou uma espada 
              e olhou para todos os lados.      Os aventureiros 
              cercaram o bando, Kinuk então, aproveitando a vantagem de estar 
              invisível, desferiu um poderoso golpe com seu machado ceifando a 
              vida de um e ferindo outro.  Magnus e Kariel, propositalmente voltam 
              a ficar visíveis e combatem contra os bandidos.      “Eu sabia! 
              Era um truque!” Gritou Markhet.Kinuk lutava com seu oponente, Kariel 
              trocou alguns golpes com sua espada Goliath dada por seu tio Elder, 
              e Magnus investia contra Markhet que tinha dificuldades para defender 
              os golpes do paladino.  Kariel e Kinuk derrotaram facilmente seus 
              adversários. O elfo não matara o seu para obter respostas, no entanto, 
              Magnus não teve a mesma clemência: deu um balanço de cima para baixo 
              arrancando o braço direito de Markhet, depois decepou o esquerdo 
              e com um giro, abriu uma vala na barriga fazendo todas as suas tripas 
              saírem.  Terminado o combate eles argüiram o último bandido.
      “Não, por 
              favor, foi idéia de Markhet! E..eu disse p.. pra ele não roubar 
              as igrejas.”  Balbuciava o homem.“Não queremos saber disso.  Vocês 
              foram contratados por um homem chamado Celifan? Fale! Ou vai ter 
              um destino pior do que o seu chefe!” Ameaçou Magnus.
 “Não, não.  Tudo bem, e.. eu falo 
              o que vocês quiserem.  Sim, Celifan contratou a gente para seqüestrar 
              um elfo. Ele não disse o porque ou o que faria com o infeliz.  Há 
              dois dias entregamos o homem-fada e não ouvimos mais falar dele.”  
              Confessou o bandido.
 “Sabe aonde é que ele vive?”
 “Se.. se.. sei sim.”
      Após algum 
              tempo caminhando, o bandido os levou para a rua onde Celerum habitava, 
              correspondendo a o que Bingo havia descrito quando seguiu Celifan 
              e Laurin anteriormente.  Perceberam que era uma pequena torre, não 
              seria fácil uma invasão.  Kariel então libertou o malfeitor.      “Se eu 
              ver você fazendo coisas erradas por aí, vou atirar sua carcaça aos 
              cães.”  Disse Magnus amedrontando o homem, que se pôs a correr como 
              um louco.“Celerum pode tá fazendo coisa ruim 
              com elfo.  A gente impedir.”  Lembrou Kinuk.
 “Sim, temos que deter o miserável.”
 “Esperem.  Não podemos fazer isso 
              hoje. Tenho que preparar os encantamentos adequados.” Advertiu Kariel.
 “Mas e se Celerum matar o elfo antes?” 
              Perguntou o paladino.
 “Celerum é poderoso. De nada adiantará 
              tentarmos o resgate sem estarmos preparados, senão corremos o risco 
              dele nos matar junto com seu prisioneiro.”
 “Vamos amanhã então, e Kinuk poderá 
              orar para Uthgar também.” Finalizou Magnus de Helm.
 Chegou 
              a Hora      Era um 
              novo dia, uma nova noite.  Resolveram atacar sob o luar com receio 
              de que alguém pudesse ver Nandro.  Mesmo os crentes em deuses malignos 
              não gostam dos drows.  Foram eles, com todo o cuidado, pegando um 
              atalho pela cidade, passando por vários becos.  Magnus seguia seguro 
              do que ia fazer, Kinuk tranqüilo, Kariel preparado, Nandro atento 
              a tudo, Lua receosa e Bingo com medo.  Tinham feito um novo acampamento 
              mais perto da cidade e prepararam uma rota de fuga, caso houvesse 
              problemas adicionais.      Pularam 
              o muro, se esconderam no pátio e esperaram Bingo e Kariel, que estava 
              invisível, se certificarem que não havia ninguém por perto e então 
              abriram o portão.  Todos entraram.  Era uma torre bela, e rica em 
              decorações, bonitos tapetes e excelentes pinturas.  Subiram uma 
              grande escada que era curvada.  O elfo como sempre ia à frente, 
              alerta a alguma aproximação. Num novo nível havia um corredor, o 
              ambiente todo estava iluminado por tochas ornamentadas.      “Que estranho, 
              parece que não tem ninguém.” Disse Magnus.“Vamos dar uma olhada nestas portas.  
              Eu olharei aquela ali.”  Propôs Nandro.
 “Não, vamos todos juntos.  O mago 
              é poderoso, possui encantamentos muito fortes.” Explicou o paladino.
      O grupo 
              foi investigando porta por porta até chegar a uma sala de leitura 
              muito grande.  Era uma biblioteca com livros dos mais variados assuntos, 
              religião, filosofia, artes e história.  Uma tapeçaria de bom gosto 
              e uma mobília da estirpe da realeza.  Bingo, caminhou um pouco observando 
              os móveis e percebeu que havia uma divisória da estante que estava 
              mais grossa do que as outras.  Aproximou-se, tateou sua superfície 
              e sentiu uma pequeníssima brecha dividindo a madeira.  Continuou 
              a tatear e encontrou um livro, mais duro que os outros, o puxou 
              um pouco pra cima. Acionou um mecanismo. Parte da estante abriu-se 
              revelando um cômodo secreto.  Todos se assustaram na hora, pois 
              Bingo não havia contado sobre a suspeita de uma porta secreta.  
              Kariel e Magnus logo adentraram no recinto.  O paladino sentiu uma 
              agonia enorme quando percebeu que estava num santuário de Myrkul, 
              antigo deus da morte.  As paredes eram tomadas por inscrições e 
              figuras que reverenciavam a entidade do mal.  O repúdio foi tanto 
              que o paladino e Kinuk quiseram destruir tudo ali, mas Nandro os 
              impediu alegando que fariam muito barulho.  Portanto, vendo que 
              não havia ninguém naquele andar foram para o térreo.      Fizeram 
              uma rápida investigação e não encontraram nenhuma saída ou novo 
              cômodo.  Kariel então conjurou um feitiço que o possibilitou ver 
              através das paredes, logo percebeu uma escada oculta, igual às outras 
              dos andares superiores.  Bingo novamente procurou e encontrou um 
              mecanismo.  Quando ia acioná-lo, Kinuk o tocou no ombro.  “Hum, 
              halfling pode fazer barulho.  Kinuk retirar som.”  O xamã faz uma 
              oração a Uthgar e faz parte do ambiente ficar sem ruídos.  Bingo 
              abre a porta secreta e todos descem.      À medida 
              que seguiam, perceberam que o bom aroma do andar térreo ia desaparecendo 
              aos poucos, dando lugar a um odor fétido de coisa podre e mofado.  
              O cheiro era muito forte fazendo os heróis ficarem  levemente  tontos, 
              mas foram se acostumando.  As paredes eram cheias de limos pretos 
              e gosmentos, o calor lá embaixo era maior e alguns insetos incomodavam 
              os heróis.  Chegaram a um corredor pouco iluminado, nele haviam 
              três portas, todas com grades na altura do rosto.  Olharam cada 
              uma delas, uma tinham um esqueleto de um humano com uns trapos.  
              Nandro deu uma olhada mais precisa e viu uma letra P bordada na 
              veste esfarrapada.  Então Kariel disse: “Por Tymora! Acho que esse 
              era o PeddyWinckle verdadeiro.”.      No outro 
              calabouço havia indícios de que alguém esteve ali recentemente.  
              Eles se apressaram, Kariel, com a invisibilidade concedida por seu 
              elmo mágico, foi na dianteira. Ao término do corredor, ao dobrar 
              à esquerda, viu algo e retornando, se escondeu. Havia acabado de 
              notar um golem de pedra vigiando a entrada de uma nova escadaria.  
              Voltou e comunicou aos seus companheiros.  Nandro teve a idéia de 
              atrair o golem para a área onde Kinuk dispersou o som, assim não 
              chamaria a atenção de outros.  Kariel então voltou, e mesmo estando 
              invisível, foi percebido pelo golem, que iniciou uma perseguição. 
              Como combinado o escolhido de Mystra foi até a outra escadaria onde 
              estavam os seus companheiros esperando pelo golem.  Quando a criatura 
              surgiu na área determinada, todos atacaram de uma vez.  Foram golpes 
              duros e bem aplicados. Apenas Magnus, Kinuk e Kariel conseguiam 
              ferir o monstro de pedra, pois eram os únicos que portavam armas 
              encantadas. Atacavam o monstro, rachando sua superfície.  O golem 
              deu alguns socos que foram defendidos pelo escudo de Magnus. Após 
              alguns golpes a criatura caiu fragmentando-se.  Tudo aconteceu sem 
              um menor ruído.      Rapidamente 
              seguiram para a outra escadaria, após fazerem uma verificação, desceram 
              e chegaram a um cômodo vazio com uma porta dupla à frente.  Bingo 
              aproximou-se para ver se haviam armadilhas e olhou pelo buraco de 
              uma fechadura.  O halfling viu Celifan preparando-se para decapitar 
              um elfo preso a uma mesa, e comunicou isso aos outros.  Diante de 
              tal situação, sem que houvesse qualquer alternativa, Magnus e Kinuk 
              fizeram as portas em pedaços com chutes devastadores.  Os heróis 
              entraram todos preparados para o combate.  Acabaram de entrar num 
              salão amplo, um laboratório imenso com objetos de adoração a Myrkul 
              e a necromancia.  Existiam mesas com líquidos efervescentes de cores 
              variadas dentro de cateteres e tubos de ensaio, vidros com pedaços 
              de animais e monstros e entre estas também havia uma pequena tina 
              com um cadáver.  No final do salão encontrava-se uma estátua do 
              deus Myrkul que chegava até o teto.  Perto, um altar com objetos 
              da religião feitos de ouro e  um suporte com um grande livro aberto 
              e um diário a sua frente. Surpreendido, estava Celerum, o negro.  
              Tentou disfarçar o espanto e disse:      “Paladino?! 
              Como está? O que veio fazer aqui?”“Desmanchar essa sua cara cínica, 
              seu maníaco! Vai pagar com tudo o que fez.” Disse Magnus.
 “Mas paladino, eu não quero o seu 
              mal.  Eu só quero a vida eterna, será que é errado um homem desejar 
              viver mais?”
 “Você quer viver mais às custas das 
              vidas de outros.  Se não tivéssemos o conhecido Eleannor ainda estaria 
              viva.”  Lembrou Kariel.
 “Mas aquilo não foi culpa minha. 
              Foi Morienus.”
 “Basta, já estou cansado de tantas 
              mentiras e deturpações!  O que me diz deste elfo aí?” Continuou 
              Magnus.
 “Depois disso tudo ele vai estar 
              com os deuses élficos, não há o que se preocupar.”  Defendeu-se 
              o mago.
 “Não! Por favor, me soltem!”  Gritava 
              o elfo preso a uma mesa.
 “Celerum coisa ruim, Celerum morrer!”  
              Concluiu Kinuk.
      Antes de 
              partirem para o ataque, hesitaram por um momento, pois dois golens 
              de armadura surgiram detrás de colunas anexadas às paredes.  Cada 
              golem tinha uns três metros de altura e usava uma espada de duas 
              mãos.  Bingo e Lua ficaram na retaguarda. A elfa que portava um 
              arco curto deu um disparo em Celifan ferindo sua mão, e outro em 
              Celerum, mas a flecha inexplicavelmente parou no ar e caiu no chão.  
              Um dos golens deu um golpe tentado atingir Magnus e Nandro ao mesmo 
              tempo, os dois se esquivaram devolvendo a hostilidade, no entanto 
              a armadura da criatura sem vida era bastante espessa.  O outro conseguiu 
              ferir levemente o xamã Kinuk, mas também sofreu com o bárbaro que 
              lhe deu uma bela machadada nas pernas.  Celerum, aproveitando a 
              investida de seus golens, conjurou um encantamento que faz surgir 
              um orc, um goblin e dois minotauros.  Nandro, vendo que seus golpes 
              não surtiam efeito sobre o golem, parte para cima de um dos minotauros.  
              Kariel dispara algumas esferas de energia em Celerum, porém elas 
              são refletidas pelo corpo do necromante e voltam ao elfo, mas são 
              absorvidas pelo broche harpista.  Lua e Bingo começam a lutar contra 
              o goblin e o orc.  Magnus arranca a perna do golem mas também é 
              castigado brutalmente pela espada da criatura.  Kinuk, bastante 
              ferido, consegue derrotar o outro golem e vai ajudar Nandro, pois 
              um minotauro ia acertá-lo por trás.  Celerum levanta uma parede 
              constituída de energia mística que irradia um intenso brilho de 
              várias cores e  Kariel, então, se teletransporta para o outro lado 
              da muralha.  Um minotauro tenta dividir o corpo de Nandro em dois, 
              porém o drow é mais rápido e passa por debaixo das pernas do oponente, 
              dando no final uma cambalhota e fazendo-lhe um corte profundo na 
              virilha, despejando muito sangue.  Kariel dispara um relâmpago em 
              Celifan, que morre instantaneamente. As ramas de energia batem na 
              parede e atingem Celerum, no entanto, como antes, o raio volta para 
              Kariel e também é absorvido pelo broche.      “Meu caro 
              elfo, você lutou bem.  Mas eu sou um arquimago, não há como me derrotar.”“Não importa, encontrarei uma maneira.”  
              Depois destas palavras, o elfo invoca uma tempestade de gelo, com 
              cuidado de não atingir o outro elfo aprisionado.
      Ao fazer 
              isso, forçou Celerum a atravessar sua muralha mística.  Magnus, 
              que já havia esfacelado o golem, ajuda Nandro com o minotauro amputando 
              a cabeça do monstro.  Kinuk, vendo Celerum, novamente faz uma prece 
              a Uthgar e dispersa os encantos defensivos do mago.  Entretanto, 
              o arcano maligno dispara um relâmpago atingindo o xamã e Nandro, 
              que, muito feridos, tombam.  Bingo e Lua ainda têm dificuldades 
              com seus adversários, enquanto isso Kariel liberta Raynor, o elfo 
              preso.  Celerum tenta aprisionar Magnus num campo de força, mas 
              o paladino, que já havia sido vítima deste feitiço no passado, esquiva-se 
              na hora certa e, aproveitando o impulso,  abre uma fenda no crânio 
              do minotauro que estava lutando com Kinuk.      “Paladino, 
              paladino.  Não vê que é inútil tentar me deter, por favor, cesse 
              as hostilidades contra mim, não o odeio.  Você me ajudou a conseguir 
              o que mais quero, lhe sou grato.  Se continuar com isso, vão haver 
              muitas mortes.”“Ajudei? Vou acordar sua mente doentia 
              de uma maneira definitiva.  Celerum, a pior coisa que você pode 
              fazer nesta sua vida miserável foi me conhecer.  Você é tão desprezível 
              quanto o seu deus morto Myrkul, apenas um monte de lixo.”
 “O quê! Nunca diga isso seu paladino 
              rude e imbecil.  Myrkul é supremo! Ele está acima de tudo! Acima 
              de Helm e todos os outros.”
 “Ha, Ha, Ha ! Não diga bobagens, 
              vou lhe revelar a verdade.  Myrkul foi morto pela Comitiva da Fé 
              em Águas Profundas durante a guerra dos avatares. Não restou nem 
              uma carcaça dele.  Você adora alguém que não existe.  Pode imaginar 
              algo mais ridículo do que isso.”
 “NÃOOO!!!  Isso é mentira!  Os sacerdotes 
              conseguem poderes de Myrkul! Como explica isso, paladino ignorante?”
 “Poderes dados pelo deus da morte 
              Kelemvor, ou até mesmo por Bane, que ludibria vocês.”
        Celerum 
              fica espantado com as “heresias” de Magnus, mas não hesita sua fé 
              no antigo deus da morte.      “Só há 
              uma maneira de sabermos isso paladino.  O enviarei a Myrkul, acabarei 
              com sua vida agora.  Adeus, infame!”  Ao término destas palavras, 
              Celerum, o negro, faz uns gestos com as mãos e pronunciou “Destruere 
              materia”.“Magnus! Cuidado!”  Gritou Kariel 
              sabendo do que se tratava.
      O paladino 
              de Helm, cansado e ferido, não tinha muitas forças para se esquivar 
              do raio esverdeado que vinha na sua direção.  Porém, lembrou-se 
              das palavras do Rei Arthangh, aquele que lhe concedeu a espada ‘Chama 
              do Norte’. Havia lhe dito que um dos poderes da espada é devolver 
              encantamentos de volta ao conjurador.  Portanto, o paladino, com 
              sua fé em Helm, empunhou a ‘Chama do Norte’ com as duas mãos e a 
              colocou exatamente à sua frente dizendo:
 “Helm! Me guarde!”.
      O raio 
              verde passou como numa velocidade inconcebível, atravessou a sala, 
              mas só tinha um destino, o paladino Magnus.  Ao ver o raio saindo 
              das mãos de Celerum, Bingo gritou:       “Magnus! 
              Não morra!”      Mas o raio 
              chegara até ele, por um minúsculo momento a energia oscilou na lâmina 
              da espada e a Arte presente na arma a repeliu tendo agora uma nova 
              direção, Celerum.  O raio atingiu o âmago do necromante que se desesperou 
              e gritou pela última vez.      “Não! Por 
              quê? Eu só queria viver mais! Eu só quer...”  Ao final, virou apenas 
              cinzas.      Magnus 
              então suspirou, e caiu de joelhos como se estivesse com o peso do 
              mundo em suas costas.  Bingo e Lua, que já tinham destruído os goblinóides, 
              foram ver os feridos.  O paladino de levanta, e com o poder de Helm, 
              cura os ferimentos de Kinuk.  O xamã por sua vez retribuiu e fechou 
              as chagas do paladino, fez o mesmo com Nandro.  Estando todos bem, 
              Nandro disse:      “E agora? 
              O que faremos com aquela muralha mágica ali?”“Não se preocupe, ela desaparecerá 
              depois de algum tempo.” Respondeu Kariel com segurança.
 “Eh.. Muito obrigado por salvarem 
              minha vida.  Sou Raynor, de Tethyr.”  Disse o elfo aliviado.
 “Disponha meu amigo, você deve descansar 
              agora.” Disse Magnus.
      Os heróis 
              então esperaram a muralha desaparecer e Magnus pegou os diários 
              de Celerum e Damien Morienus.  Atearam fogo em todo o laboratório, 
              reduzindo tudo a cinzas. Em seguida foram aos andares superiores 
              e fizeram uma revista completa.  Kariel contentou-se ao encontrar 
              o grimório de Celerum, pois agora teria mais encantamentos para 
              estudar.  Encontraram também um baú onde Celerum escondia sua economia 
              convertida em jóias e ouro.  Magnus queria destruir o baú achando 
              ser algum artefato profano, mas seus amigos o convenceram de que 
              era exagero pensar assim, então o levaram.  Com tudo terminado, 
              atearam fogo em toda a torre de Celerum, causando um grande incêndio 
              que não deixou nada intacto. A 
              Partida      A fuga 
              dos aventureiros foi tranqüila, até mais fácil do que poderiam imaginar. 
              Nem os servos de deuses malignos que existiam naquela cidade, nem 
              nenhum outro inimigo os perseguiram.  Depois que saíram da pérfida 
              Luskan, deixaram Raynor na floresta, já que o elfo desejava ir embora 
              o quanto antes e voltar para sua família nas florestas de Tethyr.  
              Após alguns dias chegaram na casa de Regis, no Bosque Solitário.  
              Comentaram sobre todo o acontecido ao halfling enquanto ele fumava 
              seu cachimbo.  Mas naquele momento tinham uma grande dúvida, como 
              destruir os diários de Morienus?  Kariel passou algum tempo examinando-os 
              e não chegou a conclusão alguma, os outros também não sabiam o que 
              fazer, pois os diários não queimavam no fogo, não podiam ser cortados 
              entre outras coisas.      “Droga! 
              Como vamos destruir uma coisa feita por aquele morto-vivo?” Lamentou 
              Magnus.“Hum! Morto-vivo, gente morta andar.  
              Poder sagrado é destruído por poder sagrado, hum.” Disse Kinuk.
 “Aonde quer chegar xamã? Eles já 
              tentaram de tudo.” Explicou Regis.
 
 O xamã de Uthgar afastou-se, pegou 
              uma pequena tigela de água, foi a um local no mato e lá começou 
              a invocar a Raposa Prateada, fumou, dançou e rezou.  Quase uma hora 
              depois ele volta aos companheiros dizendo.
      “Kinuk 
              agora tentar destruir livros.”      Aproximou-se 
              dos diários que estavam no meio de uma mesa e simplesmente despejou 
              um pouco de água.  A princípio nada ocorreu, mas depois um dos livros 
              foi se deteriorando até virar poeira.  Kinuk repetiu o processo 
              com o outro diário e o mesmo aconteceu, no final não sobrara nada.      “Kinuk! 
              Você conseguiu! Mas como? Que água é essa?” Perguntou Magnus com 
              felicidade.“Água sagrada de Uthgar.”
 “É água benta, algo sagrado para 
              destruir algo profano, acho que foi isso que ele quis dizer.” Opinou 
              Nandro Do’Urden.
      Todos ficaram 
              felizes com o fato. Bingo começou a dançar com Lua, eles saltitavam 
              dando risadas.  Regis abriu alguns barris de vinho da despensa, 
              e fizeram uma pequena festa.  Beberam e comeram à vontade, Nandro 
              começou a tocar uma bela música com sua flauta.  Diante de tanta 
              descontração, Lua comenta ao paladino:      “Magnus, 
              nunca vi você sorrir assim antes.  Estou contente que esteja feliz.”“Sim, agora a alma de Eleannor e 
              Villayette descansarão em paz, e aquele bruxo nunca mais fará mal 
              a ninguém.  Você também está sorridente hoje, está bem melhor.”  
              Disse Magnus dando um abraço na elfa.
      Dias depois, 
              após terem feito uma pequena viagem para recuperar o corpo de Eleannor 
              que estava enterrado próximo à antiga morada de Damien Morienus, 
              era a hora de partir.  Owni ficou muito triste, pois gostou muito 
              do tempo em que viveu no Bosque Solitário.  Na despedida, Kinuk 
              disse.      “Vocês 
              bons companheiros de guerra, Kinuk não esquecer vocês, eu orar para 
              Raposa Sagrada por suas vidas.”“Que Tymora o abençoe Kinuk.” Falou 
              Kariel.
 “E abençoe vocês também.” Disse Nandro 
              mostrando seu símbolo da deusa da sorte para surpresa de todos.
 “E que Helm nos guarde para que possamos 
              ter um amanhã.”  Terminou Magnus.
      Kariel 
              fez um gesto dizendo algumas palavras da linguagem arcana, surgiu 
              então um arco de energia ondulante como as ondas mar, eles tiveram 
              tempo apenas para acenar aos amigos que iriam ficar e pularam no 
              portal. Uma 
              Nova Jornada      No outro 
              lado, apareceram num belo jardim, jamais visto por nenhum dos viajantes, 
              com exceção de Kariel, pois ali era Kand, a cidade natal dele e 
              Villayette.  Alguns elfos se assustaram na hora, mas Kariel logo 
              explicou o que houve.  Foram ao palácio real, e encontraram o Coronal 
              de Kand.  Ao longe, Magnus, Lua e os halflings viram Kariel dar 
              a péssima notícia a sua família.  Foi um momento de tristeza, e 
              mais triste ficaram quando souberam que somente o corpo de Eleannor 
              havia sido recuperado para descansar junto com os de sua Casa.  
              Infelizmente, nada de Villayette pode ser trazido.  Houve um funeral 
              para o casal nas tradições élficas.  Dois dias depois, mesmo com 
              os conselhos em contrário do pai Reliel, Kariel foi embora com os 
              amigos alegando que possuía outros propósitos pela frente.  Depois 
              de saírem de Kand, Lua despede-se dos aventureiros, pois tinha seu 
              próprio caminho para seguir.      Viajaram 
              em direção sul,  saíram da Floresta Alta, e chegaram em Águas Profundas.  
              De lá pegaram um navio para Athkatla, capital do reino de Amn.  
              Apesar do tratamento frio que receberam, os aventureiros conseguiram 
              Junus, o unicórnio de Magnus que haviam deixado no templo de Waukeen 
              sob os cuidados de Moedassagrada Olin.  Os sacerdotes ficaram a 
              par da intenção dos heróis de atrapalhar acordo que Celerum tinha 
              feito com a sacerdotisa Laurin e não gostaram da interferência deles, 
              principalmente de Magnus.      Ao sair, 
              andaram um pouco pela cidade e Magnus viu com grande alegria um 
              enorme templo de Helm, e sem hesitar adentrou.  No interior, esteve 
              de frente a uma grande estátua do deus Guardião, curvou-se fazendo 
              uma reverência como um bom seguidor, quando um homem em armadura 
              se aproximou dele dizendo: “Que Helm me guarde! É seguidor do deus 
              guardião?”      “Sim, de 
              todo o meu coração.”“Então venha, você e seus amigos.  
              Vamos fazer uma refeição.”  Se dirigiram a uma mesa onde estavam 
              alguns homens e mulheres devotos de Helm.
 “Desculpe, não me apresentei.  Sou 
              o Cavaleiro Vigia Aabir.”
      Enquanto 
              comiam, Aabir contava para eles como era o povo de Athkatla e sua 
              cultura.  Mencionou a grande atividade comercial e a presença de 
              guildas de ladrões na cidade.  Magnus comentou : “Aquela estátua 
              de Helm é muito bonita embora não se pareça exatamente com ele.”      “Como? 
              Como pode dizer isso? Você sabe como Helm é?” Indagou Aabir com 
              espanto.“Claro, eu o vi pessoalmente.  A 
              armadura dele é diferente.”
 “Magnus! Você não devia estar falando 
              uma coisa dessas por aí.” Disse prudentemente Kariel.
 “Por que não? Não há porque mentir.”
 “Paladino, você pode provar isso?”
 “Sim, nunca duvide de mim, principalmente 
              de minha fé no Vigilante.”
      Os quatro 
              foram conduzidos para uma sala especial, onde estava um sacerdote 
              mais velho trajado de forma mais especial.  Uma armadura de cota 
              de malha bem ornamentada.      “Então 
              você afirma ter visto Helm.  Se for alguma brincadeira, você pagará 
              caro meu rapaz por mentir diante do Alto Vigia Oisig.”“Como posso provar que é verdade?”
 “Venha até aqui e espere.”
        Aabir 
              chamou os outros sacerdotes maiores, todos eles começaram a fazer 
              uma oração ao redor de Magnus.      “Kariel, 
              será que vão machucar Magnus?” Perguntou Bingo preocupado.“Acho que não, pequenino. Mesmo que 
              quisessem, isto seria muito difícil”
      Quando 
              os sacerdotes terminaram, Oisig, emocionado disse.      “Por Helm! 
              Você o viu! É verdade! Como aconteceu? Diga-me meu filho, como aconteceu?”      Magnus 
              então contou toda a história desde que a Comitiva foi a Evereska 
              levar Ar’Cor’Querin, a espada sagrada dos elfos, até o confronto 
              de Bane e a destruição de Cyric.  Os sacerdotes ficaram bastante 
              felizes com as notícias e condecoraram Magnus por serviços a Helm.  
              Só ficaram tristes pelo fato do paladino ter de ir embora, mas disseram 
              para ele visitar uma ordem de paladinos chamada Ordem do Coração 
              Radiante.      Foram para 
              lá acompanhados por Aabir.  Era um lugar belo, uma estrutura similar 
              a um templo, com referências aos três deuses da justiça, Tyr, Torm 
              e Helm.  Após algumas explicações, os quatro heróis foram trazidos 
              a presença do Prelado Wessalen de Tyr, de Sir Mardus de Torm e da 
              Amazona Nedephia de Helm.  Foram bem recebidos e até convidaram 
              o paladino para ingressar nas fileiras, no entanto, a responsabilidade 
              de estar na Comitiva da Fé e de construir uma catedral no Vale das 
              Sombras o fez recusar a oferta.  Através de Wessalen, os heróis 
              conheceram um outro grupo de aventureiros local.  Um deles, que 
              fazia parte da Ordem do Coração Radiante, era um paladino de Torm 
              chamado Valkor.  Ele os convidou a beberem juntos numa taverna.  
              O grupo era formado por Minsc, um guerreiro de Rashemen com seu 
              mascote, um ramster chamado Boo; uma meia-elfa de nome Jaheira; 
              Mazzy Fentan, a halfling da guerra; e Aerie, uma elfa arcana.      Eles conversavam 
              amigavelmente como se conhecessem a muito tempo.      “Então 
              vocês já lutaram contra os Zhentarim? Eles não agem muito por aqui.” 
              Perguntou Valkor.“Vocês tem sorte então, pois eles 
              são uma praga.  São liderados por um sacerdote de Bane, Fzoul Chembryl.”  
              Respondeu Magnus.
 “Magnus...lembro que não é prudente 
              repetir este nome....Valkor, desculpe interromper a conversa, mas 
              há Harpistas por aqui?” Argüiu Kariel.
      Jaheira, 
              que naquele momento estava entediada com a conversa, surpreendeu-se 
              com a pergunta do elfo e disse:      “Por que 
              quer saber disso?”“Porque eu também sou um, e gostaria 
              de saber se há outros no reino de Amn.”
 “Ora, então me desculpe, eu fiquei 
              intrigada com a pergunta.  Eu sou uma Harpista, e uma druida com 
              a graça de Silvanus.”
 “Jaheira passou por problemas recentemente 
              com os Harpistas.” Explicou Valkor.
 “Problemas? Como?”
 “Er.. teve um grupo de harpistas 
              nesta cidade que traiu o código, eles tentaram me matar por não 
              entregar Valkor a eles.”
 “Entregar Valkor? Mas por quê?” Indagou 
              Magnus.
      Jaheira 
              olhou para Valkor esperando uma confirmação que veio logo em seguida.      “Porque 
              ele é um dos filhos de Bhaal.” Disse secamente a meia-elfa.“Sim, infelizmente tenho uma herança 
              maldita.  No entanto, para a minha felicidade, um homem chamado 
              Gorion me acolheu como filho após ter me salvado do culto do deus 
              do assassinato.” Explicou o paladino de Torm.
 “Que Helm me julge! Você deve ter 
              sofrido bastante com isso, não?”
 “Sim, mas o pior já passou.” Respondeu 
              o paladino cabisbaixo.
 “É, todo sofrimento acabou. Ele agora 
              tem a mim, não é Valkor?” Disse Aerie de forma carinhosa e em seguida 
              dando-lhe um beijo no rosto.  Kariel percebeu um olhar frio lançado 
              por Jaheira quando viu esta cena, notando o ciúme que a druida tem 
              pelo paladino.
 “Mas então eu tenho uma boa notícia 
              para lhe dar Valkor.  Eu sei quem matou o seu pai.” Disse Magnus.
 “Me disseram que ele foi morto no 
              Tempo das Perturbações.”
 “Sim, mas seus executores foram meus 
              colegas, outros membros da Comitiva da Fé.”
 “Então é uma honra falar com vocês, 
              mas se não o fizessem eu o faria, se tivesse a oportunidade.”
      Durante 
              o diálogo, Bingo e Owni ficaram perplexos com a beleza de Mazzy, 
              uma halfling um pouco mais velha que eles e uma grande guerreira.  
              Minsc contou algumas piadas, e todos deram risadas, Aerie deu muitos 
              beijos em Valkor, e Owni se empanturrou com a comida.  Assim terminou 
              aquele dia prazeroso.  Embora antes de irem embora, Valkor disse:      “Comitiva, 
              se virem um mago maligno de nome Irenicus, cuidado.”“Talvez seja ele quem deva tomar 
              cuidado.” Respondeu Magnus sorrindo e acenando.
 A 
              Nova Organização      De Amn, 
              seguiram direção norte e finalmente chegaram no Forte da Vela.  
              Passaram pelo Caminho do Leão por uma estrada de terreno bastante 
              seco, andaram por alguns desfiladeiros e finalmente chegaram aos 
              portões de uma estrutura imensa, que de muito longe podia ser avistada, 
              com suas várias torres cercadas por muralhas gigantescas.  Alguns 
              soldados abriram a grande porta e cercaram os recém-chegados. Então 
              apareceu um forte homem de cabelos castanhos e uma bela armadura 
              de couro.      “Aqui é 
              o Forte da Vela, eu sou Halys Dracus, o Diretor do Portão.  Quem 
              são vocês? Com que intuito vieram aqui?”“Somos integrantes da Comitiva da 
              Fé.  Viemos aqui pela recém formada organização, a Ordem Branca.” 
              Respondeu Kariel.
 “Esperem aqui um momento.”
      Depois 
              de alguns longos minutos, uma mulher surgiu. Ela era negra e com 
              cabelos ondulados, trajava uma veste estranha para eles, como um 
              robe de mago, mas com detalhes diferentes e curiosos.      “Olá! Sou 
              Myltrar, não se assustem, mas por motivo de segurança terão que 
              entregar suas armas temporariamente ao Diretor Halys.”Magnus olha para Kariel, que por 
              sua vez abaixa levemente a cabeça sinalizando para concordar.  Depois 
              de acatarem o pedido eles seguiram Myltrar.  Ao passar dos portões, 
              perceberam que não era apenas uma grande fortaleza, mas sim uma 
              cidade murada, assim como o Forte Zenthil.  Seguiram por uma rua 
              feita de paralelepípedos bem batidos, aproximaram-se de uma carroça 
              que nunca tinham visto antes.  Sua carroceria era bem comprida e 
              tinha assentos para vários lugares.  Myltrar os convidou a subir 
              nela que foi conduzida por dois cavalos.  No percurso, os heróis 
              apreciavam a tão bela e tranqüila paisagem e seus habitantes, pouquíssimos 
              estabelecimentos lá haviam.  Levantando a cabeça, só se podiam ver 
              as altas torres do Forte.  A carroça parou em frente a uma delas 
              deixando os passageiros, que foram levados por Myltrar ao seu interior.
      Atravessaram 
              um portão que já estava aberto, e  adentraram uma grande sala, preenchida 
              com pessoas de túnicas e soldados bem armados, alertas a tudo.  
              Myltrar falou com alguns desses homens e chamou os aventureiros 
              a subir uma escadaria.  Após uns três lances de escada, passaram 
              por um corredor e ficaram numa sala bem ampla, com bancos e cadeiras 
              bem construídos com assentos e encostos acolchoados com penas.  
              Decorridos alguns momentos, um homem de meia idade, com um bonito 
              robe, com longos cabelos negros e um cavanhaque sem bigode se apresentou 
              para os visitantes.      “Sou Uxas, 
              Guia e líder da Ordem Branca.  Vocês alegam ser da Comitiva da Fé. 
              Quais seus nomes?”“Bem, sou Kariel Elkandor de Kand, 
              este é Magnus de Helm, e os dois pequenos são Bingo e Owni.”
 “Fui comunicado sobre você e o paladino, 
              mas não me lembro de ter ouvido falar sobre os halflings.”
 “São nossos amigos, não há com que 
              se preocupar.” Defendeu Magnus.
 “Tudo bem.  Elminster do Vale das 
              Sombras deve ter falado com vocês sobre a formação de uma ordem, 
              desejo esse da deusa da magia Mystra.  O sábio veio até mim comunicar 
              a vontade dela, achando adequado que a sede desta ordem fosse aqui.  
              Devido a contribuição do mago ser inestimável para nós, foi debatido 
              pelos Grandes Leitores e decido pelo Guardião dos Tomos que a sede 
              da Ordem Branca fosse uma das torres do Forte da Vela.  Além disso, 
              todos os integrantes da Ordem devem responder a mim, e o acesso 
              dos membros se restringe apenas a esta torre, nomeada como a Torre 
              Branca.  É proibida a entrada nas outras torres, a não ser que obedeçam 
              a determinadas regras ao público em geral.  Se quiserem ler alguma 
              obra das outras bibliotecas terão de doar um livro de qualidade 
              considerável. Se quiserem alguma cópia de algum livro deverão pagar 
              um valor adequado.  Alguma pergunta?”
 “Onde estão os outros membros da 
              Ordem?” Argüiu o elfo Kariel.
 “Alguns estão aqui na torre.  A Ordem 
              não se limita a apenas magos, mas sim outros que desejam lutar pela 
              causa do bem e do conhecimento.  O paladino deseja ingressar na 
              nossa organização?”
 “Me perdoe Uxas, mas tenho muitas 
              responsabilidades pela frente e já faço parte da Comitiva da Fé.  
              Como nosso grupo é aliado da Ordem Branca então terá sempre a ajuda 
              de minha espada para o que precisar.”
 “Muito bem então.  Estejam à vontade 
              para explorar a Torre Branca, minha esposa já deve mostrado a cidade 
              para vocês.”
      Hospedados 
              devidamente na torre, os visitantes puderam usufruí-la corretamente.  
              Magnus pôde ler um pouco sobre a história da Costa da Espada, e 
              ficou muito preocupado sobre os acontecimentos em Maztica.   Segundo 
              as leituras , alguns sacerdotes colonizaram uma cidade do continente 
              e em nome de Helm promoveram massacres.  “Traidores devem ser punidos.” 
              Pensou o paladino.  Bingo começara a aprender a ler com a ajuda 
              de alguns sacerdotes de Oghma, e Owni conseguiu descobrir ótimas 
              receitas de guloseimas que fariam bastante sucesso em Luiren.  Kariel 
              entregou vários grimórios que obteve no último ano aos escribas, 
              que cordialmente os converteram em apenas dois, com capa nova e 
              mais resistentes que os outros.  Antes, é claro, Uxas removeu as 
              maldições e defesas místicas nos tomos de Damien Morienus e Celerum 
              para que fossem copiados.  Durante o trabalho de vários escribas, 
              Uxas e sua mulher Myltrar ensinaram novos encantamentos a Kariel 
              que ficou muito grato.  Por um mês eles ficaram lá, até que chegou 
              a hora de ir embora.  Antes, Uxas entregou um anel a Kariel que 
              trazia o símbolo da Ordem Branca, uma estrela de dez pontas.  O 
              escolhido mais uma vez pronunciou antigas palavras e um portal se 
              abriu.  Os quatro pularam nele prontos e determinados a enfrentar 
              novos desafios. |