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                |  Por Ivan Lira
 |   Os 
            Últimos Dias de Glória - Contos 
 
   O Magiteco e a Fadinha
 
 Antes
 O garoto, 
              adorava brincar e pregar peças nos outros, ia a cidade apenas para 
              pegar papéis de avisos sobre criminosos sendo procurados, pois usava 
              o lado posterior do papel que se encontrava em branco para desenhar, 
              algo que gostava muito.  Entretanto, sua inocência teve que 
              dar lugar a seriedade para enfrentar a vida, já que seus pais pereceram 
              cedo, doentes, tendo ficado apenas seus dois irmãos.
 Uma certa menina, quando criança 
              sonhava em conhecer as criaturas do bosque, pulava entre os arbustos, 
              cheirava as flores, andava toda esfarrapada sem se importar com 
              nada, só com as brincadeiras.  Desde pequena já conhecia seu 
              amor e aguardou pacientemente.
 Kelta Westingale desconhecia, 
              mas a Bruxa Coral sabia o quão um era importante para o outro antes 
              mesmo de se conhecerem, graça dos deuses, que traçaram este destino 
              nas linhas da vastidão do Cosmo.
 
 Hoje
 
 Passaram-se alguns meses desde 
              a última corrida dos deuses, a busca pela Orbe de Ogor.  Com 
              algum dinheiro que tinham, Kelta e Coral construíram um pequeno 
              templo em referência à Mystra, Deusa da Magia, e outrora amiga de 
              Kelta no Tempo das Perturbações.  Coral e seu esposo decidiram 
              continuar a missão de um mentor em comum, Terrapin Treeworm, pois 
              sua filosofia consistia na paz, na ajuda para aqueles que precisam, 
              sem que um golpe de espada seja desferido. Treeworm era um grande 
              mago e um competente sacerdote de Mystra - usava seu conhecimento 
              invejável na arte da cura, tanto do corpo como da alma.
 
 O templo possui um salão principal 
              dedicado a orações à deusa e no seu centro se localiza uma estátua 
              muito bem esculpida da senhora da magia. A imagem é muito detalhada, 
              podendo-se até perceber sentimento em sua face, fato que surpreendeu 
              muitos crentes na religião que foram acompanhar a inauguração da 
              capela.  Alguns disseram que a deusa não se parecia com a escultura, 
              surgiram comentários "Mystra não tem essas coxas enormes! Isso é 
              um absurdo!". Ao ouvir isso, Coral de ondas douradas nos cabelos 
              teve que se segurar colocando a mão na boca para não soltar gargalhadas. 
              Kelta a acompanhou com um sorriso cínico.  O ex-mago não poderia 
              explicar o motivo da aparência da imagem, pois revelar-se-ia que 
              realmente conheceu Mystra em pessoa, seria motivo de riso e o templo 
              seria desmoralizado.  Mencionou apenas o nome de Adon, o Sumo 
              Sacerdote da deusa e os sacerdotes calaram-se, agradecendo o casal 
              pela construção da única casa de Mystra na cidade do Vale das Sombras, 
              embora existisse um santuário.
 
 Os outros cômodos consistiam 
              em aposentos aos sacerdotes: Wondyr Landau, grande padre da deusa 
              mandado por Adon de Arabel; e três seguidores que residiam no Vale: 
              Melyan Flor do Amanhecer, Narthaniscan Rocha de Fogo e Berynda Hakersher. 
               Os três últimos são jovens, enquanto Wondyr, mais velho, representa 
              a autoridade máxima do templo.  No segundo andar, fica uma 
              grande sala de estudos para a Arte, onde todo o equipamento foi 
              fornecido por Kelta.  Wondyr faz uso dela para ensinar adequadamente 
              os jovens nos conhecimentos da Ondulação.  E por fim, algumas 
              salas que se encontram no lado posterior do templo onde Kelta e 
              Coral usam para a cura dos necessitados, fechando feridas, sanando 
              doenças entre outras coisas.
 
 Faltava pouco tempo para o pôr 
              do Sol. Um homem acompanhava o movimento nas ruas do Vale das Sombras 
              pela janela, pensativo, sentindo uma leve brisa que aumentava sua 
              serenidade. Mãos mais suaves que o próprio vento que ali soprava 
              percorreram por trás o corpo daquele homem. Começaram pelas costas 
              e terminaram no peito com um abraço acompanhado por um beijo nos 
              seus longos cabelos negros:
 
 "O que se passa nesta cabecinha, 
              amor meu?", pronunciou Coral Cabelos de Ondas Douradas.
 "Nada, eu só ... estava pensando 
              onde estão eles? Faz meses que sumiram.", respondeu Kelta.
 Ele fica de frente para a doce 
              mulher e abraça-lhe a cintura, enquanto ela coloca suas mãos no 
              rosto do amado: "Não precisa se preocupar.  Esqueceu que eles 
              são a Comitiva da Fé?  Villayette conseguirá rever sua esposa 
              e será feliz com ela.". Animado ele pergunta "É mesmo? Você sonhou 
              com isso Fadinha?", ao que ela responde "Não, mas acredito nisso. 
              Vamos pra casa Magiteco, antes que anoiteça.".
 "Magiteco?!", sorriu Kelta, 
              "Que história é essa?"
 "Em Aglarond aquela Regine Cereja 
              me contou algumas coisas sobre você, que era meio parado pra vida." 
              diz Coral com um sorriso brincalhão.
 "Ah é? Vou te mostrar o quanto 
              eu sou parado sua baixinha."  E correu Kelta tentado alcançar 
              Coral como duas crianças que sempre foram.
 
 O casal habita uma área do Vale 
              das Sombras conhecida por Bosque dos Druidas, uma floresta encantada 
              e protegida por Silvanus e Chauntea.  A casa deles fica a uma 
              certa distância dos menires, estruturas antigas em forma de pilares 
              que existiam há muito tempo, antes até do que a ocupação drow e 
              a fundação do Vale das Sombras.  É desconhecida sua origem 
              e seu propósito, no entanto os druidas, sob a liderança da arquidruida 
              Saja, realizam rituais freqüentes aos deuses da natureza no meio 
              dos menires, formando um círculo.
 
 Numa torre pequena embora bem 
              larga vivem Coral e Kelta com sua família: os filhos Sofia e Solar; 
              os pais de Coral, Sol e Lua; e os criados Jansen, Leslie e Shaelie. 
               Sofia e Solar ainda são crianças, gostam muito de brincar 
              e se interessam bastante pela leitura e pela música, mas ambos adoram 
              implorar ao pai para contar suas aventuras por Faerûn e depois compartilhá-las 
              com os amigos que também residem no Bosque.  Sol e Lua, pais 
              da Bruxa Coral, se mudaram para a casa deles devido aos conflitos 
              que ocorreram em Suzail, onde moravam. Sua antiga casa foi destruída 
              pelos goblinóides que invadiram Cormyr.  Sol é um senhor bastante 
              humilde e gordinho, sempre gentil e atencioso com os netos.  A 
              senhora Lua, apesar de ser realmente uma bruxa, é uma pessoa bastante 
              extrovertida e sábia com todos.  Jansen é um senhor modesto 
              que cuida dos cavalos, Leslie é a cozinheira da casa e Shaelie se 
              encarrega de outros afazeres.
 
 No lugar onde a pequena torre 
              se encontra assemelha-se a uma espécie de paraíso, como se estivesse 
              indefinidamente no Outono, já que folhas não param de cair das árvores 
              e acompanhar o movimento das brisas, árvores estas que nunca secam 
              ou deixam de apresentar abundância de cores e vida.  Acham 
              alguns que isso se deve ao fato da floresta ser encantada ou pela 
              influência silvestre originada das fadas que permeiam todo o ambiente 
              com um perfume suave e sereno.
 
 A noite já chegara há algum 
              tempo, Kelta e Coral estavam no seu quarto preparados para dormir, 
              porém antes de se aquecerem um no outro, ela menciona "Querido, 
              acho que teremos de adiantar a renovação dos votos de nosso casamento, 
              pois Iorek e Glenna pretendem em breve partir para o reino dos anões.", 
              lembrou Coral se referindo a viagem dos amigos à Grande Fenda. "Sim 
              meu amor, provavelmente teremos de fazer isso, mas me entristece 
              o fato de não ver os outros na cerimônia.  Kariel é quase como 
              um irmão pra mim e Villayette é um grande amigo.", diz Kelta tristonho. 
              "Nós não sabemos quando irão voltar, quando assim o fizerem comemoraremos 
              o retorno.", termina a Fadinha deitando a cabeça no peito do amado. 
              Assim ambos entram em sono profundo.
 *****       Pela 
              manhã, Kelta Westingale resolve visitar seu amigo Iorek, que vive 
              numa bela casa de madeira nos arredores do Vale das Sombras, ao 
              se aproximar avista Glenna pendurando roupas para secar."Olá Glenna! Como vai? Iorek 
              está por aí?"
 "Olá Kelta, nós vamos muito 
              bem. Iorek está lá atrás cortando lenha.  Onde está Coral? 
               Não veio com você?" , responde e pergunta Glenna limpando 
              o suor da testa com as costas da mão.
 "Ela foi falar com Saja.  Eu 
              vim convidar você e Iorek para a renovação de votos de meu casamento 
              com Coral, vocês desejam ir?", explica Westingale.
 "Ora, mas é claro! Faz tempo 
              que eu e Iorek não participamos de eventos com muitas pessoas."
 Kelta mais uma vez cumprimenta 
              Glenna e procura Iorek.
 
 Iorek, grande como um urso, 
              parte furiosamente um pedaço de madeira enquanto Kelta o surpreende 
              dizendo:
 "Homem, já vi você arrebentar 
              o crânio de um orc desta mesma maneira!"
 "Kelta, mago de araque! Por 
              onde andou?", pergunta Iorek zombando.
 "Sempre por aqui pelo Vale, 
              espero que visite o templo de Mystra." Iorek crava o machado no 
              chão e se desculpa "Droga! Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa 
              quando passo na cidade para comprar mantimentos", porém Kelta insinua 
              "Para comprar mantimentos ou para visitar a taverna do Velho Crânio? 
              Ouvi dizer que você anda secando alguns barris por lá."
 "Hã.. Err.. É, de vez em quando 
              eu tomo uma caneca ou duas, mas nada mais que isso!" Responde Iorek 
              envergonhado.
 "Eu estava falando com Glenna... 
              vocês desejam comparecer na renovação de votos do meu casamento 
              com Coral?", mais uma vez explica Kelta.
 "Casamento!?  Mas você 
              já não é casado com ela?  Pra quê isso?", questiona o ranger 
              ingenuamente.
 "Não, rapaz! Eu vou renovar 
              o casamento, é só uma comemoração para celebrar o tempo que ficamos 
              juntos.", conclui Kelta.
 "Eu vou é claro, mas ainda não 
              entendi.", continuou Iorek.
 "Bom, apenas vá. Além do mais 
              vai ter muita comida de todos os tipos. Você não vai perder essa, 
              vai?", disse Kelta, chantageando o amigo.
 "Comida! Vai ter todos os tipos 
              de carne com todos os tipos de molhos suculentos? Vai ter bolos 
              de chocolate, de amora e framboesa? Vai ter uma farofinha com peixe 
              frito da Sembia com dezenas de variedades de temperos bem apimentados?", 
              Iorek literalmente começou a babar.
 "Isso é só o começo meu caro, 
              você vai experimentar o bolo de abóbora misturado com várias raízes 
              saborosas que eu mesmo irei fazer", respondeu Kelta.
 "Hi! Esse bolo eu vou ter que 
              jogar junto com o peixe e outras carnes para não sentir o sabor.", 
              pensou Iorek.
 "Mas mudando de assunto, você 
              realmente pretende partir para a Fenda? Pense bem... faz pouco tempo 
              que Glenna retornou dos mortos para sua vida. Não acha que será 
              melhor para ela viver entre os humanos? Pois, apesar dos anões serem 
              a melhor raça dos reinos, a cultura deles é diferente e talvez ela 
              não se sinta confortável.", prosseguiu Kelta.
 "Sim Kelta, eu já tinha pensado 
              sobre isso, mas a dívida e a adoração que eu tenho por Moradin é 
              eterna.  Porém digo de antemão que irei para a Fenda apenas 
              para aprender sobre Moradin, pretendo ser um sacerdote do deus dos 
              anões.  Portanto é bem possível que eu volte, talvez para o 
              Vale das Sombras.", explicou Iorek.
 "Então farei orações a Moradin 
              para que você retorne e presenteie esta cidade de aventureiros com 
              os desígnios do deus dos anões e assim possa forjar o caráter de 
              muitas pessoas." Disse Kelta se despedindo do amigo.
 *****       Coral 
              se dirigia a um local muito especial, que ao se aproximar provoca 
              uma onda de recordações de alguns anos atrás quando chegou ao Vale 
              das Sombras com seu amado.  Junto com sua amiga Ênia, Coral 
              fez parte do "Círculo", a organização druida responsável pelo Bosque. 
               Ela se tornou uma grande protetora da natureza e os elementos 
              que a regem.
 Ela andava a cavalo calmamente 
              vislumbrando a magnífica morada dos druidas. Era uma pequena aldeia 
              composta por tocas que se mesclavam às arvores numa harmonia indescritível, 
              não era possível distinguir o que era rocha ou planta, fazendo com 
              que se pensasse que estavam vivas. As tocas se apresentavam como 
              extensões horizontaisdas grandes árvores que tem um cheiro tênue 
              de hortelã, eram constituídas de colunas as quais sustentavam os 
              telhados que pareciam mais folhas bastante espessas, mas na verdade 
              eram a própria casca da árvore. As paredes eram feitas 
              por uma madeira que aparentava o interior de uma colméia de abelhas 
              denotando uma bonita cor alaranjada. Ao invés de portas, o vão das 
              tocas era preenchido por linhas de tecido que juntas formavam uma 
              penugem colorida. Entre as estruturas haviam caminhos como ruas 
              de cascalhos, todos com cores variadas e redondinhos, por fora brotava 
              uma grama tão fofa quanto um travesseiro de um rei, e não é preciso 
              dizer que em todo o ambiente cresciam espetaculares flores de todas 
              as aparências e fragrâncias tornando o aroma do local tão agradável 
              que poderia anestesiar a mente de qualquer um.
 
 Ao passar lentamente com o cavalo 
              Coral ia cumprimentando os druidas, que outrora foram seus colegas. 
              Não sabia ela mas alguns sussurravam "Foi essa mulher que negou 
              o título de arquidruida, por causa da família", outros comentavam 
              "Eu jamais abriria mão de uma dádiva dessas, a natureza deve ser 
              adorada em primeiro lugar e não os conceitos carnais", poucos concordavam 
              "Não me surpreende, ela não aprendeu o druidismo corretamente, ela 
              e Ênia não realizavam todos os ritos por causa de seus maridos", 
              e muitos discordavam "Isso tudo é bobagem, ela escolheu o caminho 
              que quis para sua felicidade, e fez isso com liberdade, que faz 
              parte da nossa filosofia".  A Fadinha então chegou ao seu destino, 
              desceu do cavalo e adentrou uma toca de entrada púrpura.  No 
              interior, o piso era uma esteira formada por folhas secas.  Ela 
              andou um pouco e encontrou uma bonita mulher que orava a Silvanus, 
              seu olhar poderia encantar muitos homens, seu corpo era o de uma 
              deusa assim como seus longos cabelos negros.  Ao terminar a 
              mulher pergunta "Coral! Como estás tu pequena? Pensei que tinhas 
              esquecido de mim?".
 "De forma alguma Grande Sacerdotisa, 
              eu vim para vê-la e saber como está o Círculo." Responde a Fadinha.
 "Grande Sacerdotisa não! Como 
              amiga tu deves me chamar por Saja, assim como antes e sempre.  As 
              coisas continuam tranqüilas por aqui.  Como vai tua vida?"
 "Eu e Kelta estamos muito bem, 
              na verdade esse é o motivo de minha vinda.  Vim pedir que a 
              senhora conduza uma cerimônia para renovar meus votos de casamento, 
              pois seria uma honra para mim e meu marido que o fizesse.", explica 
              Coral.
 "Ora, como não? É claro que 
              aceito.  Tenho uma grande estima por ti, Kelta e Ênia. Tenho 
              certeza que estão trilhando um caminho de paz e felicidade abençoados 
              por Silvanus e Tymora.", diz Saja andando na direção dela.
 "Saja, qual a reação dos arquidruidas 
              por eu não ter aceitado a proposta?"
 "Bom, o Mestre Mourntarn não 
              me pareceu decepcionado, Eimair aprovou tua decisão, acho que só 
              Veshar achou estranho.  Mas não ligues para ele, só quer saber 
              de poções mágicas e está muito velho e ranzinza.", responde a arquidruida.
 "E você Saja, o que pensa?", 
              continuou Coral.
 "Eu me orgulho de tua decisão, 
              pequena. Há anos passados, quando chegou aqui com Ênia eu sabia 
              que tu não permanecerias aqui por muito tempo.", disse Saja.
 "Mas a Grande Sacerdotisa não 
              acha errado o que fiz?"
 "Pequenina, preste bastante 
              atenção.  Desde há muito tempo existem os druidas em Faerûn, 
              e sempre a nossa filosofia foi alcançar a harmonia entre nosso ser 
              e a natureza.  A natureza não é necessariamente as plantas 
              e os animais silvestres. Compreende-se como o curso da vida perante 
              a 'Balança', uma espécie de equilíbrio entre todas as coisas.  Tu 
              pequenina, amas as criaturas do bosque, amas as plantas e amas o 
              seu homem. É natural que sigas seu caminho, pois estais alcançando 
              à tua maneira a harmonia com a natureza.  Portanto de forma 
              alguma isto se apresentaria como algo errado", revela sabiamente 
              Saja.
 "Não sabe como é importante 
              pra mim ouvir isso Saja, obrigado.  Você sempre foi minha amiga." 
              E com um confortável abraço Coral agradece o apoio de Saja, logo 
              depois toma seu caminho de volta para casa.
 *****       Kelta 
              adentrou os portões da Torre de Ashaba, o castelo real do Vale das 
              Sombras.  E como amigo pessoal do Lorde, não teve muitos problemas 
              para ter uma audiência com o mesmo.  Mourngrym Amcathra o recebeu 
              gentilmente, já o conhecia há tempos pelos seus feitos para com 
              a cidade.  E ao ouvir o convite de Kelta para a renovação de 
              votos de casamento, consulta alguns papéis e confirma sua presença, 
              contudo muda o assunto da conversa:
 "Westingale, eu, como Harpista 
              estou a par de muitas informações. Estou curioso em saber porque 
              não aceitou o cargo de Mestre Harpista, pensei que era isso que 
              queria.", argüiu o Lorde.
 "Como amigo Mourngrym, direi 
              meus motivos, apesar de serem bastante claros.  Eu jamais conseguiria 
              ficar em paz sendo um líder de uma organização que se opõe diretamente 
              aos Zhentarim, pensando no que poderia acontecer a minha família. 
               Além disso, existem muitas outras pessoas que possuem as qualidades 
              adequadas para o ofício.  Bom, sempre em minha vida meu desejo 
              principal não era ser um mago, nem um aventureiro famoso.  O 
              que quero eu já tenho: Coral, Sofia e Solar.  Nada me faria 
              mais feliz.", termina Kelta.
 "Bem, com uma resposta dessa 
              quem sou eu para contestar? Concordo que para ser um Mestre Harpista 
              o candidato deve querer de coração, embora eu ache que não há muitas 
              pessoas capazes nos reinos.  Vi poucos homens como você Westingale", 
              acrescenta Mourngrym.
 Kelta então se despede do Lorde, 
              e cumprimenta Shaerl Manto de Romã, a esposa de Mourngrym, o Príncipe 
              Scotti, Junthor, filho adotivo do Lorde, e é claro seu grande amigo 
              Thurbal, capitão da guarda e guardião do Vale das Sombras.
 
 Ao caminhar pelas ruas da cidade, 
              Kelta é surpreendido por uma figura há alguns metros em sua frente. 
               Era um jovem rapaz bem vestido, cabelos curtos e negros e 
              um olhar cínico que expressava menosprezo.
 "Ora, ora, eu tinha que ver 
              com meus próprios olhos a decadência que você se tornou." Pronunciou 
              estas palavras ninguém, senão outro, Erwin, filho de Kelta com a 
              bruxa de Rashemen Lady Yhelbruna.  Voltando no passado no ano 
              de 1354 CV, quatro anos antes de conhecer sua amada Coral, o mago 
              Kelta junto com o elfo Feargal Rahl e a halfling Regine Cereja recuperaram 
              a espada encantada Hadrylis para Lady Yhelbruna.  Foi nessa 
              época que o jovem e mancebo Kelta foi seduzido pela bruxa de Rashemen. 
               Deste caso, sem que o mago soubesse, nascera Erwin que anos 
              depois se tornou pupilo de Kariel, o elfo amigo de Kelta.  O 
              rapaz odeia Kelta por ele ser um filho bastardo e havia prometido 
              vingança na última vez que se encontraram no Vale das Brumas.
 "Erwin! Você voltou! Eu gostaria 
              muito de conversar com você.", diz Kelta.
 "Conversar? Com você? Ha Ha, 
              não seja ridículo! Não valeria a pena.", retruca Erwin.
 "Mas.. como assim? Eu não entendo 
              Erwin, porque me odeia tanto? Você não queria o conhecimento de 
              que é meu filho.", pergunta Kelta.
 "Esqueça isso, eu fiz um monte 
              de besteiras na época.  Eu não posso ser filho de alguém tão 
              estúpido o bastante para renegar a possibilidade de ser um grande 
              arquimago e um Escolhido da deusa Mystra.  Eu queria tanto 
              pisar na sua cara, mas você ficou mais baixo que o próprio chão." 
              Erwin já não olhava mais nos olhos do pai.
 "Como sabe disso? Eu fiz o que 
              tinha de fazer, não sou ambicioso como você queria que eu fosse.", 
              responde Kelta.
 "Mourngrym mencionou algo sobre 
              o que Kantras relatou em relação a missão da 
              tal Orbe. Ele me devia por eu ter defendido o castelo durante a 
              guerra contra os goblinóides.  O mais estranho de tudo é que 
              gostei disso ter acontecido, me fez perceber o quão idiota você 
              é.  Você é apenas um reprodutor, portanto não sou seu filho 
              e sim da Hathran Lady Yhelbruna de Rashemen, alguém muito importante 
              e de estirpe, não um plebeuzinho como você.  Ora! Nunca mais 
              perderei meu tempo contigo, não me procure mais, seu rato." Erwin 
              virou de forma bastante esnobe e foi embora.
 "Er.. " Kelta deu um passo, 
              mas desistiu, sabia que tinha perdido um filho para sempre, que 
              este foi consumido pelo ódio.  Pensava Kelta que talvez se 
              tivesse feito algo no passado poderia evitar este fato, mas logo 
              percebera que é inútil lamentar por algo perdido.  Imaginou 
              que este é mais um preço que o destino cobrou para assegurar sua 
              felicidade.  Então, apesar de desapontado, prosseguiu em frente 
              rumo a sua casa.
 
 *****       Poucos 
              dias se passaram, então chegara o momento da cerimônia.  O 
              dia estava lindo, o Sol estava tão bom quanto o melhor dia de Primavera, 
              as nuvens mais fofas que o normal e o verde das plantas dava o toque 
              final para um dia perfeito.  Coral, Kelta e sua família tinham 
              preparado uma grande festa na frente de sua morada.  Algumas 
              mesas esperavam ser preenchidas com as mais variadas formas de comidas, 
              e os convidados iam chegando aos poucos.
 Já se encontravam no evento 
              Wondyr e seus discípulos, alguns moradores do Bosque, Saja acompanhada 
              com poucos druidas, alguns deles centauros, e por fim Glenna com 
              seu marido Iorek, que começava a ficar impaciente.  Mas o que 
              chamou a atenção de todos foi um pequeno grupo de pessoas que se 
              aproximava.
 Ao chegarem mais perto, todos 
              perceberam a figura do Lorde Mourngrym, seguido de sua esposa Shaerl 
              Manto de Romã, Scotti, Junthor, Thurbal com sua família e uma pessoa 
              com um manto claro que ficava um pouco escondido dentre os recém-chegados. 
               Ao se aproximarem, Saja diz: "Bem vindo, Lorde do Vale das 
              Sombras ao Bosque dos Druidas. É uma honra tua visita aqui neste 
              recanto."
 "Muito obrigado, mas também 
              sinto honra em estar num lugar tão belo.  Ainda não tive a 
              chance de agradecer aos druidas pela cooperação na guerra recente 
              contra os goblinóides.  Não fosse a bravura dos habitantes 
              desta floresta encantada poderíamos estar por debaixo da terra.", 
              agradece Mourngrym.
 "A cooperação foi mútua, devemos 
              estar sempre unidos já que vivemos no mesmo vale.  É uma pena 
              que Kantras e Adsartha não estejam aqui conosco", completou Saja.
 Mourngrym acena positivamente 
              com a cabeça e logo se inicia um diálogo trivial entre o Lorde, 
              Shaerl e Saja focando-se nos interesses da cidade.  Junthor 
              e Scotti são rapazes bastante jovens, por enquanto ainda não despertaram 
              interesse pelos princípios políticos ao qual estavam submetidos, 
              entretanto Junthor, que possui a mesma idade de Kantras, já tinha 
              a permissão de carregar uma pequena espada na cintura, o mesmo não 
              acontecia com Scotti.  A figura de manto apenas observava os 
              outros de longe com os braços cruzados e a mão direita coçando uma 
              suposta barba escondida pelo capuz do manto.
 
 Quando todos já conversavam 
              entre si, Kelta surge com seus dois filhos para receber os convidados. 
               Estava muito bem trajado, como se fosse um príncipe.  Foi 
              cumprimentando um a um, e ao chegar em Mourngrym, Scotti se surpreende 
              com uma visão.  Uma estranha sensação que nunca sentira antes 
              percorreu seu corpo mancebo como fogo queimando. Isso deveu-se a 
              presença de uma pequena figura postada do lado de Kelta, uma menina 
              linda com cabelos castanhos claros.  Se tratava de Sofia, a 
              filha de Kelta.  Seu coração disparava enquanto vislumbrava 
              a beleza da jovem. O tempo pareceu congelar e só foi quebrado quando 
              a própria percebeu e o encarou.  A vergonha tomou totalmente 
              a face do príncipe, por alguns instantes seus olhos cruzaram com 
              os dela até que a coragem acabou e mudou de direção.  Sofia 
              observou curiosa o rapaz, pois acabara de sentir um lampejo que 
              a deixou atônita e ao mesmo tempo vexada, e por fim ambos sentiram 
              um estranho medo, pois eles acabaram de descobrir algo novo do qual 
              não conheciam, a partir daquele dia não seriam mais os mesmos.
 
 A pessoa de manto se aproximou 
              de Kelta e retirou o tecido que cobria sua face, revelando alguém 
              muito conhecido e especial para o ex-mago que o chama a atenção.
 "Olá meu jovem! Me alegro ter 
              chegado na hora.", diz a figura.
 "Vangerdahast?! Meu amigo, por 
              onde andou?" , diz Kelta dando um forte abraço no ex-mago real de 
              Cormyr.
 "Viajei um pouco pelas Terras 
              Centrais procurando um pouco de paz, mas não poderia perder um momento 
              tão agradável.  Se pudesse estaria presente na época do casamento, 
              no entanto estava a trabalho para o Rei.", responde Vangerdahast.
 "É muito bom que o senhor esteja 
              aqui, você e Treeworm me ensinaram muito."
 "Kelta, é verdade que não é 
              mais um mago?"
 "Sim, já faz tempo.  Felizmente 
              a hora de parar tinha chegado."
 "Você deixou os encantamentos 
              por si próprio em busca de sua felicidade. Fez algo que eu poderia 
              ter feito. Eu o invejo Westingale. Vejo que Treeworm não só o instruiu 
              no estudo da Arte, mas sim no discernimento da vida.", terminou 
              o velho Vangerdahast.
 
 Após a conversa com o ex-mago 
              real de Cormyr, Kelta caminha por perto de Saja e sussurra:
 "Você conseguiu o que eu pedi 
              Saja?"
 "Espere e verás", responde a 
              arquidruida.
 
 Saja instruiu a todos que a 
              seguissem.  Portanto eles foram caminhando atrás da druida 
              pelo bosque até chegarem a um pequeno riacho que ali corre.  Saja 
              e Kelta se posicionaram na beira da água e esperaram.  Foi 
              quando alguns instantes depois surgiram Sol e Lua, e atrás deles 
              vinha Coral de Ondas Douradas nos cabelos.  Ela tinha um belíssimo 
              vestido branco e amarelo e vinha andando suavemente como se estivesse 
              flutuando.  Seus lábios pareciam ser feitos de mel e um sorriso 
              se abriu quando seus olhos cintilantes avistaram seu amor, revelando 
              dentes mais brancos que as nuvens.  O nervosismo já tomava 
              conta de Kelta que pensava: "Que a deusa Sune da beleza me perdoe 
              mas Coral é a mais bela das fêmeas, beleza essa que só é superada 
              por sua alma doce".  A Fadinha por sua vez dizia para si mesma 
              "Meu amor é tão lindo e só meu ele é.  Tymora, deusa, agradeço 
              por tão maravilhoso companheiro" e chegou perto do amado segurando 
              suas mãos.
 Ambos ficaram à beira do riacho. 
               Assim como há alguns anos atrás, a cerimônia se repetiu, Saja 
              entoou orações aos deuses da natureza, pegou um pouco de água com 
              as mãos e espalhou pelo corpo dos dois, Coral seguida de Kelta fizeram 
              juras de amor entregando-se um ao outro, terminando num terno beijo. 
               Ficaram abraçados por algum tempo e diziam:
 "Meu amor, és o mais belo entre 
              os homens, você é o ar que preciso para respirar", começou Coral.
 "E você Fadinha é minha vontade 
              de viver, é a água que mata minha sede, por isso tenho uma surpresa 
              para você..", correspondeu Kelta dando um sinal para Saja.
 E por detrás de algumas árvores 
              que estavam ao redor surgiram pontos luminosos com asas que começaram 
              a dar voltas por entre os convidados assustando-os no início, alguns 
              pensaram ser beija-flores, outros vaga-lumes, no entanto o pontos 
              reduziram a velocidade e pararam no ar.  Permitindo que os 
              presentes os identificassem, eram fadas, ou pixies como são conhecidos 
              por alguns.  Dois deles se colocaram frente a Coral e Kelta.
 "Oozzlllá! Euz souzz Spinkel! 
              Viimzz emz nomez de meuz povoz paraz ofeszrecer grazças a vocêsz." 
              Disse uma fada macho.
 "E euz me chamozz Tinnina!" 
              Falou uma linda fada.
 
 Spinkel era do tamanho de um 
              passarinho, sua voz, assim como a dos outros fazia zumbidos, contudo 
              era um som bastante agradável.  Ele vestia uma roupinha verde 
              em que se encontrava até bolsos, por entre seus pequeníssimos fios 
              de cabelo se erguiam duas antenas amareladas que se mexiam constantemente 
              e nos seus pés podiam se ver minúsculos sapatos.  E bem como 
              os outros de sua espécie, Spinkel não parava de dar risadas.  Já 
              Tinnina chamava atenção por seus grandes olhos brilhantes acentuados 
              com enormes cílios que brilhavam como ouro, e no caminho que percorriam 
              deixavam um rastro de pó brilhante que logo desaparecia.
 
 "Lhesz dou umz presentez como 
              demonsztrazçãoz de reszpeito ez admirazção."  Surgiu uma coroa 
              feita de flores douradas bastantes resistentes, pois eram mágicas. 
              As flores jamais morreriam.  Spinkel se aproximou de Coral 
              e depositou a coroa na cabeça dela, em seguida deu um beijo na ponta 
              de seu nariz.  Tinnina fez o mesmo com Kelta, depois de colocar 
              a coroa deu um beijo no nariz e ficou de mãos dadas com Spinkel. 
               Eles acenaram desejando felicidades e todos as fadas saíram 
              voando dando voltas e sumindo logo em seguida.
 Coral não conteve as lágrimas 
              e falou para o amado lhe colocando as mãos na face "Kelta, que lindo 
              você fez, o único presente melhor que este são nossos filhos e você, 
              por ter entrado na minha vida."  E então deu-lhe um beijo forte 
              e tenaz que durou bastante tempo, emocionando alguns que assistiam. 
               Terminada a cerimônia, todos voltaram para as mesas.
 
 A comida estava em fartura, 
              muitos tipos de alimentos podiam-se ver nas mesas: doces, carnes, 
              raízes, frutas e sementes.  Para aqueles de cultura reservada, 
              como a família real, optaram pela suculenta carne de cervo com legumes 
              acompanhado de um saboroso vinho da Sembia.  Já Kelta, Coral, 
              Saja e os druidas tinham preferência para os cereais, como raízes, 
              legumes e uma novidade para muitos dali, que o ex-mago tinha mandado 
              trazer - batata.  Todos adoraram a batata, até aqueles mais 
              carnívoros. O motivo era o bom sabor somado a quantidade de massa 
              que ela possui.  A opção de Iorek era bastante clara, ele queria 
              tudo.  O ranger foi devorando carne por carne, depois passou 
              pela batata e finalmente tinha chegado aos bolos, foi neste momento 
              que o futuro padre de Moradin misturou alguns pedaços de bolos de 
              framboesa com os de abóbora que seu amigo Kelta tinha preparado. 
               Outros pedaços é claro, ele jogou debaixo da mesa para os 
              cachorros que por sua vez também não queriam.
 
 Por alguns momentos Coral colocava 
              comida na boca do marido, ao fazê-lo, provocava sua libido dando 
              pistas do que iria acontecer à noite quando estivessem sozinhos. 
               A respiração de ambos ficou um pouco mais rápida, sentiram 
              um calor repentino que subia dos pés até a raiz do cabelo.  Neste 
              instante um olhava para o outro, nem piscavam, focalizaram a menina 
              dos olhos e ali permaneceram como se estivessem completamente sozinhos 
              num mar sem horizonte, já não ouviam som algum, esqueceram o mundo, 
              só tinham conhecimento um do outro, até que depois de poucos segundos 
              Kelta mudou a direção de seus olhos para a Lua desenhada na testa 
              de Coral, lembrando claramente do dia em que se uniram como marido 
              e mulher, ele deu um suspiro e lembrando-se da menina Coral ao qual 
              ele se entregou completamente.  Enquanto isso ela percorria 
              seus olhos pelo queixo quadrado do amado, subia para a boca que 
              já beijou inúmeras vezes, vislumbrava sua pele rígida que atestava 
              anos de batalhas, então colocou a mão na face, pois tinha que sentir 
              aquele rosto masculino que estava com a barba feita. Ela fixou-se 
              novamente na boca e quando esta abriu vagarosamente, ela não pestanejou, 
              avançou dando-lhe um beijo profundo até alcançar sua língua saboreando-a, 
              o mesmo fez Kelta colocando sua mão esquerda atrás da cabeça da 
              amada para ter um melhor apoio.  Entorpecidos pelo sabor carnal 
              que compartilhavam, não percebiam as coisas da realidade, os pássaros 
              que voavam, as crianças que brincavam, as pessoas que conversavam 
              e até mesmo o lugar onde estavam.  Apenas quando o fogo diminuiu 
              é que se deram por si recolhendo-se envergonhados com um abraço 
              caloroso.
 
 Sol, abraçado com Lua observava 
              o casal com admiração e agradeciam aos deuses pela felicidade da 
              filha.  Se orgulhavam do jeito que a criaram, com amor e liberdade, 
              fatores que eram refletidos nos netos através de sorrisos e pulos 
              de alegria.  Estavam convictos da obra que fizeram em suas 
              vidas, com certeza morreriam felizes e tranqüilos.
 
 Apesar de um pouco ortodoxo, 
              Mourngrym também tinha sua paixão, de mãos dadas com sua Shaerl 
              se recorda da época em que Doust Sulwood, antigo lorde do Vale das 
              Sombras, lhe entregou o pendente de Ashaba, nome do primeiro lorde. 
               E então se lembra de que se não fosse Vangerdahast, não conheceria 
              seu amor, pois o ex-mago real de Cormyr tinha enviado secretamente 
              Shaerl para investigar o recém lorde.
 "Espero já ter lhe agradecido 
              Vangerdahast.  Se não fosse sua perspicácia eu não teria conhecido 
              Shaerl."
 "Não precisa me agradecer, afinal 
              foi o grande rei Azoun que me instruiu a descobrir o valor do lorde 
              do Vale das Sombras.", explicou Vangerdahast.
 "Mas foi o senhor que me escolheu 
              para missão, portanto brindemos a tua competência.", completou Shaerl 
              erguendo o copo seguida pelo marido.
 
 Num belíssimo gramado alguns 
              agacharam-se, outros usavam troncos como assento e formaram assim 
              um círculo.  Kelta e Coral se dirigiram para o centro com uma 
              harpa cada um e começaram a tocar.  O som era bastante tranqüilo, 
              a Fadinha tocava notas mais agudas enquanto o Magiteco fazia sons 
              mais graves criando uma bela harmonia entre os dois, embora fosse 
              perceptível a maior experiência por parte de Coral na arte da música, 
              afinal foi ela que o ensinou a tocar.  Já na arte de desenhar 
              o ex-mago sabia muito, ensinou a sua amada como projetar uma imagem 
              num papel, e ela aprendeu bastante tanto que adora desenhar os pássaros.
 Quando a música do casal começou 
              a ficar mais agitada, os druidas se levantaram e começaram a dançar, 
              só que faziam isso pulando e de um jeito bastante selvagem o que 
              surpreendeu um pouco os da corte real.  O ritmo ficou melhor 
              ainda quando um dos centauros resolveu tocar flauta acompanhando 
              a música. Era difícil ficar parado, dos mais agitados aos mais quietos 
              um a um foram se juntando aos demais numa grande dança folclórica, 
              que fizeram até não agüentarem mais.  A medida que ficaram 
              exaustos, a música foi parando.
 Coral pediu para o esposo parar 
              de tocar e disse "Agora o meu presente..", e chamou sua filha Sofia. 
               Coral então tocou uma música bem calma e doce, e sua filha 
              começou a cantar.  Sua voz era lindíssima, suave e bela como 
              um passarinho, até mesmo o pai ficou surpreso e nem suspeitou das 
              vezes que Coral ensaiou com a filha.  A canção dizia algo sobre 
              o destino unir duas pessoas: era uma declaração de amor.  Mas 
              com certeza quem ficou encantado foi Scotti, nunca imaginaria que 
              naquele bosque poderia ver alguém tão linda como Sofia. O príncipe 
              estava se sentindo um homem.
 
 Por fim era chegado a hora das 
              despedidas, Iorek já se preparava para ir pra casa e disse "Parto 
              em poucos dias, mas não se preocupem, eu falarei com os dois antes". 
              Kelta e Coral então cumprimentam o ranger e sua esposa.  Os 
              druidas também logo se foram com apenas um acenar de mãos indicando 
              que logo se veriam novamente.  O lorde Mourngrym, junto com 
              a família real, foi em seguida mas antes reforçou a união entre 
              o povo da vila e do bosque, e quem ficou triste foi mesmo o menino 
              Scotti, pois não teve a coragem de falar com a pessoa que admirava. 
              Só lhe restou a esperança de vê-la novamente.  Vangerdahast 
              se despedia calorosamente com Sol e Lua, que já conhecia há muito 
              tempo, e foi parado por Coral: "Por que não passa uns dias aqui? 
              Seria muito bom.", insistiu ela.  "Infelizmente eu não posso, 
              estou em viagem. Acho que vou conhecer a Faerûn que nunca vi.", 
              então deu um grande abraço no casal e se foi.
 *****       Era 
              noite, a festa já tinha acabado e todos estavam em repouso para 
              no próximo dia seguir suas vidas, mas um certo casal ainda estava 
              acordado.  Deitados na cama, acariciando-se, comentavam como 
              tinha sido boa a comemoração, trocavam alguns gracejos, estes foram 
              se transformando em investidas amorosas.  Sentado, Kelta envolvia 
              quase que completamente o corpo da esposa, lambia a nuca dela provocando 
              gemidos, ela então o deitou e ficou por cima passando suas mãos 
              no peitoral dele, abaixou-se para beijá-lo, ao fazer, roçou os seios 
              no peito dele, o que deixou Kelta louco.  Eles se amaram como 
              nunca, num clímax de prazer e de amor.  Ao término do ato, 
              conversaram."Já lhe disse como é maravilhosa?" 
              Elogiou Kelta.
 "Já sim, assim como você também 
              é.  Kelta, me perdoe se não falo muito do jeito que gostaria.."
 "Bobagem Fadinha, falar é uma 
              coisa que todos podem fazer, mas nem todos podem realizar.  O 
              seu jeito de se expressar é o mais sincero que alguém pode ter, 
              eu te amo do jeito que você é, e sempre será assim." Explicou Kelta.
 "Eu adoro ouvir essas coisas 
              lindas que diz, te amo também, completamente.  Mas eu quero 
              que saiba, espero que Tymora tenha nos reservado um cantinho em 
              seu jardim no além-vida, porque eu sempre estarei com você.", disse 
              Coral com lágrimas nos olhos e o coração disparado.
 "Sim meu amor, estaremos sempre 
              juntos, seremos um só ser", completou emocionado Kelta.  Então 
              deram um grande abraço confortando um ao outro.
 
 Faltava pouco tempo para o Sol 
              aparecer, então Coral fala "Amor meu, vamos lá fora ver o 
              Sol nascer."  E ambos foram, sentindo a grama nos pés e pararam 
              perto de uma árvore, ficaram abraçados esperando e então... ele 
              surgiu, como todas as manhãs, iluminando tudo e a todos.  Kelta 
              e Coral descobriram que o Sol que ambos fizeram nascer em suas vidas 
              jamais iria se pôr.
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