|   Poucos seres, especialmente os deuses e os males 
                                  antigos presenciaram o surgimento de Abeir-Toril. 
                                  Três desses males, Dendar, a Serpente 
                                  da Noite, Kezef, o Cão do Caos e Ityak-Ortheel, 
                                  o Devorador de Elfos, atuaram diretamente no 
                                  passado recente de Faerûn. Suas aparições 
                                  mais notáveis tiveram lugar nas intrigas 
                                  de Cyric, o Príncipe das Mentiras, no 
                                  seu desejo eterno por mais poder e na busca 
                                  interminável de Malar pela destruição 
                                  dos elfos.
 
 Dendar, a Serpente da Noite: 
                                  Dendar, a Serpente da Noite, passou a existir 
                                  pouco depois que o primeiro ser dormiu e teve 
                                  um pesadelo. Ela tem uma horda incontável 
                                  de sonhos horríveis e visões asquerosas 
                                  em sua garganta, que ela vem devorando desde 
                                  o início dos tempos. Aprecia o gosto 
                                  de sonhos escolhidos pessoalmente e se delicia 
                                  tanto com sonhos de reis, assim como de divindades. 
                                  O mais terrível é que, se ela 
                                  não aplacar seu apetite insaciável, 
                                  cada ser vivente, mortal ou divindade, irá 
                                  se recordar de todos os pesadelos que teve com 
                                  detalhes excruciantes. Supostamente, ela será 
                                  o arauto do fim do mundo e dos próprios 
                                  deuses.
 
 
  Os 
                                  olhos rachados da Serpente da Noite são 
                                  do amarelo doentio de ovos podres. Sua língua 
                                  bifurcada sibila incessantemente acima de seus 
                                  lábios macios. Suas presas monstruosas 
                                  estão sempre revestidas com a essência 
                                  viscosa dos sonhos perdidos. Ela fala com uma 
                                  voz sibilante e maligna, que goteja horrores 
                                  ancestrais. Seu couro é negro como a 
                                  meia-noite e é a personificação 
                                  física dos mais terríveis pesadelos 
                                  que ela devorou. 
 Embora ela possa escorregar entre As Barreiras 
                                  da Destruição e do Desespero ou 
                                  quaisquer outros planos menores à vontade, 
                                  A Serpente da Noite quase sempre é encontrada 
                                  no seu lar. Dendar vive numa vasta caverna próxima 
                                  ao rio lodoso que cerca boa parte do Plano da 
                                  Fuga. O ressonar da respiração 
                                  da Serpente da Noite ecoa pelo plano enquanto 
                                  ela dorme, satisfeita com os pesadelos esquecidos 
                                  da humanidade. Qualquer um que se aproxime de 
                                  sua caverna a encontrará acordada e regozijada 
                                  antecipadamente, enquanto alivia o viajante 
                                  de seus piores pesadelos esquecidos. Seu ventre 
                                  cavernoso é grande o bastante para engolir 
                                  um gigante, e sua língua pode levar um 
                                  homem de armadura ao chão com um simples 
                                  golpe. Abaixo de sua língua fica um verdadeiro 
                                  acúmulo de saliva gordurosa e ossos semi-devorados, 
                                  manifestação corpórea das 
                                  sobras de sua dieta de sonhos.
 
 Para os antigos Rus, Dendar era conhecida como 
                                  Nidhogg, a serpente que rói as raízes 
                                  da árvore que conecta todas as coisas. 
                                  Em Calimporto, ela é conhecida (incorretamente) 
                                  como a Mãe da Parada Noturna. Nas selvas 
                                  de Chult, Dendar é tida como a Devoradora 
                                  do Mundo. Lendas contam como Ubtao, Criador 
                                  de Chult, irá batalhar contra a Serpente 
                                  da Noite quando ela emergir através de 
                                  uma enorme porta de ferro, localizada abaixo 
                                  de um dos Picos do Fogo e tentar engolir o sol. 
                                  Se Ubtao falhar em seu dever, as histórias 
                                  dizem que Dendar irá devorar o sol e 
                                  a destruição chegará ao 
                                  mundo finalmente.
 
 
  Kezef, 
                                  o Cão do Caos: Kezef é 
                                  um ser único que vaga pelos Planos Externos 
                                  caçando constantemente os Crentes, que 
                                  são as almas daqueles que escolheram 
                                  venerar um deus acima dos outros. Ele não 
                                  aprecia os Descrentes ou pelos falsos crentes, 
                                  e é fica enojado com o gosto dos espíritos 
                                  dos ainda viventes. Quando Kezef destrói 
                                  um Crente, os vermes que compõem saem 
                                  em grande quantidade de seu esqueleto para devorar 
                                  o corpo. As criaturas, satisfeitas, se movem 
                                  sobre o corpo de Kezef, fazendo-o parecer maior. 
                                  Qualquer Crente que for devorado desta maneira 
                                  será eternamente destruído, estando 
                                  além até mesmo do chamado dos 
                                  deuses. 
 O Devastador dos Céus aprecia o aroma 
                                  de ódio, e eventualmente ele se torna 
                                  substancial para que possa aproveitar alguma 
                                  emoção particularmente suculenta. 
                                  Em seu rastro ele deixa pesadelos assustadores, 
                                  que são degustados especialmente por 
                                  Dendar, a Serpente da Noite. Kezef sente-se 
                                  nauseado ante emoções como felicidade.
 
 Kezef se parece com um enorme mastim com uma 
                                  malevolência sem coração, 
                                  olhos vermelhos e cauda de rato. Os vermes pululam 
                                  em sua pele, o que faz com que seu couro se 
                                  desloque incessantemente, deixando à 
                                  mostra os tendões e os ossos. Sua carne 
                                  reluz como pus de uma ferida antiga, e suas 
                                  patas deixam marcas ardentes do chão 
                                  que se propagam em poços de pus ardente. 
                                  Dentes pontiagudos brilham como adagas negras 
                                  na luz. Seu sangue é um lodo escuro e 
                                  corrosivo, e irradia uma aura pestilenta de 
                                  decadência. O ar fétido de sua 
                                  respiração extingue todas as chamas 
                                  próximas, e ele emite um cheiro doce 
                                  de morte ancestral. Aqueles com o faro apurado 
                                  podem sentir seu cheiro a quilômetros 
                                  de distância. O Cão do Caos fala 
                                  num rugido baixo e ruidoso.
 
 Kezef foi aprisionado séculos atrás 
                                  nas Barreiras da Destruição e 
                                  Desespero graças a uma aliança 
                                  entre os deuses faerûnianos quando o Círculo 
                                  dos Grandes Poderes proibiu negociações 
                                  entre a besta e divindades ou mortais. Depois 
                                  que foi encontrado, os poderes apostaram com 
                                  Kezef que ele não poderia quebrar uma 
                                  corrente forjada por Gond. Kezef permitiu que 
                                  Gond colocasse uma curta extensão de 
                                  correntes envolta do seu pescoço, em 
                                  troca que Tyr colocasse sua mão direita 
                                  entre seus dentes gotejantes de saliva. Gond 
                                  prendeu a corrente a milhas abaixo do chão, 
                                  nas profundezas das Barreiras, e Mystra então 
                                  prendeu-o num campo mágico brilhante 
                                  e indestrutível, que podia reparar-se 
                                  sozinho. Dessas duas armadilhas Kezef não 
                                  poderia escapar, e ninguém poderia atingi-lo. 
                                  Quando descobriu que fora realmente preso, abocanhou 
                                  a mão de Tyr e festejou sua essência 
                                  divina por séculos, enquanto tentava 
                                  se libertar. Foi eventualmente liberto pelas 
                                  maquinações de Cyric, para uma 
                                  vez mais caçar almas de deuses e mortais.
 
 Ityak-Ortheel, o Devorador de Elfos: 
                                  Escondido nas profundezas do Abismo desde a 
                                  pré-história do surgimento de 
                                  Abeir-Toril, o Devorador de Elfos vive em um 
                                  poço lodoso, emergindo da lama primordial 
                                  apenas quando invocado por Malar, o Lorde das 
                                  Bestas.
 
 
  À 
                                  distância, Ityak-Ortheel lembra uma tartaruga 
                                  colossal. Três pernas de grande largura, 
                                  cada uma tão larga quanto um tronco de 
                                  carvalho inteiro, seguram uma carapaça 
                                  em forma de domo mais dura que o granito. A 
                                  despeito da aparência, Ityak-Ortheel pode 
                                  se mover por qualquer terreno com a velocidade 
                                  de um cavalo galopante. Abaixo da carapaça 
                                  que o cobre, o monstro enorme tem um buraco 
                                  úmido sugador do lado do seu corpo. A 
                                  abertura vermelho-sangue é capaz de se 
                                  expandir em largura, ou se comprimir numa longa 
                                  tromba. Dentro de sua boca, placas de cartilagem 
                                  se debatem como línguas gigantes, destroçando 
                                  instantaneamente qualquer criatura arrastada 
                                  que esteja nas proximidades da massa de tentáculos. 
                                  Duas vezes vinte tentáculos, cada um 
                                  com 30 metros de comprimento, cercam a boca 
                                  do Devorador de Elfos. Como os tentáculos 
                                  de uma lula gigante, cada um é equipado 
                                  com orifícios sugadores que são 
                                  usados para prender a presa e levá-la 
                                  até o buraco obsceno do monstro. Cada 
                                  tentáculo parecido com cobras parecem 
                                  agir como se fossem inteligentes e são 
                                  capazes de atacar vítimas à frente, 
                                  dos lados ou atrás do monstro ensandecido. 
                                  Ityak-Ortheel tem um intelecto turvo, guiado 
                                  por sua fome insaciável por elfos e por 
                                  seu ódio por todas as coisas vivas. Não 
                                  tem olhos ou orelhas, mas ele pode sentir a 
                                  presença de todos os seres com corrente 
                                  sangüínea por todos os lados, e 
                                  pode determinar facilmente quais são 
                                  elfos. 
 O Devorador de Elfos emergiu de um poço 
                                  de sangue, que continha o sangue de Grummsh, 
                                  deus dos orcs, e de Corellon Larethian, grande 
                                  deus dos elfos, como conseqüência 
                                  da lendária batalha que houve entre os 
                                  dois. Despercebido pelos dois deuses, a criatura 
                                  imediatamente foi para o Abismo, onde ele viveu 
                                  numa das camadas esquecidas do plano desde então. 
                                  Segundo a história conhecida, Ityak-Ortheel 
                                  vem atormentando a raça élfica. 
                                  Ele confia nos caprichos de Malar ou de outras 
                                  divindades para ser enviado ao plano de sua 
                                  presa favorita, mas depois de viagens como essa 
                                  ele digere o espírito de suas vítimas 
                                  por anos depois. Mesmo que o Devorador de Elfos 
                                  possa ingerir qualquer forma de matéria, 
                                  ele só retira energia de elfos. Ele pode 
                                  viver séculos entre suas refeições 
                                  sem dificuldade.
 
 Apenas do último milênio Ityak-Ortheel 
                                  caiu nas graças de Malar. Mal tinha feito 
                                  um século que ele havia atacado uma comunidade 
                                  élfica depois de ter sido transportado 
                                  para Faerûn pelo Lorde das Bestas. Em 
                                  resposta a essa ameaça e a outras, os 
                                  elfos desenvolveram um portal conhecido 
                                  como Fey-Alamtine no reinado de Synnoria, na 
                                  ilha de Gwynneth, coração das 
                                  Ilhas Moonshaes. Esse portal era acessível 
                                  de qualquer lugar de Faerûn, através 
                                  do uso dos triângulos de platina Alamtine 
                                  mantidos pelo líder de cada comunidade 
                                  élfica. Quando o Devorador aparecia, 
                                  os elfos podiam fugir através do portal 
                                  para Synnoria, trazendo o triângulo com 
                                  eles, passando então para a lendária 
                                  Ilha dos Elfos, Encontro Eterno. Enquanto perseguia 
                                  os elfos Thy-Tach em uma de suas temporadas 
                                  pelos reinos, o Devorador de Elfos tocou o amuleto 
                                  da tribo. Pouco depois, em 1365 CV, o Ano da 
                                  Espada, Malar previu o fim do Fey-Alamtine depois 
                                  de anos de frustração. Com a ajuda 
                                  de Talos, o Destruidor, o Lorde das Bestas levou 
                                  Ityak-Ortheel em Synnoria pelo Fey-Alamtine, 
                                  destruindo para sempre o portal. O 
                                  Devorador de Elfos destruiu muito dessa terra 
                                  sobrenatural e despedaçou Chrysalis, 
                                  a capital, e Argen-Tellirynd, o Palácio 
                                  das Eras, antes de ser banido de volta ao Abismo 
                                  pela princesa humana (e agora rainha) Alicia 
                                  Kendrick.
 
 Para mais informações a respeito 
                                  dos males eternos, leia o quinteto de livros 
                                  Avatar (principalmente Prince of Lies), 
                                  Evermeet: Isle of Elves e a segunda 
                                  série de novelas Moonshae, incluindo 
                                  Prophet of Moonshae, The Coral Kingdom, 
                                  e The Druid Queen, e confira o Powers 
                                  & Pantheons do AD&D.
 
 
  
 Sobre o Autor
 
 Thomas M. Costa é um 
                                  membro profissional de um comitê na U.S. 
                                  House of Representatives. Ele tem contribuído 
                                  em diversos produtos da Wizard of the Coast 
                                  como Demihumam Deites e Races of 
                                  Faerûn, e é autor ou co-autor 
                                  de artigos na Dragon Magazine e no 
                                  website da Wizards of the Coast.
 
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