Capítulo 6 – O Morcego de Vau Wom – Parte 2

por Rafael Santos
Arte Destacada,  artista desconhecido

Após tudo isso, no meio do dia, os heróis deixaram Campos Dourados em direção ao leste no rastro dos gigantes. Os heróis seguiram por uma região rochosa perto do rio Dessarin. O terreno era difícil, e às vezes eles tinham que contornar grandes colinas e seguir em frente. A viagem demorou o restante do dia inteiro, até que no final da tarde, avistaram Vau Wom ao longe. 

– Aquela deve ser Vau Wom! – disse Vince olhando para a aldeia abaixo. 

– Acho melhor descansarmos lá – disse Calima. – É melhor do que passarmos a noite nessas colinas perigosas. 

Vau Wom era uma pequena aldeia com uma doca no Rio Dessarin para o transporte aquático. Além do moinho, a vila tinha um punhado de celeiros e um punhado ainda maior de cabanas, várias das quais abrigavam pequenas lojas.  

Um lugar de gente trabalhadora e desconfiada. Quando os aventureiros chegaram na aldeia, as pessoas começavam a trancar suas portas, assustadas. Enquanto passavam pelas ruas, as pessoas evitavam conversar com eles, apenas se trancavam em suas casas. 

– O que está acontecendo aqui? – perguntou Ray confuso enquanto olhava ao redor. – As pessoas parecem estar com medo de nós! 

Viram um velho que estava sentado em frente à sua casa. 

– Com licença, senhor… – Vince se aproximou e tentou falar com o velho, mas ele não lhe deu atenção e adentrou sua casa, fechando a porta em seguida. 

– Que estranho… – Calima estava intrigada. 

– Vamos para uma taverna. Duvido que lá o taverneiro vá fechar a porta em nossa cara. 

O grupo foi em direção a alguma estalagem. Logo, encontraram uma chamada “Escama do Ancião”, um belo estabelecimento arrumado e limpo. Quando adentraram o local, viram que na parede do balcão havia uma grande escama que parecia ser a de um dragão. 

– Sejam bem-vindos, viajantes! – disse-lhes o estalajadeiro. – Eu sou Fred, o dono dessa bela estalagem! 

Fred era um homem alto, gordo e barbudo, braços grossos como toras, e peludo como um urso. Quem o via pela primeira vez, diria que era um lenhador, não um estalajadeiro. 

– Saudações, meu bom homem – Vince saudou o homem com um meneio. – Estamos de passagem por Vau Wom e queremos um lugar para descansar. 

– Ora, vieram ao lugar certo. Embora aqui não seja uma Estalagem, tenho alguns quartos que podem ser úteis. 

– Eu disse que ao menos na taverna seriamos bem atendidos aqui nessa aldeia – riu Calima. 

– Oh! Então vocês viram o comportamento estranho do povo de Vau Wom? 

– Pois é, pareciam que estavam com medo da gente. 

– Ah não, meu rapaz. Não era medo de vocês, mas sim do Morcego de Vau Wom. 

– Morcego de Vau Wom? – Perguntou Calima curiosa. 

– Sim. Vauwomenses trancam e barram suas portas e fecham as janelas à noite, por medo do chamado Morcego de Vau Wom, um predador noturno que arrebata as pessoas que conseguir pegar depois de escurecer. Não é todas as noites que ele ataca, mas quando o faz, causa terror no povo de Vau Wom. 

– Que estranho… – disse Vince intrigado. 

– Mas venham, venham. Acho que vocês querem uma boa comida e bebida, certo? 

Os heróis foram conduzidos para uma mesa. Ray olhava para a escama atrás do balcão… 

– Aquilo é a escama de um dragão vermelho? – Perguntou o guerreiro. 

– Ora, vejo que conhece dragões, meu rapaz. Sim, é uma escama de dragão vermelho. 

– Foi você que o matou? 

– Hahahahaha! Ah não, meu rapaz. Quem dera. Sou apenas um taverneiro e sempre fui. Aquela escama foi me dada por um grupo de aventureiros que mataram o dragão alguns anos. Sabe, Vau Wom era conhecida como Vau do Ferro até pouco depois de um dragão ter sido assassinado nas proximidades. Viajantes começaram a chamar o assentamento Vau do Ancião, um nome subsequentemente corrompido, graças ao carregado sotaque local, para Vau Wom. 

Após mais algum tempo de conversas e histórias, Fred se retira para pegar o pedido dos aventureiros. 

– E então? O que faremos a respeito desse tal Morcego de Vau Wom? – Perguntou Calima. 

– Bom, nossa missão é investigar sobre os gigantes, mas se tem uma criatura atacando o povo de Vau Wom a noite, então nós vamos ajudar! – respondeu Ray. 

– Eu fiquei curioso com esse tal Morcego de Vau Wom – disse Vince ainda intrigado. – Talvez esse povo esteja sendo vítima de algum metamorfo ou licantropo. 

*** 

Algum tempo depois, a noite caiu em Vau Wom. A aldeia estava escura, com apenas algumas poucas casas com lampiões acesos em seu interior. Na taverna, os heróis comiam e bebiam enquanto conversavam com Fred, o taverneiro. 

– Me responda, Fred. Esse tal Morcego de Vau Wom que você diz, ele ataca mais ou menos que horas da noite? – perguntou Vince ao taverneiro. 

– Isso varia bastante. Às vezes, ele ataca durante o começo da noite, e as vezes, na madrugada. Já ouve situações em que ele invade as casas e ataca as pessoas. 

– Entendo. Somos aventureiros, iremos ajudar com esse tal morcego – disse Ray confiante. 

– Isso seria maravilhoso, meus amigos. Desde que o morcego começou a agir nessa região, as coisas não têm sido muito boas para minha taverna. Às vezes, eu ficava aberto durante a noite toda, mas agora, tenho que fechar tudo no fim do dia. Os negócios não estão fáceis. 

– É uma pena, senhor. Mas prometo que vamos fazer o que estiver ao nosso alcance. 

– Viver em Vau de Wom está cada vez mais complicado. Se não é o maldito morcego, são gigantes da colina e goblinoides. Não sei se vale a pena continuar investindo em um negócio nessa aldeia. 

– Não se preocupe com isso, senhor Fred. Não desista de Vau de Wom. Nós tentaremos resolver o problema com o tal morcego. É uma promessa que faço em nome da Aliança dos Lordes. 

– Isso seria ótimo, meu rapaz. Se Vau de Wom se livrar de todos esses problemas ruins, eu continuarei vivendo aqui. 

Cheio de esperança, Fred se retirou para o fundo de sua estalagem deixando os heróis sozinhos. 

– E se o tal morcego não aparecer hoje? – perguntou Turok. – Não seria melhor irmos primeiro resolver o problema dos gigantes e depois voltarmos e acabarmos com esse morcego? 

– É verdade que os gigantes são um problema para a região – disse Vince, – mas sinto que será melhor resolvermos primeiro o problema com o morcego. 

– Então vamos esperar até que ele resolva aparecer – disse Ray com um meio sorriso. 

– Mas não podemos deixar nossa guarda baixa. Pode ser que esse não seja um mero morcego gigante, como esse povo diz – ressaltou Calima afinando as cordas do seu alaúde.  

– Como assim? – perguntou Ray confuso. 

– Eu já vi muitos morcegos gigantes na minha vida. Sei que são criaturas horrendas e violentas. Mas nunca ouvi falar de uma que ataca uma aldeia todas as noites dessa forma. 

– Deve ser um morcego inteligente, que vê em Vau Wom um ótimo território de caça – disse Lara. 

– Sim, pode ser. Mas até onde eu sei, os morcegos gigantes não atacam pessoas assim. Esse parece ser muito mais inteligente e astuto do que o normal. Como se ele não fosse apenas um morcego. Um metamorfo ou druida louco, talvez. 

– Sim. Ou então algo pior – Vince já demonstrava certa desconfiança no olhar. – Ouvi falar de criaturas capazes de se transformar em outros animais. Druidas fazem isso o tempo todo, mas eles nunca o fazem para atacar as pessoas dessa forma, até mesmo os druidas malignos não fazem isso, e apenas os mais poderosos podem se tornar animais alados. 

– Então o que você acha que pode ser esse tal morcego? 

– Talvez estejamos lidando aqui com um vampiro. 

Todos ficaram com os olhos arregalados e surpresos. 

*** 

Era madrugada em Vau Wom. As casas estavam com suas portas trancadas como sempre, e os heróis estavam na taverna Escama Anciã. 

– Se essa coisa for mesmo um vampiro, vamos ter que tomar muito cuidado para não sermos contaminados por suas garras e presas – disse Ray nervoso. 

– Sim. De qualquer modo, não posso garantir nada. Talvez ele seja apenas um metamorfo ou mesmo um druida maligno – disse Vince ainda intrigado. 

De súbito, um grito rasgado e agudo ecoou pela aldeia. Os heróis saltaram das cadeiras. 

– É ele! O Morcego de Vau Wom! – choramingou Fred, o taverneiro. 

Os aventureiros saíram correndo da taverna, olhando ao redor. O grito ecoou novamente pelo ar. Correram rua abaixo. Mais um grito rasgou o escuro, e as pessoas começavam a voltar para dentro das casas. Não havia rastro dos soldados.  

Correndo por dois quarteirões, os cinco identificaram como origem dos gritos o primeiro andar de um prédio. A construção, de madeira como tudo ali, tinha janelas e portas fechadas a tábua e pregos. Mais um grito. 

– Turok, abra a porta! – ordenou Ray. 

Turok continuou correndo, abaixou a cabeça e, numa investida de touro, quebrou a porta de madeira com seu poderoso ombro. Os demais pularam, em seguida, para dentro da sala escura com suas armas já em punho, mas a única coisa que viram foi um homem caído no chão e morto com a garganta cortada. 

– Praga! Chegamos atrasados! – praguejou o guerreiro. 

Um novo grito apavorado veio de baixo. 

O grupo seguiu até um alçapão, uma escada, um porão. Uma cena horrenda. Uma mulher de vestido rasgado mostrando seios e coxas, sangrava por uma variedade de arranhões. Uma poça rubra marcava uma trilha por onde ela se arrastara, encolhendo-se da criatura que se curvava em sua direção.  

– Mas o que, em nome dos deuses é isso? – se assustou Calima ao ver a criatura. 

A coisa, voltou-se para eles. Era uma criatura bizarra, parecia mesmo com um morcego enorme, suas asas de couro negro eram como mantos, suas presas protuberantes eram afiadas, os olhos eram vermelhos como sangue. O ser se mantinha curvado, apoiando-se sobre as pernas dianteiras de onde suas asas surgiam, mas ao se virar para os heróis, se colocou sobre as duas pernas traseiras como um humano, e abriu as asas escuras guinchando alto.   

– Afaste-se dela, criatura! – ordenou Vince com as mãos já brilhando com energia. 

O morcego sibilou, fez menção de atacar, mas Lara disparou duas flechas, atingindo-o no peito. Vince disparou um raio de energia azulada e gélida que atingiu a criatura que se encolheu, usando as asas como forma de defesa.  

Ray e Turok avançaram para cortar a criatura, mas ela abriu as asas e deu um salto esfacelando o teto do porão. Choveram farpas e pedaços de madeira sobre a dupla, e a criatura pousou no chão do primeiro andar. O morcego agarrou o corpo sem vida do homem em suas garras, e pulou de novo, atravessou o teto, para o segundo andar, e de novo, para o telhado, e então voou. 

Os aventureiros correram e subiram as escadas rapidamente para o próximo andar. Correram e saíram para fora da casa onde alguns soldados da aldeia vinham chegando. 

– Parados ai! – berrou um dos soldados apontando uma besta. 

– Tem uma mulher ferida lá dentro, vão ajuda-la! – disse Vince. 

– Eu disse para ficarem parados!  

– Somos aventureiros! – disse Ray – Estamos ajudando vocês! 

Houve uma breve discussão e desconfiança por parte dos guardas que continuavam ameaçando os heróis com suas bestas apontadas. Enquanto isso, o morcego desaparecia na noite escura. Depois de alguns minutos, os heróis conseguiram convencer os soldados de que estavam ali para ajudar, e que não eram os culpados daquilo. 

– Vimos o morcego voando naquela direção! – apontou para um lado um dos soldados. 

– O que tem naquela direção? – perguntou Vince. 

– A Estalagem do Construtor de Barcaças – respondeu o soldado. – Uma aldeia pequena como essa. 

– Ele deve ter ido atacar esse lugar! – disse Ray. – Vamos atrás dele! 

– Mas a Estalagem do Construtor de Barcaças deve estar fechada agora, lá não permitem que nenhum forasteiro entre ou saia a noite. 

– E quem se importa com isso, homem? Tem um monstro assassino indo para lá, temos que fazer alguma coisa. Podem nos arranjar alguns cavalos? 

– Estamos sem cavalos! Os gigantes que estão atacando a região nos roubaram todos! – revelou outro soldado. 

– Ahh… pelos deuses! Vamos nessa, homens! Vocês, ajudem a mulher ferida lá dentro! 

O grupo correu para dentro da escuridão e atrás da criatura. Os soldados trocaram olhares. 

*** 

Estava nublado e quase não se via um palmo adiante. Lara analisava a grama das planícies que seguiam em direção à Estalagem do Construtor de Barcaças. As manchas de sangue da criatura estavam espalhadas por todos os lados. Ela olhou em direção à colina ao longe, onde já era possível ver a aldeia que os soldados de Vau Wom haviam falado. 

A Estalagem do Construtor de Barcaças eraé uma comunidade murada e decrépita, de torres e edifícios de madeira. Suas estruturas cobriam por completo uma colina que tinha vista para a aldeia de Vau Wom, cruzando o Rio Dessarin. Uma ponte de madeira cruzava o rio entre os dois assentamentos.  

Os heróis se aproximaram do enorme portão. 

– Olá! Alguém aí? – gritou Vince diante do portão. 

De repente, do alto da murada, um homem apareceu. 

– O que querem? – a voz da sentinela ecoou do alto. 

– Estamos perseguindo uma criatura. Um monstro assassino que veio para essa aldeia – revelou Ray. 

– Monstro assassino? Não vimos nenhum monstro assassino aqui. 

Os heróis trocam olhares incertos. 

– Temos certeza de que ele veio nessa direção. Queremos entrar e investigar. 

– Vão embora! Não é permitido a entrada de viajantes durante a noite. 

– Eu sou agente da Aliança dos Lordes, que tem jurisdição em toda essa região! – revelou Vince cheio de autoridade e orgulho. – Abram em nome da Senhora Declarada de Águas Profundas, Laeral Mão Argêntea! 

O soldado fez uma careta e desapareceu atrás da muralha. Alguns segundos depois, surgiu uma mulher metida em uma armadura. 

– Sou Chalaska Muruin, líder não oficial de Estalagem do Construtor de Barcaças.  

– Saudações lady Chalaska Muruin. Queremos entrar em sua aldeia para procurar uma criatura assassina que veio nessa direção. Ela vem atacando as fazendas e o povo de Vau Wom, e nós, como agentes trabalhando para a Aliança dos Lordes, queremos resolver isso. 

– Não podem entrar na aldeia nesse horário, é a nossa lei. Além do mais, não entrou qualquer monstro aqui, pois se isso tivesse acontecido, meus homens teriam visto e me avisado. 

– Mesmo assim, insistimos em entrar, por favor. 

– Vão embora! Voltem amanhã ou então não voltem mais. A Aliança dos Lordes não tem qualquer poder aqui. 

Os aventureiros trocam olhares e a mulher desapareceu atrás dos muros. 

– Que fique aqui registrado, não será culpa nossa se ocorrer algum assassinato nessa aldeia – disse Ray irritado. 

– Voltaremos amanhã cedo, vamos – ordenou Vince. 

O grupo voltou para Vau Wom. Do alto da muralha, Chalaska os encarava com fúria no olhar. 

– Aquele maldito… ele está estragando tudo! – rangeu os dentes a mulher. 

*** 

De volta à taverna Escama Anciã, os heróis sentaram para beber em uma das mesas. Fred ainda estava acordado e os atendendo. 

– Eu confesso que senti uma certa desconfiança daquela mulher, Chalaska – revelou Calima aos companheiros. – Como ela pode ir contra a lei da Aliança dos Lordes? 

– Eu também senti essa desconfiança – disse Ray. – Mas confesso que em certos casos, eu também iria contra o poder da Aliança dos Lordes. 

– Está dando razão para aquela mulher? – questionou Vince. 

– Ela tem direito de deixar ou não que alguém entre em sua aldeia. Ela só quer defender seu povo de pessoas estranhas que vagam a noite caçando monstros. 

Vince deu um meio sorriso. Por mais que não concordasse com o fato de ir contra as leias absolutas da Aliança dos Lordes, ele tinha que confessar que o guerreiro tinha razão em seu raciocínio.  

– A verdade é que as pessoas de Estalagem do Construtor de Barcaças estão bem estranhas nos últimos meses. Certa vez aquele lugar era uma simples estalagem à beira de uma colina como muitas outras espalhadas pela Costa da Espada. Então, o local transformou-se em uma comunidade murada e decrépita. Estalagem do Construtor de Barcaças é governada por uma plutocracia de empresários. O líder não oficial é a mulher que vocês conheceram, Chalaska Muruin, a sóbria e fria “Espada Sênior”, mestre da milícia. 

– Acha que eles estão escondendo alguma coisa? – perguntou Vince interessado. 

– Tenho quase certeza que estão. Lembro-me que alguns anos atrás, as pessoas de lá eram muito mais bem receptivas a viajantes. O antigo líder não oficial, um membro da Aliança dos Lordes, era um homem gentil e que ajudava todas as comunidades nos arredores. 

– O que aconteceu com ele? 

– Não sei ao certo, só lembro que um dia, Chalaska foi de comunidade em comunidade, avisar sobre a nova direção de Estalagem do Construtor de Barcaças. Quando questionada sobre o antigo senhor da cidade, ela disse apenas que “Lorde Faustus se aposentou e retornou para Inverno Remoto depois de anos servindo à Aliança dos Lordes”. Agora, Estalagem está fechada e difícil de se entrar. Aconselho a tomarem cuidado quando forem lá. 

Os heróis trocam olhares incertos. Alguma coisa estava errada naquela aldeia estranha. Estaria Chalaska escondendo a criatura que estava atacado Vau Wom? 

– Se vão para a aldeia amanhã, aconselho que visitem um velho anão chamado Gorad – disse Fred aos aventureiros. – Ele é um velho amigo de longa data, chegou à Estalagem do Construtor de Barcaças pouco depois que Chalaska, mas é de confiança. O nome de sua estalagem é Pedra Lapidada. 

– Descansaremos o resto da noite, pela manhã partiremos para resolver esse mistério. 


Continua no Capítulo 7 – Batalha em Estalagem do Construtor de Barcaças – Parte 1 (em breve)

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